Scielo RSS <![CDATA[Estudos de Psicanálise]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=0100-343720170001&lang=en vol. num. 47 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100001&lng=en&nrm=iso&tlng=en <![CDATA[<b>Myth and chilhood alterity</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100002&lng=en&nrm=iso&tlng=en A discussão sobre o valor pedagógico dos contos (de fadas) é pouco explorada e menos ainda esclarecida. O conto, ligado ao folclore e ao mito, seria supostamente exclusivo à superação do infantil nas crianças. Dominique Ottavi vai além da simples asserção acerca das funções cognitivas e maturacionais do uso dos contos. A autora resgata a crítica de Wittgenstein ao preconceito em relação a um certo primitivismo dos contos nas posições de autores clássicos nesse domínio, como Van Gennep e Frazer, e seu destino prioritário à infância, rebaixando seu valor. A autora recorre, então, ao conceito de “inquietante estranheza”, de Sigmund Freud, para demonstrar a função de medo, imposta à infância como forma de controle pela via da alteridade, o que também, de certo modo, afeta o infantil nos adultos.<hr/>The discussion about the educational value of the short stories (fairy tales) is not so exploited and even less clarified. The short stories, linked to the myth and to the folklore, is supposed to be exclusively devoted to the overtaking of the infantile in the childhood. Dominique Ottavi goes far from the simple assertion about the cognitive and maturational use of the short stories. The author rescues the Wittgenstein's critiques to a certain “primitivism” on the classical author's, as Van Gennep and Fraze's positions in the domain of short stories, and their priority destiny to the childhood, underestimating their value. Then the author rescue the freudian's concept of “uncanny” to show the fear's function of short stories, imposed to childhood as a condition to control children bias the alterity, that's also, in a certain way, affects the childish in adults. <![CDATA[<b>Pseudo-pedagogical recipes to infantilize the culture</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100003&lng=en&nrm=iso&tlng=en O presente texto parte do encontro com a autora Dominique Ottavi (2011) e da tradução de seu texto Mythe et altérité enfantine , bem como da orientação de formandos em pedagogia, que defendem a importância do uso dos contos de fadas no processo de aprendizagem. Ottavi põe em cheque a asserção aparentemente indubitável sobre o uso pedagógico dos contos de fadas, tomada de modo recorrente pelas famílias e professores como forma de promover o ‘desenvolvimento' da criança. Seguindo as deduções teóricas da autora, ao criticar uma espécie de postulado take for granted na educação infantil, ou seja, o recurso aos contos de fadas como privilegiado meio psicopedagógico, evidencia-se sua função de incutir medo, repressão sexual e preceitos morais datados; algo que carece de maior reflexão. É pertinente levantar certa desconfiança a respeito do mundo encantado e aterrorizante dos contos, uma vez que podem servir como forma de alienação e de encobrimento das angústias dos próprios adultos. A falácia de apostar em uma suposta “primitividade” do pensamento infantil parece preconizar, de forma subterrânea e inconsciente, um infantilismo na própria cultura.<hr/>The present text is based on the meeting with the author Dominique Ottavi (2011) and the translation of his text Mythe et altérité enfantine , as well as the orientation of trainees in pedagogy, who defend the importance of the use of fairy tales in the learning process. Ottavi puts into question the seemingly undoubted assertion about the pedagogical use of fairy tales, which is recurrently taken by families and teachers as a way of promoting the "development" of the child. Following the theoretical deductions of the author, in criticizing a kind of postulate take for granted in Children's education, that is, the use of fairy tales as a privileged psychopedagogical means, it is evident its function of instilling fear, sexual repression and dated moral precepts; something that needs further reflection. It is pertinent to raise a certain mistrust regarding the enchanted and terrifying world of short stories, since they can serve as a form of alienation and cover-up of the anguish of the adults themselves. The fallacy of betting on an alleged "primitiveness" of infantile thought seems to preach, in a subterranean and unconscious way, a infantilism in one's own culture. <![CDATA[<b>Yet psychoanalyis in the field of sexuation</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100004&lng=en&nrm=iso&tlng=en Este texto revisa alguns conceitos freudianos em relação à sexualidade e o gênero. Retoma os progressos da ciência e as novas formulações epistemológicas que nos aportam à teoria do caos, da complexidade, das teorias dissipativas, para pensar a psicanálise fora dos sistemas de causa e efeito da física tradicional e nos convida a pensar em sistemas complexos, dinâmicos, não lineares, em desordem, sistemas nos quais as variáveis interatuam com diversas alternativas. Questiona o lugar que as teorias do gênero vêm a ocupar na psicanálise. Estas, no lugar de oferecer ferramentas diferenciadas que agregassem e nos obrigassem a repensar alguns elementos a ser elaborados em função de questões da época em que foram produzidos, vêm ocupar um lugar na teoria, empobrecendo-a ou desqualificando-a. Essa dificuldade não é necessariamente produto das teorias do gênero e sim da forma como a psicanálise se apropria delas. Retoma os elementos próprios da sexuação, como Édipo, identificações, sexualidade infantil e castração simbólica, para ressituá-los à luz da contemporaneidade e diferenciá-los da identidade de gênero. Necessita trabalhar a sexualidade na diversidade e se apropria do conceito de diferença não oposicional.<hr/>The review of some freudian concepts related to sexuality and gender. The cientific progress and new epistemological formulations brought by the caos, complexity and dissipative theories, are retaken to think about science away from the traditional physical systems of cause and effect. We are invited to think about complex systems, dynamic and linear ones, disordered ones, systems were variants interact with different alternatives. We enquire the position were gender theories came to dwell in psychoanalysis, impoverishing or disqualifying it. Those difficulties are necessarily not products from gender theories, but the way psychoanalysis appropriates them. By retaking concepts as Oedipus, identifications, infantile sexuality and symbolic castration, as to restore them through the shades of contemporaneity and to differentiate them from gender identity. It needs to work sexuality through diversity and to appropriate itself the concept of a non oppositional difference. <![CDATA[<b>Transexualities</b>: <b>psychoanalysis and Greek mythology</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100005&lng=en&nrm=iso&tlng=en A transexualidade como desafio à psicanálise por reduzi-la em terapia de ego e por aparentemente estar além do modelo edípico. Conceituação e diferenças entre: identidade de gênero, expressão de gênero, escolha objetal e investimento genital. Descrição e análise de mitos e divindades gregas: Tirésias, Cenis ou Ceneu, Ífis Hermafrodito e Afrodito. A construção da identidade de gênero, expressão de gênero, escolha objetal e investimento genital de acordo com vários autores, principalmente Robert Stoller e Jacques André.<hr/>Transexuality as a challenge to psychoanalysis by way of reducing it to ego therapy or seemingly being beyond the oedipical model. Conceptualization differences between: gender identity, gender expression, object choice and genital investiment. Narratives and analysis of myths: Tiresias, Caenis or Caeneus, Iphis, Hermaphrodite and Aphroditus. Construction of gender identity, gender expression, objeto choice and genital investimento according to several authors, mainly Robert Stoller and Jacques André. <![CDATA[<b>Scribble as a craft</b>: <b>plasticity on building of a social clinic for transexual analysands</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=en Este é um relato acerca das atividades do Grupo de Trabalho sobre Neo e Transexualidades (GTNTrans). São constatações da autora que não correspondem necessariamente às visões do restante do grupo. Somos sete psicanalistas muito investidos tanto na teoria psicanalítica quanto na prática clínica e acreditamos que a psicanálise pode ir muito além dos consultórios e auxiliar cada vez mais indivíduos em sofrimento - independentemente da sua classe social ou dos recursos físicos dos locais de atendimento. Não há respostas definitivas, pois ainda não sabemos aonde queremos chegar. Apenas sabemos do nosso desejo de seguir em frente.<hr/>The following pages describe the activities of GTNTrans, a work group about neo and transexualities. They reflect the author’s view and at times may not speak on behalf of the rest of the team. We are seven psychoanalysts highly invested in psychoanalytic theory as much as in clinical practice who believe in the social possibilities of Psychoanalysis, way beyond the traditional setting. There are no definitive answers, as we still don’t know where we are heading. We are only sure of our will to carry on. <![CDATA[<b>Transexualities and discursive changes</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100007&lng=en&nrm=iso&tlng=en O texto traz reflexões sobre as consequências das mudanças discursivas das últimas décadas para a compreensão das sexualidades. A partir do momento em que o discurso hegemônico sobre as relações entre sexo, gênero, desejo e prática sexual começaram a ser reavaliados, as expressões da sexualidade que, até então, eram consideradas patológicas receberam outra escuta. O texto centra-se nas transexualidades e nos movimentos recentes de despatologização das identidades trans. Para o autor, quando os psicanalistas começaram a ouvir as dinâmicas pulsionais e os movimentos identificatórios que subjazem às identidades trans, sem teorizá-las como um desvio, as transexualidades passaram a ser entendidas como mais uma manifestação da sexualidade.<hr/>The text brings reflections on the consequences of discursive changes of the last decades for the understanding of the sexualities. From the moment, the hegemonic discourse on the relations between sex, gender, desire and sexual practice began to be reassessed; expressions of sexuality that until then were considered pathological received another listening. The text focuses on transsexualities and recent movements of de-pathologization of trans identities. For the author, when psychoanalysts began to listen to the drive dynamics and identificatory movements that underlie trans identities, without theorizing them as a deviation, transsexualities came to be understood as just another manifestation of sexuality. <![CDATA[<b>Buck Angel, transexuality and gender</b>: <b>psiqueeranalytical considerations on the sex of a certain Angel</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100008&lng=en&nrm=iso&tlng=en O trabalho se propõe a fazer uma reflexão sobre sexo, gênero e transexualidade à luz da psicanálise e das teorias queer, a partir das narrativas e da corporeidade de Buck Angel, conforme tornadas públicas pelo documentário Mr. Angel, de Dan Hunt (2013). Em especial, o trabalho investiga a inscrição corporal “PerVert”, que o ativista transexual tatuou nas costas, reencontrando a potência subversiva e a imanência criativa da sexualidade infantil perverso-polimorfa e da matriz bissexual da constituição subjetiva.<hr/>The present article reflects on sex, gender and transexuality in light of psychoanalytical and queer theories, based on Buck Angel’s personal narratives and bodyness, insofar as made public by Dan Hunt’s documentary “Mr. Angel”. Moreover, the article addresses the inscription of “PerVert”, that the said transexual activist displays in a tattoo, rediscovering the subversive vocation and the immanent creativity of the infantile polymorphic-perverse sexuality as well as that of the bissexual matrix of the psyche. <![CDATA[<b>In search of sensible time</b>: <b>paradoxical noises of sexuality on the expansion of a psychoanalytic listening from gender identity</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100009&lng=en&nrm=iso&tlng=en A ampliação da escuta sobre a diversidade da identidade de gênero enquanto não patológicas. Comentários sobre Jean Laplanche, Jacques André, Paulo Ribeiro e Pierre Fédida abordando a relação entre sexo, gênero e alteridade. O paradoxo da relação inicial da sexualidade traumática, mas estruturante, do encontro assimétrico adulto e infans. A ligação entre feminilidade primária e identificação feminina primária. A necessidade da ampliação da escuta sobre essas questões. Reflexões a partir de um caso em que a transexualidade se apresentava como manifestação estruturante/identitária junto a uma sintomatologia além da psicanálise clássica: Édipo, recalque e representação.<hr/>The expansion of a psychoanalytic listening from no pathological gender identity diversities. Jean Laplanche, Jacques André, Paulo Ribeiro and Pierre Fédida comments on the relation between sex, gender and alterity. The paradox of the initial connection between traumatic but structuring sexuality, the asymmetrical encounter between adult and infans. The tie between primary femininity and primary feminine identification. The need to augment the listening about these issues. Remarks from a transexual case were structural/identitary manifestations were shown as a sintomatology beyond classical psychoanalysis: Oedipus, repression and representation. <![CDATA[<b>Questions about the times</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100010&lng=en&nrm=iso&tlng=en O artigo apresenta algumas formas de considerar o tempo, distendendo-o da condição de unidade linear. O tempo, na antropologia social estruturalista de Edmund Leach, chega como paradoxo para evidenciá-lo enquanto repetição e transformação. A máquina de tempo, direcionada a provocar futuro, é apresentada na historicização realizada pelos antropólogos Manuela Carneiro da Cunha e Eduardo Viveiros de Castro, que articulam a noção de vingança produzida pelos Tupinambá. Em Sigmund Freud e Jacques Lacan, o inconsciente é uma instância de inscrição; através desta há constituição e memória, pois tempo agencia transformações formadoras, a partir das marcas fundamentais pelas quais o sujeito do inconsciente se constitui enquanto ser de fala, agido e efeito nesses traços. Hibridações de tempo transitam na cultura, nas culturas, e variam de acordo com a lente epistemológica de interação, intenção e alcance.<hr/>The article presents some ways of considering the time, schism it from the condition of linear unity. Time, in Edmund Leach's structuralism social anthropology, comes as a paradox to evidence it as repetition and transformation. The time machine, directed to provoke future, is presented in the historicization made by the anthropologists Manuela Carneiro da Cunha and Eduardo Viveiros de Castro, who articulate the notion of revenge produced by the Tupinambá. In Sigmund Freud and Jacques Lacan, the unconscious is an instance of inscription; Through this there is constitution and memory, since time agency formative transformations, from the fundamental marks by which the subject of the unconscious is constituted as being of speech, action and effect in these traits. Time hybrids pass in culture, in cultures, and vary according to the epistemological lens of interaction, intention and reach. <![CDATA[<b>The construction of the case in mental health as a way of sustain the analyst’s discourse in the institution</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100011&lng=en&nrm=iso&tlng=en A proposta deste artigo é demonstrar a possibilidade da presença do discurso do analista na instituição por meio da construção do caso em saúde mental. Para tanto, é preciso envolver toda a equipe e trabalhar a partir de um furo no saber, no qual se procura escutar as especificidades de cada caso e as possibilidades singulares de intervenção.<hr/>The purpose of this article is to demonstrate the possibility of the analyst’s discourse at the institution through the construction of a mental health case. Therefore, there is the necessity of engaging the whole team and work through the knowledge gap, which allows one to listen to the specificities of each case and the unique possibilities of intervention. <![CDATA[<b>The challenge of the feminine in the 21st century</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100012&lng=en&nrm=iso&tlng=en Este artigo se propõe a refletir sobre o enigma do feminino e compreender os fatores que aí estão envolvidos de forma estrutural e/ou contingente. A questão do feminino é um campo de pesquisa de acesso difícil porém desafiante. O primeiro tempo da reflexão nos levará a extrair do texto freudiano as vicissitudes do feminino. O fato de Freud ter poucos escritos sobre o tema não quer dizer que eles não contenham verdades que continuam atuais, justamente por serem estruturais. O segundo tempo de reflexão será voltado para as produções do século XX, tendo Lacan como autor principal. E por fim, propomos uma discussão sobre o que quer uma mulher no século XXI, abordando questões atuais vinculadas ao desejo de ter filho, de poder ser mãe. Concluímos que a fase pré-edípica instaura uma condição estrutural de mulher para mulher que a alteridade do masculino não consegue suplantar. Permanece dessa relação arcaica uma semente que se reatualiza em diferentes contextos: na maternidade, na escolha do(a) parceiro(a) amoroso(a).<hr/>This article proposes to reflect on the enigma of the feminine and to understand the factors that are involved there in a structural and/or contingent way. The issue of the feminine is a difficult access field of research but challenging. The first time of reflection will lead us to extract from the Freudian’s text the vicissitudes of the feminine. The fact that Freud has a few writings about the subject doesn’t mean that it doesn’t contain truths that remain current, precisely because they are structural. The second time of reflection will be focused on the 20th century productions, with Lacan as the leader author. And finally, we propose a discussion about what a woman wants in the 21st century, approaching current issues related to the desire of have a child, to be a mother. We conclude that the pre-oedipal phase establishes a structural condition from woman to woman that the otherness of the masculine cannot supplant. This archaic relation remains a seed that is re-established in different contexts: in the maternity, in the choice of the loving partner. <![CDATA[<b>The skins of Almodóvar or Is anyone there?</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100013&lng=en&nrm=iso&tlng=en Este artigo apresenta leituras para a paixão humana, debruçando-se em uma metapsicologia do corpo (e seu telos, no tempo). Traça um percurso que vai além do componente corpóreo e avança sobre o estudo do corpo libidinal a partir da linguagem - esse corpo sutil, imaterial, mas também um corpo. O estudo das paixões em Descartes, Espinosa, Freud e Lacan, a partir da produção cinematográfica de Pedro Almodóvar. Busca compreender esse pathos pela leitura dos mitos de Psiqué e Eros, e das Danaides, para dar um corpo unificado a esses pensamentos. Além disso, busca partir da compreensão desse ponto inicial, arcaico, esse arcké, da origem de todas as coisas, de um passado comum ou sentimento primitivo e busca reflexões sobre a contemporaneidade, pois o contemporâneo é também o arcaico - e isso inclui as paixões. A paixão é a busca desse sentimento arcaico e idealizado de satisfação total. A ética da psicanálise consiste em cessar essa saudade do pai protetor, da mãe que a tudo supre e satisfaz para se lidar com esse desamparo, com essa falta. Fazer bem o luto dessa fantasia infantil. Deslocar-se, corpo & alma, nesse tempo morto, portanto. Telos, corpus, cronos, psique, eros, arcké, pathos. Trata desse pathos específico, aquele do qual cuida a psicanálise - o da inscrição do amor no corpo -, buscando compreender o amor também como patologia que habilita a psicanálise em seu objeto, de modo que pouco importem as peles, mas importe quem, de fato, habite dentro dela.<hr/>This article presents interpretations for human passion, addressing the metapsychology of the body (and its telos, in time). It traces a course that goes beyond the corporeal component, and advances into a study of the libidinal body within language - this subtle, immaterial body, but that is also nonetheless - a body. A study on the passions in Descartes, Spinoza and Freud, and Lacan, from the cinematographic production of Pedro Almodóvar. The work seeks to understand this pathos by analyzing the myths of Psyche and Eros, as well as Danaids, in order to provide a unified approach to these thoughts. The intention of the article is to begin with an understanding of this ancient, initial idea, this arché, of the origin of all things, of a common past or primitive feeling, and pursue reflections on contemporaneity, since the contemporary is also the ancient - and this includes passions. Passion is the search for this archaic, idealized feeling of total satisfaction. The ethics of psychoanalysis are involved in bringing to an end this longing for a protective father, for a mother who supplies and satisfies everything as to deal with this helplessness, with this lack. Mourning this childlike fantasy does us good. Accordingly, move on, body & soul, within this dead time. Telos, corpus, chronos, psyche, eros, arché, pathos. This article addresses this specific pathos, that which psychoanalysis takes care of - that which is inscribed with love in the body -, and also seeks to understand love as a pathology that enables psychoanalysis in its object, such that it is not the skins that are important, but rather whoever inhabits them. <![CDATA[<b>Temporality and self-narratives</b>: <b>effects of discontinuity and continuity in the story of a teenager living on the streets</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100014&lng=en&nrm=iso&tlng=en Partindo do valor temporal da continuidade presente na contribuição de D. Winnicott - tanto no âmbito do processo de desenvolvimento do self quanto no estabelecimento do espaço transicional - chegou-se a uma aproximação com a ideia de narrativas de si como capacidade de dar sentido às próprias experiências de um modo pessoal. O artigo discute a importância dessa capacidade e os efeitos de sua fragilização através da discussão do caso de Leonardo/Bruno, um adolescente em situação de risco nas ruas em seus atendimentos com uma psicóloga numa instituição de acolhida. A relação transferencial surgiu como elemento propiciador para que o tempo passado se tornasse presente, favorecendo a produção de sentidos novos e a aquisição de um lugar na própria história.<hr/>Starting from the temporal value of the continuity present on the contribution of D. Winnicott - both in the process of developing the self and on the establishment of transitional space -We have arrived at an approximation with the idea of the self-narrative as the ability to construct meaning to their own experience in a personal way. The article seeks to discuss the importance of this ability and the effects of its embrittlement trough the discussion of the Leonardo/Bruno case, a teenager living on the street, on his meetings with a psychologist in a shelter institution. The transferential relationship arrived as a propitiation element for the past to become the present, favoring the production of new senses and the aquisition of a place on his own story. <![CDATA[<b>It‘s a minefield! Watch your steps, fella</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100015&lng=en&nrm=iso&tlng=en É com a dinâmica pulsional que estamos sempre nos deparando. Fluxos de vida e de morte atravessam a história da sociedade em que vivemos, assim como a trajetória dos sujeitos que recebemos no consultório. A clínica mostra que, em grande parte, as queixas atuais dizem de um mal estar invasor e difícil de definir, um vazio em bloco e sem nome. Algo de um desamparo primordial, uma anestesia, uma incapacidade de sentir. Diante disso, consideramos que a problematização do narcisismo e suas formas mortíferas será útil para a compreensão dos modos de constituição das subjetividades contemporâneas nos desafios e interrogações que ensejam para o processo analítico.<hr/>It is the drive‘s dynamic that we are always facing. Flows of life and death go over our society‘s history, as well as the trajectory of ones we receive in our psychological rooms. Psychological clinics shows that, most of the times, nowadays complaints are about an intrusive bad feeling and really hard to define, a massive chunk of emptiness with no name. Such a primordial loneliness, a sort of anaesthesia, an incapacity of feeling. Having said that, it‘s considered crucial to make narcissism and its mortal forms problematic in order to understand the paths that build contemporary subjectivity in the confrontation and doubts that leads toward the analytical process. <![CDATA[<b>The enigma of passions and the variations of love</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100016&lng=en&nrm=iso&tlng=en A moção pulsional desregrada das paixões mais arcaicas pode enfermar o campo das emoções no humano, situando-o numa seara de desrazões que o aprisiona numa relação de dependência patológica com o objeto do desejo e o impulsiona aos atos mais tresloucados e aos crimes mais bizarros. O impulso de efetuar a passagem do silêncio das fantasias ao ato só acontece no lugar da proibição, onde existe o desejo. Nas relações passionais, observamos, como disse Piera Aulagnier, que “[...] o objeto do desejo para o Eu se converte numa fonte exclusiva de todo prazer e se transporta para o registro das necessidades”. Nesses casos, há uma impossibilidade, por parte do sujeito, de se desvencilhar do objeto de sua paixão, ou seja, de redirecionar o foco de seu desejo para outro gozo, de sorte que ele responderá, de alguma maneira, aos vários desfechos dessa embriaguez alucinatória. Assim, nessa eterna dialética do desejo, não há um terreno estável para pisar quando se trata das paixões mais mundanas. Enfim, quando o inconsciente se põe a escrever sobre a subjetividade humana a coisa se desenha por si só. Portanto, nada humano se trata de certezas e verdades absolutas, mas áreas de reflexão. Somos sustentados, provisoriamente, por construções de sentido que, a qualquer momento, se dissipam para dar surgimento a novas configurações.<hr/>The drive motion riotous of the most archaic passions can tainted the field of emotions in human, placing it in a harvest of desrazões that imprisons a pathological dependency relationship with the object of desire and boosts the most distraught acts and the most bizarre crimes. The impulse to make the transition from silent fantasies to act only happens in the place of the prohibition where there is a desire. In the passionate relationships, we observe, as I said Piera Aulagnier that the object of desire for the I becomes a unique source of all pleasure, and is transported to the registration needs. In such cases, there is a failure on the part of the subject, to break away from his passion object, or to redirect the focus of his desire for another enjoyment, so that it will respond in some way, the various outcomes that drunkenness hallucinatory. So, this eternal dialectic of desire, there is no stable ground to tread when dealing with more mundane passions. Anyway, when the unconscious begins to write about human subjectivity thing is drawn by itself. Therefore nothing human is dealing with certainty and absolute truths, but areas of reflection. We are sustained provisionally by constructions of meaning that at any time, dissipating to give rise to new settings. <![CDATA[<b>Psychoanalysis and the century</b>: <b>the persistence of the psychoanalytic movement</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100017&lng=en&nrm=iso&tlng=en O presente trabalho teve como motivação e desafio introduzir as diversas temáticas e debates que o congresso Assim caminha a psicanálise. Indagações do século XXI, do CBP (nov. 2017, Salvador-BA), pretende contemplar e promover. Apresenta-se um percurso - possível e incompleto - do descobrimento freudiano, que visa salientar a sua immixtion de Otredade com os pensamentos e saberes que marcaram o século XX, assim como levantar a tensão em que se exprime a originalidade de nosso objeto: de prática social ou razão científica? Pensar o século é uma aposta metodológica. Considerar a sua subjetividade - seus pensamentos hegemônicos e seus impensáveis - nos permite refletir sobre a novidade do movimento psicanalítico, sobre a cita que temos com nossa função de analistas e com o sentido e a função da psicanálise no século XXI.<hr/>The present work had as its motivation and challenge, the introduction to the different topics and debates that the XXII Congress of the Brazilian Circle of Psychoanalysis (CBP) - “This is how Psychoanalysis walks: Inquiries of the 21st Century” - (November 2017, Salvador-BA) intends to contemplate and promote. There is the possible and incomplete path of the Freudian discovery, which aims to emphasize its immixtion of Otredade with the thoughts and knowledge that marked the twentieth century. As well as to raise the tension in which expresses our object’s originality, social practice or scientific reason? Thinking about the century is a methodological bet. To consider its subjectivity - his hegemonic and unthinkable thoughts - allows us to reflect on the novelty of the psychoanalytic movement, on the quotation we have with our task as a psychoanalyst, and on the meaning and function of psychoanalysis in the twenty-first century <![CDATA[<b>Timelessness and life</b>: <b>being a psychoanalyst</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372017000100018&lng=en&nrm=iso&tlng=en Articulações entre temporalidade, existência e ser psicanalista nos endereçam, entre outros aspectos, à atemporalidade do inconsciente e às mudanças na produção do tempo na contemporaneidade, o que gera impacto ao ofício psicanalítico. A força da psicanálise torna-se saliente por sua perspectiva fora do tempo.<hr/>Relations among time, life and being a psychoanalyst address us to the timelessness of the unconsciousness and the changes in time production nowadays among other aspects that have an impact on psychoanalytic practice. The strength of psychoanalysis becomes prominent for its out of time perspective.