Scielo RSS <![CDATA[Reverso]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=0102-739520210001&lang=en vol. 43 num. 81 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100001&lng=en&nrm=iso&tlng=en <![CDATA[<b>Integratingthe dissociated</b>: <b>from the dominance of fear to the power of angst - angst as a 'presence of feeling'</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100002&lng=en&nrm=iso&tlng=en A autora aborda a prática clínica contemporânea, na qual encontramos indivíduos aparentemente incapazes de entrar em contato com suas próprias dimensões existenciais, que comunicam seu distanciamento, por vezes total, em relação aos próprios sentimentos e medos, intencionalmente empenhados que estão em evitar a inevitável experiência da angústia que pode acompanhá-los ao longo da vida. Essa dissociação da emoção angustiante é revelada ao analista por meio do distanciamento ou de uma simples ação. Esse sentimento que gera tanto o distanciamento quanto seu oposto, talvez uma reação hipomaníaca, mostra-se "ausente" e não é percebido pelo paciente. Desse modo, a angústia pode ser evitada e, de fato, parece "ausente", mas o que se experimenta é toda a gama de emoções em estado bruto a ela conectadas, como medo, terror, pânico, distanciamento, apatia e anedonia. A autora busca esclarecer os termos "medo", "ansiedade" e "angústia", nas formas em que foram historicamente utilizados em filosofia, psicanálise, psiquiatria e psicologia. Ao final, explica as razões de sua escolha pelo termo "angústia" em vez de "ansiedade" em seu distinto e explícito manejo desse tema.<hr/>The author addresses contemporary clinical practice, where we encounter individuals, seemingly incapable of getting in touch with their own existential dimension, who communicate their detachment, at times even total, from their feelings and fears, wilfully committed as they are to avoid experiencing the inevitable angst that may accompany them through life. This dissociation from the angst-producing emotion is revealed to the clinician through either detachment or a simple action. This feeling that generates both detachment and its opposite, perhaps a hypomanic reaction, proves to be "absent," and is not perceived by the patient. In this way, angst can be avoided and indeed seems "absent," but what is experienced is the complete range of raw emotions connected to it, such as fear, terror, panic, detachment, apathy, and anhedonia. The author sets out to clarify the terms "fear," "anxiety," and "angst" as they have been historically used in philosophy, psychoanalysis, psychiatry, and psychology. Ultimately, she explains her reason for her choice of the word "angst" instead of "anxiety" in her distinct and explicit handling of this subject matter. <![CDATA[<b>Yes to universalism, no to uniformity</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100003&lng=en&nrm=iso&tlng=en A historiadora da psicanálise advoga por um universal no qual as diferenças também têm lugar. Ela acaba de publicar, pela editora Seuil, Soi même comme un roi. Essai sur les dérives identitaires [O si mesmo como um rei: ensaio sobre as derivas identitárias].<hr/>Historian of psychoanalysis Elisabeth Roudinesco claims for a universal in which differences have a place as well. She has just published, by Éditions du Seuil, Soi même comme un roi. Essai sur les dérives identitaires [Oneself as a king: Essay on the identitarian drift] <![CDATA[<b>The unconscious - from the other's discourse to politics</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100004&lng=en&nrm=iso&tlng=en Pretendo destacar o desejo do analista e o lugar de onde ele é acionado como um operador do ato analítico. Nesse sentido, um verdadeiro ato é sempre um ato político. A psicanálise pode ser tomada como um acontecimento que tem consequências e vai influir de forma relevante nas relações humanas, além de promover transformações significativas na história de cada um a partir das mudanças que esse ato opera nas posições subjetivas. Para que esses efeitos ocorram, é preciso definir a especificidade do trabalho analítico e o lugar de onde o analista opera, que não é o da ideologia.<hr/>I intend to highlight the psychoanalyst's desire and the place from which he is activated as um operator of the analytical act. In this sense, a true act is always a political act. Psychoanalysis is an event that has consequences and will influence human relationships, in addition to promoting transformations in the history of each one from de changes that this act operates in subjective positions. For these effects to occur, it is necessary to define the specificity of the analyst work and the place from which the analyst operates, which is not that of ideology. <![CDATA[<b>Write what can not be written</b>: <b>Clarice, the letter and the feminine</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100005&lng=en&nrm=iso&tlng=en A arte e a literatura nos ensinam a dimensão da invenção frente ao real enquanto o impossível que não cessa de não se escrever. É a partir disso que propomos pensar na escrita de Clarice Lispector - autora mundialmente conhecida pela singularidade e estética de seu texto - em relação à letra e ao feminino. Com base em relatos autorais e biográficos da escritora, abordamos a letra de Clarice considerando-a uma solução, não menos árdua, frente aos efeitos do não-todo que marcam quase toda a sua obra literária. Sua escrita pôde testemunhar algo do indizível, do impossível, do materno, do resto, da mística, do gozo Outro, do corpo, da lalangue. Através da fantasia masculina, essas nuances foram denominadas de enigmas da feminilidade, as quais necessitavam ser resgatadas da profundeza do continente negro para melhor serem compreendidas. O que talvez tenha passado despercebido ao discurso regido pela lógica fálica é que, em se tratando do feminino, nos interessa mais investigar os testemunhos singulares do não-todo frente às suas invenções singulares. O que Clarice tem a nos ensinar?<hr/>Art and literature teach us the dimension of invention in the face of reality as an impossible thing that never ceases to be written. It is from this that we propose to think about the writing of Clarice Lispector - an author known worldwide for the uniqueness and aesthetics of her text - in relation to the letter and the feminine. Supported by authorial and biographical reports of the writer, we will approach Clarice's lyrics thinking of her as a solution, no less arduous, in face of the effects of the not-all that mark almost all her literary work. Her writing could witness something of the unspeakable, the impossible, the maternal, the rest, the mystical, the Other enjoyment, the body, the lalangue. Through male fantasy, these nuances were called enigmas of femininity, which needed to be rescued from the depths of the black continent to be better understood. What perhaps went unnoticed by the speech governed by phallic logic is that, in the case of the feminine, we are more interested in investigating the singular testimonies of the not-all in the face of their singular inventions. What does Clarice have to teach us? <![CDATA[<b>Foreign strangers</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=en Kafka enquanto duplo de Freud: obras paralelas. O sentimento de estranheza na psiquiatria e na obra de Freud. A estranheza nos textos de Kafka. Considerações literárias e psicanalíticas em três textos de Kafka: A metamorfose, Na colônia penal e O processo. Freud e Kafka enquanto autores em que o mundo nos é desrealizado e tornado estrangeiro, e o eu despersonalizado e tornado um estranho.<hr/>Kafka as Freud's double: parallel works. The feeling of strangeness in psychiatry and in Freud's work. The strangeness in Kafka's texts. Literary and psychoanalytical considerations in three Kafka texts: The metamorphosis, In the penal colony and The process. Freud and Kafka as authors in which the world is derealized and made foreign, and the self depersonalized and made a stranger. <![CDATA[<b>From the impossible of the relationship to the possible of composition</b>: <b>the function of fantasy in a star is born</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100007&lng=en&nrm=iso&tlng=en Objetiva-se refletir sobre o conceito psicanalítico fantasia a partir do filme Nasce uma estrela. Trata-se de uma investigação teórica baseada na análise fílmica psicanalítica e em textos lacanianos. O real, como ponto de impossível das relações humanas, marca o fundamental do (des)encontro amoroso e reside na contingência dos laços. Essa fragilidade precisa ser suturada pelo recurso da fantasia que, na película, aparece sob as vestes das composições musicais do casal, as quais possibilitam que, mesmo diante da "não relação", o laço se estabeleça minimamente, funcionando como tela protetora capaz de ultrapassar a insatisfação desse impossível.<hr/>The objective is to reflect on the psychoanalytic concept - fantasy - based on the film A star is born. It is a theoretical investigation based on psychoanalytic film analysis and Lacanian texts. The real, as an impossible point of human relations, marks the fundamental of the (un) amorous encounter and resides in the contingency of ties. This fragility needs to be sutured by the fantasy resource that, in the film, appears under the clothes of the couple's musical compositions, which make it possible that, even in the face of "non-relationship", the bond is minimally established, functioning as a protective screen capable of overcome the dissatisfaction of this impossible. <![CDATA[<b>Feminility (1933)</b>: <b>a "subversive turn" in freudian theorization and the development of gender in psychoanalysis</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100008&lng=en&nrm=iso&tlng=en Freud não conceituou o gênero, mas no texto de 1933 A feminilidade, evidencia-se a convencionalidade da concepção ocidental da masculinidade e da feminilidade. No presente artigo, sustentamos que, embora o conceito de gênero não tenha sido discutido na teoria freudiana, o texto de 1933 fornece elementos utilizáveis em uma elaboração de gênero em psicanálise. Acreditamos igualmente que certas teorizações freudianas de 1933 foram utilizadas na desconstrução do gênero, décadas mais tarde. A feminilidade corresponderia, então, a uma "virada subversiva" em certas concepções freudianas.<hr/>Freud did not conceptualize the gender issues, but in the 1933 text Femininity, the conventionality of the western conception of masculinity and femininity is evident. In the present article, we sustain that, although the gender category has not been discussed in Freudian theory, the 1933 text provides elements usable in a gender elaboration in Psychoanalysis. We also believe that certain Freudian theories from 1933 were used to deconstruct the gender, decades later. Femininity, then, would correspond to a "subversive turn" in certain Freudian conceptions. <![CDATA[<b>"Gender ideology"? How to situate psychoanalysis in this quarrel?</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100009&lng=en&nrm=iso&tlng=en O texto visa situar a especificidade da psicanálise no debate firmado entre o atual governo brasileiro, que declarou combate à dita ideologia de gênero, e o construtivismo identitário que também se faz vivamente presente na contemporaneidade. Interrogamos a particularidade epistemológica da psicanálise, que se distingue dos dois polos de discussão por sua abordagem específica e distanciada do pressuposto da identidade. Tendo em vista a tríade passional spinoziana na retomada por Lacan, busca-se compreender o papel do discurso analítico nessa querela. Às paixões do ser, enquanto paixões da ignorância, a psicanálise propõe o saber sobre a verdade, e não o contrário.<hr/>The text aims to position the specificity of psychoanalysis in the debate held between the current Brazilian government, which has declared combat against the so-called gender ideology, and the identity constructivism that is vividly present in the contemporary world. We interrogate the epistemological particularity of psychoanalysis, which distinguishes itself from the other two poles of discussion by its specific and distanced approach with regard to the presupposition of identity. In view of the Spinozan passion triad taken up by Lacan, we essay to understand the role of the analytic discourse in this dispute. As for the being's passions, as passions of ignorance, psychoanalysis proposes the knowledge about the truth, not the opposite. <![CDATA[<b>Hallowed be thy name</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100010&lng=en&nrm=iso&tlng=en Digitemos os termos "abuso sexual", "líder" e "religião" na barra de pesquisa do Google. São milhares de páginas e referências encontradas. Temos aí a nossa matéria... São histórias dignas de romances policiais ou enredos ficcionais da mais alta imaginação. São tantas as ocorrências de abusos sexuais cometidos por líderes religiosos que não podemos deixar de desconfiar que essas histórias resguardam padrões. Neste artigo, temos por objetivo analisar o psiquismo do próprio líder religioso, assumindo a hipótese de uma regressão ao estágio narcísico anterior à experiência de castração.<hr/>Let's type the terms "sexual abuse", "leader" and "religion" into the Google search bar. There are thousands of pages and references found. We have our story there ... These are stories worthy of detective novels or fictional plots of the highest imagination. There are so many occurrences of sexual abuse committed by religious leaders that we cannot help but suspect that these stories guard patterns. In this article, we aim to analyze the psyche of the religious leader himself, assuming the hypothesis of a regression to the narcissistic stage prior to the castration experience. <![CDATA[<b>Giftedness as a supplement</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100011&lng=en&nrm=iso&tlng=en Este ensaio discute a função da nomeação como importante recurso de estabilização da psicose, a partir de um fragmento de caso clínico no qual o sujeito elabora soluções subjetivas baseadas em uma autonomeação. Fundamentado nas proposições freudo-lacanianas sobre a psicose, parte-se de uma discussão acerca da categoria psicológica da superdotação para tentar demonstrar como a psicanálise pode se colocar como um importante instrumento de tratamento da angústia quando se coloca a escutar sujeitos nomeados como superdotados.<hr/>This essay discusses the function of naming as an important resource for stabilizing psychosis, based on a fragment of a clinical case in which the subject elaborates subjective solutions based on self-nomination. Based on Freudo-Lacanian propositions about psychosis, it starts from a discussion about the psychological category of giftedness to try to demonstrate how psychoanalysis can be seen as an important tool for the treatment of anxiety when listening to subjects named as gifted. <![CDATA[<b>The law from desire to enjoyment</b>: <b>the tyranny of the father in Freud and Lacan</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952021000100012&lng=en&nrm=iso&tlng=en Em 1897 Freud recuou frente à concepção de um pai perverso. O pai, contudo, retornou como um déspota em Totem e tabu. Para Lacan, a evitação de um pai gozador também esteve presente na medida em que a lei tirânica foi muitas vezes compreendida pela noção de supereu. Ao pai resta o lugar do desejo e da lei civilizatória. É tardiamente que Lacan vai admitir a presença fantasmática de um pai do gozo, incapaz de distinguir a neurose e a perversão. Assim, neste artigo, investigamos qual é o estatuto do pai para a psicanálise.<hr/>In 1897, Freud stepped back from the concept of perverse father; however, the father returned as a despot in Totem and taboo. The avoidance of a father-of-enjoyment can be also seen in Lacan, since the tyrannical law was often understood through the concept of superego and the father was interpreted as the place of desire and of civilizing law. Lacan belatedly acknowledged the phantasmatic presence of a father-of-enjoyment unable to distinguish neurosis from perversion. Thus, the aim of the current article is to investigatethe father's status in psychoanalysis.