Scielo RSS <![CDATA[Revista Mal Estar e Subjetividade]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1518-614820080004&lang=p vol. 8 num. 4 lang. p <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400001&lng=p&nrm=iso&tlng=p <![CDATA[<b>Material body and fruition</b>: <b>the dream of a new body</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400002&lng=p&nrm=iso&tlng=p Le succès et le partage planétaire d'une fantasmatique corporelle moderne: le scénario de la réinvention du corps et de sa "nature", de la création d'un nouveau corps qui serait affranchi de la condition humaine, et les tentatives de tous ordres pour obtenir l'accomplissement de ce scénario, de ce rêve, ne peuvent que questionner. De la version "cyborg" à la version "avatar" de ce rêve d'un nouveau corps, on en viendra à se demander si ce nouveau corps qui serait, dit-on, l'avenir, n'est pas aussi et d'abord regret et désir d'un "corps d'enfance" perdu, d'un corps qui, disait Freud, "laisse des traces indélébiles dans la vie psychique de l'enfant": le corps imaginaire de la mère "des premiers temps", le corps infantile de la "mère phallique".<hr/>O sucesso e a partilha planetária de uma fantasmática corporal moderna: o cenário da reinvenção do corpo e de sua "natureza", da criação de um novo corpo que seria libertado de sua condição humana, e as tentativas de todo tipo para a realização desse cenário, desse sonho, só podem trazer questionamentos. Da versão "cyborg" à versão "avatar" desse sonho de um novo corpo, nós nos questionaremos se esse novo corpo, que seria, digamos, o futuro, não é também, antes de tudo, o desejo de um "corpo de infância" perdido, de um corpo que, dizia Freud, "deixa traços indeléveis na vida psíquica da criança: o corpo imaginário da mãe "dos primeiros tempos", o corpo infantil da "mãe fálica".<hr/>The succes and the world wide spreading of a modern body fantasm: idea of reinventing body and its "nature", of creating a new body that would be pulled out of its human condition, and every attemps to perform that idea, that dream, can only bring questions. From the "cyborg" version to the "avatar" version of that dream of a new body, we will be conducted to ask if this new body, sometimes told to be the future, isn't also, in the first place, regret and desire of a lost "childhood body", of a body that, so says Freud, "leave indelible traces on the child's psychic life": the "early times" mother's imaginary body, the childish body of the "phallic mother". <![CDATA[<b>Handicap and subjectivity</b>: <b>some implications in the educative scope</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400003&lng=p&nrm=iso&tlng=p Sin duda hablar de discapacidad y subjetividad, pero más aún de la subjetividad en la discapacidad, conlleva a reflexionar en un terreno poco explorado e incluso vulnerable. Hablar de subjetividad implica un reto en tiempos actuales, donde la visión de lo humano y del hombre en general están matizados por la tendencia a la homogenización y tecnificación de un mundo globalizado y mercantilizado que antepone la reproducción-producción como eje central de su política económica, social, cultural, científica y humana. Así pues, el Sujeto de estos tiempos, pareciera estar sumergido en "un hacer" más que en "un ser", despegado de su esencia como Sujeto que "es", por un individuo que "hace". En este sentido, el Otro, lo otro, entra al campo del ser y del tener. Entonces, ¿Qué se entiende por el sujeto en tanto ser?, pregunta que refiere, sin duda, a su constitución, su identidad, de cómo se instituye el sentido de su vida y su existencia. En este artículo, proponemos que desde el orden de la premisa del ser, la identidad es un precipitado de identificaciones instauradas desde lo simbólico, lo imaginario y lo real, lo cual implica el problema básico de la incertidumbre del reconocimiento (¿quién soy yo?) La identidad en acecho, cuestionada, atravesada por los otros, del amor-desamor (odio, venganza, envidia); aceptación-rechazo; vida-muerte (de lo efímero o de la trascendencia); afirmación-negación; incógnita, tensión, angustia, frustración, creación, simbolización, como estados sustanciales de lo humano. Desde esta vertiente del ser, de la identidad, ¿cómo se constituye un sujeto con discapacidad? La discapacidad es un término que culturalmente define un daño, un perjuicio. El daño puede aparecer como físico, psíquico o social, sin embargo, pareciera existir una confusión entre lo real del cuerpo y el significado cultural que se le atribuye a éste.<hr/>Falar de deficiência e subjetividade, e mais ainda da subjetividade na deficiência, sem dúvida implica em refletir sobre um tema pouco explorado e até vulnerável. Falar sobre subjetividade é um desafio nos tempos atuais, onde a visão do humano e do homem em geral está graduada pela tendência à homogeneização e automatização de um mundo globalizado e mercantilizado, que antepõe a reprodução-produção como eixo central de sua política econômica, social, cultural, científica e humana. Assim, o Sujeito desses tempos parece estar submergido no "fazer" mais que no "ser", desapegado da sua essência de Sujeito que "é", pela de um indivíduo que "faz". Nesse sentido, o Outro entre no campo do ser e do ter. Então, o que se entende pelo sujeito enquanto ser? Pergunta que se refere, sem dúvida, à sua constituição, sua identidade, de como se institui o sentido de sua vida e sua existência. Neste artículo, propomos que desde a ordem a ordem da premissa do ser, a identidade é um condensado de identificações instauradas a partir do simbólico, do imaginário e do real, o que implica no problema básico da incertitude do reconhecimento (quem sou eu?). Desde essa vertente do ser, da identidade, como se constitue um sujeito com deficiência? A deficiência é um termo que, culturalmente, define um defeito, um mal. O defeito pode aparecer como físico, psíquico ou social, porém, parece haver uma confusão entre o real do corpo e o significado cultural que se atribui a este.<hr/>To speak about of handicap and subjectivity, its difficult, but still more of the subjectivity in the handicap. It consist to reflect in a land little explored and even vulnerable. To speak of subjectivity implies a challenge in present times, where the vision of the human and the man in general is clarified by the tendency to the homogenitation and automation of a global world, that puts in front the reproduction-production like central axis of its economic, social, cultural, scientific and human politic.Thus then, the Subject of these times, seemed to be submerged in "doing more" than in "a being", taken off of its essence like Subject that "is", by an individual that "does". This sense, the Other, the other, enters the field of the being and having. Then, What is understood by the subject in as much being? , question that refers, without a doubt, to its constitution, its identity, of how the sense of its life and its existence is instituted. In this article, we propose that from the order of the premise of the being, the identity is precipitating of identifications restored from the symbolic thing, imaginary and the real thing, as it implies the basic problem of the uncertainty of recognition (who am I?). From this slope of the being, the identity, how constitutes a subject with discapacidad? The discapacidad is a term that culturally defines a damage, prejudice. The damage can appear like physicist, psychic or social, nevertheless, it seemed to exist a confusion between real of the body and the cultural meaning that is attributed this one. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400004&lng=p&nrm=iso&tlng=p A onda de culto ao corpo que tem caracterizado a cultura contemporânea se radicaliza, no mundo científico, no culto ao cérebro que, de um órgão do corpo, responsável pelo sistema nervoso, passou a ser visto pela neurociência como "sujeito" das ações humanas. Pretende-se, com isso, que a Biologia seja uma ciência do homem total, fusionando neurologia, psiquiatria e antropologia, colocando o cérebro como o fundamento do espírito, ator social. O impacto de tal discurso nos fez refletir em torno da questão da subjetividade e corpo. A nossa aproximação ao tema representa uma primeira tentativa de estabelecer uma posição crítica à posição reducionista daqueles que tentam compreender as ações humanas pelo prisma biologizante. Na virada do século apagou-se a linha divisória do corpo e da mente que dominou o pensamento do homem do século XIX, influenciado pelo cartesianismo. O século XX se caracterizou pelo avanço, sem precedentes, no conhecimento e apropriação do corpo e suas funções pela medicina. Também foi neste mesmo século que a Psicanálise decifrou um corpo afetado pelo inconsciente. A questão da imagem corporal também foi posta como questão na organização subjetiva do homem. Esse domínio e apropriação do corpo, ligado ao inconsciente e amarrado ao sujeito o inseriu numa ordem cultural livre de repressões sociais. Faremos algumas considerações, com base em alguns trabalhos recentes, de pesquisadores psicanalíticos que vêm estudando a corporeidade nos sintomas psíquicos e o trânsito das pulsões nas duas direções: do corpo ao psíquico e do psíquico ao corpo. Tomaremos; em especial, as reflexões de Monah Winograd (2003) e de Paul-Laurent Assoun (2004). A primeira por fazer uma retrospectiva da relação corpo e psiquismo na obra de Freud e a segunda por trabalhar com a perspectiva de o inconsciente ser psicossomático.<hr/>The increasing cult to the body nowadays has characterized the contemporary culture in the scientific world. The cult on the brain of an organ of the body is responsible for the nervous system, as well as it has been seen by neuroscience as "the subject"of human beings actions. One intends about that Biology is a science of the whole man, that is made up by condensation of neurology, psychiatry and anthropology, placing the brain as the basis of the spirit - a social actor. The impact of this kind of speech in science's world takes people along to think the question of subjectivity and body. Our approach on the subject performs a first attempt to set up a critical position against those ones who intend to reduce the understanding of human actions through biology prism. At the beginning of the new century, the dividing line between the body and the mind, specially in XIX century over the influence of cartesianisme. The XX century is characterized by the advance, like no other, in the knowledge and appropriation of the body and its functions for medical science. It was also in the same century that the Psychoanalysis pussled a body affected by the unconsciousness. The question of the body image also was indicate as man's subjective question organization. The appropriation power of the body linked to the unconsciousness and tied to a subject has inserted it a cultural order free form social repressions. We'll make some remarks based on recent works psychoanalytic researchers that have been studying the bodlyness influence in the psychicsymptoms and the transit of the instincts (trieb) in two ways: the body to the psychic and the psychic to the body. We'll take overall Monah Winograd (2003) and Paul-Laurent Assoun's opinions (2004). The first one made a retrospect of the relation body and psychic in Freud's workmanship, and the second one for working with the perspective of unconsciousness to be psychosomatic. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400005&lng=p&nrm=iso&tlng=p Da forma como Donald Winnicott o entendia, o corpo seria essencial para a psique, na medida em que ela era vista, antes de tudo, como uma organização específica, proveniente da elaboração imaginativa das funções corporais. Contudo, do ponto de vista do indivíduo em processo de amadurecimento emocional, o autor não considerava que o "self" e o corpo seriam inerentemente superpostos. Ainda assim, para que houvesse saúde, seria necessário que essa superposição se tornasse um fato. Gradualmente, a psique chegaria a um acordo com o corpo, de tal forma que, na saúde, deveria existir um estado no qual as fronteiras corporais seriam também as fronteiras da psique. Levando em conta estas considerações, o objetivo principal do presente artigo é delimitar o lugar do corpo na obra do psicanalista inglês, procurando articular esse conceito com a experiência de continuidade do ser. Para isso, percorremos os seus principais artigos sobre o tema, desde os anos trinta até o início da década de setenta, supondo que desta maneira é possível detectar, de forma mais rigorosa, as principais transformações pelas quais passaram as relações entre corpo e ser. No decorrer deste percurso, são discutidas ainda outras noções e conceitos fundamentais formulados pelo autor, tais como os de integração, personalização, "holding" e "handling", assim como a sua abordagem dos distúrbios psicossomáticos.<hr/>As Donald Winnicott understood it, the body would be essential for the psique while it was seen, first of all, as a specific organization, proceeding from the imaginative elaboration of the corporal functions. However, from the point of view of the individual in process of emotional maturation, the author did not consider that the "self" and the body would be inherently superposed. Nevertheless, in health, it would be necessary that this superposition becomes a fact. Gradually, the psique would arrive at an agreement with the body, in such a way that, in health, there should be a state in which the corporal borders would also be the borders of the psique. Taking in account these considerations, the main objective of the present article is to delimit the place of the body in the work of the English psychoanalyst, trying to articulate this concept with the experience of continuity of the being. For this, we traverse its main articles on the subject, since the Thirties until the beginning of the decade of seventy, assuming that in this way it is possible to detect in a more rigorous way the main transformations in the relations between body and being. During this course, we still discuss other fundamental concepts and notions formulated by the author, such as integration, personalization, "holding" and "handling", as well as his approach of psychosomatic disturbance. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400006&lng=p&nrm=iso&tlng=p A partir de uma investigação sobre psicossomática e de uma revisão das principais teorias sobre o tema, propomos neste artigo (re) visitar os textos de Freud e de Lacan, utilizando também textos de outros psicanalistas. Pretendemos com isso circunscrever o funcionamento conceitual das teorias inspiradas nos modelos freudiano e lacaniano sobre psicossomática, visando articulá-las às últimas elaborações de Lacan sobre o tema, apresentadas na Conferência de Genebra (1975), onde assinala que o fenômeno psicossomático é da ordem da escrita no corpo. Escrita que não é da ordem do signo, mas da assinatura, o que remete à dimensão do enigma. Para Lacan os traços são verdadeiros hieróglifos que ainda não se sabe ler, ou seja, traços escritos concebidos como "não-a-ler", porque é um escrito indecifrável. Nosso objetivo é formalizar um saber teórico que possa nortear o fazer clínico, este que suscita questionamentos sobre como fazer uma escrita do gozo presente na reação psicossomática, que possa reduzi-lo. Acreditamos que a psicanálise, ao marcar a diferença entre sintoma neurótico e fenômeno psicossomático, abre a possibilidade de sustentar a direção da cura, ao pensar a clínica não somente como um trabalho do significante ou da letra, mas também como a intervenção que recorta, destaca, faz cair o que Lacan chamou de "pedaços de real". É esta idéia que buscamos articular com a escrita do real, visando à possibilidade de que o gozo seja deslocado ao campo da palavra, na direção da cura.<hr/>Taking as a starting point an investigation about psychosomatics and a revision about the theme, we intend in this article to revisit the texts of Freud and Lacan together with other analysts. The main intention here is to circumscribe the conceptual functioning of the theories about psychosomatics inspired by freudian and lacanian models, articulating them with Lacan's latest elaborations about the subject, presented at The Geneva Lecture (1975). There he points out that psychosomatic phenomenon is about body-writing, a writing that is not from the order of the sign, but from signature, which sends us to the dimension of enigma. According to Lacan, the traces are true hieroglyphs that we don't know how to read. That means written traces conceived as "not-to-read" because it's an undecipherable writing. Our goal is to formalize a theoretical knowledge that can be able to conduct the clinical practice, this one that produces questions about how to make a writing of the "jouissance" presented in psychosomatic reaction. We believe that psychoanalysis, marking the difference between neurotic symptom and psychosomatic phenomenon, opens up the possibility to sustain the direction of the cure by thinking the clinics not only as a work of signifying or work of letter, but also as an intervention that cuts out and detaches, making possible the dropping of what Lacan named "pieces of real". That's the idea that we intend to articulate with the writing of the Real in order to make possible for "jouissance" to be dislocated to the field of word and in the direction of the cure. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400007&lng=p&nrm=iso&tlng=p Este artigo se propõe a analisar o contexto da juventude infratora na contemporaneidade, especialmente a brasileira, e as possibilidades de intervenção e produção de utopias, buscando despertar para a necessidade de uma maior implicação política dos poderes públicos, saberes técnicos e demais setores da sociedade no combate à violência, com que somos todos cotidianamente confrontados. Recusa-se aqui a idéia de que a infração juvenil seja um desvio de âmbito meramente individual ou pertencente às classificações de distúrbios de personalidade. Entendemos tal forma de violência como um fenômeno social historicamente produzido. Portanto, propõe-se uma análise dos elementos político-sociais que compõem tal quadro, assim como dos saberes e as práticas profissionais dirigidos aos jovens ditos delinqüentes.<hr/>This article aims at analyzing the contemporary context of the delinquent youth, specially the Brazilian youth, and the possibilities of intervention and creation of utopias, aiming at awakening people for the need of a greater political involvement of public authorities, technical knowledge and other sectors of the society when fighting against the violence that we are exposed daily. It is refused the idea that the juvenile delinquency is an individual bypass or that it belongs to the different personality disorders. This form of violence is understood as a social phenomenon historically built. Thus, an analysis of political and social elements that build this picture, as well as an analysis of the knowledge and professional practices given to those delinquent youngsters is a theme of reflefccion. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400008&lng=p&nrm=iso&tlng=p O presente trabalho tem por objetivo o estudo interdisciplinar da criminalidade e da violência na contemporaneidade. Com amparo na Sociologia, na Psicanálise e no Direito, visa à abordagem das peculiaridades desses fenômenos no período atual - denominado, por alguns, de Pós-Modernidade, em cotejo com o contexto do que se chamou Modernidade. Nesse sentido, na primeira parte do texto, procura-se situar a discussão no contemporâneo quadro social brasileiro, sempre considerando sua imersão no processo de globalização do consumo. Posteriormente, deslocado o foco da análise que se propõe para o âmbito subjetivo, buscam-se, na teoria freudiana, alguns subsídios para a compreensão das origens psicológicas da violência - e, por conseguinte, da criminalidade -, com destaque para o que se extrai do texto Mal-Estar na Civilização. Tomam-se as idéias apresentadas neste texto freudiano para trabalhar a relação entre o eu e o outro, que está em constante ameaça de destruição devido à inclinação humana para o mal. Como afirma Freud, a manutenção da sociedade depende do investimento de uma elevada quota de energia na contenção dessa inclinação, enquanto se observa que os processos de subjetivação do sujeito pós-moderno cada vez menos demarcam os limites que o distanciam do outro e, dessa forma, sustentam a sociedade. E é a partir dessa nova dinâmica de construção subjetiva que se tenta explicar a expansão desenfreada da violência e da criminalidade no Brasil, com especial atenção, ao final deste estudo, para o alardeado aumento dos atos infracionais perpetrados por adolescentes.<hr/>The scope of this essay is the interdisciplinary study of crime and violence in today's world. Based on Sociology, Psychoanalysis and Law, it aims to address the singularities of these phenomena in the present - referred, by some people, as post modernity, in comparison with what was called modernity. In this sense, in the first part of this study, we intend to establish the discussion according to the Brazilian social contemporary scope, considering its immersion in the consumption globalization process. Later, shifted the focus of analysis that suggests the scope for subjective, in the Freudian theory, some elements for understanding the psychological roots of violence - and, therefore, the crime - with emphasis on what is extracted from the text Mal-Estar na Civilização. We took up the ideas presented in this Freudian text to study the relationship between the self and the other, which is in constant threat of destruction because of the human inclination to evil. As Freud says, the maintenance of society depends on the investment of a high share of energy in the containment of inclination, as long as it is observed that the processes of subjectivity of the postmodern subject fewer demarcate the limits that distance of the other and thus support the society. And it is from that new dynamic of subjective construction that we try to explain the unbridled expansion of violence and crime in Brazil, with special attention, at the end of this study, to the ostentatious increase in illegal acts perpetrated by teenagers. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400009&lng=p&nrm=iso&tlng=p Este artigo parte do exame crítico dos fundamentos das políticas públicas de assistência ao fenômeno da violência entre homens e mulheres no ambiente doméstico, sobretudo naquilo que se refere às mulheres. Esse exame indica que tais políticas abordam o fenômeno pela via do discurso jurídico, com base em uma concepção de que há uma relação binária agressor/vítima claramente delineada, e na qual a mulher é tida como vítima de condições desfavoráveis e merecedora de uma assistência jurídica específica. Trata-se de interrogar o quanto um discurso articulado em uma lógica binária de opostos - forte/fraco, vítima/agressor - é suficiente e eficaz para a compreensão do fenômeno, bem como até que ponto ele não acaba por perpetuar aquilo que visa combater: a visão da mulher como um ser fraco e vulnerável, que necessita de proteção. Tal inquietação é fruto da experiência de atendimento a mulheres que vêm sofrendo violência física e/ou moral por parte de seus companheiros em uma entidade não-governamental, a Pró-Mulher Família e Cidadania, sediada na cidade de São Paulo. Este artigo visa demonstrar o processo da construção da mulher como vítima por dois ângulos. De um lado aborda, com os instrumentos da psicanálise, a posição subjetiva da mulher, especialmente através dos conceitos de eu, narcisismo, masoquismo fundamental e implicação subjetiva. De outro lado visa examinar o modo pelo qual o discurso jurídico articula-se à dimensão subjetiva, contribuindo para a vitimização da mulher. Nosso intuito é demonstrar a necessidade de agregar ações alternativas às vias estritamente jurídicas que hoje preponderam na abordagem do fenômeno da violência entre homens e mulheres.<hr/>The goal of this article is to conduct a critical analysis, through theoretical concepts developed in the field of psychoanalysis, of public policies that address the phenomenon of domestic violence between men and women, especially as regards the latter. This examination shows that such policies address the issue based on a legal discourse that presumes that such situations correspond to an aggressor/victim binary relation, on that the woman, considered a victim of unfavorable conditions, deserves specific legal assistance. Our intention is to raise the question of the effectiveness of a discourse articulated around the logic of binary opposites - strong/weak, victim/aggressor - as a tool to understand the phenomenon, and also to discuss the possibility that this approach might contribute to perpetuate a view it aims to fight: women as weak and vulnerable beings in need of protection. This preoccupation arised from the experience of assisting women that suffer domestic violence in a non-governmental organization located in the city of São Paulo called "Pró-Mulher Família e Cidadania" [Pro-Woman, Family and Citizenship]. The approach consists in examining the insights psychoanalysis offers to help understand the construction of the victim from a subjective point of view, especially regarding the concepts of ego, ideal ego, narcissism, repetition, masochism and subjective implication. Our intention is to propose alternative approaches that transcend the strictly juridical approach that prevail today in Brazilian public policies that address the issue of violence between men and women. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400010&lng=p&nrm=iso&tlng=p O objetivo deste trabalho é mostrar que os discursos da Pós-Modernidade são legitimadores dos manuais de classificação e também que, ao tratar a Psicopatologia como uma abordagem de sistematização sintomatológica, os manuais a põem no mesmo patamar de outros valores pós-modernos, ou seja, fragmentada, formada por elementos supérfluos e com indícios de enfraquecimento da subjetividade. Esses problemas pós-modernos serão aqui vistos pelos prismas de Zygmunt Bauman, Gilles Lipovetsky e Michel Maffesoli. A sala de aula é apresentada como uma arena onde forças político-ideológicas vão disputar o valor de verdade sobre os sintomas, que ora são tomados como sinais da crise subjetiva e, às vezes, ao contrário, como sinais de resistência e emergência de singularidade do sujeito e, numa terceira vertente, vão por em pauta o conhecimento construído acerca do sujeito. Essas forças políticas põem a Psicopatologia dos manuais (CIDs e DSMs) num pólo e as Teorias da Subjetividade e a Psicopatologia Fundamental em outro.<hr/>The objective of this paper is show that the Discourse of post-modernity are legitimates of classification's manuals and to treat the Psychopathology like an approaches of symptomatologics systematization, the manuals put it at the same place of other post-moderns values, or better, fragmented, formed by superfluous elements and with signs of subjectivity weakness. These post-modern problems will be here seen by the Zigmunt Bauman's, Gilles Lipovetsky's and Michel Maffesoli's prism. The classroom is showed like an arena of conflicts where the politic-ideologist forces will go to dispute the value of the true about the symptoms that are taken like signs of the subjective crises and, moreover, in opposite, like resistance and emergency signs of singularity subjective and, in a third slope, will go in schedule the knowledge built about the subject. These political forces put the Psychopathology of Manuals (ICD and DSM) in a point of view and the theories of subjectivity and Fundamental Psychopathology in another point. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400011&lng=p&nrm=iso&tlng=p Numa tentativa de compreender o processo de análise de resistências muito intensas, vividas em nossa experiência clínica, nos deparamos com a teoria dos refúgios psíquicos, de Steiner. Esse autor nos descreve situações analíticas que se tornam rígidas e estagnadas, com poucas oportunidades de mudança em função de pacientes que se encontram paralisados e com dificuldades de estabelecer contato significativo. Alguns pacientes mantêm-se em análise, mas recusam qualquer intervenção do analista. No entanto, essa recusa está para além de uma reação terapêutica negativa. A recusa não parece estar ligada a um movimento relativo a possíveis melhoras no tratamento. O paciente se torna inacessível, talvez pelo uso dos primitivos mecanismos de defesa da cisão e da identificação projetiva. Refugia-se num lugar que o protege, mas não o livra do sofrimento, daí o caráter de estranho recurso. O analista se vê na condição de buscar desesperadamente um contato com esse paciente. A incursão na teoria de Steiner nos oferece pistas para uma mudança na escuta clínica do analista que possa acolher a necessidade do paciente em ser compreendido em seu endereçamento transferencial, no lugar de interpretar ao paciente sua compreensão, que pode permanecer como algo externo a ele. O analista também deve estar atento aos seus sentimentos contratransferenciais para compreender essa forma de organização, e assim poder providenciar um ambiente que seja suficientemente acolhedor.<hr/>In our efforts towards understanding the process of analyzing very intense resistance, as observed in our clinical experience, we came across Steiner's theory of psychic retreats. Steiner describes analytical situations that become rigid and inert, offering few opportunities for change, since the patients find themselves paralyzed and with difficulties establishing significant contact. Some patients continue analysis, but refuse any form of intervention on the analyst's part. However, this refusal represents something beyond the negative therapeutic reaction, as it does not seem to be associated with progress towards possible improvement in their treatment. The patient becomes inaccessible, perhaps due to the use of primitive defensive mechanisms like splitting and projective identification. The patient turns to a strange resource, in the form of a refuge (psychic retreat) that, while protecting him, does not eliminate his suffering. The analyst finds himself trying desperately to connect with the patient. Our research into Steiner's theory has brought clues that point towards a change in analytic listening that allows the analyst to shelter the patient's need to be understood in his transferential addressing, instead of interpreting his comprehension to the patient which may remain as something external to him. It is required that the analyst must be intent on his countertransference feelings in order to understand the patient's organization, and so he can provide a good-enough holding environment. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400012&lng=p&nrm=iso&tlng=p Na atualidade, nos deparamos com a difusão dos chamados pacientes difíceis na clínica psicanalítica. Estes pacientes se mostram resistentes à técnica dita clássica da psicanálise, remetendo à necessidade de se debruçar sobre sua dinâmica psíquica, com vistas a um entendimento maior do que está em jogo nestes casos. Verifica-se que o processo de subjetivação reporta para uma vivência traumática precoce que incide sobre a relação do indivíduo com o que lhe é externo. Por conta do transbordamento de intensidades provocado pelo trauma, medidas de proteção elementares são mobilizadas visando evitar um colapso narcísico. A defesa passa a ser a via privilegiada pela qual o psiquismo se constitui, o que se traduz em um significativo empobrecimento da vida subjetiva. Para tentar compreender esta dinâmica e propor uma direção ao tratamento psíquico, vamos recorrer às idéias de Michael Balint sobre as relações objetais primárias, visto que seu pensamento oferece elementos importantes para uma renovação do entendimento, tanto da prática analítica, quanto da própria dinâmica psíquica em jogo nos dias de hoje. Com respeito às idéias de Balint, vamos nos deter em sua teoria do amor primário e na questão das modalidades de vínculo defensivas - ocnofilia e filobatismo - face ao desamor dos objetos primordiais, idéias que podem fornecer subsídios para lidar com estes pacientes ditos difíceis.<hr/>Currently we can observe the diffusion of the so-called tough patients in psychoanalytic clinic. These patients have proven resistant to the classic psychoanalysis technique, leading to the necessity of relying on their psychic dynamics, aiming at a broader understanding of what is at stake in these cases. It can be observed that the subjectivation process relates to a precocious traumatic experience that touches the relation of the individual with what is external to him. Because of the overwhelming intensity provoked by the trauma, elementary protection measures are mobilized in order to prevent a narcissistic collapse. The defense then becomes the preferred way through which psychism constitutes itself, which translates into a meaningful impoverishment of subjective life. In an attempt to understand this dynamic and propose a direction for the psychic treatment, we will resort to Michael Balint's ideas about primary object relations, as his thinking offers important elements for a renewal of the understanding of both the analytical practice and the very psychic dynamic we currently see. In regards to Balint's ideas, we will hold on to his primary love theory and to the question of the modalities of defensive links - ocnophilia and philobatism - given the lack of loving of the primordial objects, ideas that can provide subsidies to deal with these tough patients. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000400013&lng=p&nrm=iso&tlng=p A partir de uma pesquisa empírica que buscou estudar as relações entre sujeitos e música, no que tange a predileções e rejeições referentes a estilos, este artigo faz uma análise sustentada teoricamente em trabalhos de Theodor W. Adorno sobre música. Para isso recupera, inicialmente, o conceito de indústria cultural e de música como mercadoria. Realiza análises referentes à parte dos dados coletados na pesquisa por meio de entrevistas com 16 sujeitos, músicos e não-músicos divididos de modo proporcional. Apresenta ainda uma tipologia relacionada às justificativas de adesão a estilos por parte dos participantes da pesquisa, e posteriormente, com base em textos adornianos, uma tipologia referente à conduta musical, realizando uma reflexão a respeito da relação entre ambas e da utilidade da tipologia para a crítica social. Aborda a rejeição a estilos musicais e o esvaziamento da sua justificativa, que se baseia em estereótipos criados socialmente e introjetados pelos sujeitos. Considera a função da música como cimento social e ideologia que se constitui base de ressentimento e fixidez cujos resultados transparecem tanto na economia psíquica dos indivíduos, quanto na esfera pública.<hr/>This article has carried out a study which was theoretically supported on the pieces of work by Theodor W. Adorno about music, concerning one empirical study between individuals and music, when it comes to likes and dislikes in reference to music styles. Initially the article brings back the concept of cultural industry and also the concept of music as a commodity. According to the presented methodology, the article has carried out analyses based on some of the collected data. It also presents a typology related to the justification for the support of music styles by some of the individuals who took part during this research, and later, with support on the texts by Adorno, a typology related to individuals behavior towards music styles, promoting a discussion with respect to the relationship between both and the use of typology to social critic. It is also about the rejection towards some music styles and the lack of justification of some individuals, which is usually based on stereotypes. The research also considers the function of music as a means of social control and ideology that forms a basis of resentment and fixation whose results are shown as much in psychological economy of individuals as in the public sphere.