Scielo RSS <![CDATA[Stylus (Rio de Janeiro)]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1676-157X20130001&lang=p vol. num. 26 lang. p <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100001&lng=p&nrm=iso&tlng=p http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100002&lng=p&nrm=iso&tlng=p A partir da pergunta: "O que responde o psicanalista?" - título do VII Encontro da Internacional dos Fóruns e da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano - a autora situa o que é da ordem da oferta, da demanda e da resposta em uma psicanálise. A resposta do analista não é do registro da interlocução, a oferta, anterior a demanda e distinta da resposta, é o primeiro passo do ato analítico seu começo. Distinguindo a posição atual dos analistas, das de Freud e Lacan, se pergunta: Como se fazer passar ao ato, em cada caso, a oferta já ali na cultura? Responde a questão marcando a diferença entre o saber e o saber-fazer do analista, distinção fundamental que leva Lacan a dizer que o analista só é responsável no limite de seu saber - fazer. A autora retoma a discussão em torno da resposta, aquela a ser feita à demanda transferencial que tem por objetivo produzir análise, destaca a formulação de Lacan em Televisão, que diz que se trata de tirar a limpo o inconsciente de que cada um é sujeito, isto é produzir a queda da transferência, evidenciar seu impasse e seu engodo, assim como a miragem da verdade. Essa operação desdobra a resposta em duas, sendo que o que qualifica a resposta de fim é a interpretação. A autora ressalta no desenvolvimento de seu texto o alcance comum as diversas formulações que dá Lacan do termo interpretação, a que visa a um real, nunca é conciliadora, não há universal da interpretação. Com a ideia de que a interpretação é um dizer que não, a autora se utiliza da afirmação de Lacan, "o dizer é um ato", apontando para a dupla dimensão da fala, o dito e o dizer, que irá desdobrar apoiando-se em diversas referencias a Lacan sobre esse tema. Evoca dois efeitos de sentido reais que se escrevem pelo dizer analítico, o sentido real do sintoma e o sentido real do dizer da demanda analisante. Destaca o dizer apofântico da interpretação demonstrando ser uma via possível a trazer um novo olhar sobre o final da análise. A autora conclui sua elaboração com observações sobre o lugar possível da resposta analítica a civilização atual.<hr/>Departing from the question: "What does the psychoanalyst answer?" - the title of the VII Meeting of the International Forums and the School of Psychoanalysis of the Forums of the Lacanian Field - the author situates what is from the order of the offer, demand, and the response in a psychoanalysis. The analyst's response is not from the recording of the interlocution, the offer, before the demand and distinct from the response, it is the first step of the analytical act, its beginning. Distinguishing the current position of the analysts from those by Freud and Lacan, it is asked: How to pass to the act, in each case, the offer already in the culture? She answers the question by calling attention to the difference between knowledge and the 'knowing how to do' of the analyst, a fundamental distinction that leads Lacan into saying that the analyst is responsible only at the limit of its 'knowing how to do'. The author returns to the discussion about the response, that one to be made to the transference demand that aims to produce analysis. She also highlights Lacan's formulation in Television, which says that it is about clearing up the unconscious of each one is subject, that is, to produce the transference fall, to highlight its impasse and its deception, as well was the mirage of truth. This operation unfolds the response in two, being interpretation what qualifies the final response. The author emphasizes in the development of her text the common reach of various formulations Lacan provides the term interpretation with, since the one which aims at a real, is never conciliatory, there is no universal of interpretation. With the idea that interpretation is a "saying no", the author utilizes Lacan's statement "saying is an act," pointing to the double dimension of speech, the said and the 'to be said', which will unfold itself relying on various references to Lacan on this topic. She also evokes two real effects in the sense that they are written by analytical saying, the real sense of the symptom and the real sense of the saying of the analyzing demand. Finally, she highlights the apofantic saying of interpretation, proving to be a possible way of bringing a new look over the end of the analysis. The author concludes her elaboration with observations about the possible place of an analytical response to the current civilization. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100003&lng=p&nrm=iso&tlng=p O objetivo desta apresentação é abordar a questão do que responde o analista ao mal-estar do existir na civilização, buscando-se a especificidade de sua oferta em relação à de outro campo historicamente articulado. Para isso, problematizam-se as conexões entre Psicanálise e Ciência, retomando-se como o capitalismo, liberto da necessidade de sua base religiosa, emancipou-se do pai do protestantismo puritano e passou a definir sua filosofia, ética, objetos específicos de demanda (mercadorias), sua lógica de gozo (discurso do capitalista) e sua maneira particular de produzir o seu saber: a ciência moderna, fundamentada na eliminação das singularidades do objeto de estudos, na foraclusão do sujeito, no desaparecimento do nome do autor (FOUCAULT, O que é um autor?, 1983 [1969]) e na progressiva destituição subjetiva dos próprios cientistas (SOLER, Variantes da destituição subjetiva, 2002). Interrogam-se as relações entre Psicanálise e Ciência, relembrando-se as contradições aparentes entre, de um lado, a convicção freudiana da cientificidade da psicanálise - "A psicanálise não precisa de uma Weltanschauung; faz parte da ciência e pode aderir à Weltanschauung científica" (FREUD, 1933/1980, p. 220) - defendida também por Lacan até meados dos anos 60. E, de outro, as afirmações lacanianas defendendo a sua exclusão interna do campo da ciência, mais para o final da sua obra. Propõe-se que uma busca de entendimento dessas contradições deva enfocar o modo como o avanço decisivo de Lacan para o campo do gozo (o campo propriamente lacaniano) e a delimitação rigorosa da noção de real vieram a convocar uma forma inovadora de resposta do analista, em sua tarefa de conduzir a clínica. Resposta esta congruente com a revelação de uma opacidade intransponível, que aponta um limite na busca de sentido das interpretações. Isso exigiu a formulação de uma margem de liberdade para o sujeito e de uma direção para a busca de saber, que apontam diferenças importantes em relação ao que acontece nos demais campos científicos. A opacidade do real, agora posta no interior do campo como um elemento conceitual necessário e não eliminável - uma vez que intrínseca ao próprio objeto que se trata de investigar -, não mais constitui resíduo que se possa conceber como provisório, cuja eliminação se possa esperar a partir de aperfeiçoamentos teóricos e metodológicos futuros.<hr/>The objective of this presentation is to address the issue of what the analyst responds to the uneasiness of existing in civilization, seeking the specificity of his/her offer in relation to another historically articulated field. For this, it is problematized the connections between Psychoanalysis and Science, returning to the point of how capitalism, freed from the necessity of its religious basis, emancipated itself from the father of puritan Protestantism and began to define its philosophy, ethics, specific objects of demand (goods), its logic of jouissance (the capitalist's discourse) and its particular way of producing its knowledge: modern science, based on the elimination of singularities of the object of studies, in foreclosure of the subject, the disappearance of the author's name (Foucault, What is an author?, 1983 [1969]) and in the progressive subjective destitution of scientists themselves (Soler, Variants of subjective destitution, 2002). The relationships between Psychoanalysis and Science are interrogated, reminding that the apparent contradictions between, on the one hand, the Freudian conviction of the scientific basis of psychoanalysis - "Psychoanalysis does not need a Weltanschauung, it is part of science and it can adhere to the scientific Weltanschauung" (Freud, 1933/1980, p. 220) - also advocated by Lacan up to the mid 1960s. And, on the other hand, the Lacanian statements defending the internal exclusion from the field of science, towards the end of his work. It is proposed that a search of understanding these contradictions focuses on the way how Lacan's decisive advance for the field of jouissance (the Lacanian field itself) and the precise delineation of the notion of real came to invite an innovative way of response by the analyst in his/her task of conducting the clinic. This answer, congruent with the revelation of an insurmountable opacity, points to a limit in search of meaning interpretations. Such a process required the formulation of a degree of freedom to the subject and of a direction for the pursuit of knowledge, which point to important differences in relation to what happens in the other scientific fields. The opacity of the real, now placed within the field as a conceptual element necessary and not dischargeable - once intrinsic to the object itself that it is being investigated - no more constitutes a residue that can be conceived as provisional, whose elimination can be expected from theoretical and methodological future improvements. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100004&lng=p&nrm=iso&tlng=p O artigo desenvolve as implicações, para a interpretação, decorrentes dos dois horizontes do significante apontados por Lacan em O saber do psicanalista, quais sejam, um matemático e um materno/material. Pretende-se considerar, de um lado, a dimensão lógica da interpretação como a tradução em palavras do valor de verdade que o sintoma é, enquanto função. Nesta perspectiva, o sintoma pode ser entendido como uma fixação inconsciente de gozo pelo aparelhamento de uma linguagem cujo código e funcionamento constituem o trabalho da interpretação. De outro lado, porém, encontramos nos últimos anos do ensino de Lacan a interpretação pensada a partir da função poética, na qual o destaque é dado à mensagem por ela própria, enquanto os outros elementos da comunicação tornam-se secundários. Propõe-se ao final que, se por um lado não se pode esperar de uma análise o sentido último, tampouco, por outro lado, deve-se levá-la ao ponto da exclusão do sentido. É aí que entra o sintoma, não como significação cristalizada, mas como o tonel necessário para o escoamento do sentido, efeito do sentido, pelo qual uma economia de gozo possível produz uma fixação mínima necessária (uma função) para se gozar do inconsciente.<hr/>The article sets to develop the implications for interpretation deriving from the two horizons of the signifier pointed out by Lacan in The Knowledge of the Psychoanalyst, namely, a mathematician and a maternal/material. The goal then is, on the one hand, to consider the logical dimension of interpretation as the translation into words of the value of truth which the symptom is while working as a function. Under such a perspective, the symptom can be understood as an unconscious fixation of jouissance through the equipping of a language whose code and functioning comprise the work of interpretation. On the other hand, in the last years of Lacan's teaching, we find the interpretation articulated from the poetic function, in which the emphasis is given by itself to the message, while other elements of communication become secondary. It is proposed at the end that if, one the one hand, one cannot expect the ultimate meaning from an analysis, on the other hand, one should not take it to the exclusion point of the meaning. This is where the symptom comes in, not as crystallized significance, but as the necessary barrel for the flow of meaning, effect of meaning, through which a possible economy of jouissance produces a minimum necessary fixation (a function) for enjoyment from the unconscious. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100005&lng=p&nrm=iso&tlng=p A partir de uma citação de Lacan em que se questiona a moralidade kantiana via leis e regras universais, e do conto de Kafka Diante da Lei, onde uma lei arbitrária incide apenas sobre uma pessoa, pretende-se deixar clara a diferença na qual se ajuíza a ética da psicanálise que, ao contar com a função do desejo, coloca em questão o lugar e a consistência do Outro, deixado intactos nos dois casos precedentes.<hr/>From a Lacan's quote in which the Kantian morality via universal laws and rules is questioned, and from Kafka's short story Before the Law, where an arbitrary law falls upon a single individual, the purpose of the work is to make clear the difference in which the ethics of psychoanalysis founds itself, and as it counts on the function of the desire, it questions the Other's place and consistency, left intact in both precedent cases. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100006&lng=p&nrm=iso&tlng=p Que "do analista" nada é predicável em termos do Universal lógico aristotélico, é o que Lacan afirma quando propõe que o analista, na sua operância psicanalítica deve "fazer-se produzir do objeto a com o objeto a". Indica-nos assim, após a fundação da sua Escola, que o analista é aquele que, pelo seu ato, faz operar a ditmansão que o objeto a, causa analítica, enoda. É nessa dit-mansão que podemos apreciar como surge o objeto como nó de sentido. Eis o que nos propõe Lacan quando sublinha que na série que cifra esse sentido, o objeto a pode tomar como nome o "não é isso" que é índice de, por um lado a infinitização da série, n+1; e por outro, da possibilidade de nomeá-la: Há do Um (Y'ad'l'Un). Do unário ao Uniano, o objeto a faz nó. É o surgimento da causa o que sustenta o analista a cada vez. Dimensão da operância psicanalítica na qual ao "responder por", a cada vez, o analista faz do seu ato, sua ética.<hr/>That "analyst" nothing is predicable in terms of Universal Aristotelian logic, is what Lacan says when he proposes that the analyst, in his psychoanalytic operance should "make up to produce the object with the object." Tell us well after the founding of their school, the analyst is the one who, by his act, does operate dit-mansion that object a, because analytical cause, knotting. It is in dit-mansion where we can appreciate how the object appears as a node of sense. That's what Lacan proposes when points out that in the series that figure this sense, the object can take the name as "is not it" which is indicates in one side the infinitization of the series, n +1, and on the other side the possibility to name it: "there is something of (the) One" (Y'a d'l'Un) from the unary to Uniano, the object a does the node. The emergence of the cause is what sustains the analyst ever. Dimension of psychoanalytic operance in which the "respond by" each time, the analyst makes his act, his ethics. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100007&lng=p&nrm=iso&tlng=p A ideologia da prática "baseada em evidências", produto derivado da aplicação tendenciosa e economicamente orientada do discurso da ciência e da tecnologia, conseguiu excluir a psicanálise dos programas e serviços públicos de saúde mental, além de minar o status cultural da psicanálise com o público em geral: isso tem acontecido em um grande número de países já por algum tempo. Não faria o menor sentido responder a esta profunda depreciação da psicanálise nos termos adotados por tal ideologia. É muito mais proveitoso oferecer aos nossos colegas cidadãos as evidências apresentadas sem motivos outros por meio de nossa experiência. Como Freud argumentou há mais de um século na sua definição da psicanálise, nossa experiência diz respeito a fenômenos e eventos humanos que nenhuma outra disciplina, científica ou não, é capaz de investigar devidamente, quanto mais lidar com tal questão em qualquer grau de eficácia. A resposta analítica, portanto, tem se tornado um bem cultural que pode ser empregado muito eficientemente para se compreender e tratar os efeitos institucionais e sociais do mal de nossa civilização, e não apenas como um método de tratamento para aqueles indivíduos que procuram por nossa ajuda. Além disso, é pela análise do sofrimento íntimo de seres falantes individuais que a experiência psicanalítica traz à tona os descontentamentos de nossas sociedades, tal qual uma norma mascarada por formas sedutoras de prazer facilitadas pelos avanços tecnológicos.<hr/>The ideology of "evidence-based" practice, a derivative of an economically-driven, tendentious application of the discourse of science and technology, has managed to exclude psychoanalysis from publicly-funded mental health programs and services and to undermine the cultural status of psychoanalysis among the general public: this has been happening in a good number of countries for some time now. It would be futile to respond to this severe depreciation of psychoanalysis in the terms dictated by such ideology. It is more fertile to offer our fellow citizens the evidence provided without ulterior motives by our experience. As Freud indicated nearly a century ago in his definition of psychoanalysis, our experience concerns human phenomena and events that no other discipline, scientific or not, is capable of investigating properly, let alone dealing with it with any degree of efficacy. The analytic response has thus become a cultural asset that may well be employed to understand and treat the institutional and social effects of the malaise of our civilization, and not only a method of treatment for the individuals who come for our assistance. Yet it is through the analysis of the intimate suffering of individual speaking beings that the psychoanalytic experience throws light upon the discontents of our societies, as a rule masked by the seductive forms of jouissance that technological advances facilitate. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100008&lng=p&nrm=iso&tlng=p Este trabalho discute a relação do fenômeno psicossomático com a escrita, seguindo a proposição lacaniana de que, nesses casos, o corpo se deixa escrever algo da ordem do número. Nesse sentido, o fenômeno psicossomático seria uma escrita no corpo que não se dá a-ler como um hieróglifo e não cede à interpretação. Diversamente do sintoma, o fenômeno psicossomático apresenta uma holófrase local entre o primeiro par de significantes S1 - S2, o que impede o deslizamento na cadeia. Embora a escrita seja um traço onde se lê um efeito de linguagem, para que ela passe a algo legível é preciso uma reinscrição em outra parte. Diante dessa clínica, nos indagamos se, deparados com este fenômeno, estaríamos diante da letra e qual seria a direção do tratamento com pacientes acometidos por estas afecções.<hr/>This work discusses the relationship of psychosomatic phenomenon with writing, following the Lacanian proposition which holds that, in such cases, the body lets itself write something related to the number order. In this sense, the psychosomatic phenomenon would be a piece of writing on the body that does not set to be read as a hieroglyph and does not yield to interpretation. Differently from symptom, the psychosomatic phenomenon presents a local holophrase between the first pair of significant S1-S2, which prevents a slip in the chain. Although writing is a trace where one reads an effect of language, for that to pass on something legible, re-inscription on another part is needed. Faced with this clinic, we ask ourselves whether, having this phenomenon at hand, we would be in front of the letter and which direction of treatment with patients affected by these disorders would be chosen. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100009&lng=p&nrm=iso&tlng=p O trabalho aborda a clínica com crianças a partir de uma reflexão sobre seu lugar nos quatro discursos. Salienta que se trata de uma clínica por excelência do infantil, no qual a noção de lugar e os conceitos de desejo de psicanalista, fantasia e estrutura do sujeito do inconsciente encontram-se imbricados. Extrai-se dessa clínica seu potencial de formação, como um lugar privilegiado, sem tratar de qualquer especificidade.<hr/>The paper discusses the clinic with children departing from one reflection about their place within the four discourses. It points out that it is - par excellence - a clinic of the infantile, in which the notion of place and the concepts of a psychoanalyst's desire, fantasy and the subject's structure of the unconscious are interrelated. From this clinic, its potential for formation as a privileged place is extracted, without having to treat any specificity. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100010&lng=p&nrm=iso&tlng=p O trabalho propõe uma reflexão acerca do estado paradoxal em que habita o desejo do analista. Demarcam-se três estados do desejo que exploram diversos rumos daquele desejo que advém de uma análise levada até seu final: o "estado ético do desejo", o "estado irrealizável do desejo" e o "estado vivo do desejo". Cada um desses estados implica necessariamente um paradoxo que o presente trabalho desdobra. Circunscrevem-se, assim, alguns paradoxos que, como analistas, não devemos eliminar nem evitar, mas sustentá-los com nosso desejo em ato.<hr/>This paper proposes a reflection on the paradoxical state in which the desire of the analyst lives. The texts raises three states of desire which explore different aspects of that desire coming from a finished analysis: the "ethical state of desire, the "unrealizable state of desire" and the "living state of desire". Each of these states necessarily implies a paradox that this work develops. Therefore, we arrive at some paradoxes that, as analysts, we are not supposed to eliminate or avoid, but sustain them with our desire in act. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100011&lng=p&nrm=iso&tlng=p Esse texto aborda a perversão a partir dos fundamentos teórico-clínicos de Freud e Lacan, destaca o movimento lógico que delimita a perversão na obra freudiana e verifica uma convergência nas teses de ambos os autores, no que se refere à diferenciação entre a perversidade e a perversão como estrutura clínica. O texto salienta que as práticas de gozo perverso não determinam a estrutura perversa. O matema da fantasia sadiana, forjado por Lacan, é tomado para demonstrar a Verleugnung freudiana, o modo que os sujeitos perversos encontram para lidar com castração da mãe/mulher. As fórmulas quânticas da sexuação, formuladas por Lacan, são utilizadas para evidenciar que a diferença entre a neurose e a perversão se explicita na estratégia de gozo que o sujeito utiliza na relação com o seu parceiro. Esse texto convoca a comunidade analítica ao debate uma vez que enuncia os impasses da clínica.<hr/>Departing from Freud's and Lacan's theoretical-clinical fundaments, the article discusses perversion, highlighting the logical move which marks perversion in Freud's work and verifying a convergence in the propositions of both authors with regard to the differentiation between perversity and perversion as a clinical structure. The text argues that practices of perverted jouissance do not determine the perverse structure. The mathema of sadian fantasy, forged by Lacan, is taken to demonstrate the Freudian Verleugnung, the way perverse subjects find in order to deal with castration of the mother/wife. The quantic formulae of sexuation, conceived by Lacan, are used to put to evidence the fact that the difference between neurosis and perversion becomes explicit in the strategy of jouissance that the subject uses in the relationship with his/her partner. This text invites the analytical community to debate, once it expresses the deadlocks of the clinic. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100012&lng=p&nrm=iso&tlng=p O autor parte de uma discussão da experiência do passe para se perguntar sobre o que possibilita ao analisando fazer uma escolha no final de análise. Em contraponto, apresenta o sintoma no início da análise como aquilo que denuncia no neurótico a impossibilidade de fazer escolha: o sintoma é o conflito que está no lugar de uma escolha. A experiência da análise vai consistir então em fazer o sintoma falar, denunciando sua verdade mentirosa, seu gozo dividido. A interpretação analítica é liberadora, pois opera sobre a divisão do sujeito, permitindo um outro estilo de satisfação que não a divisão. O sintoma, através da interpretação, é levado até o ponto de um impossível de decompor que vai restar para o sujeito a título de saber fazer. Para exemplificar esse saber fazer o autor retoma a experiência da criação artística e algumas coordenadas do final de análise extraídas do relato de um analista da escola.<hr/>The author departs from a discussion about the experience of the pass to question what enables the analyzed to make a choice at the end of the analysis. In contrast, he presents the symptom at the beginning of the analysis as the aspect which shows in the neurotic the impossibility of making this choice: the symptom is the conflict that takes the place of a choice. The experience of the analysis will then consist in making the symptom talk, denouncing its lying truth, its divided jouissance. The analytical interpretation is liberating, once it operates on the division of the subject, permitting another style of satisfaction other than the division. The symptom, through interpretation, is taken to the point of an impossible ability to decompose, which will remain to the individual as a know how. To exemplify this know how, the author revisits the experience of an artistic creation and some coordinates of the end of the analysis that were extracted from the narrative of a school analyst. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100013&lng=p&nrm=iso&tlng=p A autora, usando o equívoco do duplo significado de lettre, em francês: letra e carta, parte da letra em instância, como aquela que não encontra resposta no Outro. A letra-carta roubada, em sofrimento, a carta que não chega, em suspensão, causa, faz furo-trauma, sintoma que se inscreve na carne do sujeito. É esta a marca de origem de um sujeito, uma cristalização material e singular. Mas, a carta-letra, escrito, sem resposta sempre alcança, atinge, toca seu destino. O impacto deste alcance não é o sentido, mas o gozo. O sujeito seria uma resposta à letra, o Um sem o Outro, argumento da função sintoma. Entra-se, encontra-se, incidentalmente, no Real, onde não há relação. Perceber-se só faz marca. É o Dizer, que lê a letra como seu sintoma, que inaugura o falasser, a ex-sistência. O "gozo opaco" denunciado, no a posteriori, pela letra, pode ser renuncido, emergindo daí a fantasia. O falasser escreve seu romance a partir da sequência: furo - letra - fala - escrito. Sofrimento, sintoma e verdade, cuja repetição o sujeito faz ser o seu destino. O analista responde à demanda de interpretação com o Dizer que não, quando produz o corte do sentido, suspendendo o que o dito tem de verdadeiro. O Dizer apofântico levaria a repetição para além, com o furo da letra, uma furada do sentido, de seus contrangimentos, a possibilidade do ato. Quanto a responder com equívoco, é como responder com poesia, já que liga-se de outra forma, inaudita, à cadeia significante. A matéria do sintoma, significante, pode assim perder consistência. A responsabilidade do dizer é a resposta do Dizer que enoda a letra ao sujeito. Um analisante passante responde pelo real. A letra chega a seu destino quando não quer dizer mais nada, o que permite fazer uso dela para outra coisa.<hr/>The author, using the misconception of the double meaning of lettre in French: letter and correspondence, starts from the instance of the letter, as that which finds no response in Other. The purloined letter-correspondence, in suffering, the letter that does not arrive, in suspension, that causes, makes a crack-trauma symptom that is written into the meat of the subject. This is the original mark of a subject, a material crystallization and unique. But the letter-correspondence, written, unanswered, always reaches, achieves, touches your destination. The impact of this reach is not the end, sense but the enjoyment. The subject could be a response to the letter, the One Without the Other, argument of symptom's function. Comes into the Real, incidentally, where there is no relationship. perceiving it only makes a mark. Is The Saying that read the letter as it symptom, which inaugurates the speaking being, the ex-sistence. The "opaque enjoyment" denounced in subsequent, by the letter, renounced, hence emerging the fantasy. The speaking being writes his novel from the sequence: crack - letter - speech - written. Suffering, symptom and truth, whose repetition the subject makes it your destination. The analyst responds to the demand for interpretation with The Saying that no when the court makes the loss of sense, suspending the true. The apophantic Saying would lead the repetition beyond, with the crack letter reach a hollowed meaning, achieve the possibility of the act. How to respond with misunderstanding, is how to respond with poetry, as it turns otherwise, unheard, the significant chain. The matter of the symptom, significant, may thereby lose consistency. The responsibility of saying is the response of the Saying that makes node between the subject and the letter. An passing analysand responds by the real. The letter reaches its destination when does not mean anything, which allows to use it for something else. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100014&lng=p&nrm=iso&tlng=p O artigo traz uma articulação entre a lógica da interpretação e o final de análise. No início do artigo o autor levanta a questão: "O que responde o psicanalista àquele que quer desvendar seu saber insabido, cifrado e consequentemente fixado?". E, após um criterioso desenvolvimento o autor propõe: "O analista responde: Sim, é isso, você falou. (...) até o momento em que o sujeito se toca da inutilidade de continuar a fazê-lo no divã e se propõe, eventualmente, a tentar fazer dizer qualquer coisa a esse saber adquirido, tentando transmiti-lo pela experiência que dá acesso a ele".<hr/>The author departs from a discussion about the experience of the pass to question what enables the analyzed to make a choice at the end of the analysis. In contrast, he presents the symptom at the beginning of the analysis as the aspect which shows in the neurotic the impossibility of making this choice: the symptom is the conflict that takes the place of a choice. The experience of the analysis will then consist in making the symptom talk, denouncing its lying truth, its divided jouissance. The analytical interpretation is liberating, once it operates on the division of the subject, permitting another style of satisfaction other than the division. The symptom, through interpretation, is taken to the point of an impossible ability to decompose, which will remain to the individual as a know how. To exemplify this know how, the author revisits the experience of an artistic creation and some coordinates of the end of the analysis that were extracted from the narrative of a school analyst. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100015&lng=p&nrm=iso&tlng=p http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2013000100016&lng=p&nrm=iso&tlng=p