Scielo RSS <![CDATA[Winnicott e-prints]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1679-432X20100001&lang=p vol. 5 num. 1 lang. p <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000100001&lng=p&nrm=iso&tlng=p After summarizing the differences between the Freudian and Winnicottian paradigms of psychoanalysis (section 1), the paper lays out the central ideas of Winnicott's theory of sexuality. The main theses defended are the following: (1) Winnicott redescribed sexuality as having two basic roots: the instinctive root (instincts understood as biological drives) and the identity root (the human interrelations that happen parallel to instinctive drives, as identifications of various sorts), (2) he rewrote the essential portions of traditional psychoanalytic theory dealing with this phenomena, and (3) in doing so, added essential elements to his new paradigm of psychoanalysis (section 2). Following a schematic presentation of Winnicott's conception of the instinctive and identity roots of sexuality (sections 6-9), as well as of some of its implications (section 10), I point out the corresponding sexual conflicts and the resulting disorders (in particular, I show that the instinctive root can bring about neuroses, whereas the identity root may produce dissociations with psychotic complications). The final sections (11-12) analyze an additional thesis by Winnicott, according to which both roots of human sexuality are entrenched in the common ground of the process of maturation, and that all conflicts of the sexual type are related to the deeper conflict between being and doing, conceived as a universal human problem inherent to that process.<hr/>Após resumir as diferenças entre os paradigmas freudiano e winnicottiano da psicanálise (seção 1), o presente trabalho passa a apresentar as ideias centrais da teoria winnicottiana da sexualidade. As principais teses defendidas são as seguintes: 1) Winnicott redescreveu a sexualidade a partir de duas raízes: a raiz instintual (os instintos entendidos como impulsos biológicos) e a raiz identitária (as inter-relações humanas acontecendo à parte dos impulsos instintuais, como identificações de diferentes tipos), 2) ele reescreveu o essencial da teoria psicanalítica tradicional desse fenômeno, e 3) ao fazer tudo isso, ele acrescentou elementos essenciais ao seu novo paradigma da psicanálise (seção 2). Depois de apresentar de maneira esquemática a concepção winnicottiana da raiz instintual e da raiz identitária da sexualidade, bem como algumas das suas implicações (seção 10), (seções 6-9), especificarei os conflitos sexuais correspondentes, bem como os distúrbios que deles resultam (mostrarei, em particular, que a raiz instintual pode dar origem a neuroses e a identitária, a dissociações com complicações psicóticas). Na ultima parte do artigo (seções 11-12), analisarei uma tese adicional de Winnicott, a de que ambas as raízes da sexualidade humana são fincadas no chão comum do processo de amadurecimento e que todos os conflitos do tipo sexual são relacionados ao conflito mais profundo entre o ser e o fazer, concebido como problema universal dos seres humanos inerente nesse processo. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000100002&lng=p&nrm=iso&tlng=p Considerando o tema da defesa organizada do falso si-mesmo como uma contribuição teórica de Winnicott à psicanálise, busco destacar a relação entre essa defesa e os estados depressivos. Para tanto, mostro que Winnicott apoiou-se na teoria do amadurecimento pessoal para ampliar a compreensão dos mecanismos de defesa assim que constatou que as defesas relativas à fase da unidade mãe-bebê não poderiam ser tradicionalmente consideradas como defesas do ego. Nesse caminho, analiso também aspectos envolvidos com a conquista e a manutenção da integração, e a relação desses pontos com o estabelecimento de um falso si-mesmo, sinalizando que ao longo desse desenvolvimento, Winnicott precisou rever conceitos e acrescentar novos termos à teoria psicanalítica.<hr/>Taking into account the theme of the organized defense of the false self as Winnicott's theoretical contribution to psychoanalysis, I try to highlight the connection between this defense and the depressive states. Having this purpose in mind, I show that Winnicott relies on the personal maturation to have a wider comprehension of the defense mechanisms when he realized that the defenses related to the stage of the mother-baby unity couldn't be traditionally considered as ego defenses. Aspects concerning the accomplishment and the preservation of the integration are also analyzed as well as the connection of these points with the establishment of a false self, suggesting that throughout this development, Winnicott had to review concepts and add new terms to the psychoanalytical theory. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000100003&lng=p&nrm=iso&tlng=p Este trabalho propõe pensar o iníício da jornada de uma jovem terapeuta e seu desejo de acertar no manejo da transferência com o paciente a partir de vivências da contratransferência. Baseando-se em interrogações que vão surgindo a cada sessão, e pautadas pela teoria e clínica winnicottianas, propusemo-nos a refletir sobre os caminhos percorridos nessa trajetória de formação em psicoterapia de orientação psicanalítica. Visto que o início da jornada de uma jovem terapeuta é permeado por muitos desafios, destacamos que o primeiro deles é o do lançar-se, de passar pela experiência da escuta: o não saber, o contato com o desconhecido e as tentativas de descobrir e de construir o seu jeito peculiar de ser terapeuta. Portanto, nesta produção é possível extrair um registro escrito sobre o que consiste acompanhar um paciente em psicoterapia e também testemunhar a experiência de ser acompanhada em supervisão<hr/>This paper aims to reflect about of the initial journey of a young psychologist professional as therapist and her wishes of well management of the transference mechanism in the patient relationship, considering and starting from his own life's counter-transferentials experiences. Based on questions emerged during the sessions and considering Winnicott's theory and clinical view, we intend to reflect about the various steps in the pursuit of the degree of psychotherapist with psychoanalytical orientation. Since one young psychologist starts studying to become a psychotherapist with psychoanalytical orientation, several situations challenge his day by day routine and maybe the first one is the moment to begin to listen with its implications as the unknown knowledge and the first interactions with patients, in which, she tries to discover her own way of being a therapist. So, this is a brief written report of the early days of a young psychologist in continued education showing a patient case in psychotherapy conducted by the forthcoming therapist as the same time as it shows us the experience of being supervisioned in the process of apprenticeship http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000100004&lng=p&nrm=iso&tlng=p Partiremos da célebre distinção de Winnicott entre um verdadeiro si-mesmo (true self) e um falso si-mesmo (false self) ou, em outros termos, emprestados da fenomenologia, entre um si-mesmo autêntico (eigentlich) e um si-mesmo inautêntico (uneingentlich). Todavia, o si-mesmo é uma noção que levanta muitas dificuldades, também para os especialistas da obra de Winnicott, mesmo que seja somente em sua relação com eu [moi]. Parece-nos possível, entretanto, elucidar algumas dentre essas noções por meio da elaboração da fenomenologia heideggeriana e, em seguida, por meio da sartriana, dos conceitos de si-mesmo, de autenticidade e de inautenticidade. Com efeito, para Heidegger, o Dasein não seria um ser, um eu (moi), no sentido de um ego substancial, mas o Dasein é um si-mesmo (Selbst), um ser cujo modo de ser é irredutível àquele de um objeto subsistente (vorhanden) e que pode "escolher" a si mesmo, se ganhar (sich gewinnen) ou mesmo se perder (sich verlieren). Desse ponto de vista, a autenticidade é, primeiramente, uma maneira possível de existir, e se o Dasein pode ser si mesmo no modo da autenticidade, ele o pode ser igualmente no modo privativo da fuga e da inautenticidade. Retomando o conceito heideggeriano de autenticidade, Sartre o enriquece, parece-nos, insistindo sobre a impossibilidade para o existente de ser isto que ele é. Assim, contrariamente ao si-mesmo inautêntico que não cessa de fugir para isto que poder-se-ia chamar de falso si-mesmo, o si-mesmo autêntico ou verdadeiro si-mesmo assume sua existência e, por consequência, tanto a contingência de seu ser como sua liberdade. Desse modo, nós tentaremos mostrar que é possível retomar e aprofundar fenomenologicamente a concepção winnicottiana de verdadeiro e falso si-mesmo.<hr/>We begin with Winnicott's well-known distinction between a true and a false self, or, in terms borrowed from phenomenology, between an authentic (eigentlich) and an unauthentic (uneigentlich) self. Self, however, is a notion that raises many difficulties also for Winnicott scholars, even if only in its relation with the I [me]. Yet it seems possible to elucidate some of those notions by way of a Heideggerian phenomenology followed by a Sartrean phenomenology of the concepts of self, authenticity and unauthenticity. In fact, for Heidegger the Dasein is not a being, an I (me), in the sense of a substantial ego, but rather a self (Selbst), a being whose mode of being is irreducible to that of a subsisting object (vorhanden) and that can "choose" itself, gain itself (sich gewinnen), and even loose itself (sich verlieren). From this point of view, authenticity is above all a possible mode of existing, and if the Dasein can be itself in the authentic way, it can likewise be in the deprived mode of fleeing and of unauthenticity. Returning to the Heideggerian concept of authenticity, Sartre enriches - it seem to us - by underlining the impossibility for the existent of being what it is. Thus, unlike the unauthentic self that cannot but flee towards that which we might call a false self, the authentic or true self takes on its existence, and therefore also takes on both the contingency of its being and its freedom. Hence, we will try to show that it is possible phenomenologically to resume and go deeper into the Winnicottian conception of the true and false self. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000100005&lng=p&nrm=iso&tlng=p Neste artigo, pretende-se apresentar a especificidade da teoria psicanalítica por Winnicott, considerando que seu pensamento e sua prática estão atravessados por intuições e questões fenomenológicas que são próximas da Daseinsanalyse, tais como: continuidade de ser, mãe suficientemente boa e Holding, transicionalidade e área da ilusão.<hr/>The purpose of this article is to present the specificity of Winnicott's psychoanalytical theory, taking into account the fact that throughout his theory and practice are found intuitions and phenomenological issues which are close to the Daseinanalysis, such as the continuity of being, the good-enough mother and holding, transitionality and the area of illusion.