Scielo RSS <![CDATA[Winnicott e-prints]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1679-432X20100002&lang=p vol. 5 num. 2 lang. p <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000200001&lng=p&nrm=iso&tlng=p Este estudo pretende discutir, à luz da teoria de Winnicott, aspectos da contribuição do pai para a importante tarefa da integração da instintualidade, especificamente da destrutividade inerente ao impulso amoroso primitivo, bem como examinar os prejuízos advindos de suas falhas no desempenho de desse papel. Essa integração, no início da vida humana, ocorre fundamentalmente no interior da relação mãe-bebê e, no decorrer do processo de amadurecimento, passa a incluir e a necessitar também da participação paterna. Ilustrando o tema, utilizarei algumas passagens do caso B. descritas por Winnicott em seu livro "Holding e Interpretação", tanto as que exemplificam as dificuldades encontradas pelo paciente para alcançar o estágio do complexo de Édipo, tendo em vista as falhas na integração de sua impulsividade, quanto aquelas que apresentam aspectos do tratamento. oferecido por Winnicott para a retomada do curso do amadurecimento desse paciente.<hr/>This study purports to discuss - in the light of Winnicott's theory - some features of the contribution of the father for the important task of instinctuality integration, especially the integration of the destructiveness inherent to the primitive love impulse, as well as to examine the adverse effects brought about by the father's failure to play out that role. That integration, at the early stages of life, happens fundamentally within the mother-baby relation, and during the maturing process comes to include and require also the father's participation. So as to illustrate the topic I will use some passages of case B. described in Winnicott's Holding and Interpretation that exemplify the difficulties found by the patient to reach the Oedipus complex stage, given the failures in the integration of his impulsiveness, and passages that present features of the treatment offered by Winnicott to get the patient back on the maturing track. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000200002&lng=p&nrm=iso&tlng=p Inicialmente, o estudo explicita a natureza dos cuidados e a responsabilidade do terapeuta que estão requeridas no tratamento das psicoses, quando estas são entendidas à luz da teoria winnicottiana dos distúrbios psíquicos. Em seguida, coteja-se a ética embutida na psicanálise freudiana, nomeada aqui de ética da autonomia, a qual derivou do estudo e tratamento das neuroses e transparece exemplarmente no princípio de abstinência formulado por Freud em 1919, com a ética do cuidado proposta por Winnicott. Mostra-se, com relação a esta última, que dependência e confiabilidade pertencem ao campo semântico do cuidado, e que o protótipo da confiabilidade é a bondade original, que caracteriza os cuidados que a mãe suficientemente boa presta ao seu bebê. Na continuação, busca-se explicitar aspectos dessa nova ética, que levam a alterações fundamentais no papel do analista, na tarefa terapêutica, abrangendo o manejo, e no sentido da cura.<hr/>This study begins by making explicit the care and responsibilities that are required of the therapist in the treatment of psychoses, when they are understood in the light of theWinnicottian theory of mental disorders. It then compares the ethics inherent to Freudian psychoanalysis - which is called here the ‘ethics of autonomy', and which is derived from the study and treatment of neuroses and made manifest in Freud's 1919 abstinence principle - with the ethics of care put forth by Winnicott. Regarding the latter, this study shows that dependency and reliability belong to the semantic field of caring, and that the prototype of reliability is the original goodness that characterizes the care that a sufficiently good mother devotes to her baby. The study then attempts to make explicit some aspects of this new ethics that lead to fundamental changes in the role of the analyst during therapy, which involve handling and the sense of cure. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000200003&lng=p&nrm=iso&tlng=p Comentando o caso reportado por Winnicott no capítulo 2 de "O brincar e a realidade" ("Sonhar, fantasiar, viver", uma história de caso que ilustra uma dissociação primária), quero pôr em evidência a maneira original como Winnicott procede para transmitir a experiência psicanalítica. Esta transmissão vincula, de maneira viva e inseparável, a prática e a teoria, bem como leva a considerar como essa experiência alarga a problemática freudiana da atividade do fantasiar (Das Phantasieren), do sonho e do desejo<hr/>En commentant le cas rapporté par Winnicott au chapitre 2 de "Jeu et réalité" ("Rêver, fantasmer, vivre" - une histoire de cas illustrant une dissociation primaire), je veux mettre en évidence la manière originale dont Winnicott procède pour transmettre l'expérience psychanalytique. Cette transmission lie de manière vivante et indissociable la pratique et la théorie; elle amène à considérer comment cette expérience élargit la problématique freudienne de l'activité fantasmatique (das Phantasieren), du rêve et du désir<hr/>Beginning with a consideration of what a case study represents, in general, and specifically in the first steps of the discovery of psychoanalysis, I will closely accompany the case the Winnicott presents in a chapter of "Playing and Reality": a case of primary disassociation. I will be very attentive to his manner of analytic interaction. The utilization of dreams has a very original place. I will conclude at a more theoretical level: the status of "fantasizing" in Winnicott compared with the "Phantasieren" of Freud, and the consequence of their practical concepts; and in clinical application, putting into evidence the particular characteristics of the style of transmission that he left us. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000200004&lng=p&nrm=iso&tlng=p Com a noção de si-mesmo (self), Winnicott afirma que, no coração do psiquismo, há um núcleo secreto que deve permanecer como "um elemento não comunicável, sagrado, cuja preservação é muito preciosa". Isto parece estar em contradição com o "tudo dizer" da regra fundamental da psicanálise e isto explica, segundo o autor, "a raiva que as pessoas têm da psicanálise" e, em particular, a desconfiança dos adolescentes que temem que sua intimidade seja desvelada. O analista deve portanto oferecer ao paciente um lugar possível de comunicação implícita com o objeto subjetivo, lugar em que ele poderá experimentar a "capacidade de estar só", desenvolvendo, assim, uma capacidade para o relacionamento.<hr/>Avec la notion de self, Winnicott affirme qu'il y a au coeur du psychisme un noyau secret qui doit rester « un élément de non-communication sacré dont la sauvegarde est très précieuse ». Cela peut paraître s'inscrire en contradiction avec le « tout dire » de la règle fondamentale de la psychanalyse et cela explique, selon lui, « la haine des gens pour la psychanalyse » et, en particulier, la défiance des adolescents qui ont peur que leur intimité soit dévoilée. L'analyste doit donc offrir au patient un lieu possible de communication implicite avec l'objet subjectif, lieu où pourra s'expérimenter la « capacité d'être seul », qui développe une capacité à la relation.<hr/>With the notion of self, Winnicott puts forward the idea that, in the heart of psyche, a secret core has to remain « an incommunicado element which is sacred and most worthy of presentation ». This seems to be in contradiction with the fundamental psycho-analytical rule of « telling all » (tell everything) and explains « the hatred people have against psychoanalysis » and particularly the suspicion of teenagers afraid to be robbed of their intimacy. Therefore the analyst has to offer to the patient an implicit place of communication with subjective objects. In such place will be tested the « capacity to be alone », which is essential to the ability of a relationship. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2010000200005&lng=p&nrm=iso&tlng=p A proposta deste trabalho é discutir a tendência atual da psiquiatria e da neurologia de estipular novos diagnósticos para abarcar expressões de tendência antissocial, desde a infância mais primitiva, levando à medicalização e ao tratamento medicamentoso como a conduta de "cuidado" mais adequada. Outros recursos demandam tempo, paciência, envolvimento, empenho, modificação de projetos pessoais, institucionais e discussões teóricas. Ao se eliminar o incômodo medicando os sintomas, elimina-se também a possibilidade de uma compreensão da situação diagnosticada como uma tendência antissocial, sua origem, seu tratamento e possibilidades de prevenção, bem como a compreensão da psicopatologia subjacente, quando houver. Ao se referir à tendência antissocial de um indivíduo, não como um diagnóstico, mas sendo encontrada junto a uma psicose, ou a uma neurose, ou mesmo junto à normalidade, Winnicott reconhece, na origem dessa tendência, certo grau de deprivação que poderia ser tratada por cuidados oferecidos pelo ambiente. Destaca ainda o "valor de incômodo" dos sintomas como um indicativo dessa tendência, que tem em si a esperança de que enfim a necessidade desse indivíduo possa ser compreendida e atendida.<hr/>The proposal of this work is to discuss the present tendency of psychiatry and neurology of stipulating new diagnoses to embrace expressions of antisocial tendency, since the most primitive childhood, leading to the medicalization and the medicamental treatment as the most adequate conduct of "care". Other resources demand time, patience, involvement, effort, personal projects and institutional modification, and theoretical discussion. When the discomfort is eradicated by medicines, the possibility of comprehending the situation diagnosed as an antisocial tendency is also eliminated as well as its origin, its treatment and possibilities of prevention, and the comprehension of the psychopathology implied, when it exists. As he refers to the antisocial tendency of an individual, not as diagnoses, but being present with a psychosis, or a neurosis, or even with normality, Winnicott recognizes, in this tendency's origin, a certain degree of deprivation that could be treated with some care provided by the environment. He also highlights "the value of discomfort" of the symptoms as an indicative of this tendency, which has in itself the hope that the needs of this individual can be finally understood and taken care.