Scielo RSS <![CDATA[Junguiana]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=0103-082520160002&lang=pt vol. 34 num. 2 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252016000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Corrupção no Brasil</b>: <b>uma visão da psicologia analítica</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252016000200002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Nos últimos anos, a mídia internacional expôs vários escândalos relacionados à corrupção, que demonstraram não só a fragilidade dos sistemas políticos mas também a escala global da corrupção. A corrupção não é apenas um tema da moda, mas um fenômeno global gravíssimo que parece ter peculiaridades entre os países. No Brasil, a corrupção é um problema que oprime a sociedade, mas que parece estar diretamente relacionado à identidade coletiva do brasileiro e, para muitos, ela é intrínseca ao "jeitinho brasileiro". Apesar de a corrupção ser um assunto de discussão recorrente para diferentes campos de estudo, a maioria das teorias existentes sobre a corrupção é unilateral e parcial. Elas se concentram em apenas uma parte do problema, colocando a responsabilidade ou na falta de moralidade de brasileiros e seus políticos ou na ineficiência do sistema judiciário. A opinião do público leigo é superficial e tende a concluir de maneira projetiva que a corrupção é responsável por todos os problemas do país. A psicologia analítica pode contribuir com novas abordagens para o estudo do fenômeno da corrupção. Aplicando valores psicoterapêuticos a questões políticas, esta pesquisa pode vir a ajudar psicoterapeutas a abrir um caminho de duas vias entre "realidades internas" e o "mundo da política", como propõe Andrew Samuels. Propõe-se aqui um olhar mais atento para a relação entre a realidade interna do povo brasileiro e o mundo da política no Brasil, particularmente a corrupção brasileira. O objetivo deste artigo é analisar a corrupção em seus três diferentes (mas complementares) níveis: individual, cultural e coletivo. Discutimos os complexos culturais brasileiros e traumas culturais que já foram identificados por junguianos brasileiros e que possam estar relacionados ao atual cenário político-social do país, especialmente a versão brasileira do arquétipo do trickster (que parece estar oprimindo a psique brasileira) e o complexo cultural do malandro, que não foi ainda analisado em detalhe. Argumenta-se também que a corrupção política deve ser vista não apenas como um ato egoísta de um indivíduo, mas de forma mais ampla, como um construto social e também como algo relacionado à corrupção da própria natureza humana.<hr/>In recent years, international media has exposed several corruption-related scandals, which have shown not only the fragility of political systems but also the global scale of corruption. Corruption is more than a trending topic, it is a global phenomenon with severe consequences that seems to have particular distinctions from country to country. For example, in Brazil, corruption is a widespread and a pressing social problem that seems to be directly connected with the Brazilian collective identity and, for many, is intrinsic to the "Brazilian way" (jeitinho brasileiro). Although corruption has been a matter of discussion for many different fields of study, most existing theories of corruption are unilateral and partial as they focus on just a part of the problem, placing the responsibility on either the lack of morality of Brazilians and their politicians, or on the inefficiency of the judicial system. People's opinion and current interpretive theories are superficial and tend to conclude that corruption is responsible for all social problems in Brazil. Analytical Psychology can contribute with new approaches to the study of the corruption phenomenon. By applying psychotherapeutic values to political issues, I believe this research can help psychotherapists to open a two-way path between "inner realities" and the "world of politics" as Andrew Samuels proposes. This research proposes a closer look at the relationship between the "inner reality" of the Brazilian people and the "world of politics" in Brazil, particularly focusing on Brazilian corruption. The objective of this research is to analyse corruption in its three different but complementary levels: individual, cultural and archetypal. I discuss the Brazilian cultural complexes and cultural traumasthat were alreadyidentified by Brazilian Jungians and that might be related to the current social-political scenario of the country. I argue that one of those complexes has not been completely identified yet: the Brazilian version of the trickster archetype that seems to be opressing the Brazilian psyche, the cultural complex malandro. I also argue that political corruption must be seen not only as a selfish act of an individual, but more broadly, as a social construct and also as something related to the corruption of human nature itself. <![CDATA[<b><i>Me dê uma mão?</i></b><b>, ou, quando a ajuda é dizer "não"</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252016000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente artigo propõe uma reflexão sobre o conceito de ajuda no espaço clínico a partir do mito de Eros e Psiquê, chamando atenção à piedade ilícita e à necessidade de dizer "não" no processo individual de ampliação do conhecimento de si.<hr/>This article presents some thoughts on the concept of help in a clinical setting by reflecting on the myth of Eros and Psyche. It focuses on the notion of illicit pity and the necessity of saying "no" during the individual process of a greater self-discovery. <![CDATA[<b>Sandplay</b>: <b>conflito e criatividade plasmados na areia</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252016000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O artigo tem como objetivo refletir sobre a prática clínica do analista que trabalha com imagens, com foco principalmente no sandplay, o "brincar na areia", técnica criada por Dora Kalff na Suíça e trazida ao Brasil por Fátima Salomé Gambini. A partir de um trecho de uma crônica do escritor brasileiro Rubem Alves, a autora defende a possibilidade e a necessidade de ampliarmos nosso olhar de analistas. O texto ressalta a importância de o analista junguiano exercitar seus "olhos brincalhões" (termo utilizado por Rubem Alves na crônica), isto é: o analista precisa trabalhar para conquistar um olhar amplo e não limitado à necessidade de interpretação imediata do símbolo. Para isso, o analista precisa investir no desenvolvimento da sua capacidade imaginativa e precisa conquistar uma liberdade imaginativa para possibilitar o contato criativo do paciente com suas imagens inconscientes plasmadas na areia. A autora defende que o analista junguiano que trabalha com imagens, seja com sandplay, barro, pinturas ou no trabalho com sonhos, vive um eterno processo de vir a ser um analista. Ele nunca está pronto, está constantemente em formação, está sempre aprendendo com as imagens.<hr/>In this article, the author aims to reflect on the clinical practice of the analyst who works with images, focusing mainly on sandplay, "play in the sand", technique created by Dora Kalff in Switzerland and originally brought to Brazil by Fatima Salome Gambini. Having a chronicle by Rubem Alves (a Brazilian writer) as starting point, the author defends the possibility and the need to broaden our horizonz as therapists. She emphasizes the importance of doing the exercise of "playful eyes" by Jungian therapists - a term used by Rubem Alves in his chronicle. She highlights that one needs to make an effort to achieve a broad look, instead of remaining limited to the need of the immediate symbol interpretation. For this, the analysts should invest in developing their imaginative capacity and must earn an imaginative freedom in order to enable the creative contact of the patient with his/ her unconscious images embodied in sand. The author argues that the Jungian therapist who works with images, through sandplay, clay, painting or dreams, experience a never-ending process of becoming a therapist. They are never complete, so, they are in a constant training process, always learning from the images. <![CDATA[<b>Uma explicação arquetípica da crucificação de Jesus pela teoria arquetípica da história</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252016000200005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Minha teoria arquetípica da história (BYINGTON, 1983) segue os passos de Bachofen e de Neumann com a modificação do conceito do arquétipo matriarcal para o arquétipo da sensualidade, e do arquétipo patriarcal para o arquétipo da organização, ambos presentes na psique da mulher, do homem e do Self cultural (BYINGTON, 2013). Essa teoria descreve a dominância matriarcal durante a vida nômade dos primeiros 140 mil anos da história (WATSON, 2003) e a dominância patriarcal iniciada após a revolução agropastoril, mais de 12 mil anos atrás, quando nos tornamos povos assentados. A seguir, marcada pelos mitos do Buda, há 2.500 anos, e do Cristo, há 2 mil anos, essa teoria descreve o início da implantação mitológica e civilizatória do arquétipo da alteridade, cujos heróis messiânicos pregam a elaboração dos confrontos humanos pela dialética da compaixão. Finalizando, o artigo elabora a dificuldade da transcendência da dominância do arquétipo patriarcal para a implantação do arquétipo da alteridade. Concluindo, o autor tenta explicar a razão para Jesus não haver evitado Sua crucificação na implantação da missão heroica para transformar o deus patriarcal, do Velho Testamento, na Trindade, do Novo Testamento.<hr/>The archetypal theory of history (BYINGTON, 1983) follows the work of Bachofen and of Neumann with the modification of the concept of the matriarchal archetype as the archetype of sensuality and of the patriarchal archetype as the archetype of organization, both present in the psyche of man and woman and in the cultural Self (BYINGTON, 2013). This theory describes matriarchal dominance during the nomad life 140 thousand years of prehistory (WATSON, 2003) followed by patriarchal dominance begun more than 12 thousand years ago, after the agropastoral revolution, when we became settled societies. Next, marked by the myth of Budha, about 2.500 years ago and by the myth of Christ, 2.000 years ago, this theory describes the beginning of the mythological civilizing implementation of the alterity (otherness) archetype, whose messianic hero preache for the elaboration of human conflicts through the dialectic of compassion. Finally, the article elaborates the difficulty of the transcendence of patriarchal dominance in the implementation of the archetype of alterity. In conclusion, the author tries to explain the reason Jesus did not avoid his crucifixion to implant the heroic mission of transforming the patriarchal God of the Old Testament into the Trinity of the New Testament. <![CDATA[<b>A psique japonesa</b>: <b>grandes temas dos contos de fadas japoneses</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252016000200006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente artigo propõe-se a analisar criticamente o livro A psique japonesa - grandes temas dos contos de fadas japoneses, escrito pelo psicólogo analítico japonês Hayao Kawai. Após uma contextualização do autor e de sua obra, que objetivou transformar a psicologia analítica em um corpo de pensamento e práxis que pudesse se apropriar da mente japonesa, realiza-se um breve exame crítico da obra do psicólogo japonês e de sua formulação teórica.<hr/>This article is a review of the book The Japanese Psyche - Major Motifs in the Fairy Tales of Japan, written by Hayao Kawai. After a brief contextualization about the author and his work, which aimed to transform analytical psychology in a body of thought and practice that could grasp the Japanese mind, there is a critical analysis of the Kawai's work and his theoretical formulation.