Scielo RSS <![CDATA[Natureza humana ]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1517-243020160001&lang=pt vol. 18 num. 1 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[<b>O caminho para a virada</b>: <b>uma interpretação da conferência "Sobre a essência da verdade", de Martin Heidegger</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A conferência "Sobre a essência da verdade", de Martin Heidegger, foi pronunciada várias vezes entre 1930 e 1932, editada em 1943 e seguiu sendo modificada pelo autor até os anos 1960. Em diversos aspectos, ela parece ter um papel peculiar, como uma espécie de "dobradiça" entre o Heidegger de Ser e tempo e o após a "virada" [Kehre] de seu pensamento, processo que se iniciou justamente a partir dos anos 1930. Com tal papel intermediário, essa conferência parte de concepções ainda abordadas a partir da perspectiva de Ser e tempo, como a questão da verdade, mas insere temáticas fundamentais, mais caras à obra posterior do pensador alemão, como a perspectiva do velamento do ser, o conceito de errância e a própria perspectiva, apenas iniciada nessa conferência, de uma transformação do próprio conceito de essência [Wesen].<hr/>The Martin Heidegger's conference "On the essence of truth" was repeatedly pronounced between 1930 and 1932, published in 1943 and continued to be adjusted by the author until the sixties. In many ways, it seems to have a special role as a kind of "hinge" between Heidegger's Being and Time and after the "turn" [Kehre] of his thinking, process that began precisely from thirties. With such intermediary role, the conference begins with conceptions still addressed from the perspective of Being and Time, as the question of truth; but inserts fundamental themes, relating to the later work of the German thinker, as the notion of the veiling of being, the concept of errance and the perspective, only started at this conference, from a transformation of the very concept of essence [Wesen] <![CDATA[<b>Heidegger e o problema da dor nos "Cadernos negros"</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A presente contribuição parte dos quatro volumes recém-publicados nas Obras completas de Heidegger - os chamados "Cadernos negros" -, a fim de analisar o modo como o conceito de dor se apresentou e se desenvolveu no contexto da narrativa onto-histórica que caracterizou o pensamento heideggeriano dos anos 1930 até finais da década de 1940. Iniciado quase simultaneamente à redação das "Contribuições à filosofia", esses manuscritos revelam o papel decisivo que o antissemitismo onto-historial desempenhou tanto no estabelecimento quanto no derradeiro abandono da narrativa da história de Ser pautada pelo maniqueísmo e pela polarização entre gregos e alemães de um lado, e judaísmo e a "maquinação" de outro. Por fim, se oferece uma interpretação sobre os diferentes tipos e níveis de dor que Heidegger nos apresenta ao longo desse material.<hr/>The present paper takes as its basis the four recently published volumes from Heidegger's Gesamtausgabe - the so called "Black Notebooks" - in order to analyse how the concept of pain (Schmerz) was presented and developed in the context of the ontohistorical narrative, which characterized the heideggerian thought from the early 1930s to the late 1940s. Initiated almost simultaneously to the writing of "Contributions to philosophy", those manuscripts reveal the essential role played by an ontohistorical anti-semitism to establish the narrative of the history of Being as well as to abandon it. This narrative was based on a manichaeism and on a polarization between Greeks and Germans on the one hand, and on judaism and machination on the other. Finally, we suggest an interpretation of the different types of pain as presented by Heidegger along this compendium. <![CDATA[<b>Dividida em dois?</b>: <b>A experiência materna nos casos gemelares</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este trabalho tem por objetivo trazer uma reflexão acerca da experiência da maternidade exercida com mais de um bebê ao mesmo tempo, ou seja, nos casos gemelares. Fundamentados na teoria winnicottiana, buscaremos compreender como o estado de preocupação materna primária é vivenciado pelas mães de gêmeos, tendo em vista as peculiaridades do processo de subjetivação desses bebês. Se o fato de ser possível para a mãe responder às necessidades iniciais das crianças através da construção de um olhar singularizado para cada filho, evitando-se, assim, o risco de tomá-los em seu psiquismo de forma indiferenciada, configura-se um espaço propício à subjetivação. Trata-se de um espaço intersubjetivo que se configura a partir de um estado de abertura à afetação pelo outro, o que o conceito de experiência de Walter Benjamin aborda com maestria.<hr/>This work aims to bring a reflection on the experience of motherhood exercised with more than one baby at the same time, that is in twin cases. Based on Winnicott’s theory, we will seek to understand how the state of primary maternal preoccupation is experienced by mothers of twins, considering the peculiarities of the subjective process of these babies. If initial needs of children, which requires full maternal dedication, it is possible for the mother to respond by building a singled look at each child, avoiding the risk of taking them into your psyche an undifferentiated way, configures itself a favorable space to subjectivity. This is an inter-subjective space that is configured from a state of openness to the other affectation, which the concept of experience described by Walter Benjamin covers masterfully. <![CDATA[<b>Pain and history of being</b>: <b>Heidegger and Jünger on the pain in the era of technology</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A principio de los años ’30 Heidegger percibe que aquello que caracteriza esencialmente el mundo y la época contemporánea es fundamentalmente la técnica, tal como es descrita por Ernst Jünger en los ensayos "La movilización total" (1930) y "El trabajador" (1932). Para Jünger la técnica es esencialmente "el modo como la forma del trabajador moviliza el mundo". La lectura y el análisis crítico de la obra de Jünger llevarán a Heidegger no solo a profundas transformaciones en su proyecto filosófico, sino también a buscar nuevos horizontes teóricos a través del cumplimiento de la denominada "Kehre". En el marco de la confrontación con los escritos de Jünger, el ensayo de éste último "Sobre el dolor" (1934) juega para Heidegger un papel decisivo. El dolor aquí es pensado como una de las "llaves con que abrimos las puertas no sólo de lo más íntimo, sino a la vez del mundo". A la inmutabilidad del dolor en cuanto medida de la existencia humana corresponde la variabilidad y multiplicidad de las modalidades con las cuales el hombre se enfrenta, históricamente, con el dolor. Pero ¿cuál es la esencia del dolor? ¿Y cuál es el papel que el dolor desempeña en la época moderna, es decir: en la época de la perfección de la técnica? A estas preguntas, que constituyen el centro de nuestra contribución, intentará dar respuesta el mismo Heidegger lector de Jünger.<hr/>At the beginning of the ’30 Heidegger became aware that thecnology represents an essential character of the world in the contemporary modern era as he read, and studied carefully, the works of Ernst Jünger "Die totale Mobilmachung" (1930) and "Der Arbeiter" (1932). Technology for Jünger is essentially "how the figure of the worker mobilizes the world". In Heidegger’s deep and severe confrontation with Jünger’s writings - which eventually would urge him not only to profound transformations in his philosophical project, but also to seek new speculative horizons through the "Kehre" - the Jünger’s essay "Über den Schmerz" plays a decisive role. Here pain is conceived as a "key with which we open the door not only of what is most intimate, but also of the world". To the eternal invariability of pain as measurement and proportion of human’s existence corresponds the historical variability of all the ways in which humanity confronts the living pain. But what is, essentially, the pain? And what is "pain" in the era of the "perfection of technology"? All these questions constitute the reference point of this article and the core of Heidegger’s dispute with Jünger depicted in it. <![CDATA[<b>O silêncio na clínica psicanalítica a partir das concepções de Donald Winnicott e Wilhelm Reich</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O silêncio sempre foi um tema que provocou muita discussão na história da clínica psicanalítica, de modo que muitos analistas tinham dificuldade em lidar com ele no setting terapêutico. Considerando as várias possibilidades com as quais psicanalistas manejam o silêncio no setting, notamos que Donald Winnicott e Wilhelm Reich trazem importantes contribuições para essa questão. O objetivo deste artigo é, portanto, o de apresentar os posicionamentos deles acerca do silêncio na clínica psicanalítica e estabelecer um breve diálogo entre eles, descrevendo possíveis diferenças e semelhanças. Nossa escolha por esse diálogo se justifica pelo fato de que, apesar de suas diferenças técnicas e metodológicas, ambos os autores possuem um dos objetivos terapêuticos em comum: a espontaneidade. Embora estejamos tratando de tendências, concluímos que, em Reich, o silêncio do paciente é visto, predominantemente, como resistência, enquanto em Winnicott o silêncio também pode ser entendido como hesitação e como uma conquista tida pelo paciente no processo terapêutico.<hr/>Silence has always been a theme which has generated extensive discussion throughout the history of psychoanalytic clinic, since many analysts had difficulties in dealing with it in the therapeutic setting. Considering the various possibilities with which psychoanalysts deal with silence in the setting, we note that Donald Winnicott and Wilhelm Reich give important contributions to this issue. The goal of this article is, therefore, to present their viewpoints on silence in the psychoanalytic clinic and to establish a brief dialogue between them, describing possible differences and similarities. Our choice of a dialogue is justified by the fact that, despite their technical and methodological differences, both authors have a common therapeutic objective: spontaneity. Although we are dealing with tendencies, we conclude that, to Reich, the silence of the patient is seen predominantly as resistance, and to Winnicott, silence can also be understood as hesitation and as an achievement of the patient in the therapeutic process. <![CDATA[<b>"Stop crying and talk"</b>: <b>Existence, vulnerability and delegation</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt En el presente texto queremos examinar la experiencia del dolor en el espacio comunitario. Se examina aquí la escena de la tragedia Suplicantes de Eurípides, donde Teseo invita a Adrasto para que deje de llorar y comience a hablar, pues sólo en el habla todo llega a término. Esta escena nos permite mostrar cómo se articula la experiencia del sufrimiento humano con el fenómeno de la delegación como descarga del peso del dolor. Esto muestra también cómo la existencia humana está vinculada a una vulnerabilidad esencial que surge desde nuestra corporalidad. Así podemos tomar distancia de la ontología del cuidado desarrollada por Heidegger y complementar la analítica existencial con la antropología filosófica de Blumenberg.<hr/>In this text, we want to examine the experience of pain in the community space. We examine here the scene of the tragedy of Euripides Suppliant where Theseus invites Adrasto to stop mourn and start talking, because only in speech everything comes to an end. This scene allows us to show how the experience of human suffering with the phenomenon of the delegation as discharge burden of pain is articulated. This also shows how human existence is linked to a critical vulnerability that arises from our physicality. Therefore, we can take away from the ontology of care developed by Heidegger and complement the existential analysis with philosophical anthropology by Blumenberg. <![CDATA[<b>A abordagem fenomenológico-existencial da enfermidade</b>: <b>uma revisão</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt No presente artigo apresento uma revisão da abordagem fenomenológica e existencial da enfermidade. As três primeiras seções examinam as noções fundamentais da fenomenologia médica, apresentando as linhas gerais do paradigma do corpo vivido, no intuito de caracterizar a abordagem fenomenológica da enfermidade. Nas duas seções seguintes, são examinadas as interpretações do corpo enfermo que se baseiam na analogia com o utensílio quebrado, destacando o conceito de enfermidade como sintonia do desterro (Unheimlichkeit) corporal da existência. Na última seção são apresentadas as principais criticas à abordagem fenomenológica da medicina e da enfermidade.<hr/>In this paper I present a review of the phenomenological-existential account of illness. The three first sections examine the fundamental notions of medical phenomenology, sketching the main elements of living body's paradigm in order to characterize the phenomenological account of illness. In the two following sections, the interpretations of ill body based on the analogy with the broken tool are examined, pointing out the concept of illness as the attunement of bodily unhomelikeness (Unheimlichkeit) in existence. The main criticisms of the phenomenological approach of medicine and illness are presented in the last section. <![CDATA[<b>Entre a angústia e a dor</b>: <b>um diálogo entre Martin Heidegger e Ernst Jünger</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Após o projeto da ontologia fundamental, o conceito fundamental de angústia que aparece em Ser e tempo é desenvolvido por Heidegger no momento em que este se depara com o pensamento de Ernst Jünger. O presente artigo trata da influência das reflexões de Jünger sobre a dor nesse desenvolvimento. Nesse contexto, mostra como é possível dizer que dessa influência resultam os conceitos de dor, de carência e de perigo no pensamento de Heidegger.<hr/>After the project of fundamental ontology, Heidegger develops the fundamental concept of anxiety that appears in Being and Time in the moment he encounters Ernst Jünger's thought. The present paper handles the influence of Jünger's reflections on pain in this development. In this context, it shows how it is possible to say that from this influence results the concepts of pain, distress and danger in Heidegger's thinking. <![CDATA[<b><i>Ser y tiempo, singularización y comunidade</i></b><b>, de Esteban Lythgoe e Luis Rossi</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302016000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Após o projeto da ontologia fundamental, o conceito fundamental de angústia que aparece em Ser e tempo é desenvolvido por Heidegger no momento em que este se depara com o pensamento de Ernst Jünger. O presente artigo trata da influência das reflexões de Jünger sobre a dor nesse desenvolvimento. Nesse contexto, mostra como é possível dizer que dessa influência resultam os conceitos de dor, de carência e de perigo no pensamento de Heidegger.<hr/>After the project of fundamental ontology, Heidegger develops the fundamental concept of anxiety that appears in Being and Time in the moment he encounters Ernst Jünger's thought. The present paper handles the influence of Jünger's reflections on pain in this development. In this context, it shows how it is possible to say that from this influence results the concepts of pain, distress and danger in Heidegger's thinking.