Scielo RSS <![CDATA[Natureza humana ]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1517-243020170001&lang=pt vol. 19 num. 1 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[<b>Dificuldades na transmissão da psicanálise</b>: <b>dossiê em comemoração aos 100 anos de publicação das <i>Conferências introdutórias à psicanálise</i></b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente artigo tem como objetivo apresentar o segundo volume do Dossiê em comemoração aos 100 anos de publicação das Conferências introdutórias à psicanálise, de Sigmund Freud. Ao longo do texto, seguimos a argumentação freudiana, indicando as dificuldades na transmissão da psicanálise, em especial em relação à objetividade da formação médica em contraposição ao tratamento psicanalítico. Este último é baseado em trocas de palavras entre o analisando e o médico, o que, adverte Freud, não se mostra visível ou palpável. Nesse sentido, é necessária uma mudança de leitura dos fenômenos em questão. Propomos ainda, ao final da apresentação, comentar, de modo resumido, cada artigo que compõe o dossiê.<hr/>The present article aims to present the second volume of the Dossier in commemoration of the 100 years of publication of the Introductory Lectures to Psychoanalysis, by Sigmund Freud. Throughout the text, we follow the Freudian argument, indicating the difficulties in the transmission of psychoanalysis, especially in relation to the objectivity of medical formation, what is in opposition to the psychoanalytic treatment. The psychoanalysis is based on exchanges of words between the patient and the analyst and this practice, Freud warns, is not visible or palpable. In this way, it is necessary a change of interpretation of the phenomena in question. We also propose, at the end of the presentation, to comment, briefly, each article that composes the dossier. <![CDATA[<b>Como Freud falava do que fazia? Uma análise discursiva da conferência XXVIII sobre "A terapia analítica" de 1917</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Neste artigo examinamos a maneira como Freud organiza sua exposição sobre a terapia analítica, com especial atenção aos termos que caracterizam e definem a prática psicanalítica. Pretendemos mostrar como Freud recorre, de modo sistemático, ao emprego da noção de tratamento (Behandlung) quando se trata de falar do conjunto de procedimentos metódicos reunidos pela psicanálise, assim como ele emprega as noções de terapia analítica (Analytische Therapie) e de psicoterapia (Psychotherapie) quando se trata de ponderar sobre seus efeitos de eficiência e de eficácia e reserva para o termo "cura" (Kur) a conotação ética do conjunto formado pela técnica terapêutica e do método de tratamento. Examinaremos as principais imagens e estratégias expositivas empregadas por Freud e sua covariância com flutuação desses termos. Nosso objetivo é mostrar como a separação estrita entre psicanálise e psicoterapia parece ter emergido da tradição posterior a Freud, transformando-se em uma diferença de relevância política sem subsídio textual.<hr/>In this article we examine the way Freud organizes his exposition about Psychoanalytic Therapy, focusing the terms witch characterized and define psychoanalytical practice. We aim to show how Freud uses, systematically, the notion of treatment (Behandlung) when he spoke about the collection of effects and methodical procedures unified around psychoanalysis. He also uses the notions of analytical therapy (Therapie) and psychotherapy (Psychotherapie) when he tries to think about the effects or the efficacy, and reserves the word "cure" (Kur) to the ethical connotation of the set constituted by the therapeutically technique and the treatment method. We examine the main covariance and floating semantics of these terms. Our objective is to demonstrate that the strict separation between psychoanalysis and psychotherapy seems to be emerged from a posterior tradition of commentary, witch transform this difference into a political difference with poor textual subsidize. <![CDATA[<b>Atos falhos</b>: <b>interpretação e significação</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt No presente artigo, buscaremos discutir alguns aspectos da primeira parte das Conferências introdutórias à psicanálise (1916-1917), dedicada aos atos falhos, de modo a indicar um dado modo de construção e endereçamento de Freud ao ouvinte/leitor. Pretendemos acompanhar o desenrolar argumentativo das palestras e destacar a construção de um procedimento de leitura que necessariamente implica o lugar do intérprete. Nessa direção, destacamos três passos constitutivos da argumentação freudiana: a suposição de uma alteridade, a equivalência entre sentido, significação e intenção e a apresentação de pressupostos teóricos ao longo de seu procedimento de leitura.<hr/>In this article, we will try to discuss some aspects of the first part of the Introductory Lectures to Psychoanalysis (1916-1917), dedicated to the faulty acts, in order to indicate a certain way of construction and addressing of Freud to the listener/reader. We intend to follow the argumentative development of the lectures and highlight the construction of a reading procedure that necessarily implies the place of the interpreter. In this direction, we highlight three constitutive steps of the Freudian argument: the assumption of an alterity, the equivalence between meaning, meaning and intention, and the presentation of theoretical assumptions throughout its reading procedure. <![CDATA[<b>Símbolo e relação simbólica em Freud</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente artigo percorre as ideias de Torres Filho e Gombrich sobre o simbólico na arte e apresenta algumas possíveis contribuições dessas ideias para a compreensão de símbolo e relação simbólica, tal como exposto por Freud nas Conferências de introdução à psicanálise.<hr/>The present paper examines the ideas of Torres Filho and Gombrich on the symbolic in art and presents some possible contributions of these ideas to the understanding of symbol and symbolic relationship, as exposed by Freud in the Introductory Lectures on PsychoAnalysis. <![CDATA[<b>Figuração e figurabilidade</b>: <b>no início eram as sensações</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O artigo aborda a relação entre a operação onírica de figuração plástica e a noção de figurabilidade na 11ª Conferência de introdução à psicanálise. Entendida como conversão dos pensamentos latentes do sonho em imagens, a operação supõe uma série de condições de possibilidade que Freud chama figurabilidade. Assim, considera-se, em primeiro lugar, o conceito de regressão e seus pressupostos metapsicológicos. Em segundo lugar, examina-se o papel das sensações e dos seus registros mnêmicos. Por último, indaga-se acerca da explicação freudiana da preeminência do visual sobre os outros tipos de sensações.<hr/>This paper examines the relationship between the dreamlike operation of plastic figuration and the notion of figurability in the 11th Conference of Introduction to Psychoanalysis. This operation, conceptualised as the conversion of the latent thoughts of dream into images, presupposes a series of conditions of possibility that Freud calls figurability. In this paper, we begin by discussing the concept of regression and its metapsychological assumptions. We then analyse the role of sensations and their memory registers. Finally, we explore the Freudian explanation of the pre-eminence of the visual over other types of sensations. <![CDATA[<b>Uma patologia cultural da modernidade</b>: <b>Freud e o "doutor" Dostoiévski</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt No antepenúltimo parágrafo de "O mal-estar na civilização", Freud sugere que, apesar de todas as dificuldades, poderíamos esperar que um dia alguém se aventurasse na elaboração de uma patologia das comunidades culturais. Embora Freud considerasse Dostoiévski como um artista que em estatura não estaria muito atrás do próprio Shakespeare e cujo romance Os irmãos Karamázov seria o mais formidável romance jamais escrito, para ele, dada a severidade da patologia psíquica desse escritor, a humanidade pouco lhe teria a agradecer: ao invés de mestre libertador da humanidade, Dostoiévski teria tomado partido dos seus opressores. No presente artigo, pretendemos investigar o motivo da generalização das doenças psíquicas no universo dostoiévskiano e sugerir, valendo-nos da terminologia freudiana, que justamente o russo, demasiadamente russo Dostoiévski, seria aquele que, como desejara Freud, elaborou a patologia cultural característica à modernidade.<hr/>In the antepenultimate paragraph of "Civilization and its Discontents", Freud suggests that, despite all difficulties, we may expect that one day someone will venture to develop a pathology of cultural communities. Although Freud had considered Dostoevsky as an artist whose place was not far behind Shakespeare himself, and whose masterpiece, The Karamazov Brothers, was the most formidable novel ever written, because of the severity of psychic pathology of this writer, humanity will have a little to thank him for. Instead of making himself a liberator of humanity, Dostoevsky sided with his oppressors. In this article, we are willing to investigate the reason for the generalization of mental illness in the Dostoevskian universe, and to suggest that, through Freud's terminology itself, the Russian, all too Russian Dostoyevsky is the one who that develops such a cultural pathology characteristic of modernity. <![CDATA[<b>Entre a neuropatologia de Charcot e a psicologia de Bernheim</b>: <b>considerações sobre a hipnose nos primórdios da pesquisa freudiana</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Desde os primórdios de suas indagações sobre a histeria, a hipnose ocupou um lugar central nas considerações freudianas; o interesse por tal fenômeno pode se circunscrever a duas referências principais: a primeira, em relação ao laço entre histeria e hipnose, proveniente das pesquisas de Charcot e que subordinava ambos fenômenos à égide da Neuropatologia. O segundo aspecto encontra-se relacionado ao conceito de sugestão (Suggestion) tal como concebida por Bernheim, que ligava à hipnose ao âmbito da Psicologia. Ao longo do presente artigo, apontaremos a presença das elaborações de Charcot e Bernheim nos primeiros textos freudianos referentes ao tema, assim como as limitações que essas perspectivas apresentaram na medida em que Freud avançava nas suas pesquisas sobre o psiquismo. Ainda, exporemos uma hipótese sobre o abandono da utilização da hipnose, por parte de Freud.<hr/>Since the beginning of his inquiries about hysteria, hypnosis had a central place in the Freudian considerations; the concern for said phenomenon can be limited down to two main references: the first, concerning the bond between hysteria and hypnosis, coming from Charcot's researches and that subordinated both phenomena to the aegis of Neuropathology. The second aspect is related to the concept of Suggestion, as conceived by Bernheim, which tied hypnosis to the field of Psychology. Over the course of this article the presence of Charcot's and Bernheim's elaborations in the early Freudian texts within the subject will be pointed out, as will the limitations shown by these perspectives as Freud made progress in his researches about the psychism. Furthermore, we will present a hypothesis concerning the matter of Freud discontinuing the use of hypnosis. <![CDATA[<b>As mulheres de Nietzsche e Freud</b>: <b>uma leitura laplancheana</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Nietzsche e Freud produziram representações teóricas das mulheres e do gênero feminino muito similares. Por meio do método hermenêutico-crítico e da crítica historicista, a comparação entre essas representações corrobora a hipótese de que ambos os autores contribuem para a construção de uma rede representacional que articula fortemente a mulher a elementos de passividade, masoquismo, pudor, maternidade, submissão, docilidade e rebeldia. A análise permite-nos demonstrar a tese de Jean Laplanche, segundo a qual o gênero é um esquema narrativo ou um código que traduz a sexualidade inconsciente. Para a teoria laplancheana, os arranjos de gênero fornecem uma organização possível - mas não necessária - ao sexual infantil, ajudando no processo de recalcamento. Isso se vincula a uma tradução generificada da atividade e da passividade originária em termos de masculinidade e feminilidade. Assim, acreditando que, em suas teorizações, tanto Freud quanto Nietzsche fazem uso dessa engrenagem tradutiva, herdada do social,torna-se fundamental desconstruir a imagem da mulher presente nos dois autores a fim de abrir espaço para representações menos comprometidas com a perspectiva falocêntrica.<hr/>Nietzsche and Freud have produced very similar theoretical representations of women and the feminine. By using a critical-hermeneutic method and a historicist critique, the comparison between these representations confirms the hypothesis that both authors contribute to the construction of a representational network that strongly articulates women to the elements of passivity, masochism, shame, maternity, submission, docility, and insurgency. Our analysis lets us demonstrate Jean Laplanche thesis' that gender is a narrative scheme or a code that translates unconscious sexuality. For Laplanchean theory, gender arrangements provide a possible - but not necessary - organization to the infantile sexuality, aiding the process of repression. This gets associated to a gendered translation of activity and original passivity in terms of masculinity and femininity. Thus, believing that, in their theories, both Freud and Nietzsche utilize this translation engine, inherited from the culture, we find it essential to deconstruct the image of woman present in both authors, in order to open the way to representations that are less compromised to a phallocentric perspective. <![CDATA[<b>Resenha</b>: <b><i>Esferas I: bolhas, </i></b><b>de Peter Sloterdijk</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Nietzsche e Freud produziram representações teóricas das mulheres e do gênero feminino muito similares. Por meio do método hermenêutico-crítico e da crítica historicista, a comparação entre essas representações corrobora a hipótese de que ambos os autores contribuem para a construção de uma rede representacional que articula fortemente a mulher a elementos de passividade, masoquismo, pudor, maternidade, submissão, docilidade e rebeldia. A análise permite-nos demonstrar a tese de Jean Laplanche, segundo a qual o gênero é um esquema narrativo ou um código que traduz a sexualidade inconsciente. Para a teoria laplancheana, os arranjos de gênero fornecem uma organização possível - mas não necessária - ao sexual infantil, ajudando no processo de recalcamento. Isso se vincula a uma tradução generificada da atividade e da passividade originária em termos de masculinidade e feminilidade. Assim, acreditando que, em suas teorizações, tanto Freud quanto Nietzsche fazem uso dessa engrenagem tradutiva, herdada do social,torna-se fundamental desconstruir a imagem da mulher presente nos dois autores a fim de abrir espaço para representações menos comprometidas com a perspectiva falocêntrica.<hr/>Nietzsche and Freud have produced very similar theoretical representations of women and the feminine. By using a critical-hermeneutic method and a historicist critique, the comparison between these representations confirms the hypothesis that both authors contribute to the construction of a representational network that strongly articulates women to the elements of passivity, masochism, shame, maternity, submission, docility, and insurgency. Our analysis lets us demonstrate Jean Laplanche thesis' that gender is a narrative scheme or a code that translates unconscious sexuality. For Laplanchean theory, gender arrangements provide a possible - but not necessary - organization to the infantile sexuality, aiding the process of repression. This gets associated to a gendered translation of activity and original passivity in terms of masculinity and femininity. Thus, believing that, in their theories, both Freud and Nietzsche utilize this translation engine, inherited from the culture, we find it essential to deconstruct the image of woman present in both authors, in order to open the way to representations that are less compromised to a phallocentric perspective. <![CDATA[<b>Resenha</b>: <b><i>The Varieties of Self-knowledge</i></b><b>, de Annalisa Coliva</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302017000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Nietzsche e Freud produziram representações teóricas das mulheres e do gênero feminino muito similares. Por meio do método hermenêutico-crítico e da crítica historicista, a comparação entre essas representações corrobora a hipótese de que ambos os autores contribuem para a construção de uma rede representacional que articula fortemente a mulher a elementos de passividade, masoquismo, pudor, maternidade, submissão, docilidade e rebeldia. A análise permite-nos demonstrar a tese de Jean Laplanche, segundo a qual o gênero é um esquema narrativo ou um código que traduz a sexualidade inconsciente. Para a teoria laplancheana, os arranjos de gênero fornecem uma organização possível - mas não necessária - ao sexual infantil, ajudando no processo de recalcamento. Isso se vincula a uma tradução generificada da atividade e da passividade originária em termos de masculinidade e feminilidade. Assim, acreditando que, em suas teorizações, tanto Freud quanto Nietzsche fazem uso dessa engrenagem tradutiva, herdada do social,torna-se fundamental desconstruir a imagem da mulher presente nos dois autores a fim de abrir espaço para representações menos comprometidas com a perspectiva falocêntrica.<hr/>Nietzsche and Freud have produced very similar theoretical representations of women and the feminine. By using a critical-hermeneutic method and a historicist critique, the comparison between these representations confirms the hypothesis that both authors contribute to the construction of a representational network that strongly articulates women to the elements of passivity, masochism, shame, maternity, submission, docility, and insurgency. Our analysis lets us demonstrate Jean Laplanche thesis' that gender is a narrative scheme or a code that translates unconscious sexuality. For Laplanchean theory, gender arrangements provide a possible - but not necessary - organization to the infantile sexuality, aiding the process of repression. This gets associated to a gendered translation of activity and original passivity in terms of masculinity and femininity. Thus, believing that, in their theories, both Freud and Nietzsche utilize this translation engine, inherited from the culture, we find it essential to deconstruct the image of woman present in both authors, in order to open the way to representations that are less compromised to a phallocentric perspective.