Scielo RSS <![CDATA[Stylus (Rio de Janeiro)]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1676-157X20160002&lang=pt vol. num. 33 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[<b>Responsabilidade do discurso do psicanalista na atualidade</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Problemas cruciais para a formação do analista na atualidade</b>: <b>o sujeito suposto saber em questão</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O conferencista examina neste trabalho as questões relativas à formação do analista na atualidade. Retoma o lugar de relevo dado à formação por Freud e Lacan, indicando o próprio campo da experiência analítica como núcleo dessa operação. Revigora o uso comum do termo "atualidade", retomando sua presença fundamental na clínica psicanalítica a partir da transferência, tal como proposta por Lacan enquanto "colocação em ato da realidade do inconsciente". É nesse mesmo escopo, ligado à transferência, que insere a noção de saber como centro de sua apresentação, discutindo como a experiência analítica acontece como percurso do sujeito suposto saber e, ao final, como destituição subjetiva contingente. Debate em seguida as dimensões infinita e finita articuladas à posição do sujeito em relação ao saber. O trabalho traz, então, a contribuição de refletir sobre a formação do analista enquanto operação relativa ao laço social próprio ao discurso do analista (teoria dos quatro discursos) e trata de sua apresentação naquilo que Lacan denominou psicanálise em extensão.<hr/>In this work, the speaker examines issues related to the preparation of the analyst in actuality. He recapitulates the important emphasis placed on education by Freud and Lacan, indicating the field of analytical experience itself and the core of this operation. He strengthens the common use of the term "actuality", highlighting its fundamental presence in the psychoanalytical clinic from the transference as also proposed by Lacan in the condition of "the placement in an act of the reality of the unconscious." It is in such a scope, connected to the transference, that the notion of knowing is inserted as the trajectory of the subject supposed to know and, at the end, as a contingent subjective contribution. Later on, the work debates the finite and infinite dimensions articulated to the subject's position in relation to knowledge. The text then brings the contribution of reflecting about the analyst's preparation as an operation connected to the social bond typical of the discourse of the analyst (the theory of the four discourses) and handles its presentation in what Lacan has coined psychoanalysis in extension. <![CDATA[<b>O Um totalmente só e seus laços</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A autora retoma as fórmulas mais tardias do ensino de Lacan para indagar o estado atual dos laços sociais. Ressalta que, a partir de um certo momento, o "Há Um" começa a fazer contrapeso ao "não há" da relação sexual e Lacan insiste em dizer que somos Unaridades. Segundo ele, o resíduo último dos desenlaces é o indivíduo, o qual se define como "o Um de gozo que procede de Um-dizer não sem outro". Nos tempos atuais, a exigência de paridade está em todas as coisas, muito além da paridade homem-mulher ou hetero-homo. E o escabelo, que está na origem das performances civilizacionais, é o que nos mobiliza em direção aos laços, apesar de todo individualismo. Este regime dos escabelos muda fundamentalmente tudo o que se disse até agora sobre a ordem das trocas na linha estruturalista de Lévi-Strauss, que Lacan seguiu durante algum tempo. UOM é um animal de escabelo ou, em outras palavras, o escabelo é exigido pelo Um-dizer do UOM-falasser. Ele vem do real e cabe aos analistas fazê-lo entrar no que Lacan chamou de "o saber do psicanalista."<hr/>The author goes back to the latest formulae of Lacan's teaching with the objective of questioning the current state of social bonds. She highlights that, from a certain moment on, the "there is One" begins to counterbalance the "there is not" of the sexual relationship and Lacan insists on saying that we are Uniraties. According to him, the last residue of the outcome is the individual who define him/herself as "The One of jouissance which derives from One-saying no without the other". Currently, the demand for parity is present in everything, much beyond the parity man-woman or hetero-homo. And the escabeau, which lies in the origin of the civilizing performances, is what moves us towards the bonds, despite all individualism. This regime of the escabeau fundamentally changes everything that was said so far about the order of the changes in Lévi-Strauss' structuralist line, adopted by Lacan for some time. LOM is an animal of escabeau or, said in other words, the escabeau is requited by the One-saying of the LOM-parlêtre. It comes from the real and it is up to the analysts to have enter what Lacan has called the "psychoanalyst's knowledge." <![CDATA[<b>Manejo clínico e as produções de saber na cultura como destinos da pulsão de saber</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O tema deste trabalho é o manejo da técnica psicanalítica e as produções de saber na Cultura na obra freudiana. Nossa hipótese é que ambos são destinos da pulsão de saber, apontada por Freud em "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade". O objetivo foi revisar textos sobre a técnica, publicados entre 1910 e 1915, e textos sobre cultura de 1927 a 1933 para verificar como Freud trabalhou o saber em torno desses temas. Encontramos tanto nos textos tardios sobre a cultura como nos artigos sobre a técnica o caráter investigativo do sujeito. A pesquisa nos leva a destacar, na obra freudiana, uma nova inflexão quanto às relações entre o sujeito e o saber, na medida em que revela aí o papel do desejo.<hr/>This theme of this study is the management of the psychoanalytical technique and the productions of knowledge within Culture in Freudian works. Our hypothesis here is that both of them are destinies of the drive to know, pointed out by Freud in "Three essays on the Theory of Sexuality." the objective was to review texts about technique, published between 1910 and 1915, and others on culture between 1927 and 1933 in order to verify how Freud discussed knowledge within these themes. In both the later texts about culture and in the articles about technique, we have come across the subject's investigative character. Thus, it is our understanding that psychoanalysis research provides evidence of a subject knowing in the practice and in the culture, which makes the drive to know very operative in Freud's work. <![CDATA[<b>Atualidade da clínica</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este texto trabalha a questão da direção do tratamento e o final da análise. Considerando as formulações de Jacques Lacan nos seus últimos seminários, em particular sua proposição do analista-sinthoma, visa diferenciar o alcance da sua proposta e as consequências na clínica e na Escola. A clínica psicanalítica se funda na palavra, sua materialidade (moterialité), visando ultrapassar o sentido dado pela ficção neurótica e levanta, para o que opera do psicanalista, questões sobre a nominação e a função do sinthoma.<hr/>This text deals with the issue of the direction of the treatment and the conclusion of the analysis. Considering Jacques Lacan's formulations in his last seminars, in particular, his proposition of the analyst-sinthome, the paper aims to differentiate the scope of his proposal and the consequences in clinical treatments and the school. the psychoanalytic clinic is founded on the word, its materiality (moterialité), in order to overcome the meaning of neurotic fiction and raise, for what operates from the analyst, questions about the nomination and the function of the sinthome. <![CDATA[<b>A análise é o que se espera de um psicanalista</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt "A análise é o que se espera de um psicanalista": das múltiplas definições que Lacan pôde dar, essa talvez seja a mais certeira. Ela precisa, com humor e rigor, a especificidade da psicanálise, fazendo-a depender do que é um psicanalista, ou seja, da sua formação, que não é senão o resultado de uma análise.<hr/>Out of the multiple definitions Lacan is able to provide, "Analysis is what is expected from a psychoanalyst" is perhaps the most accurate. With humor and rigor, it needs the specificity of psychoanalysis, making it depend on what a psychoanalyst is, that is, on his/her qualification which is nothing but the result of an analysis. <![CDATA[<b>A propósito dos discursos</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Os quatro discursos de Lacan, elaborados entre 1968 e 1970, e aos quais ele ensaia, um pouco mais tarde, incluir um quinto, são um dos aspectos mais arriscados de seu ensino. Trata-se, na verdade, de política? De psicologia coletiva? De psicanálise aplicada à antropologia social? Partiremos aqui de suas "partículas elementares" para tentar fazer aparecer melhor os meandros propriamente clínicos de sua construção.<hr/>The four discourses developed by Lacan, between 1968 and 1970, and to which some time later he appears to add a fifth, make up one of the most perilous aspects of his teachings. Is it truly a question of politics? Of collective psychology? Of psychoanalysis applied to social anthropology? Here, we depart from his "elementary particles" as an attempt to better reveal the strictly clinical intricacies of their construction. <![CDATA[<b>Lacan e a modernidade</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Gostaríamos aqui de retornar a alguns diagnósticos de Lacan sobre modernidade, para tentar melhor separar, um por um, dentre seus comentários, os que concernem ao laço social e aqueles concernentes aos sintomas e ao inconsciente dos sujeitos. Porque se Lacan soube marcar lucidamente certos efeitos da modernidade, ele também sublinhou seus limites estruturais, razão pela qual, dizia, ele não era pessimista.<hr/>Here, we would like to review some of Lacan's diagnoses of modernity, in an attempt to achieve a better distinction between his commentaries on social bonding and those on subjects' symptoms and subconscious, one by one. Indeed, while Lacan emphasized and clearly demonstrated certain effects of modernity, he also highlighted its structural limits, and according to him, this was the reason why he was not pessimistic. <![CDATA[<b>O sofrimento do sujeito contemporâneo</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Lacan mostrou a novidade e a originalidade do discurso contemporâneo que rege os laços humanos. Se os laços tradicionais organizavam, não sem dificuldades também, as relações entre os sexos e temperavam o ódio, esse discurso faz, de cada um, um indivíduo que não pode contar senão com seu próprio corpo para se sustentar. O sofrimento que se segue toma, então, formas inéditas, como as respostas que nele encontram o sujeito para suportá-lo. A psicanálise é, assim, solicitada de uma maneira diferente da dos tempos de Freud.<hr/>Lacan brought novelty and originality to the contemporary discourse that orients human bonds. If traditional bonds, not without difficulty, organized the relations between sexes and conditioned hatred, this discourse turns each individual into someone who can count only on his/her own body to stand. The suffering which follows then assumes forms never taken before, as much as the answers that once inside it find the subject to endure it. Psychoanalysis is then demanded in a way different from Freud's times. <![CDATA[<b>Psicanálise e contemporaneidade</b>: <b>novas formas de vida?</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Neste artigo apresento três notas sobre a contemporaneidade da psicanálise. Na primeira, examino sua contemporaneidade a si tendo em vista a distinção entre a temporalidade de mythos, epos e logos no tempo da transferência. Na segunda nota examino os tempos da diagnóstica psicanalítica em relação à temporalidade da tecno-psiquiatria. Na terceira nota examino a inserção da psicanálise lacaniana na cultura brasileira dos anos 1970 e sua incidência sobre a vida em forma de condomínio.<hr/>My aim in this article is to present three notes about the contemporaneity of psychoanalysis. On the first note, I examine its contemporaneity taking as a point of departure the distinction between the temporality of mythos, epos, and logos in the time of transference. On the second note, I examine the times of psychoanalytical diagnosis in relation to the temporality of tecno-psychiatry. On the third one, I discuss the insertion of Lacanian psychoanalysis in the Brazilian culture of the 1970's and its incidence over life as a condominium. <![CDATA[<b>A essência fugaz do brilho da falta</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Neste artigo, discutem-se as respostas possíveis do psicanalista em diante demandas de tratamento de sujeitos afetados pelos discursos do capitalista e da ciência. Para isso, toma-se como objeto de análise o filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças, como forma de interrogar as vias pelas quais o sofrimento e a divisão subjetiva se expressam na atualidade, tendo em vista os efeitos no sujeito de práticas que se propõem regular e suprimir o sofrimento ou franquear o acesso à felicidade por meio do acesso a objetos de gozo de consumo rápido. Prioriza-se o debate em torno das repetições significantes e dos paradoxos do gozo que permanecem e insistem como resíduos das tentativas de planificar as manifestações do sujeito. Salienta-se ao final que o desafio do psicanalista está em responder a essas manifestações, apostando numa torção no discurso possível no caso a caso.<hr/>This article discusses the analyst's possible responses when it comes to the demands of the treatment of subjects affected by the discourse of capitalism and science. In such a process, the movie Eternal Brightness of an Spotless Mind is taken as the object of analysis in order to question the ways through which suffering and the subjective division are expressed today, considering the effects on the subject of practices which propose to regulate and suppress suffering or to guarantee the access to happiness through the access to objects of jouissance and immediate consumerism. Priority is given to the debate about the significant repetitions and the paradoxes of jouissance that remain and persist as a residue of the attempts to plan the manifestations of the subject. At the end, it is highlighted that the analyst's challenge is to respond to these manifestations, betting on a twist of the discourse possible in each case. <![CDATA[<b>Sair do discurso capitalista?</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Lacan faz cintilar uma possível saída do discurso capitalista por meio da psicanálise. Mas ele não visava, como Marx, a ruína do sistema econômico produzido por esse discurso, mas apenas que a psicanálise tivesse primazia sobre ele. Não há denúncia nem protesto contra a miséria do mundo que engendra o capitalismo, dado que, segundo sua tese, fazê-lo equivale a colaborar com esse discurso que se denuncia, e até mesmo reforçá-lo, algo em que Marx têm êxito. Como, então, situar o psicanalista que não colabora e não protesta? O analista deve ser aproximado do santo, no sentido em que ele não faz caridade, mas se oferece como causa do desejo como objeto a. O mal-estar na civilização deve ser colocado na conta do inconsciente na medida em que ele não pode dar corpo a uma fórmula que seja a da relação entre os sexos. O discurso capitalista comanda do gozar à vontade, sem limite, ao passo que o gozo é sempre limitado, a castração obriga. Por ter uma chance de fazer o fala-ser sair desse assujeitamento, o psicanalista deve recolocar a castração em seu lugar e conduzir o sujeito à verdade singular de seu gozo.<hr/>Lacan brings up the prospect of possibly abandoning the capitalist discourse through psychoanalysis. Unlike Marx, he did not aim for the collapse of the economic system generated by this discourse, but rather that it should be trumped by psychoanalysis. There is no denunciation or protest against the misery in the world resulting from capitalism since, according to his thesis, to do so means to collaborate with this discourse that is being denounced, and even to reinforce it, as Marx succeeded in doing so. Then, how to position the analyst who neither collaborates nor protests? The analyst may be taken as the saint in that he does not practice charity, but he offers himself as a cause of desire under the guise of object a. The malaise in civilization may be attributed to the unconscious in so much as it cannot embody a formula for a ratio between the sexes. The capitalist discourse controls from jouissance to desire, without any limit, while jouissance is always limited, castration obliges. If he is to stand a chance of relieving the "parlêtre" from such subjection, the psychoanalyst must put castration in its place and lead the subject to the singular truth of his jouissance. <![CDATA[<b>Diante do muro</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Ao longo de sua obra, Freud faz inúmeros questionamentos sobre o que definiria o homem e a mulher, o que leva Lacan a retomar o poema de Antoine Tudal: entre o homem e a mulher há um muro. Cada um se colocará na partilha dos sexos servindo-se da função da fala, do campo da linguagem e da lógica dos discursos. As ofertas são várias e há diversas formas de amar. O tema da bipartição sexual também leva à homossexualidade e chega à sua máxima com a transexualidade. Ao afirmar a bipartição sexual - a bipolarização da divisão sexual-, ao reconhecer-se em um polo ao qual não se identifica e, então, endereçar-se à ciência solicitando uma mudança cirúrgica, o transexual confirma que só há demanda quando esta se constitui a partir de uma oferta. Visamos levantar algumas questões no vasto campo que se abre quando partimos do fato de que os dois universais, homem e mulher, implicam a impossibilidade da relação sexual, ou seja, quando nos indagamos sobre as diversas formas de um sujeito sexuar-se.<hr/>Throughout his work, Freud rises innumerous questions about what would define a man and a woman, which leads Lacan to resume the poem by Antoine Tudal: between a man and a woman there is a wall. Each one will place oneself in the sharing of the sexes through the function of speech, in the language theld, and the logic of discourse. The offers are varied and there are several ways of loving. The theme of sexual bipartition also leads to homosexuality and reaches its maximum with the phenomenon of transsexuality. Once sexual bipartition is aErmed - the bipolarization of sexual division - once one recognizes him/herself in a pole where he/she does not particularly identify with, turning then to science seeking a surgical change, the transsexual confirms that there is only a demand when this comes from an offer. We aim to raise some questions in the vast field that gets unveiled when we start from the fact that the two universals, man and woman, imply the impossibility of the sexual relationship, that is, when we ask ourselves about the various forms a subject inserts him/herself in sexuation. <![CDATA[Transexualidade e transgêneros: o gozo sexual da falante]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente texto discorre sobre o gozo sexual dos seres falantes, com ênfase na transexualidade e nos transgêneros. A primeira parte procura localizar historicamente a questão, a partir do primeiro registro de um caso de transexualidade e dos primeiros autores que estudaram o assunto. A segunda parte introduz quatro conceitos psicanalíticos produzidos por Freud e Lacan com vistas a circunscrever este tipo de gozo: a pulsão, o falo, a sexualidade e a sexuação. Na terceira parte, o texto elabora alguns encontros e divergências entre os dois últimos conceitos. A quarta parte está centrada no livro de João W. Nery, Viagem solitária - Memórias de um transexual trinta anos depois. A parte final produz o levantamento de algumas respostas da psicanálise, sobretudo, ao tema da transexualidade.<hr/>This paper discusses the sexual jouissance of speaking beings, with an emphasis on transsexuality and the transgender. The first part aims to place the question historically, departing from the first register of a transsexuality case and the First authors who studied the topic. The second part introduces four psychoanalytical concepts conceived by Freud and Lacan in order to circumscribe this type of jouissance: impetus, phallus, sexuality and sexation. In the third part, the text works on some encounters and divergences between the two last concepts. The fourth part focuses on João W. Nery' book Solitary trip - The memoirs of a transsexual 30 years later. The final part then brings the results of some psychoanalytical answers mainly related to transsexuality. <![CDATA[<b>Homofobias psicanalíticas na psicologização do Édipo</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este trabalho faz parte de uma pesquisa de crítica assídua do movimento psicanalítico proposto por Lacan. Abordando o tema laços sociais e as parcerias amorosas, foi a ocasião para alguns psicanalistas na Europa entre o final do século passado e o início deste exporem suas concepções psicanalíticas nos jornais e na mídia a respeito do complexo de Édipo, da homossexualidade e suas preocupações com a sanidade mental de uma criança adotada por casais do mesmo sexo biológico. Mostraremos como essas declarações, eivadas de preconceito de cunho homofóbico que apontam para uma psicologização pequeno-burguesa do Édipo freudiano, desviam da psicanálise apontada por Lacan desde 1967.<hr/>This paper is part of an on-going critical research project on the psychoanalytical movement proposed by Lacan. The theme social bonds and love partnerships served as the occasion for some psychoanalysts in Europe, at the turn of this century, to expose their psychoanalytical conceptions in papers and on the media about Oedipus Complex, homosexuality, and their concern with the mental health of a child adopted by parents of the same biological sex. We will show how these declarations are impregnated with homophobic prejudice which points to a petty-bourgeois 'psychologization' of the aforementioned complex, a fatal detour of psychoanalysis pointed out by Lacan as of 1967. <![CDATA[<b>Ditadura e homossexualidades</b>: <b>discurso e sintoma</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200016&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O tema "Ditadura e homossexualidades" convoca a um diálogo entre diferentes campos do saber. E a psicanálise tem sua contribuição a oferecer, já que, nela, desde a sua origem, o sexual, o social e o político mostram-se articulados. Observe-se que totalitarismo político e moralismo conservador caminham juntos. O modus operandi das ditaduras é a dominação dos gozos por meio da padronização de valores e condutas, tentando suprimir as singularidades dos sujeitos. Em contraste com isto, a psicanálise é uma práxis que sustenta a relevância dessa singularidade, da escuta dos conflitos e dos sintomas. O sintoma é o que vem do real, em subversão ao discurso do amo. A sexualidade é da ordem de uma ética que considera o desejo, o inconsciente e o real do gozo, implicando uma tarefa de construção permanente, na vida (um devir), a partir de uma "escolha", no sentido freudiano do termo. Decorre daí a inconciliabilidade da concepção psicanalítica da sexualidade tanto com a propugnada pelos regimes políticos totalitários, quanto com a defendida pelo moralismo religioso conservador e reacionário das igrejas-empresas contemporâneas, articuladas ao discurso capitalista.<hr/>"Dictatorship and homossexualities" is an issue that fosters a dialogue among different fields of knowledge. And psychoanalysis is has its contribution to offer, once since its origins the sexual, the social, and the political have been articulated in it. It is important to notice that political totalitarianism and conservative moralism have always walked hand in hand. The modis operandi of dictatorships is the control of juissances through the standardization of values and behaviors, attempting to suffocate an individual's singularities. In contrast to this, psychoanalysis is a praxis that sustains the relevance of this singularity, of the attention to conflicts and symptoms. Symptom is what comes from the real, subverting the master's discourse. Sexuality is related to an ethics that considers the desire, the unconscious, and the real of juissances, implying a task of permanent construction, in life (a wish to become), departing from a "choice", within the Freudian meaning of the term. From that comes their reconcilability of the psychoanalytical conception of sexuality, both with the one sustained by the totalitarian political regimes and the conservative religious and reactionary moralism of the contemporary churches-enterprises, articulated with the capitalist discourse. <![CDATA[<b>Sujeito do inconsciente e sujeito de direito</b>: <b>ponto de conjunção ou de disjunção na interlocução da psicanálise com a saúde mental?</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200017&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A inclusão do discurso psicanalítico nas instituições públicas de atenção psicossocial se faz cada vez mais presente e, como consequência, tem gerado um debate no campo sobre seus limites e alcances. Um importante ponto deste debate está na noção de sujeito. A Reforma Psiquiátrica brasileira elegeu como meta central a restituição de direitos historicamente destituídos dos usuários dos equipamentos substitutivos ao manicômio. Neste contexto o sujeito em sofrimento é, muitas vezes, tomado prioritariamente como sujeito de direitos no planejamento das ações em equipes multiprofissionais. Há autores que propõem que entre sujeito do inconsciente e sujeito de direitos há uma equivalência. Problematizaremos tal proposta - a partir de uma imersão na filosofia do direito, de onde se origina o termo - para indicar a imprecisão de tal equivalência, demonstrando, em seguida, que a noção de sujeito de direitos tem limitada contribuição enquanto operador clínico. Serão exploradas as críticas que Lacan teceu à transformação da saúde em um direito, prevenindo aqueles que operam no campo assistencial dos riscos que comportam ceder de sua posição. Por fim, propor-se-á que o psicanalista sustente nas equipes de atenção psicossocial não o amálgama ao arcabouço conceitual hegemônico, mas sim a multiplicidade discursiva, de modo que possa garantir entre as brechas institucionais o espaço do sujeito desejante.<hr/>The inclusion of the psychoanalytic discourse in public institutions of psychosocial care has become increasingly present and, as a result, this has produced a debate in the field about its limits and reaches. An important point in this debate is the notion of subject. The Brazilian Psychiatric Reform has elected as a central goal the restitution of historically deprived rights of users of substitutive equipment to the asylum. In such a context, the suffering subject is very often taken primarily as a subject of rights in the planning of the actions in multidisciplinary teams. Some authors propose that between the subject of the unconscious and the subject of rights lies an equivalence. We problematize such an argument through an immersion in the philosophy of law, where this term comes from, indicating the inaccuracy of such equivalence by demonstrating later on that the subject of rights notion poses a limited contribution as a clinical operator. Lacan's reviews on the transformation of health into a legal right will be explored, calling the attention of those who operate in the healthcare field to the risks inherent to the decision of giving away their position. Finally, we propose that the psychoanalyst supports in the teams of psychosocial attention, not the amalgam of the hegemonic conceptual framework, but a discursive multiplicity, so that the space of the desiring subject can be guaranteed amongst the institutional gaps. <![CDATA[<b>Epistemologia psiquiátrica e <i>marketing</i> farmacêutico</b>: <b>novos modos de subjetivação</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200018&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Trata-se aqui de examinar o modo como a "epistemologia" convencionalista e "ateórica" do DSM vem ao encontro, se articula e se insere nas novas gramáticas da produção de consumo do marketing. Com efeito, a insularização do sofrimento em torno dos sintomas e o princípio convencionalista da classificação das doenças se constituíram em uma parte perfeitamente ajustada ao que é almejado pelos profissionais de marketing: uma história única estruturada em torno da descrição de um problema e sua solução. O desenvolvimento de uma epistemologia duplamente flexível na nomeação de entidades nosográficas permite que ela se adapte tanto às descobertas de novos medicamentos, fornecendo retroativamente a eles suas "doenças", quanto que ela desestigmatize sofrimentos a partir de deslocamentos dos critérios de normalidade. Dessa narrativa, o sujeito está excluído apenas como responsável, pois sua participação como consumidor é essencial. A formação do sujeito nessa nova função implica o estabelecimento dos novos "jogos de verdade" do marketing farmacêutico.<hr/>The aim of the article is to examine how DSM's conventionalist and "a-theoretical" epistemology meets, articulates, and inserts itself in the new grammars of the consuming production of marketing. Indeed, the insularization of suffering around the symptoms and the conventionalist principle of disease classification of diseases have become a perfectly adjusted part to what is desired by marketing professionals: a single story structured around the description of a problem and its solution. The development of a double flexible epistemology about nominating nosographic entities allows it to adapt to both the discoveries of new drugs, providing retroactively to them their own "diseases", as well as the possibility to de-stigmatize sufferings through the displacement of the criteria of normality. In this narrative, the subject is excluded only as the responsible person, once his participation as a consumer is essential. The formation of the subject to assume this new function implies the introduction of the new "games of truth" of the pharmaceutical marketing. <![CDATA[<b>O transtorno bipolar, o discurso capitalista e suas implicações na clínica psicanalítica</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200019&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Propõe-se discutir, a partir de um breve relato clínico, as implicações do discurso capitalista na clínica psicanalítica, tomando como referência o fenômeno da proliferação de sujeitos diagnosticados com Transtorno Bipolar, de acordo com os critérios apontados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), desenvolvido pela Associação de Psiquiatria Americana (APA). Reflete-se sobre a expansão diagnóstica da referida categoria e seus efeitos tanto no campo do social, quanto no que concerne ao sujeito do desejo visado pela psicanálise, o qual, como veremos, mantém intrínseca relação com este campo.<hr/>It is proposed to discuss, from a brief clinical report, the implications of capitalist discourse in psychoanalytical practice, with reference to the proliferation phenomenon patients diagnosed with Bipolar Disorder, according to the criteria set forth by the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), developed by the American Psychiatric Association (APA). It is posed a reflection upon the diagnostic expansion of the referred category and its effects both in the social field and in what concerns the subject of desire targeted by psychoanalysis, which, as we shall see, keeps and intrinsic relationship with such a field. <![CDATA[<b>Dos confins de uma análise</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200020&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O texto trata do percurso de uma análise até o momento de sua conclusão. Considera o fato de que uma decepção é necessária no processo que leva dos infindáveis ditos à sustentação de um dizer como ato, incontornável, condição do falasser. Do acontecimento contingencial de uma análise, enquanto atravessamento de seu confim em direção ao fim, emerge um outro ato que aponta para a transmissão e para o laço. Desta aposta surge o desejo de testemunhar o passe perante a Escola. Aposta cujos efeitos, como de todo ato, só se fará confirmar no só depois.<hr/>The text explores the course of an analysis up to its conclusion. It considers the fact that a disappointment is required in the process, which takes from the endless sayings to the support of a "say" as an act, uncontrolled, condition of the parlêtre. From the contingent event of an analysis, while crossing its confine toward the end, another act emerges and it points to the transmission and to the bond. From this bet comes the desire to witness the pass before the School. A bet whose effects, as any act, will be confirmed only in the afterwards. <![CDATA[<b>Ensino e saber</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200021&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Tanto Freud quanto Lacan, embora com metodologias e estilos bem diferentes, mostraram entusiasmo e rigor incansáveis para sustentar com suas elaborações a questão de Lacan, em 1957: "O que a psicanálise nos ensina, como ensiná-lo?" Devemos às suas insistências e ousadias o que chamamos habitualmente de "a obra freudiana" e "o ensino lacaniano". Este último propõe progressivamente, no entanto, uma descontinuidade em relação à sua releitura de Freud ao introduzir, para sua leitura do inconsciente, uma prática da letra segundo os dois eixos que seguirão até o final de seu ensino, a formalização e a via da ressonância poética: o matemático e o maternal, o matema e o poema. No intuito de esclarecer algumas mudanças da posição de Lacan em relação ao ensino da psicanálise, o texto desdobra três aspectos da questão: a posição ética do ensinante; a sensível diferença entre conceito, formalização e saber; e o antagonismo entre ensino e saber.<hr/>Although using different methodologies and styles, both Freud and Lacan have shown us great enthusiasm and rigor in order to sustain with their elaborations Lacan's questioning, raised in 1957: "What does psychoanalysis teach us and how to teach it?" We owe to their braveness and insistence what we habitually call "the Freudian work" and "the Lacanian teaching". The latter proposes a progressive, however, a sort of discontinuity in relation to his reinterpretation of Freud as, for a reading of the unconscious, he introduces a practice of the letter according to the two axes which will remain until the end of his teaching, formalization and the way of poetic resonance: the mathematical and the maternal, mathem and poem. In order to clarify some changes in Lacan's position in relation to the teaching of psychoanalysis, this text approaches three aspects of the questioning: the ethic position of the one who teaches, the sensible difference between concept, formalization, and knowledge; and the antagonism between teaching and knowledge. <![CDATA[<b>Édipo ao pé da letra, de Antonio Quinet</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200022&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Tanto Freud quanto Lacan, embora com metodologias e estilos bem diferentes, mostraram entusiasmo e rigor incansáveis para sustentar com suas elaborações a questão de Lacan, em 1957: "O que a psicanálise nos ensina, como ensiná-lo?" Devemos às suas insistências e ousadias o que chamamos habitualmente de "a obra freudiana" e "o ensino lacaniano". Este último propõe progressivamente, no entanto, uma descontinuidade em relação à sua releitura de Freud ao introduzir, para sua leitura do inconsciente, uma prática da letra segundo os dois eixos que seguirão até o final de seu ensino, a formalização e a via da ressonância poética: o matemático e o maternal, o matema e o poema. No intuito de esclarecer algumas mudanças da posição de Lacan em relação ao ensino da psicanálise, o texto desdobra três aspectos da questão: a posição ética do ensinante; a sensível diferença entre conceito, formalização e saber; e o antagonismo entre ensino e saber.<hr/>Although using different methodologies and styles, both Freud and Lacan have shown us great enthusiasm and rigor in order to sustain with their elaborations Lacan's questioning, raised in 1957: "What does psychoanalysis teach us and how to teach it?" We owe to their braveness and insistence what we habitually call "the Freudian work" and "the Lacanian teaching". The latter proposes a progressive, however, a sort of discontinuity in relation to his reinterpretation of Freud as, for a reading of the unconscious, he introduces a practice of the letter according to the two axes which will remain until the end of his teaching, formalization and the way of poetic resonance: the mathematical and the maternal, mathem and poem. In order to clarify some changes in Lacan's position in relation to the teaching of psychoanalysis, this text approaches three aspects of the questioning: the ethic position of the one who teaches, the sensible difference between concept, formalization, and knowledge; and the antagonism between teaching and knowledge. <![CDATA[<b>Mal-estar, sofrimento e sintoma, de Christian Dunker</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200023&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Tanto Freud quanto Lacan, embora com metodologias e estilos bem diferentes, mostraram entusiasmo e rigor incansáveis para sustentar com suas elaborações a questão de Lacan, em 1957: "O que a psicanálise nos ensina, como ensiná-lo?" Devemos às suas insistências e ousadias o que chamamos habitualmente de "a obra freudiana" e "o ensino lacaniano". Este último propõe progressivamente, no entanto, uma descontinuidade em relação à sua releitura de Freud ao introduzir, para sua leitura do inconsciente, uma prática da letra segundo os dois eixos que seguirão até o final de seu ensino, a formalização e a via da ressonância poética: o matemático e o maternal, o matema e o poema. No intuito de esclarecer algumas mudanças da posição de Lacan em relação ao ensino da psicanálise, o texto desdobra três aspectos da questão: a posição ética do ensinante; a sensível diferença entre conceito, formalização e saber; e o antagonismo entre ensino e saber.<hr/>Although using different methodologies and styles, both Freud and Lacan have shown us great enthusiasm and rigor in order to sustain with their elaborations Lacan's questioning, raised in 1957: "What does psychoanalysis teach us and how to teach it?" We owe to their braveness and insistence what we habitually call "the Freudian work" and "the Lacanian teaching". The latter proposes a progressive, however, a sort of discontinuity in relation to his reinterpretation of Freud as, for a reading of the unconscious, he introduces a practice of the letter according to the two axes which will remain until the end of his teaching, formalization and the way of poetic resonance: the mathematical and the maternal, mathem and poem. In order to clarify some changes in Lacan's position in relation to the teaching of psychoanalysis, this text approaches three aspects of the questioning: the ethic position of the one who teaches, the sensible difference between concept, formalization, and knowledge; and the antagonism between teaching and knowledge. <![CDATA[<b>Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200024&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Tanto Freud quanto Lacan, embora com metodologias e estilos bem diferentes, mostraram entusiasmo e rigor incansáveis para sustentar com suas elaborações a questão de Lacan, em 1957: "O que a psicanálise nos ensina, como ensiná-lo?" Devemos às suas insistências e ousadias o que chamamos habitualmente de "a obra freudiana" e "o ensino lacaniano". Este último propõe progressivamente, no entanto, uma descontinuidade em relação à sua releitura de Freud ao introduzir, para sua leitura do inconsciente, uma prática da letra segundo os dois eixos que seguirão até o final de seu ensino, a formalização e a via da ressonância poética: o matemático e o maternal, o matema e o poema. No intuito de esclarecer algumas mudanças da posição de Lacan em relação ao ensino da psicanálise, o texto desdobra três aspectos da questão: a posição ética do ensinante; a sensível diferença entre conceito, formalização e saber; e o antagonismo entre ensino e saber.<hr/>Although using different methodologies and styles, both Freud and Lacan have shown us great enthusiasm and rigor in order to sustain with their elaborations Lacan's questioning, raised in 1957: "What does psychoanalysis teach us and how to teach it?" We owe to their braveness and insistence what we habitually call "the Freudian work" and "the Lacanian teaching". The latter proposes a progressive, however, a sort of discontinuity in relation to his reinterpretation of Freud as, for a reading of the unconscious, he introduces a practice of the letter according to the two axes which will remain until the end of his teaching, formalization and the way of poetic resonance: the mathematical and the maternal, mathem and poem. In order to clarify some changes in Lacan's position in relation to the teaching of psychoanalysis, this text approaches three aspects of the questioning: the ethic position of the one who teaches, the sensible difference between concept, formalization, and knowledge; and the antagonism between teaching and knowledge. <![CDATA[<b>Nada é impossível de mudar</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2016000200025&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Tanto Freud quanto Lacan, embora com metodologias e estilos bem diferentes, mostraram entusiasmo e rigor incansáveis para sustentar com suas elaborações a questão de Lacan, em 1957: "O que a psicanálise nos ensina, como ensiná-lo?" Devemos às suas insistências e ousadias o que chamamos habitualmente de "a obra freudiana" e "o ensino lacaniano". Este último propõe progressivamente, no entanto, uma descontinuidade em relação à sua releitura de Freud ao introduzir, para sua leitura do inconsciente, uma prática da letra segundo os dois eixos que seguirão até o final de seu ensino, a formalização e a via da ressonância poética: o matemático e o maternal, o matema e o poema. No intuito de esclarecer algumas mudanças da posição de Lacan em relação ao ensino da psicanálise, o texto desdobra três aspectos da questão: a posição ética do ensinante; a sensível diferença entre conceito, formalização e saber; e o antagonismo entre ensino e saber.<hr/>Although using different methodologies and styles, both Freud and Lacan have shown us great enthusiasm and rigor in order to sustain with their elaborations Lacan's questioning, raised in 1957: "What does psychoanalysis teach us and how to teach it?" We owe to their braveness and insistence what we habitually call "the Freudian work" and "the Lacanian teaching". The latter proposes a progressive, however, a sort of discontinuity in relation to his reinterpretation of Freud as, for a reading of the unconscious, he introduces a practice of the letter according to the two axes which will remain until the end of his teaching, formalization and the way of poetic resonance: the mathematical and the maternal, mathem and poem. In order to clarify some changes in Lacan's position in relation to the teaching of psychoanalysis, this text approaches three aspects of the questioning: the ethic position of the one who teaches, the sensible difference between concept, formalization, and knowledge; and the antagonism between teaching and knowledge.