Scielo RSS <![CDATA[Estudos e Pesquisas em Psicologia]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1808-428120220007&lang=pt vol. 22 num. SPE lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[EDITORIAL]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701290&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[Criança como Método como um Recurso para Interrogar Crises, Antagonismos e Agências]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701296&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Neste artigo, discuto as “agências” peculiares atribuídas à criança/infância sob o neoliberalismo como um sintoma de suas crises e antagonismos, com foco também nas lutas práticas e solidariedades que tais análises podem promover e oferecer. Especificamente, o tema deste dossiê se alinha com uma abordagem que denominei “Criança como método”, que analisa a dinâmica geopolítica e as interseções performadas e resistidas pelas práticas em torno das crianças e da infância. Começarei delineando pontos de partida para a discussão que se segue, tais como a relação entre a criança e o (neo)liberalismo e a criança como um local de consumo/exposição. Descrevo as maneiras pelas quais a criança, como uma cifra para o sujeito europeu do capitalismo moderno tardio, esteve alinhada com o imperialismo, o colonialismo e o capitalismo racial extrativista como uma leitura particular de “Sua Majestade, o Bebê” de Freud. Em seguida, exploro uma série de posições (inclusive afetivas) de sujeito atribuídas às crianças (que, às vezes, as próprias crianças podem ocupar) como uma expressão dos compromissos da “Criança como método” para mapear como a “criança” reflete e contribui para a dinâmica geopolítica transnacional, no serviço de identificar novas possibilidades e relações subjetivas.<hr/>RESUMEN En este artículo, discuto las peculiares "agencias" atribuidas al niño/la infancia en el marco del neoliberalismo como síntoma de sus crisis y antagonismos, centrándome también en las luchas y solidaridades prácticas que tales análisis podrían promover/permitir. En concreto, el tema de este número especial se ajusta a un enfoque que he denominado "El niño como método", que analiza específicamente las dinámicas y intersecciones geopolíticas realizadas y resistidas por las prácticas en torno a los niños y la infancia. Comenzaré esbozando puntos de partida clave para el debate que sigue, como la relación entre el niño y el (neo)liberalismo, y el niño como lugar de consumo/exhibición. Describo las formas en que el niño, como una cifra para el sujeto europeo del capitalismo tardío moderno, ha sido alineado con el imperialismo, el colonialismo y el capitalismo racial extractivo como una lectura particular de 'Su Majestad el Bebé' de Freud. A continuación, exploro una variedad de posiciones de sujeto (incluidas las afectivas) otorgadas a los niños (que los propios niños a veces pueden ocupar), como una expresión de los compromisos de Child as Method para mapear cómo el 'niño' refleja y contribuye a la dinámica geopolítica transnacional, al servicio de identificar nuevas posibilidades y relaciones subjetivas.<hr/>ABSTRACT In this article, I discuss the peculiar ‘agencies’ attributed to the child/childhood under neoliberalism as a symptom of its crises and antagonisms, with a focus also on practical struggles and solidarities such analyses might promote/afford. Specifically, the theme of this Special Issue aligns with an approach I have named ‘Child as method’, which analyses the geopolitical dynamics and intersections performed and resisted by practices around children and childhood. I will start by outlining key starting points for the discussion that follows, such as the relation between the child and (neo)liberalism, and the child as a site of consumption/display. I outline the ways the child, as a cypher for the modern late capitalist European subject, has been aligned with imperialism, colonialism and extractive racial capitalism as a particular reading of Freud’s ‘His Majesty the Baby’. Following this, I explore a range of subject (including affective) positions accorded children (which children themselves may sometimes occupy), as an expression of Child as Method’s commitments to map how ‘child’ reflects and contributes to transnational geopolitical dynamics, in the service of identifying new subjective possibilities and relations. <![CDATA[Sofrimento Psicossocial e Sexualidade em Tempos de Covid-19 e de Ataque aos Direitos Humanos]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701329&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Fragmentos da “vida-pandemia” colhidos em projetos de prevenção em territórios periféricos e escolares de São Paulo introduzem este texto. O impacto da perda de pessoas próximas para a Covid-19, a disseminação de informações falsas sobre a prevenção e cuidado e a desorganização do cotidiano atravessado pela pandemia emergem nas experiências de interação com jovens. A desigualdade e o desemprego cresciam antes da pandemia, assim como o número de eventos de saúde mental. Sustentando a integralidade na prevenção coproduzida com os jovens, acompanhamos a resposta sociocomunitária à sindemia em um contexto que expressa o impacto da década de ataques à educação sexual e das escolas online. A sexualidade, tema que originou os diferentes projetos de prevenção, foi difícil de abordar. Diferente da resposta à aids, identidades comunitárias-territoriais foram mobilizadas para produzir “inéditos viáveis” para essa emergência social e sanitária, mobilizando “resistência” à violação, à negligência governamental aos direitos humanos. Neste cenário, soma-se o ataque global aos DH que interpela sua universalidade e indivisibilidade e usa a sexualidade como bandeira para reinterpretar o sentido emancipador de solidariedade na diferença. A noção de sofrimento psicossocial permite lidar com o excesso de individualização e medicalização das experiências de sofrimentos estruturados por este contexto duradouro.<hr/>RESUMEN Fragmentos de “vida pandémica” recogidos en proyectos de prevención atravesados por la pandemia en territorios periféricos y escolares de São Paulo introducen este texto. El impacto de la muerte por Covid-19, la difusión de información falsa y la desorganización de la vida cotidiana emergen en las experiencias de interacción con los jóvenes. La desigualdad y el desempleo crecían antes de la pandemia, al igual que los eventos de salud mental. Apoyando la prevención integral coproducida con jóvenes, acompañamos la respuesta socio-comunitaria a la sindemia. La sexualidad, el tema que origino los proyectos de prevención, fue difícil de abordar con las escuelas en línea y en el contexto que expresa el efecto de la década de ataques a la educación sexual. A diferencia de la respuesta al sida, identidades comunitario-territoriales se movilizaron para producir inéditos viables para esta emergencia social y sanitaria, asociando “resistencia” a la negligencia, violación gubernamental de los derechos humanos. Globalmente, el ataque a los DH cuestiona su universalidad e indivisibilidad utilizando la sexualidad como bandera para reinterpretar el sentido emancipador de la solidaridad en la diferencia. La noción de sufrimiento psicosocial permite lidiar con el exceso de individualización y medicalización de experiencias de sufrimiento estructurado por desigualdades.<hr/>ABSTRACT Fragments of a "pandemic life" collected in prevention projects in outer city and school peripherical territories in São Paulo introduces this article. The impact of the loss of close people to COVID-19, the spread of false information about prevention and care, and the disorganization of daily life emerged from our sustained interaction with young people. Inequality and unemployment were growing before the pandemic, as was the number of mental health events. By co-producing and promoting integrality in prevention with young people, we have followed the social and community response to the syndemic in the context of online schools and school life under the impact of a decade of attacks on sex education. Sexuality, the theme that gave rise to most prevention projects, was challenging to address. Differently from the AIDS responses, community-territorial identities mobilized "untested feasibilities" for this social and health emergency by associating "resistance" to governmental negligence, violation, and the attack on human rights. Globally, this attack questions human rights universality and indivisibility, using sexuality to reinterpret its emancipatory sense of solidarity in difference. The notion of “psychosocial suffering” allows to deal with the excess of individualization and medicalization of suffering experiences structured by inequalities in this long-lasting context. <![CDATA[Ofensivas Antigênero e a Depuração dos Direitos Humanos como Política de Estado no Brasil]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701372&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O presente artigo analisa a inserção das ofensivas antigênero como políticas de Estado. Iniciando-se em propagação difusa por distintos atores, elas agora se coadunam com as ações prioritárias do Poder Executivo, sobretudo no que se refere ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Para avaliar tal modificação, iniciamos com um mapeamento das relações entre o Ministério e as políticas antigênero durante os quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro. Em seguida, analisamos um caso específico concernente às modificações realizadas na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, órgão que hoje se destina também ao cerceamento de agentes públicos quanto aos temas de gênero e sexualidade, a partir da utilização de termos como “ideologia de gênero” e “violência institucional”. Por fim, discutimos o argumento da estatização das ofensivas antigênero no Brasil, considerando que já vivemos sob um Estado antigênero, em cujas prioridades figuram a supressão, o rechaço e a assimilação das temáticas da diversidade sexual e de gênero.<hr/>ABSTRACT This article analyzes the insertion of anti-gender offensives as State policies. Starting with a diffuse propagation by different actors, they now consist as priority actions of the Executive Power, especially with regard to the “Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos”. In order to evaluate this modification, we start with a mapping of the relations between this Ministry and anti-gender policies during the four years of Jair Bolsonaro’s government. Then, we analyze a specific case, concerning the changes carried out in the “Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos”, an institution that nowadays is also intended to restrict public agents relating to gender and sexuality issues, with the use of terms such as “gender ideology” and “institutional violence”. Finally, we discuss the argument of the nationalization of anti-gender campaigns in Brazil, considering that we already live under an anti-gender State, in which suppression, rejection and assimilation are the main policies with respect to sexual and gender diversity.<hr/>RESUMEN Este artículo analiza la inserción de las ofensivas antigénero como políticas del Estado. Empezando en una propagación difusa a partir de diferentes actores, ellas ahora son consistentes como acciones prioritarias del Poder Ejecutivo, especialmente en referencia al “Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos”. Para evaluar esta modificación, partimos de un mapeo de las relaciones entre este Ministerio y las políticas antigénero durante los cuatro años del mandato del Presidente Jair Bolsonaro. Luego, analizamos un caso específico relativo a los cambios llevados a cabo en la “Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos”, una institución que hoy también pretende restringir los agentes públicos en materia de la diversidad sexual y de género, a partir del uso de términos como “ideología de género” y “violencia institucional”. Por fin, discutimos el argumento de la estatización de las ofensivas antigénero en Brasil, considerando que ya vivimos bajo un Estado antigénero, en cuyas prioridades están la represión, el rechazo y la asimilación de los temas de la diversidad sexual y de género. <![CDATA[No Divã de Paul B. Preciado: Psicanálise e (Des)obediência Epistêmica]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701393&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este artigo discute alguns dos questionamentos dirigidos à psicanálise por Paul B. Preciado em uma conferência realizada na Escola da Causa Freudiana em novembro de 2019, bem como alguns de seus desdobramentos. Nosso intuito é reconhecer e acolher as críticas apontadas por Preciado e, de modo mais geral, pelo olhar contemporâneo de outras disciplinas, considerando a possibilidade de construção de uma nova epistemologia que aposte na multiplicidade de corpos e sexualidades em contrapartida a certa leitura empreendida no campo psicanalítico acerca da diferença sexual. Para isso, analisamos criticamente a resposta de três psicanalistas à intervenção de Preciado e discutimos a problemática da epistemologia da diferença sexual, situando-a nos diálogos contemporâneos entre a psicanálise e os estudos queer. Por fim, sustentamos uma leitura da diferença sexual articulada ao conceito de dispositivo, proposto por Michel Foucault; isto é, como uma epistemologia política e como uma gramática das subjetividades historicamente situada, dentre outras possíveis.<hr/>ABSTRACT This paper discusses the criticism by Paul B. Preciado, as well as some of its ramifications, in respect of psychoanalysis, which was presented at a conference held at the École de la Cause Freudienne, on November 19th, 2019. We intend to recognize and welcome Preciado’s commentary and, in a more comprehensive manner, achieve this through the contemporary perspective of other disciplines, while also considering the possibility of the development of a new epistemology that sets the multiplicity of bodies and sexualities in contrast to the reading undertaken regarding the sexual difference within the psychoanalytic field. For this purpose, we critically analyze the response of three psychoanalysts to Preciado's intervention, and we discuss the issue with the epistemology of sexual difference while situating it in the contemporary dialogues between psychoanalysis and queer studies. Finally, we establish an interpretation of the sexual difference linked to the concept of apparatus, which is proposed by Michel Foucault; namely, as a political epistemology, and as a historically contextualized grammar of subjectivities, among others that are also possible.<hr/>RESUMEN Este artículo discute algunos interrogantes dirigidos al psicoanálisis a partir de la intervención realizada por Paul B. Preciado en la Escuela de la Causa Freudiana en noviembre de 2019, así como algunos de sus desarrollos. Nuestro objetivo es reconocer y acoger las críticas señaladas por Preciado y, más en general, por la mirada contemporánea de otras disciplinas, considerando la posibilidad de construir una nueva epistemología que apueste por la multiplicidad de los cuerpos y sexualidades en contraposición a una determinada lectura emprendida en el campo psicoanalítico acerca de la diferencia sexual. Para eso, analizamos críticamente la respuesta de tres psicoanalistas a la intervención de Preciado y discutimos la cuestión de la epistemología de la diferencia sexual, ubicándola en los diálogos contemporáneos entre el psicoanálisis y los estudios queer. Finalmente, apoyamos una lectura de la diferencia sexual articulada al concepto de dispositivo, propuesto por Michel Foucault; esto es, como epistemología política y como gramática de subjetividades históricamente situadas, entre otras posibles. <![CDATA[A Sexologia e Seus Especialistas na Mídia Durante a Pandemia da Covid-19]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701414&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO No escopo de uma pesquisa de abrangência nacional sobre práticas sexuais e gestão de risco, nos chamou atenção, na procura por materiais de mídia relacionando sexo e sexualidades com a pandemia de Covid-19, a presença majoritária de um grupo de “especialistas” ligados ao campo heterogêneo da Sexologia, tais como psicólogas, psiquiatras, urologistas, sexólogas, educadoras sexuais, associadas/os aos infectologistas. Por meio da pesquisa de palavras-chave, via buscador do Google, inventariamos um número de 44 matérias oriundas de sites de grupos jornalísticos grandes e alternativos, bem como de clínicas, associações profissionais e blogs particulares, publicadas entre março de 2020 a julho de 2021. Dessas, concentramos nossa análise em 30 matérias correspondentes àquelas veiculadas pelos grupos jornalísticos grandes e alternativos. A leitura realizada foi inspirada pela problemática da produção de objetos via práticas enunciativas e materiais, mediante as quais associações entre elementos diversos, perguntas e respostas explicitadas vão estabilizando não só os sentidos, mas os próprios objetos em disputa, no caso aqui observado, as práticas sexuais. Ao final de nosso estudo, percebeu-se que o sexo e a sexualidade produzidos pelos “especialistas” através dos canais de mídia tendem à generalização dos corpos e a descontextualização das práticas.<hr/>ABSTRACT In the scope of a nationwide survey on sexual practices and risk management, what caught our attention, in the search for media materials relating sex and sexualities to the Covid-19 pandemic, the majority presence of a group of “specialists” linked to the heterogeneous field of Sexology, such as psychologists, psychiatrists, urologists, sexologists, sex educators, associated with infectologists. Through keyword research, via google search, we inventoried a number of 44 articles from large and alternative journalistic groups websites, as well as clinics, professional associations and private blogs, published between March 2020 and July 2021. From these, we focused our analysis on 30 articles corresponding to those published by large and alternative journalistic groups. The reading performed was inspired by the problematic of the production of objects via enunciative and material practices, through which associations between different elements, questions and explicit answers, stabilize not only the senses, but the objects in dispute, in the case observed here, sexual practices. At the end of our study, it was noticed that the sex and sexuality produced by the “specialists” through the media channels tends to the generalization of bodies and the decontextualization of practices.<hr/>RESUMEN En el ámbito de una encuesta a nivel nacional sobre prácticas sexuales y gestión de riesgos, lo que llamó nuestra atención, en la búsqueda de materiales mediáticos que relacionan el sexo con la pandemia de la Covid-19, destaca la presencia mayoritaria de un grupo de especialistas vinculados al heterogéneo campo de la Sexología, como psicólogos, psiquiatras, urólogos, sexólogos, y otra. A través de una investigación de palabras clave, a través de una búsqueda en Google, inventariamos una serie de 44 artículos de sitios web de grupos periodísticos grandes y alternativos, así como clínicas, asociaciones profesionales y blogs privados, publicados entre marzo de 2020 y julio de 2021. Enfocamos nuestro análisis en 30 artículos publicados por grandes y alternativos grupos periodísticos. La lectura realizada se inspiró en el problema de la producción de objetos a través de prácticas enunciativas y materiales, a través de las cuales asociaciones entre diferentes elementos, preguntas y respuestas explícitas, estabilizan no sólo los sentidos, sino los objetos en disputa, en el caso, prácticas sexuales. Al final de nuestro estudio, se percibió que el sexo y la sexualidad producidos por los especialistas tienden a la generalización de los cuerpos ya la descontextualización de las prácticas. <![CDATA[Violência Sexual Infantojuvenil Indígena: da Vulnerabilidade Social à Articulação de Políticas Públicas]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701436&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Atualmente, verifica-se o incremento do número de casos divulgados em relatórios oficiais sobre violência sexual infanto-juvenil na Reserva Indígena de Dourados (RID), o que demonstra uma grave problemática de vulnerabilidade social e a necessidade de articulação das políticas públicas para os povos originários. O objetivo desta pesquisa consistiu em caracterizar a violência sexual contra crianças e adolescentes indígenas. Realizou-se pesquisa qualitativa de análise documental de 20 reportagens veiculadas em 10 jornais de abrangência estadual, no período de 2015 a 2020. A abordagem decolonial orientou a interpretação dos resultados. Os resultados revelam que crianças do gênero feminino foram as mais vitimizadas. A maioria dos agressores possui vínculo de parentesco com as vítimas e a vulnerabilidade social e o uso de álcool são identificados como fatores de risco para a ocorrência das violências sexuais. Sugere-se a articulação de uma rede especializada de atendimento e a implementação de políticas públicas, que considerem a insterseccionalidade de marcadores sociais de gênero, etnia, idade e território, como fatores de proteção para o combate à violência sexual infanto-juvenil de indígenas.<hr/>ABSTRACT Nowadays is observed an increase in the number of sexually abused children and adolescents from Indigenous Reservation of Dourados (RID). This fact brings light to the serious problem of social vulnerability among this population and signalizes a special need for public policies for native peoples. The objective of this study was characterizing the sexual abuse of indigenous children and adolescents. To do that, it was made a qualitative research with a documentary analysis of 20 reports published in 10 state newspapers, between 2015 to 2020. The results were interpreted with a decolonial approach and reveal that female children were the most victimized. Besides, most of the aggressors were related to the victims, and social vulnerability and alcohol use were identified as risk factors. To face violence against indigenous children and adolescents it is suggested the articulation of a specialized network of assistance, as well as the implementation of public policies that consider the intersectionality of social markers of gender, ethnicity, age, and territory.<hr/>RESUMEN Actualmente, se ha producido un aumento en el número de casos de violencia sexual contra niños y adolescentes en la Reserva Indígena de Dourados (RID), lo que demuestra un grave problema de vulnerabilidad social y la necesidad de articular políticas públicas para los pueblos indígenas. El objetivo de esta investigación fue caracterizar la violencia sexual contra niños y adolescentes indígenas. Realizamos una investigación cualitativa de análisis documental de 20 reportajes publicados en 10 periódicos que cubren el estado, en el periodo de 2015 a 2020. El enfoque decolonial guió la interpretación de los resultados. Los resultados revelan que las niñas fueron las más victimizadas. La mayoría de los agresores tienen vínculos familiares con las víctimas y la vulnerabilidad social y el consumo de alcohol se identifican como factores de riesgo para la aparición de los malos tratos. Se sugiere la articulación de una red de atención especializada y la implementación de políticas públicas que consideren la interseccionalidad de los marcadores sociales de género, etnia, edad y territorio, como factores de protección para combatir el maltrato infantil de los niños indígenas. <![CDATA[Corpos em Disputa: Experiências de Travestis e Mulheres Trans no Acesso aos Banheiros Públicos]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701458&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Trata-se de um estudo qualitativo e exploratório que objetiva refletir sobre experiências de travestis e mulheres trans na utilização de banheiros públicos. Utilizamo-nos dos pressupostos da pesquisa documental para a produção de dados. Para tal, consideramos o conteúdo, comentários e curtidas do vídeo intitulado “Uma mulher trans deve frequentar o banheiro feminino?”, disponível na plataforma Facebook. Tomamos como lente orientadora de todo o processo interpretativo a análise do discurso. Evidenciamos alguns pontos centrais para debate: a estruturação de um sistema de classificação social que posiciona travestis e mulheres trans em categorias de periculosidade; a relação profícua estabelecida entre os sistemas de categorização e classificação social e as categorias de gênero e sexualidade enquanto organizadores da vida cotidiana e dos espaços sociais; a manutenção dos discursos que asseguram a lógica dicotômica binária e, consequentemente, a patologização das experiências de travestilidade e transexualidade; e a articulação política como estratégia que assegura, nos processos de espacialização, a superação de dinâmicas que naturalizam violências legitimadoras de interdições e segregações. Por fim, observamos como ponto de convergência de todas as análises realizadas as estratégias de manutenção da vida de travestis e mulheres trans, através da desestabilização de sistemas de opressão.<hr/>ABSTRACT This is a qualitative and exploratory study that aims to reflect about the experiences of transvestites, transsexuals and transgender people when using public bathrooms. We used the assumptions of documental research as a way of data production. To this end, we considered the content, comments and likes of the video entitled “Uma mulher trans deve frequentar o banheiro feminino?”, available on the Facebook platform. We took the discourse analysis as a guiding lens of the entire interpretive process. We pointed some central points for the debate: the structuring of a social classification system which places transvestites and trans women in dangerous categories; the fruitful relation established between the social categorization and classification systems and the gender and sexuality categories as organizers of the everyday life and the social spaces; the maintenance of discourses that ensure the binary dichotomous logic and, consequently, the pathologization of experiences of travestility and transsexuality; and the political articulation as a strategy which ensures, in spatialization processes, the overcoming of dynamics which naturalize violence that legitimizes interdictions and segregations. Finally, we observe as a point of convergence of all the analysis carried out the strategies for maintaining the life of transvestites and trans women people, through the destabilization of systems of oppression.<hr/>RESUMEN Este es un estudio cualitativo y exploratorio que tiene como objetivo reflexionar sobre las experiencias de travestis, transexuales y personas transgénero en el uso de baños públicos. Usamos los supuestos de la Investigación Documental para producir datos. Para ello, se consideró el contenido, comentarios y me gustas del video “Uma mulher trans deve frequentar o banheiro feminino?”, de Facebook. El Análisis del Discurso fue una guía para el proceso interpretativo. Evidenciamos en el análisis que estas discusiones permean algunos debates centrales, tales como: El sistema de clasificación social, posicionando a travestis y mujeres trans en categorías peligrosas; Se establece una fructífera relación entre los sistemas de categorización y clasificación social vinculados a las cuestiones de género y sexualidad como organizadores de la vida cotidiana y de los espacios sociales; Mantenimiento de discursos que aseguren la lógica binaria y, en consecuencia, patologización de las experiencias de travestilidad y transexualidad; y la articulación política como estrategias que asegura los procesos de espacialidad, dinámicas de naturalización de las violencias que legitiman interdicciones y segregaciones. Se observó como punto de convergencia entre estos análisis realizados las estrategias de mantenimiento de la vida de travestis y mujeres trans, a través de la desestabilización de los sistemas de opresión. <![CDATA[Racismo, Trauma Colonial e Agência Crítica: Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701479&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO A relação entre racismo, subjetividade e o trauma colonial tem, cada vez mais, ocupado os debates no campo dos estudos e pesquisas em Psicologia. Este artigo tem como foco os processos de subjetivação, levando em consideração a relação entre racismo, gênero e o trauma colonial, bem como as agências possíveis que emergem nas vidas das mulheres negras ativistas. Adotando a interseccionalidade enquanto lente epistemológica e metodológica negra, os discursos e práticas de mulheres que fazem parte do Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro assumem aqui o protagonismo, compondo um espaço perpassado por agências políticas de re-existência e reivindicação de falas, escutas e ações de mulheres negras. Pode-se considerar, a partir da atuação no Fórum, que a consciência e a participação em uma instituição coletiva política feminina negra atuam como forças impulsionadoras, tanto em espaços públicos, pressionando o poder do Estado, quanto formando as mulheres negras nos/para espaços microcapilares e cotidianos. Foi possível perceber como a agência das mulheres negras possibilita formas de devolver o trauma colonial ao mundo através de uma mística quilombola coletiva pelo bem viver.<hr/>ABSTRACT The relationship between racism, subjectivity and colonial trauma has increasingly been debated in the field of studies and research in Psychology. This paper focuses on the processes of subjectivation, taking into account the relationship between racism, gender, and colonial trauma, as well as the possible agencies that emerge in the lives of black women activists. We adopt intersectionality as a black epistemological and methodological lens. The discourses and practices of women who are part of the State Forum of Black Women of Rio de Janeiro assume the leading role in this study, creating a space permeated by political agencies of re-existence and demand for black women’s voices, listening, and actions. It can be considered, from the performance in the forum, that consciousness and participation in a collective black female political institution act as a driving force both in public spaces, as pressure on the power of the State, as well as preparing black women for microcapillary and everyday spaces. Therefore, it was possible to perceive how the agency of black women can return the colonial trauma to the world through a collective mystic quilombola for “good living”.<hr/>RESUMEN La relación entre racismo, subjetividad y trauma colonial ha ocupado cada vez más los debates dentro del campo de estudios y investigaciones en Psicologia. Este artículo tiene por foco los procesos de subjetivación, tomando en cuenta la relación entre racismo, género y trauma colonial, así como las agencias críticas posibles que emergen en la vida de las mujeres negras activistas. Tomando la interseccionalidad como lente epistemológica y metodológica negra, los discursos y prácticas de mujeres que hacen parte del Fórum Estadual de Mujeres Negras de Rio de Janeiro asumen aquí el protagonismo, formando un espacio, permeado por agencia política de re-existencia y reivindicación de palabras, escuchas y acciones de mujeres negras. Se puede considerar a partir de la actuación en el Fórum que la consciencia y participación en una institución colectiva política femenina negra, actúan como fuerzas impulsoras tanto en espacios públicos, presionando el poder del Estado, así como formando mujeres negras en y para espacios microcapilares y cotidianos. Fue posible percibir como la agencia crítica de mujeres negras posibilita formas de devolver el trauma colonial al mundo a través de una mística cimarrona colectiva por el bien vivir. <![CDATA[Adjetivar a Psicologia?]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701499&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este artigo analisa recentes iniciativas que têm interpelado o campo da psicologia clínica desde a perspectiva dos marcadores sociais da diferença, especialmente aquelas que se “adjetivaram” para fazer frente à suposta neutralidade da psicologia tradicional (psicologia feminista, psicologia preta, psicoterapias afirmativas etc.). Inicialmente, mapeia algumas dessas iniciativas, identifica seus objetivos e aponta suas estratégias de oposicionalidade. A seguir, a partir de um compilado de críticas lançadas a políticas de identidade em diferentes momentos históricos, elenca possíveis desafios, limites e riscos envolvidos nessas novas propostas: seriam as psicologias adjetivadas uma nova forma de essencialismo? Poderiam realmente evitar a reprodução acrítica de normatividades no espaço clínico? Que tipo de promessa terapêutica é veiculado por essas psicologias ao se adjetivarem? Em busca de evitar vícios analíticos, que saúdam prematuramente o aparecimento dessas perspectivas ou as rechaçam sob acusações de essencialismo, procura-se considerar o efeito que tais abordagens provocam na saúde mental enquanto um espaço de subjetivação. Por último, os autores oferecem sua visão sobre esse recente debate e sugerem algumas direções para novas pesquisas.<hr/>ABSTRACT This article analyzes recent initiatives that have challenged the field of clinical psychology from the perspective of social markers of difference, especially those that have “incorporated adjectives” to oppose the supposed neutrality of conventional psychology (feminist psychology, black psychology, affirmative psychotherapies, etc.). First, the article describes some of these initiatives, identifies their objectives, and points out their oppositional strategies. Then, building on a compilation of criticisms targeted at identity politics in different historical moments, it lists possible challenges, limits, and risks involved in these new proposals: are “adjectivated psychologies” a new form of essentialism? Can they avoid the uncritical reproduction of normativities in clinical practices? What kind of therapeutic promises are conveyed by these psychologies when they incorporate adjectives? In an attempt to avoid paranoid readings, which either prematurely welcome these initiatives or reject them under accusations of essentialism, this article seeks to consider their effects as new technologies of subjectivation in the field on mental health. Finally, the authors offer their own opinion on the subject and suggest directions for further investigations.<hr/>RESUMEN Este artículo analiza iniciativas recientes que han cuestionado el campo de la psicología clínica desde la perspectiva de los marcadores sociales de la diferencia, especialmente aquellas que se han “adjetivado” para enfrentar la supuesta neutralidad de la psicología tradicional (psicología feminista, psicología negra, psicoterapias afirmativas, etc.). Primero, el artículo describe algunas de estas iniciativas, identifica sus objetivos y señala sus estrategias de oposición. Luego, a partir de una recopilación de las críticas lanzadas a las políticas de identidad en distintos momentos históricos, enumera los posibles desafíos, límites y riesgos que implican estas nuevas propuestas: ¿Acaso las “psicologías adjetivadas” son una nueva forma de esencialismo? ¿Pueden realmente evitar la reproducción acrítica de normatividades en el espacio clínico? ¿Qué tipo de promesa terapéutica transmiten estas psicologías cuando incorporan adjetivos? Buscando evitar vicios analíticos, que acogen prematuramente el surgimiento de estas perspectivas o las rechazan bajo acusaciones de esencialismo, se busca considerar el efecto que tales enfoques tienen sobre la salud mental como espacio de subjetivación. Finalmente, los autores ofrecen sus puntos de vista sobre este debate reciente y sugieren algunas direcciones para futuras investigaciones. <![CDATA[O Conceito de Violência Atmosférica em Fanon: contribuições aos Estudos de Gênero]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701518&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este artigo objetiva colocar em evidência o debate acerca da categoria de violência em Fanon, com o objetivo de discutir seu uso também para os estudos de gênero. Faz-se isso a partir da análise de um conceito específico de sua obra e ainda pouco discutido: violência atmosférica. Diante de um número expressivo de produções acadêmicas sobre este autor no Brasil, este trabalho busca contribuir para o debate em torno deste conceito, na direção de percorrer os momentos em que ele é debatido pelo autor e também algumas das reações ao seu pensamento. É possível afirmar que Fanon apresenta uma epistemologia contracolonial da violência e que esse debate é um fio condutor em seus escritos. Como epistemologia, defende-se que o uso da categoria de violência em Fanon possa ser deslocado também ao campo dos estudos de gênero, de modo a compreender as diferentes formas que a violência se objetifica, bem como os contextos em que ela ocorre.<hr/>ABSTRACT The purpose of this work is to put in evidence the debate around the category of violence by Fanon, with the objective of discussing its need to gender studies, too. We’ve done it from the analysis of a specific concept of his literary work that it is still little discussed: atmospheric violence. Facing an expressive number of academic works about this author in Brazil, this one looks for contributing with the discussion over this concept, to go through the moments when the subject is debated by the own author and some reactions about his thought. It’s possible to affirm that Fanon shows a countercolonial epistemology and that this debate is a connection on his writings. As epistemology we defend that the violence category using by Fanon can be also moved to the gender studies area, in a way to understand the different manners which the violence is objectified as well as those contexts where it occurs.<hr/>RESUMEN Este artículo tiene como objetivo mostrar el debate sobre la categoría de violencia en Fanon, con el objetivo de discutir también su uso para los estudios de género. Para ello partimos del análisis de un concepto específico de su obra que es aún poco discutido: la violencia atmosférica. Frente a un número llamativo de producciones académicas sobre este autor en Brasil, este trabajo busca contribuir al debate en torno a este concepto, recurriendo a los momentos en que tal concepto es debatido por el autor y también a algunas de las reacciones a su pensamiento. Es posible afirmar que Fanon desarrolla una epistemología contra colonial de la violencia y que este debate es un hilo conductor en sus escritos. Como epistemología, argumentamos que el uso de la categoría de violencia en Fanon también puede trasladarse al campo de los estudios de género, con el fin de comprender las diferentes formas en que ésta se materializa, así como los contextos en los que se produce. <![CDATA[Precarização e Plataformização do Trabalho: Efeitos Entre Homens Trabalhadores do Sexo pela Internet]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701539&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O mercado do sexo é amplo e não se resume à prostituição e, em geral, a pesquisa acadêmica é vinculada ao trabalho realizado presencialmente. Com a pandemia de Covid-19 plasmada com as políticas neoliberais vinculadas ao trabalho, houve maior migração das práticas para o ambiente online. Nesse sentido, este artigo almeja refletir sobre as vivências profissionais e histórias de vida dos homens trabalhadores sexuais participantes, correlacionando-as com as políticas de desmonte de direitos sociais e a plataformização do trabalho, majoradas pela pandemia de Covid-19. Realizou-se exploração preliminar do ambiente online do mercado do sexo e, após, procedeu-se às entrevistas narrativas com 5 homens trabalhadores sexuais, que utilizam o Twitter e o OnlyFans para venda de seus serviços. Percebeu-se que a implementação dessas políticas junto com o trabalho plataformizado vulnerabilizam a categoria já marginalizada; que os processos de uso de redes sociais para o trabalho oportunizam o colamento de uma posição influencer dos trabalhadores sexuais, em busca de engajamento; e o mercado sexual transnacional ganha configuração digital, mas mantém recortes raciais e coloniais.<hr/>ABSTRACT This article discusses the men who work in the sex market by social media professional experiences effects, relating them to the dismantling of political rights, which was increased by the Covid-19 pandemic. The sex market is not limited to prostitution, and generally, academic research is linked to the sex work made in bars, streets, and steam rooms. Since the Covid-19 pandemic is related to neoliberal policies and linked to work, there was a greater migration of practices to the online context. We carried out a preliminary looking at the sex market online environment and then, 5 sex workers men, who used Twitter and OnlyFans to deal their services. They were interviewed through a narrative approach. We perceived that the labor rights dismantle neoliberal politics and pandemic influences in the way how platform work shows up, rendering vulnerable the labor rights; the work context enables a digital influencer position that seeks for engagement; and transnational sex market has a new shape, but it still keeps racial and colonial intersections.<hr/>RESUMEN El mercado del sexo es amplio y no se limita a la prostitución y, en general, la investigación académica está vinculada al trabajo realizado en persona. Con la pandemia del Covid-19 configurada por las políticas neoliberales vinculadas al trabajo, hubo una mayor migración de prácticas al entorno online. Así, este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las experiencias profesionales y las historias de vida de los hombres trabajadores sexuales participantes, correlacionándolas con las políticas de desmantelamiento de derechos sociales y plataforma de trabajo, potenciadas por la pandemia de la Covid-19. Se realizó una exploración preliminar del entorno online del mercado del sexo y, posteriormente, se realizaron entrevistas narrativas a 5 trabajadores sexuales masculinos, que utilizan Twitter y OnlyFans para vender sus servicios. Se percibió que la implementación de estas políticas junto con el trabajo de plataforma hace vulnerable a la categoría ya marginada; que los procesos de uso de las redes sociales para el trabajo brindan oportunidades para la vinculación de una posición influyente de las trabajadoras sexuales, en busca de compromiso; y el mercado sexual transnacional gana una configuración digital, pero mantiene aspectos raciales y coloniales. <![CDATA[A Feminilidade na Psicanálise é Branca? O Desamparo Discursivo Sobre a Feminilidade da Mulher Negra]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701560&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O presente artigo tem como objetivo apresentar a construção teórica sobre a sexualidade feminina e a feminilidade em Freud, para depois questioná-la a partir de um recorte de raça e gênero. Para isso, foram utilizados como referências principais trabalhos de autoras negras que discutem a temática étnico-racial, além de produções que abordam gênero e teorias do feminismo interseccional. O trabalho observou a concepção de um universal de mulher que parte da atribuição de traços da feminilidade que se vinculam à figura da mulher branca, burguesa e mãe e, portanto, não compreendem em sua totalidade gênero, raça e classe, de forma a apagar a experiência da mulher negra, marcada pelo racismo e pela história escravocrata. Assim, observa-se uma omissão da psicanálise frente à questão racial e, portanto, evidencia-se a necessidade de se pensar uma psicanálise contextualizada, que leve em consideração os aspectos históricos e sociais da realidade na qual se insere.<hr/>ABSTRACT This article aims to present the theoretical construction on female sexuality and femininity in Freud, and then question it from a racial and gender perspective. To this end, the main references employed were works from black female authors who discuss the ethno-racial subject, as well as some which address gender and theories of intersectional feminism. This paper observed the conception of a universal woman that includes the attribution of traits of femininity which are linked to a white, bourgeois and motherly woman figure and, therefore, aren’t comprehensive of gender, race and class in their totality, in order to erase the black woman's experience, marked by racism and a slavocratic history. Thus, an omission from Psychoanalysis can be observed regarding to the racial issue and, therefore, the need of think about a contextualized psychoanalysis, which takes into account the historical and social aspects of the reality in which it is inserted, is evident.<hr/>RESUMEN Este artículo tiene como objetivo presentar la construcción teórica de la sexualidad femenina y la feminidad en Freud, y a seguir cuestionarla a partir de una óptica de raza y género. Para esto, las referencias más importantes son los trabajos de autoras negras que discuten la temática étnico-racial, y también estudios que abordan género y teorías del feminismo interseccional. El trabajo observó la concepción de una categoría de mujer con origen en la atribución de rasgos de la feminidad que se vinculan a la figura de la mujer blanca, burguesa y madre y, por lo tanto, no comprenden en su totalidad género, raza y clase, apagando la experiencia de la mujer negra, marcada por el racismo y los muchos años de esclavitud. De esa manera el Psicoanálisis omite la cuestión racial, lo que revela la necesidad de pensar un Psicoanálisis adecuado al contexto histórico y social en el que se inserta. <![CDATA[Imaginários Morais no Discurso Midiático Sobre o Uso da Inseminação Caseira por Mulheres Lésbicas]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701581&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O presente artigo objetiva refletir sobre o discurso moral midiático produzido em torno da Inseminação Caseira e seu uso como tecnologia reprodutiva por casais de mulheres lésbicas. Esta é uma modalidade reprodutiva autônoma, que consiste em uma autoinseminação de baixo custo, feita com o uso de material biológico de doador não anônimo. Para esta reflexão, utilizou-se cinco obras midiáticas produzidas por canais de comunicação de grande alcance no cenário nacional, analisadas sob a ótica da análise do discurso. Foram traçadas cinco categorias analíticas: apresentação textual-imagética das obras; narrativa das mulheres tentantes; discursos promovidos pelos ditos especialistas; e representação da figura do doador. Conclui-se pela necessidade de estímulo ao debate acerca da inseminação caseira realizada por mulheres lésbicas, de modo que tanto profissionais da área da saúde como a sociedade de uma forma geral não se baseiem apenas em discursos morais condenatórios ditos científicos, como aqueles propagados pela grande mídia em relação à Inseminação Caseira. Soma-se a isso a importância em garantir visibilidade para os relatos das mulheres que estão se submetendo à inseminação caseira, compreendendo-as enquanto protagonistas da produção de sua saúde sexual e reprodutiva e projetos parentais e que, por isso, devem ter seus discursos e experiências legitimados.<hr/>ABSTRACT The present article aims to reflect on the media moral discourse produced around Homemade Insemination and its use as a reproductive technology by lesbian couples. This is an autonomous reproductive modality, which consists in a low-cost self-insemination performed with the use of biological material from a non-anonymous donor. This reflection was made using five media works produced by communication channels of great reach in the Brazilian scenario, analyzed from the point of view of discourse analysis. Five analytical categories were drawn: textual-imagetic presentation of the works; narrative of women trying to conceive; speeches promoted by the so-called experts; and representation of the donor figure. We conclude that it is necessary to stimulate the debate about homemade insemination performed by lesbian women, so that both health professionals and society in general do not rely only on condemning moral speeches called scientific, such as those propagated by the media in relation to Homemade Insemination. Added to that it is important to ensure visibility of the reports of women who are submitting themselves to homemade insemination, understanding them as protagonists of the production of their sexual and reproductive health and parental projects and that, therefore, they must have their speeches and experiences legitimated.<hr/>RESUMEN Este artículo pretende reflexionar sobre el discurso moral mediático producido sobre la Inseminación Domiciliaria y su uso como tecnología reproductiva por parejas lesbianas. Se trata de una modalidad reproductiva autónoma, que consiste en una autoinseminación de bajo coste realizada con el uso de material biológico de donante no anónimo. Para esta reflexión, se utilizaron cinco obras mediáticas producidas por canales de comunicación de gran alcance en Brasil analizadas desde la perspectiva del análisis del discurso. Se trazaron cinco categorías analíticas: presentación textual-imagen de las obras; narración de las mujeres que intentan; discursos promovidos por los llamados especialistas; y representación de la figura del donante. Se concluye por la necesidad de estimular el debate sobre la Inseminación Domiciliaria realizada por mujeres lesbianas, de manera que tanto los profesionales de salud como la sociedad en general no se basen apenas en los discursos morales condenatorios de los científicos, como los propagados por la gran prensa sobre Inseminación Domiciliaria. A esto se suma la importancia de garantizar la visibilidad de los relatos de las mujeres que hacen la Inseminación Domiciliaria, entendiéndolas como protagonistas de la producción de su salud sexual y reproductiva y de sus proyectos parentales y debe tener sus discursos y experiencias legitimados. <![CDATA[Memórias de Mulheres Dissidentes na Ditadura Militar como Antídoto à Democracia em Ruínas]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701601&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este artigo trata das memórias de mulheres dissidentes na ditadura militar e da importância de seu aparecimento social como resistência à produção do apagamento. As dissidências, além de abarcarem a militância política à época, abrangem as experiências atravessadas por marcadores sociais de diferença, como gênero, sexualidade e raça, que, no regime militar, eram assumidas como ameaças ao projeto de nação. As memórias de mulheres militantes, em depoimentos que constam no Relatório da Comissão Nacional da Verdade, de mulheres lésbicas, nos boletins ChanacomChana, e de mulheres periféricas, negras e trabalhadoras, no jornal Nós, Mulheres, são discutidas a partir dos seguintes vieses: das violências praticadas contra essas pessoas por performarem uma feminilidade subversiva que ameaça as normativas de gênero como pilares do ideário de nação e família vigente à época; e da visibilidade de suas práticas de resistência. Entende-se que a produção dessas memórias ocorre nas articulações de experiências e posições sociais que enunciam diferenças nos modos de viver, pensar, sentir, narrar e resistir. Nesta perspectiva, a interseccionalidade é o aporte para as análises das memórias dessas mulheres.<hr/>ABSTRACT This article focuses on the memories of dissident women in the military dictatorship and the importance of their social appearance as a resistance to the production of erasure. The dissidences, in addition to encompassing political militancy at the time, cover the experiences crossed by social markers of difference, such as gender, sexuality and race, which, in the military regime, were assumed as threats to the nation project. Memories of militant women, in testimonies that appear in the Report of the National Truth Commission, of lesbian women, in the ChanacomChana newsletters, and of peripheral, black and working women, in the newspaper Nós, Mulheres, are discussed from the following perspectives: violence practiced against these people for performing a subversive femininity that threatens gender norms as pillars that sustain the ideology of nation and family in force at the time; and the visibility of their resistance practices. We argue that the production of these memories occurs in the articulation of experiences and social positions that enunciate differences in the ways of living, thinking, feeling, narrating, and resisting. In this perspective, intersectionality is the contribution to the analysis of these women's memories.<hr/>RESUMEN Este artículo aborda las memorias de las mujeres disidentes en la dictadura militar y la importancia de su aparición social como resistencia a la producción de invisibilidad. Las disidencias, además de abarcar la militancia política de la época, reúnen las experiencias atravesadas por marcadores sociales de diferencia, como género, sexualidad y raza, que, en el régimen militar, fueron asumidos como amenazas al proyecto de nación. Las memorias de mujeres militantes, en testimonios presentes en el Informe de la Comisión Nacional de la Verdad, de mujeres lesbianas, en los boletines de ChanacomChana, y de mujeres periféricas, negras y trabajadoras, en el diario Nós, Mulheres, son discutidas desde las siguientes perspectivas: de la violencia practicada contra ellas por ejercer una feminidad subversiva que atenta contra las normas de género como pilares de la ideología de nación y familia vigente en la época; y la visibilidad de sus prácticas de resistencia. Se entiende que la producción de estas memorias ocurre en la articulación de experiencias y posiciones sociales que enuncian diferencias en las formas de vivir, pensar, sentir, narrar y resistir. En esta perspectiva, la interseccionalidad es la contribución al análisis de las memorias de estas mujeres. <![CDATA[“EntreColetivos”: Arte, Cidade e Política como Estratégia de Enfrentamento à Necropolítica Genderizada]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701622&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este manuscrito tem como objetivo analisar de que modo coletivos juvenis LGBTQIAP+ têm produzido formas de re-existir a violências induzidas pelas expressões da necropolítica genderizada em Fortaleza. Ao longo do artigo, tomamos a necropolítica genderizada como uma ferramenta operacional da racionalidade neoliberal, que tem visado, dentre outras coisas, exaurir existências posicionadas como “outras” do padrão branco cis-hétero-patriarcal burguês, a exemplo de juventudes periféricas LGBTQIAP+. Elegemos a cartografia como ethos da pesquisa-inter(in)venção, a partir da qual fomentamos e compomos a rede “EntreColetivos”. As análises foram feitas a partir de diários de campo sobre os encontros com essa rede de coletivos juvenis. As cenas trazidas apontam o dispositivo-arte como estratégia de enfrentamento à necropolítica genderizada, que assola desigualmente determinadas populações. As movimentações artísticas do “EntreColetivos” buscaram tornar a cidade circulável para juventudes negras e LGBTQIAP+, segmentos aos quais os espaços urbanos têm sido historicamente negados. Desse modo, observamos que a luta pela sobrevivência e pela re-existência nas margens não se encapsula em pautas identitárias. O “EntreColetivos” mostrou-se como uma rede de cuidado e luta, fazendo da arte e da ocupação da cidade um ato político de re-existência.<hr/>ABSTRACT This manuscript aims to analyze how LGBTQIAP+ youth collectives have produced forms of re-existing violence induced by expressions of gendered necropolitics in Fortaleza. Throughout the article, we take gendered necropolitics as an operational tool of neoliberal rationality, which has aimed, among other things, at exhausting existences positioned as “others” of the bourgeois white cis-hetero-patriarchal standard, such as the peripheral LGBTQIAP+ youth. We chose cartography as the ethos of research-inter(in)vention, from which we foster and compose the “EntreColetivos” network. The analyzes were carried out through field diaries about the meetings with this network of youth collectives. The scenes brought point out the art device as a confrontation with the gendered necropolitics, which unequally devastates certain populations. The artistic movements of “EntreColetivos” sought to make the city accessible to black and LGBTQIAP+ youth, segments to which urban spaces have been historically denied. Thus, we observe that the struggle for survival and re-existence on the margins is not encapsulated in identity guidelines. The “EntreColetivos” showed itself as a network of care and struggle, making art and the occupation of the city a political act of re-existence.<hr/>RESUMEN Este manuscrito tiene como objetivo analizar cómo los colectivos juveniles LGBTQIAP+ han producido formas de violencia re-existentes inducidas por expresiones de necropolítica de género en Fortaleza. A lo largo del artículo, tomamos la necropolítica de género como una herramienta operativa de la racionalidad neoliberal, que ha apuntado, entre otras cosas, a agotar existencias posicionadas como “otras” del patrón cis-hetero-patriarcal blanco burgués, como la juventud LGBTQIAP+ periférica. Elegimos la cartografía como el ethos de la investigación-intervención, a partir de la cual fomentamos y componemos la red “EntreColetivos”. Los análisis se realizaron a través de diarios de campo sobre los encuentros con esta red de colectivos juveniles. Las escenas presentadas señalan el dispositivo del arte como una confrontación con la necropolítica de género, que asola desigualmente a ciertas poblaciones. Los movimientos artísticos de “EntreColectivos” buscaron hacer accesible la ciudad a jóvenes negros y LGBTQIAP+, segmentos a los que históricamente se les han negado los espacios urbanos. Así, observamos que la lucha por la supervivencia y la reexistencia en los márgenes no se encapsula en pautas identitarias. Los “EntreColetivos” se mostraron como una red de cuidado y lucha, haciendo del arte y la ocupación de la ciudad un acto político de reexistencia. <![CDATA[O Gênero (de)Preciado: a Psicanálise e a Necrobiopolítica das Transidentidades]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701643&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO As interrogações contemporâneas colocadas à psicanálise pelas transidentidades têm sido recebidas pelo campo de maneiras muito diversas, ora a partir de posições defensivas, ora a partir de leituras mais abertas a dialogar com essas interrogações. Do lado das perspectivas defensivas, encontramos, frequentemente, a tentativa de reduzir os problemas de gênero a questões do imaginário, como se o gênero se tratasse apenas de um capricho narcísico do eu, dirigido à identificação alienante a uma dada identidade. No cenário francês, que ainda repercute no contexto brasileiro, Jacques-Alain Miller e Élisabeth Roudinesco, cada um a seu modo, podem ser considerados representativos desse tipo de posicionamento. Na contramão dessa tendência, o objetivo deste artigo, que se serve de uma revisão crítica de literatura, é recolocar os termos do debate a partir da intervenção do filósofo Paul B. Preciado, evidenciando que o que está em jogo nas temáticas de gênero não é apenas uma questão quanto ao registro das identificações, mas também uma problemática mais ampla concernente à violência social e ao modo como a psicanálise irá se posicionar diante do regime da necrobiopolítica que atravessa o mundo contemporâneo.<hr/>ABSTRACT The contemporary issues posed to psychoanalysis by transidentities have been discussed in the field in very different ways, either in defensive positions or in an interpretation more prone to the dialogue with such questions. Among defensive perspectives, we often find the attempt to reduce gender problems to imaginary issues, as if gender was just a narcissistic whim of the ego, connected to an alienating identification with a given identity. In the French scenario, which has strong repercussions in the Brazilian context, Jacques-Alain Miller and Elisabeth Roudinesco, each one in its own way, can be considered representative of this kind of thought. Against this tendency, the objective of this article, which is based upon a critical review of literature, is to refocus the terms of the debate resorting to the intervention of the philosopher Paul B. Preciado, showing that what is at stake in matters of gender is not only a question regarding the register of identifications, but also a broader issue concerning social violence and the way in which psychoanalysis takes sides itself in relation to the regime of necrobiopolitics that pervades the contemporary world.<hr/>RESUMEN Las preguntas contemporáneas que las transidentidades plantean al psicoanálisis han sido recibidas por el campo de formas muy diversas, a veces desde posiciones defensivas, a veces desde lecturas más abiertas al diálogo con tales preguntas. Del lado de las perspectivas defensivas, a menudo encontramos el intento de reducir los problemas de género a cuestiones imaginarias, como si el género fuera solo un capricho narcisista del yo, dirigido a la identificación alienante de una determinada identidad. En el escenario francés, que aún repercute en el contexto brasileño, Jacques-Alain Miller y Élisabeth Roudinesco, cada uno a su manera, pueden considerarse representativos de este tipo de posicionamiento. Frente a esta tendencia, el objetivo de este artículo, que utiliza una revisión crítica de la literatura, es remplazar los términos del debate a partir de la intervención del filósofo Paul B. Preciado, mostrando que lo que está en juego en los problemas de género no es sólo una cuestión en cuanto al registro de las identificaciones, pero también un tema más amplio en torno a la violencia social y a la forma en que el psicoanálisis se posicionará frente al régimen de la necrobiopolítica que atraviesa el mundo contemporáneo. <![CDATA[Direitos Sexuais e Reprodutivos nos Protocolos Profissionais sobre HIV/Aids]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701663&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O trabalho em saúde no campo do HIV/Aids requer uma abordagem interdisciplinar e tem como desafios fundamentais a adesão da população aos métodos e medidas de prevenção e tratamento, assim como a efetivação do acesso e da integralidade na assistência, o enfrentamento à discriminação e à estigmatização das populações-chave e das pessoas que vivem com HIV. Além disso, ele mobiliza questões complexas relacionados à sexualidade e ao exercício da autonomia cidadã. Tendo isso em vista, analisamos neste trabalho dezoito protocolos clínicos que instruem a atuação profissional na assistência ao HIV/Aids, pautando temas a serem abordados e procedimentos para qualificar o atendimento. Realizamos uma revisão integrativa buscando elucidar o entendimento dos diretos sexuais e reprodutivos presente nestes documentos. Com a síntese dos resultados obtidos, organizamos três categorias a partir das quais são desenvolvidos a temática dos direitos sexuais e reprodutivos: vulnerabilidade; autonomia; gênero e diversidade sexual. Concluímos que os tópicos da vulnerabilidade, reiteradamente abordado, e da sexualidade, que coloca progressivamente em questão a desnaturalização dos papéis sociais de gênero, buscam convergir aspectos sociais, culturais e individuais, indicando um aprimoramento das práticas de promoção de autonomia e a efetivação dos direitos sexuais e reprodutivos na assistência ao HIV/Aids.<hr/>ABSTRACT Health work in the field of HIV/AIDS requires an interdisciplinary approach and has as fundamental challenges the population's adherence to prevention and treatment methods and measures, as well as the effective access and integrality in assistance, and the struggle against discrimination and stigmatization of key-populations and people living with HIV. In addition, it mobilizes complex issues related to sexuality and the exercise of citizenship autonomy. Considering this, we analyzed in this work eighteen clinical protocols that guide professional performance in HIV/AIDS care, organizing themes and procedures to qualify the care. We performed an integrative review to elucidate the understanding of sexual and reproductive rights present in these documents. With the synthesis of the results obtained, we organized three categories from which the theme of sexual and reproductive rights is developed: vulnerability; autonomy; gender and sexual diversity. We conclude that the topics of vulnerability, repeatedly addressed, and sexuality, which progressively questions the naturalization of social gender roles, try to converge social, cultural and individual aspects, indicating an improvement of practices that promotes sexual and reproductive autonomy and enforcement of rights in HIV/AIDS care.<hr/>RESUMEN El trabajo en salud en el campo del VIH/SIDA requiere un abordaje interdisciplinario y tiene como desafíos fundamentales la adhesión de la población a los métodos y medidas de prevención y tratamiento, así como el acceso efectivo y la atención integral, combatiendo la discriminación y estigmatización de las poblaciones-clave y de las personas que viven con el VIH. Además, moviliza temas complejos relacionados con la sexualidad y el ejercicio de la autonomía ciudadana. Considerando eso, analizamos dieciocho protocolos clínicos que orientan la actuación profesional en la atención al VIH/SIDA, orientando temas a ser abordados y procedimientos para calificar la atención. Realizamos una revisión integrativa buscando elucidar la comprensión de los derechos sexuales y reproductivos presente en estos documentos. Con la síntesis de los resultados obtenidos, organizamos tres categorías con las cuales se desarrolla la temática de los derechos sexuales y reproductivos: vulnerabilidad; autonomía; género y diversidad sexual. Concluimos que los temas vulnerabilidad, repetidamente abordado, y sexualidad, que progresivamente cuestiona la naturalización de los roles sociales de género, buscan converger aspectos sociales, culturales e individuales, indicando una mejora de las prácticas de promoción de la autonomía y la efectuación de los derechos sexuales y reproductivos en la atención del VIH/SIDA. <![CDATA[Percepções de Mulheres Lésbicas e Bissexuais sobre Risco e Estratégias Preventivas às Infecções Sexualmente Transmissíveis]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701687&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO A saúde sexual das mulheres lésbicas e bissexuais é marcada pela invisibilidade histórica nas agendas programáticas. O objetivo deste estudo foi descrever e analisar as estratégias preventivas, uso de barreiras e percepção de risco em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) de mulheres lésbicas e bissexuais brasileiras. O estudo teve método misto sequencial. A amostra não probabilística e por conveniência foi de 1.225 mulheres lésbicas e bissexuais (etapa quantitativa) e 12 destas mulheres foram entrevistadas (etapa qualitativa). Foram realizadas análises descritivas, inferenciais e temáticas. Os resultados indicaram um desencontro entre as IST identificadas como mais prevalentes pelas participantes e as descritas na literatura, o que pode impactar os cuidados em saúde. Quanto maior a escolaridade, maior o número de IST referidas como possíveis de serem adquiridas no sexo entre mulheres, o que pode indicar desigualdades de acesso à informação. As participantes perceberam risco de IST em suas práticas, mas a falta de informações disponíveis e efetivas sobre prevenção, bem como a falta de insumos específicos para o sexo lésbico, caracterizaram seus discursos e impactaram a forma como estas viviam sua sexualidade.<hr/>ABSTRACT The sexual health of lesbian and bisexual women is characterized by historical invisibility in programmatic agendas. This study aims to describe and analyze preventive strategies and risk perception regarding Sexually Transmitted Infections (STIs) of Brazilian lesbian and bisexual women. It is a mixed sequential study. The non-probability and convenience sample consisted of 1,225 lesbian and bisexual women (quantitative stage) and 12 of these women were interviewed (qualitative stage). Descriptive, inferential and thematic analyses were performed. The results indicate a mismatch between the STIs described as more prevalent by the participants and those described in the literature, which can impact health care. The higher the level of education, the greater the number of STIs reported as possible to be acquired in sex between women, which may indicate inequalities in access to information. The participants perceived a risk of STIs in their practices, but the lack of available and effective information on prevention, as well as the lack of specific inputs for lesbian sex, characterized their speeches and impacted the way they live their sexuality.<hr/>RESUMEN La salud sexual de las mujeres lesbianas y bisexuales está marcada por una invisibilidad histórica en las agendas programáticas. El objetivo de este estudio fue describir y analizar las estrategias preventivas y la percepción de riesgo en relación a las Infecciones de Transmisión Sexual (ITS) de mujeres brasileñas lesbianas y bisexuales. El estudio tuvo un método mixto secuencial. La muestra no probabilística y de conveniencia estuvo conformada por 1.225 mujeres lesbianas y bisexuales (etapa cuantitativa) y 12 de estas mujeres fueron entrevistadas (etapa cualitativa). Se realizaron análisis descriptivos, inferenciales y temáticos. Los resultados indican un desajuste entre las ITS descritas como más prevalentes por los participantes y las descritas en la literatura, lo que puede impactar en la atención de la salud. Cuanto mayor es el nivel de educación, mayor es el número de ITS reportadas como posibles de adquirir en las relaciones sexuales entre mujeres, lo que puede indicar desigualdades en el acceso a la información. Las participantes percibieron en riesgo de tener una ITS, pero la falta de información disponible y efectiva sobre prevención, así como la falta de insumos específicos para el sexo lésbico, caracterizaron sus discursos e impactaron la forma en que viven su sexualidad. <![CDATA[Violência Íntima entre Homens que se Relacionam com Homens - Revisão da Literatura]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701709&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O objetivo deste estudo foi analisar a literatura sobre a violência por parceiro íntimo nas relações entre homens que se relacionam com homens. Trata-se de uma revisão integrativa. Foram analisados 66 artigos publicados entre 2012-2019 em língua inglesa, espanhola e portuguesa nas bases SCIELO, Biblioteca Virtual de Saúde, Redalyc, Dialnet e no Portal Periódicos CAPES. Os dados foram analisados de maneira descritiva, a partir da elaboração de um instrumento chamado de “Protocolo”. Os dados possibilitaram a construção de quatro categorias: 1) Masculinidades; 2) Estresse social minoritário; 3) O uso de álcool e outras drogas; 4) Mecanismos utilizados pela vítima para lidar com a VPI, que demonstraram as principais formas de violência íntima entre esse público, fatores socioculturais relacionados às mesmas e os mecanismos que as vítimas utilizaram para lidar com elas. A teoria do estresse social minoritário é aceita como forma de explicar a violência íntima entre homens que se relacionam com homens e isso alia-se a categorias de gênero que denotam como aceitável o uso da violência por homens. A principal forma para lidar com a violência relatada na literatura foi a informal, através de amigos, mostrando uma lacuna nas políticas públicas sobre o tema para pessoas não-heterossexuais.<hr/>ABSTRACT The objective of this study was to analyze the literature on intimate partner violence in male to male relationships. This is an integrative review. We analyzed 66 articles published between 2012-2019 in English, Spanish and Portuguese in SCIELO, Virtual Health Library, Redalyc, Dialnet and in Portal Periódicos CAPES. The data obtained were analyzed in a descriptive way, based on the elaboration of an instrument called the “Protocol”. They also allowed the construction of four categories: 1) Masculinities; 2) Minority social stress; 3) The use of alcohol and other drugs; 4) Mechanisms used by the victim to deal with IPV, that demonstrated the main forms of intimate partner violence between male to male relationships, sociocultural factors related to them and the mechanisms that the victims used to deal with it. The minority social stress theory is accepted as a way of explaining intimate violence among male to male relationships and this is allied to gender categories that denote that the use of violence by men is acceptable. The main way to deal with violence reported in the literature was informal, through friends, showing a gap in public policies on the subject for non-heterosexual people.<hr/>RESUMEN El objetivo de este estudio fue analizar la literatura sobre la violencia de un compañero íntimo en las relaciones entre hombres. Esta es una revisión integradora. Se analizaron 66 artículos publicados entre 2012-2019 en inglés, español y portugués en SCIELO, Biblioteca Virtual de Salud, Redalyc, Dialnet y en Portal Periódicos CAPES. Los datos fueron analizados de forma descriptiva, a partir de un instrumento denominado “Protocolo”. Los datos permitieron la construcción de cuatro categorías: 1) Masculinidades; 2) Estrés social de las minorías; 3) El uso de alcohol y otras drogas; 4) Mecanismos utilizados por la víctima para hacer frente a la violencia, que evidenciaron las principales formas de violencia de un compañero íntimo entre los hombres que se relacionan con hombres, los factores socioculturales relacionados con ellos y los mecanismos que las víctimas utilizaron para enfrentarlo. La teoría del estrés social minoritario se acepta como una forma de explicar la violencia de un compañero íntimo entre hombres y se alía con categorías de género que denotan como aceptable el uso de la violencia por parte de los hombres. La principal forma de enfrentar la violencia reportada en la literatura fue informal, a través de amigos, mostrando un vacío en las políticas públicas sobre el tema para las personas homosexuales. <![CDATA[A Educação dos Rapazes Argentinos no Início do Século XX: Psicologia, Sexualidade e Nação]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701729&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMEN En el presente artículo se analizan desde una perspectiva histórico-crítica las conceptualizaciones que la psicología ha realizado en las primeras décadas del siglo XX sobre la emergencia de la pubertad y los comportamientos en varones adolescentes en la Argentina. Se incorporan las herramientas procedentes de la historia intelectual para analizar las relaciones entre la producción de conocimiento local y la recepción de teorías psicológicas foráneas. Se examinan los saberes expertos sobre la temática y su articulación con el proyecto socio-cultural y político planteado por los intelectuales y dirigentes del país. La idea de progreso, ligado a ideas naturalistas y evolucionistas formó parte de la matriz de producción de conocimiento sobre la sexualidad en los varones argentinos. Se incluyen distintas dimensiones de análisis como la clasificación de conductas sexuales de los adolescentes varones, el problema del onanismo en la pubertad, el psiquismo de los varones en esta etapa y el rol de las intervenciones médicas y pedagógicas en el establecimiento de los parámetros de normalidad/anormalidad. A su vez, se analizan propuestas específicas sobre educación sexual para los adolescentes argentinos y su relación con proyectos educativos más amplios.<hr/>RESUMO Este artigo analisa, de uma perspectiva histórico-crítica, as conceitualizações feitas pela psicologia nas primeiras décadas do século XX sobre o surgimento da puberdade e do comportamento dos rapazes na Argentina. Ferramentas da história intelectual são incorporadas para analisar as relações entre a produção do conhecimento local e a recepção de teorias psicológicas estrangeiras. Este trabalho examina o conhecimento especializado sobre o assunto e sua articulação com o projeto sociocultural e político proposto por intelectuais e líderes do país. A ideia de progresso, ligada a ideias naturalistas e evolutivas, fazia parte da matriz de produção de conhecimento sobre sexualidade no homem argentino. Estão incluídas diferentes dimensões de análise, tais como a classificação do comportamento sexual em adolescentes, o problema do onanismo na puberdade, a psique dos meninos nesta fase e o papel das intervenções médicas e pedagógicas no estabelecimento dos parâmetros de normalidade/abnormalidade. Ao mesmo tempo, são analisadas propostas específicas sobre educação sexual para adolescentes argentinos e a sua relação com projetos educativos mais vastos.<hr/>ABSTRACT This article analyses, from a historical-critical perspective, the conceptualizations made by Psychology in the first decades of the 20th century about the emergence of puberty and behaviour in adolescent boys in Argentina. Tools from intellectual history are incorporated to analyse the relationships between the production of local knowledge and the reception of foreign psychological theories. This work examines the specialized knowledge on the subject and its articulation with the socio-cultural and political project proposed by intellectuals and leaders of the country. The idea of progress, linked to naturalistic and evolutionary ideas, formed part of the matrix of knowledge production about sexuality in Argentinean men. Different dimensions of analysis are included, such as the classification of sexual behaviour in adolescent boys, the problem of onanism at puberty, the psyche of boys at this stage and the role of medical and pedagogical interventions in establishing the parameters of normality/abnormality. At the same time, specific proposals on sexual education for Argentinean adolescents are analysed considering its place in a broader context of educational projects. <![CDATA[Costura Político-Clínica por um Cuidado Feminista: Relato de Experiência]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812022000701752&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este texto narra composições tecidas em meio à participação em atividades de extensão de duas universidades públicas brasileiras, uma do Sul e outra do Nordeste, que têm ensaiado costurar práticas clínicas com luta feminista numa perspectiva interseccional, entendendo que o sofrimento psíquico de mulheres brasileiras de periferias urbanas e de comunidades tradicionais é analisador e efeito de desigualdades de classe, raça, gênero, região da cidade. O encontro dessas duas iniciativas acabou por fiar uma rede de relações entre universidades e comunidades enlaçadas por projetos criados a partir de demandas prementes dos territórios vivos em que se situam. Tal encontro é atravessado com o tanto que se escuta de violência e de perda numa sociedade que a cada dia amplia um modo necropolítico de governar. Nesse entremeio de encontros atravessados, exercitamos a nomeação de uma clínica feminista e encontramos o exercício político de mulheres articuladas em movimento social. A singularidade e a singularização das mulheres se tecem nos tropeços das funções designadas na história deste país colonizado. Assim, esse alinhavo clínico não se interessa apenas por enredos familiares, mas quer enfrentar formas totalizantes e os códigos dominantes, e, nessa direção, afirma a radicalidade de uma indissociabilidade entre clínica e política.<hr/>ABSTRACT This text narrates compositions woven in the midst of participation in extension activities of two brazilian public universities, which have been rehearsing to sew clinical practices with feminist struggle in an intersectional perspective, understanding that the psychic suffering of brazilian women from the urban periphery and from traditional communities is an effect of inequalities of class, race, gender, and region of the city. These two initiatives ended up spinning a network of relationships between universities and communities linked by projects created from the pressing demands of the living territories in which they are located. This encounter is crossed with violence and loss that are heard in a society that every day expands a necropolitical way of governing. We exercise the act of naming a feminist clinic and end up finding the political exercise of women articulated in social movements. The singularity of women is weaved in the setbacks of the designated functions in the history of this colonized country. Thus, this clinical approach is not only interested in family plots, but also wants to face totalizing forms and dominant codes, and, in this direction, affirms the radical nature of an inseparability between clinic and politics.<hr/>RESUMEN Este texto narra composiciones tejidas en medio de la participación en actividades de extensión de dos universidades públicas brasileñas, que vienen ensayando para coser prácticas clínicas con la lucha feminista en una perspectiva interseccional, entendiendo que el sufrimiento psíquico de las mujeres brasileñas de la periferia urbana y de las comunidades tradicionales es efecto de las desigualdades de clase, raza, género y región de la ciudad. El encuentro de estas dos iniciativas terminó tejiendo una red de relaciones entre universidades y comunidades unidas por proyectos creados a partir de las demandas apremiantes de los territorios vivos en los que se ubican. Este encuentro se cruza con la cantidad de violencia que se escucha en una sociedad que cada día expande una forma necropolítica de gobernar. Ejercitamos la nominación de una clínica feminista y encontramos el ejercicio político de las mujeres articulado en movimiento social. La singularidad de la mujer se teje en los retrocesos de las funciones asignadas en la historia de este país colonizado. Así, este enfoque clínico no sólo se interesa por las tramas familiares, sino que quiere enfrentarse a formas totalizadoras y códigos dominantes, y, en esa dirección, afirma la radicalidad de una inseparabilidad entre clínica y política.