Scielo RSS <![CDATA[Estudos e Pesquisas em Psicologia]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1808-428120230007&lang=pt vol. 23 num. SPE lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[EDITORIAL]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701175&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[Psicanálise e Política: A Insistência do Real - Um Diálogo com Jorge Alemán]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701180&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[Quem Pode Falar no Divã? Raça e Psicanálise Situada]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701193&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Quem pode falar no divã? Como a inscrição do sujeito e do sujeito do inconsciente em relações sociais de poder de classe, gênero, sexualidade, raça, idade, validade, limita o acesso a uma elaboração analítica? O reconhecimento da colonialidade, como efeito de dominação e lugar de enunciação que persiste além da colonização, tornou possível a emergência de novas formas subjetivas, culturais e epistêmicas, incentivando a psicanálise a escutar de outra forma. Este artigo propõe se debruçar sobre a incidência da raça e da branquitude na psicanálise a partir das epistemologias do posicionamento e da epistemologia da ignorância. No contexto social francês, enquanto uma parte crescente da população francesa experimenta diariamente a discriminação racial, essa é veementemente negada por uma maioria de político·as e pesquisadore·as, que recusam até o uso da palavra “raça”. A partir dessa negação oficial do racismo sistémico pelo poder político e por uma maioria de estudos acadêmicos, o artigo tenta analisar a epistemologia da ignorância que prevalece na postura clínica e teórica de uma psicanálise maioritária. Trata-se de estudar a forma como uma ignorância branca provoca uma desescuta das questões de raça no divã, produz efeitos transferenciais de silenciamento, e nega vivências particulares em nome do universalismo.<hr/>ABSTRACT Who can speak on the couch? How does the inscription of the subject and the subject of the unconscious in class, gender, sexuality, race, age and validity social power relations limit access to a psychoanalytical elaboration? The recognition of coloniality as an effect of domination and a locus of enunciation that persists beyond colonisation has made it possible for new subjective, cultural and epistemic forms to emerge, encouraging psychoanalysis to listen differently. This article looks at the impact of race and whiteness on psychoanalysis through the perspective of the Standpoint Epistemologies and the Epistemology of Ignorance. In the French social context, while a growing part of the French population experiences racial discrimination on a daily basis, it is vehemently denied by a majority of politicians and researchers, who refuse to even use the word "race". Starting from this official denial of systemic racism by the political establishment and a majority of academic studies, the article seeks to analyse the epistemology of ignorance that prevails in the clinical and theoretical stance of a majoritian psychoanalysis. The aim is to study the way in which white ignorance causes race issues to be non-listened to on the couch produces silencing transferential effects, and denies particular experiences in the name of universalism.<hr/>RESUMEN ¿Quién puede hablar en el diván? ¿Cómo la inscripción del sujeto y del sujeto del inconsciente en las relaciones sociales de poder de clase, género, sexualidad, raza, edad, validez, limitan el acceso a una elaboración analítica? El reconocimiento de la colonialidad como un efecto de dominación y un lugar de enunciación que persiste más allá de la colonización ha posibilitado la emergencia de nuevas formas subjetivas, culturales y epistémicas, impulsionando al psicoanálisis a escuchar de otra manera. Este artículo examina el impacto de la raza y la blanquitud en el psicoanálisis desde la perspectiva de las epistemologías del posicionamiento y la epistemología de la ignorancia. En el contexto social francés, mientras que una parte creciente de la población francesa experimenta a diario la discriminación racial, ésta es negada con vehemencia por una mayoría de políticos/as e investigadores/as, que se niegan incluso a utilizar la palabra "raza". Partiendo de esta negación oficial del racismo sistémico por parte del poder político y de una mayoría de estudios académicos, el artículo intenta analizar la epistemología de la ignorancia que prevalece en la postura clínica y teórica de un psicoanálisis mayoritario. El objetivo es estudiar el modo en que la ignorancia blanca hace que las cuestiones raciales sean des-escuchadas en el diván, produce efectos transferenciales de silenciamiento y niega las experiencias particulares en nombre del universalismo. <![CDATA[Racismo e Sexismo: Estruturas de Transmissão, Incidências da História e Insistências do Real]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701212&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este artigo propõe articulações entre as estruturas coloniais de incidência do racismo e do sexismo no laço social e suas vias de inscrição no inconsciente e no corpo. Partimos de um debate sobre o enquadre colonial da subjetividade e de questões levantadas por Frantz Fanon acerca do modo como o racismo se conecta com a lógica fálica do complexo de Édipo para avaliar sua validade em relação à realidade de povos colonizados. Retomamos formulações freudianas e lacanianas úteis para abordar essa encruzilhada, a partir dos caminhos apontados por Lélia Gonzalez ao discutir as subversões operadas pela mulher negra diante do racismo e do sexismo no contexto brasileiro. Com base em alguns fragmentos clínicos, sustentamos que uma abordagem clínica da perspectiva interseccional antecipada por Lélia Gonzalez demanda uma tomada dialética das relações entre estrutura e história, entre o coletivo e o singular e entre o inconsciente colonizado e o resto que escapa e subverte as relações de dominação.<hr/>ABSTRACT This article proposes articulations between the colonial structures of incidence of the racism and sexism in the social bond and their ways of inscription in the unconscious and in the body. Starting from a debate about the colonial framework of subjectivity and from questions raised by Frantz Fanon about how the racism connects with the phallic logic of the Oedipus complex to assess its validity in relation to the reality of colonized peoples. We return to useful Freudian and Lacanian formulations to address this crossroads, based on the paths pointed out by Lélia Gonzalez when discussing the subversions operated by black women in the face of racism and sexism in the Brazilian context. Based on some clinical fragments, we argue that a clinical approach to the intersectional perspective anticipated by Lélia Gonzalez demands a dialectical approach to the relations between structure and history, between the collective and the singular, and between the colonized unconscious and the rest that escapes and subverts the relations of domination.<hr/>RESUMEN Este artículo propone articulaciones entre las estructuras coloniales de incidencia del racismo y del sexismo en el lazo social y sus formas de inscripción en el inconsciente y en el cuerpo. Partimos de un debate sobre el marco colonial de la subjetividad y de las preguntas planteadas por Frantz Fanon sobre la forma en que el racismo se relaciona con la lógica fálica del complejo de Edipo para evaluar su validez con relación a la realidad de los pueblos colonizados. Retomamos formulaciones freudianas y lacanianas útiles para abordar esta encrucijada, a partir de los caminos señalados por Lélia González al discutir las subversiones operadas por las mujeres negras frente al racismo y al sexismo en el contexto brasileño. En función de algunos fragmentos clínicos, sostenemos que una aproximación clínica de la perspectiva interseccional, anticipada por Lélia González, exige un abordaje dialéctico de las relaciones entre estructura e historia, entre lo colectivo y lo singular y entre el inconsciente colonizado y el resto que escapa y subvierte las relaciones de dominación. <![CDATA[Lélia Gonzalez: Uma Ponte entre a Descolonização e a Contracolonização da Psicanálise Brasileira]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701233&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Trata-se, neste artigo, de explorar o papel da obra de Lélia Gonzalez a partir de um problema que pode ser pensado nos termos de uma encruzilhada epistemológica para a psicanálise: assumir-se em movimento descolonial, descentrado e destituinte com respeito às heranças do contexto colonial dentro do qual ela se constituiu e segue sendo transmitida, e, a partir daí, realizar um outro movimento que passa por elaborar referenciais teóricos próprios, bem como estabelecer modalidades de transmissão coerentes com a realidade histórico-social na qual ela opera. Defendemos que categorias como as de pretuguês, amefricanidade e a reconsideração da função materna a partir da retomada do lugar histórico-cultural da mãe preta são expedientes teóricos com relevância e incidência clínicas que exemplificam como tal encruzilhada epistemológica pode ser vista como um lugar conceitual tanto de impasse quanto de potencialidade criativa contracolonial. Defendemos ainda que tal guinada epistemológica é fundamental para que psicanalistas brasileiros contemporâneos estejam à altura da escuta e do posicionamento em “seu tempo”.<hr/>ABSTRACT We intend, in the present paper, to explore how Lelia Gonzalez’s oeuvre can be thought in terms of the problem of an epistemological crossroads for the psychoanalytical field: that of assuming itself in a decolonial movement, decentered and destituent regarding the heritage of the colonial context into which it came to be - and in which it is still transmitted -, and, taking over from there, a psychoanalysis that goes in yet another direction, that of elaborating its own theoretical notions, as well as to establish strategies of transmission coherent with the social-historical reality in which it acts. We argue that categories such as blacktuguese [pretuguês], amefricanity and the rethinking of maternal function under the light of a reconsideration of the extensive historical-cultural role of the black mother are all theoretical expedients with relevance and incidence in clinical practice, which can also be seen as the conceptual expression of both a stalemate and a countercolonial creative potentiality. An epistemological lurch such as that is considered here crucially important for Brazilian psychoanalysts, so that they can be up to par - listening and taking part in - the historical demands of their own times.<hr/>RESUMEN El propósito de este artículo es explorar el papel de la obra de Lélia González a partir de un problema que puede pensarse en términos de una encrucijada epistemológica para el psicoanálisis: asumirse en movimiento descolonial, descentrado y destituyente respecto de las herencias del contexto colonial dentro del cual se constituyó y se sigue transmitiendo, y, a partir de ahí, lograr un otro movimiento que implica elaborar sus propios referentes teóricos, así como establecer modalidades de transmisión acordes con la realidad histórico-social en que opera. Argumentamos que categorías como el “pretugués”, la “amefricanidad” y la reconsideración de la función materna a partir de la revalorización del lugar histórico-cultural de la “madre negra” son expedientes teóricos con relevancia e incidencia clínica que ejemplifican cómo tal encrucijada epistemológica puede ser vista como un lugar tanto de impasse como de potencial creativo contracolonial. Argumentamos que tal giro epistemológico es esencial para que los psicoanalistas brasileños contemporáneos estén a la altura de la tarea de escuchar y actuar en “su tiempo”. <![CDATA[A Superfície da Raça: Topologia e Identificações Raciais Brasileiras]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701255&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Neste artigo, são percorridas algumas indicações feitas por Jacques Lacan sobre a função da superfície e da importância do traço para pensar topologicamente a identificação. Em seguida, a direção dada pelo autor para pensarmos a identificação - especialmente acerca da importância da superfície e da nomeação pelo Outro - é articulada com questões que têm sido discutidas no âmbito das relações raciais no Brasil, trazendo as contribuições de autores do campo das relações raciais como Stuart Hall, Frantz Fanon e Lélia Gonzalez. Situando o campo discursivo sobre as identidades raciais em um contexto nacional marcado, desde a primeira metade do século XX até os dias atuais, pela proposição e pela manutenção do mito da democracia racial por parte considerável da intelectualidade brasileira (branca), são recuperadas questões presentes no trabalho de Lacan para pensar como as identificações são atravessadas pela raça hoje, bem como para indagar discursos que têm desqualificado tais debates nos campos políticos e teóricos. Nas considerações finais, são apontadas algumas implicações dessa discussão para o exercício da clínica psicanalítica.<hr/>ABSTRACT This article explores specific insights provided by Jacques Lacan regarding the role of surface and the relevance of trace in a topological understanding of identification. Subsequently, the study aligns Lacan's perspective on identification - particularly emphasizing the importance of surface and the Other's act of naming - with pertinent issues to Brazil's racial dynamics. It embodies insights from race relations’ scholars such as Stuart Hall, Frantz Fanon, and Lélia Gonzalez. Placing the discourse on racial identities within the national context of Brazil, which has been shaped by the persistent myth of racial democracy propagated by a significant portion of the white Brazilian intellectual sphere from the mid-20th century to the present, this article retrieves Lacanian concepts to realize how contemporary identifications intersect with race. It also investigates discourses that have marginalized these discussions in both political and theoretical realms. In its final considerations, the article underscores the implications of this discourse for psychoanalytic clinical practice.<hr/>RESUMEN En este artículo se exploran algunas indicaciones hechas por Jacques Lacan sobre la función de la superficie y la importancia de la traza para abordar topológicamente la identificación. Luego, se conecta la dirección proporcionada por el autor para reflexionar sobre la identificación, especialmente en relación con la importancia de la superficie y la nominación por el Otro, con cuestiones que han sido discutidas en el ámbito de las relaciones raciales en Brasil, incorporando las contribuciones de autores en el campo de las relaciones raciales como Stuart Hall, Frantz Fanon y Lélia Gonzalez. Al situar el campo discursivo sobre las identidades raciales en un contexto nacional marcado desde la primera mitad del siglo XX hasta la actualidad por la proposición y el mantenimiento del mito de la democracia racial por una parte significativa de la intelectualidad brasileña (blanca), se retoman aspectos presentes en el trabajo de Lacan para analizar cómo las identificaciones son atravesadas por la raza en la actualidad, así como para investigar discursos que han descalificado tales debates en los ámbitos político y teórico. En las consideraciones finales, se señalan algunas implicaciones de esta discusión para el ejercicio de la clínica psicoanalítica. <![CDATA[Do Narcisismo das Pequenas Diferenças ao Gozo Narcísico Racismo, Colonialidade, Segregação, Genocídio]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701271&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO A proposta desse ensaio é retomar a incursão de Freud, a partir da Primeira Guerra Mundial, na fonte do sofrimento que vem das relações entre os humanos, indicando a novidade que significou o conceito de narcisismo das pequenas diferenças na apreensão dos movimentos coletivos que declaram uma inócua expressão de hostilidade ao outro, ou os que promulgam ações destrutivas e mortíferas contra o outro eleito como seu inimigo absoluto. Com o advento da pulsão de morte, Freud redimensiona o conceito de narcisismo das pequenas diferenças e introduz a ideia de que a satisfação das pulsões que atingem a mais cega fúria de destruição, está conectada a um gozo [Genuβ] narcísico. Esse gozo, na leitura de Lacan, é um mal porque comporta um mal à alteridade. É com esse legado que nos propomos pensar a extensão da psicanálise ao discurso decolonial e outros discursos contra hegemônicos, através do diálogo interdisciplinar, na leitura das linguagens de ódio que enfrentamos em nossa época.<hr/>ABSTRACT The purpose of this essay is to resume Freud's incursion, from the First World War, on the source of the suffering that comes from the relationships between humans, indicating the novelty that meant the concept of narcissism of small differences in the apprehension of collective movements that declare an innocuous expression of hostility to the other, or those who enact destructive and deadly actions against the other chosen as their absolute enemy. With the advent of the death drive, Freud re-dimensions the concept of narcissism of small differences and introduces the idea that the satisfaction of drives that reach the blindest fury of destruction is connected to a narcissistic jouissance [Genuβ]. This jouissance, in Lacan's reading, is an evil because it entails an evil to alterity. It is with this legacy that we propose to think about the extension of psychoanalysis to the decolonial discourse and other counter-hegemonic discourses, through interdisciplinary dialogue, in the reading of the languages of hate that we face in our time.<hr/>RESUMEN El propósito de este ensayo es retomar la incursión de Freud, desde la Primera Guerra Mundial, sobre el origen del sufrimiento que proviene de las relaciones entre los humanos, señalando la novedad que significó el concepto de narcisismo de las pequeñas diferencias en la aprehensión de los movimientos colectivos que declaran una expresión inocua de hostilidad hacia el otro, o los que ejecutan acciones destructivas y mortíferas contra el otro elegido como su enemigo absoluto. Con el advenimiento de la pulsión de muerte, Freud redimensiona el concepto de narcisismo de las pequeñas diferencias e introduce la idea de que la satisfacción de las pulsiones que alcanzan la más ciega furia de destrucción está ligada a un goce narcisista [Genuβ]. Este goce, en la lectura de Lacan, es un mal porque implica un mal a la alteridad.Es con este legado que nos proponemos pensar la extensión del psicoanálisis al discurso decolonial y otros discursos contrahegemónicos, a través del diálogo interdisciplinario, en la lectura de los lenguajes de odio que enfrentamos en nuestro tiempo. <![CDATA[Zumbis e Distopia: Os Restos da Colonialidade e as Lutas de Libertação]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701291&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Debatemos os rastros presentes na distopia de nossos laços sociais contemporâneos enquanto restos da colonialidade que sobrevivem em nossa cultura. Metodologicamente, recorremos a personagens do imaginário coletivo que interrogam o lugar do outro na cena social e na política. Compreendemos que os zumbis enquanto imagem mnêmica social trazem visibilidade às políticas de degradação do outro - sua dominação, seu extermínio, bem como da desmobilização política. A contextualização histórica e geográfica da origem e da construção desses personagens reforça a constatação da lógica colonizadora e escravagista ali presente, fundamentada nos modos de captura dos desejos, dos corpos e da vida dos sujeitos, culminando no efeito de obliteração das perspectivas de futuro. A figura do zumbi enquanto a lembrança encobridora do negro escravizado haitiano denuncia a desqualificação das lutas de libertação como nada mais que atos violentos de uma horda acéfala, bem como oferece a oportunidade de reinstituir a dignidade dos movimentos que visam à transformação social. Dentro de determinada perspectiva crítica, os zumbis passam a representar a imagem mnêmica social dos libertários que não cessam de lutar. Tornam-se a simbolização do impossível de governar; reagem ao destino certo da condição de mortos, recuperando a potência de construção de um comum na alteridade.<hr/>ABSTRACT We discuss the traces present in the dystopia of our contemporary social ties as remnants of coloniality that survive in our culture. Methodologically, we resort to characters from the collective imaginary that question the place of the other in social and political scene. We understand that zombies as a social mnemic image bring visibility to the policies of degradation of the other-their domination, their extermination, as well as political demobilization. The historical and geographic contextualization of the origin and construction of these characters reinforces the presence of the colonizing and slavery logic there, based on the ways of capturing the subjects’ desires, bodies and lives, culminating in the effect of obliterating the prospects for the future. The figure of the zombie as a screen-memory of the enslaved black-Haitian denounces the disqualification of liberation struggles as nothing more than violent acts by an acephalous horde, as well as offers the opportunity to bring back the dignity of movements that claims for social transformation. Within a certain critical perspective, the zombies come to represent the social mnemic image of libertarians who never stop fighting. They become the symbolization of the impossible to govern; they react to dead condition as a fate, recovering the power to build a common in otherness.<hr/>RESUMEN Discutimos los rastros presentes en la distopía de nuestros lazos sociales contemporáneos como restos de colonialidad que perviven en nuestra cultura. Metodológicamente, recurrimos a personajes del imaginario colectivo, que cuestionan el lugar del otro en la escena social y en la política. Entendemos que los zombis como imagen mnémica social visibilizan las políticas de degradación del otro - su dominación, su exterminio, así como la desmovilización política. La contextualización histórica y geográfica del origen y de construcción de estos personajes refuerza la constatación de la lógica colonizadora y esclavista allí presente, basada en los modos de captura de los deseos, cuerpos y vida de los sujetos, culminando en el efecto de obliteración de perspectivas futuras. La figura del zombi como recuerdo encubridor del negro haitiano esclavizado denuncia la descalificación de las luchas de liberación como nada más que actos violentos de una horda acéfala, además de ofrecer la oportunidad de restituir la dignidad de los movimientos que aspiran a la transformación social. Dentro de cierta perspectiva crítica, los zombis vienen a representar la imagen mnémica social de los libertarios que no cesan de luchar. Se convierten en la simbolización del imposible de gobernar; reaccionan ante el destino cierto de la condición de los muertos, recuperando la potencia de construir un común en la alteridad. <![CDATA[“E Eu Não Sou Uma Mulher?” Confluências Entre a Psicanálise e a Mulher Negra]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701311&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa de mestrado, que se propôs a investigar, a partir de narrativas de mulheres negras, as percepções e significados de suas experiências enquanto mulheres, como também identificar os marcadores da diferença de suas vivências em torno da feminilidade e o que faz uma mulher negra experimentar a feminilidade de uma forma própria. Apoiamo-nos na perspectiva metodológica da pesquisa psicanalítica dos fenômenos sociais e políticos, por compreender que nossa questão advém de um impasse político-social, que foi examinado a partir da relação transferencial e da indissociabilidade entre teoria, clínica e pesquisa. Utilizamos o recurso de entrevistas enquanto instrumento para a produção do material de análise. Assim, entrevistamos três mulheres negras, convidadas a compartilhar suas histórias e experiências enquanto mulheres. A partir do debate teórico e do material levantado nas entrevistas, foi possível identificar as complexidades do processo de tornar-se mulher e negra, a partir dos marcadores difundidos no laço social, por possuir especificidades subjetivas. Para além disso, pensar no significado dos símbolos utilizados por mulheres negras e contar com uma outra mulher negra para apresentar esses elementos são direções que podem impactar a experiência da feminilidade dessas mulheres.<hr/>ABSTRACT This work is part of our master's research, which has proposed to investigate, from narratives of black women, the perceptions and meanings of their experiences as women, as well as to identify the markers of the difference in their experiences around femininity and what makes a black woman experience femininity in her own way. We rely on the methodological perspective of psychoanalytic research on social and political phenomena, understanding that our issue stems from a political-social impasse, which has been examined from the transferential relationship and the inseparability between theory, clinic and research. We have used the interview resource as an instrument for the production of analysis material. Thus, we have interviewed three black women, which were invited to share their stories and experiences as women. From the theoretical debate and from the material that have raised in the interviews, it was possible to identify the complexities of the process of becoming woman and black, from the markers scattered through the social bond, as it has subjective specificities. Furthermore, thinking about the meaning of the symbols used by black women and relying on another black woman to present these elements are directions that can impact these women's experience of femininity.<hr/>RESUMEN Este trabajo forma parte de nuestra investigación de maestría, que se propuso indagar, a partir de narrativas de mujeres negras, las percepciones y significados de sus experiencias como mujeres, así como identificar los marcadores de la diferencia en sus experiencias en torno a la feminidad y que le permita experimentar la feminidad a su manera. Nos apoyamos en la perspectiva metodológica de la investigación psicoanalítica sobre los fenómenos sociales y políticos, entendiendo que nuestro problema surge de un impasse político-social, que fue examinado desde la relación transferencial y la inseparabilidad entre teoría, clínica e investigación. Utilizamos el recurso de la entrevista como instrumento para la producción de material de análisis. Así, entrevistamos a tres mujeres negras, invitadas a compartir sus historias y experiencias como mujeres. A partir del debate teórico y del material levantado en las entrevistas, fue posible identificar las complejidades del proceso de hacerse mujer y negra, a partir de los marcadores difundidos en el vínculo social, ya que tiene especificidades subjetivas. Además, pensar en el significado de los símbolos utilizados por las mujeres negras y confiar en otra mujer negra para presentar estos elementos son direcciones que pueden impactar la experiencia de la feminidad de estas mujeres. <![CDATA[O Real da Violência: Relato de Experiência com um Coletivo de Mulheres]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701333&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este trabalho tem como objetivo, a partir da experiência e do testemunho de um Coletivo de Mulheres, propor uma leitura do que nomeamos como o Real da violência por meio do ensino de Lacan e comentadores. Diferente do Real enquanto fundamento ausente ou falta-a-ser, o Real da violência se insere historicamente no dia a dia e na vida de determinados corpos brasileiros, precisamente os corpos negros, femininos e periféricos. Em vista do cenário de impasses socio-políticos do Brasil, mas também de potentes vozes e ações que têm surgido das comunidades atravessadas por estruturas de violência, a experiência do Coletivo ilustra o presente trabalho, a fim de demonstrar caminhos possíveis para um saber-fazer com esse Real ao qual seus filhos e a comunidade estão mais expostos. À luz de conceitos da Teoria Feminista, como, por exemplo, a noção de interseccionalidade e a categoria corpo-território, endossamos essa discussão que demanda à Psicanálise conversar com outros campos do saber. Empreitada que exige engajamento ético e político dos psicanalistas, em especial dos que exercem a práxis analítica no Brasil.<hr/>ABSTRACT This work aims, through the experience and testimony of a Women’s Collective, to propose a reading of what we call the Real of violence through the teaching of Lacan and commentators. Different from the Real as a foundation that is absent or lack-of-being, the Real of violence is historically inserted in the daily life and in the life of certain Brazilian bodies, precisely black, female and peripheral bodies. In view of the scenario of socio-political impasses in Brazil, but also of powerful voices and actions that have emerged from communities crossed by structures of violence, the Collective’s experience illustrates the present work, in order to demonstrate possible paths for a know-how to deal with this Real to which their children and the community are more exposed. In the light of concepts from Feminist Theory, such as, for example, the notion of intersectionality and the body-territory category, we endorse this discussion that demands Psychoanalysis to converse with other fields of knowledge. An undertaking that demands ethical and political engagement from psychoanalysts, especially those who practice analytical praxis in Brazil.<hr/>RESUMEN Este trabajo pretende, a partir de la experiencia y testimonio de un Colectivo de Mujeres, proponer una lectura de lo que llamamos lo Real de la violencia a través del magisterio de Lacan y comentaristas. A diferencia de lo Real como fundamento ausente o falta-de-ser, lo Real de la violencia se inserta históricamente en el cotidiano y en la vida de ciertos cuerpos brasileños, precisamente negros, femeninos y los barrios marginales. Ante el escenario de impasses sociopolíticos en Brasil, pero también de voces y acciones poderosas que han emergido de comunidades atravesadas por estructuras de violencia, la experiencia del Colectivo ilustra el presente trabajo, con el fin de evidenciar posibles caminos para un saber hacer con este Real al que están más expuestos sus niños y la comunidad. A la luz de conceptos de la Teoría Feminista, como, por ejemplo, la noción de interseccionalidad y la categoría cuerpo-territorio, avalamos esta discusión que exige al Psicoanálisis hablar con otros campos del saber. Un emprendimiento que exige compromiso ético y político de los psicoanalistas, especialmente de aquellos que ejercen la práctica analítica en Brasil. <![CDATA[A Colonização da Adolescência e sua Subversão pela Psicanálise]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701349&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O presente artigo possui o objetivo de, a partir de uma investigação teórica de textos sociais e psicanalíticos, analisar como a adolescência aparece, na modernidade, como um privilegiado produto político da colonização. Associamos à emergência dessa idade da vida, a biopolítica e a necropolítica, sendo a primeira um conceito de Michel Foucault e a segunda, de Achille Mbembe. Igualmente, analisamos como que o significante "adolescência" é interceptado por diferentes significados violentos, os quais deslocam-se inversamente e abaixo da cadeia de significantes, e que aprisionam os adolescentes em sentidos colonizadores, impondo-lhes um processo de destituição subjetiva. Recorremos às contribuições de Glória Anzaldúa e do psicanalista Jacques Lacan, para indicar uma outra identidade adolescente possível a qual prima pela proposição de novos significados e pelo deslocamento metonímico do significante, opondo-se àquela forjada pela colonização. Assim, indicamos como que a Psicanálise pode ser uma opção viável para a subversão da colonização da adolescência, privilegiando o sujeito e o desejo.<hr/>ABSTRACT This article aims, from a theoretical investigation of social and psychoanalytical texts, to analyze how adolescence appears, in modernity, as a privileged political product of colonization. We associate biopolitics and necropolitics to the emergence of that age of life, the first being a concept by Michel Foucault and the second by Achille Mbembe. Likewise, we analyze how the signifier "adolescence" is intercepted by different violent signifieds, which move inversely and down the chain of signifiers, and which imprison adolescents in colonizing senses, imposing a process of subjective destitution on them. We resorted to the contributions of Glória Anzaldúa and the psychoanalyst Jacques Lacan, to indicate another possible adolescent identity which excels in proposing new signifieds and in the metonymic displacement of the signifier, opposing the identities forged by colonization. Thus, we indicate how Psychoanalysis can be a viable option for the subversion of the colonization of adolescence, privileging the subject and desire.<hr/>RESUMEN Este artículo tiene como objetivo, a partir de una investigación teórica de textos sociales y psicoanalíticos, analizar cómo la adolescencia aparece, en la modernidad, como un producto político privilegiado de la colonización. Asociamos la biopolítica y la necropolítica al surgimiento de esa edad de la vida, siendo la primera un concepto de Michel Foucault y la segunda de Achille Mbembe. Asimismo, analizamos cómo el significante "adolescencia" es interceptado por diferentes significados violentos, que se mueven en sentido inverso y descendente en la cadena de los significantes, y que aprisionan a los adolescentes en sentidos colonizadores, imponiéndoles un proceso de destitución subjetiva. Recurrimos a los aportes de Glória Anzaldúa y del psicoanalista Jacques Lacan, para señalar otra posible identidad adolescente que sobresale en la propuesta de nuevos significados y en el desplazamiento metonímico del significante, contraponiéndose a las identidades forjadas por la colonización. Así, indicamos cómo el Psicoanálisis puede ser una opción viable para la subversión de la colonización de la adolescencia, privilegiando el sujeto y el deseo. <![CDATA[Reflexões Sobre o Corpo Estranho e a Política de Morte na Terra Indígena Yanomami]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701365&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este artigo tem como objetivo analisar a relação entre os conceitos de necropolítica, proposto por Achille Mbembe, e de unheimlich, desenvolvido por Sigmund Freud. Por meio dessa possibilidade de intersecção, coloca-se em análise a situação enfrentada pelos Yanomami no norte do Brasil, na qual diversos indígenas tiveram suas terras invadidas e seus direitos violados, levando-os a uma grave crise sanitária. A presença de uma lógica de gestão necropolítica, na qual corpos que não interessam ao Estado são deixados à margem, coloca em risco populações que não são incluídas no discurso hegemônico neoliberal. No encontro deste discurso com o estranho, pode-se inferir que é produzida uma experiência unheimlich, um deparar-se com o que há de mais incômodo e ao mesmo tempo familiar à sociedade. Reconhecer-se na diferença que há no outro cria um escape pela via da eliminação, faz-se desse corpo o inimigo e, assim, cria-se o respaldo para tirá-lo de cena. Desse modo, esta investigação destaca a necessidade de repensarmos as vias existentes para lidar com a diferença, isto porque, construir uma sociedade em detrimento de determinados grupos que a compõem é destruir também a si mesma.<hr/>ABSTRACT This article aims to analyze the relationship between the concepts of necropolitics, proposed by Achille Mbembe, and unheimlich, developed by Sigmund Freud. Through this possibility of intersection, the situation faced by the Yanomami in northern Brazil can be analyzed, in which several indigenous people had their lands invaded and their rights violated, leading them to a serious health crisis. The presence of a necropolitical management logic, in which bodies that are not of interest to the State are left on the sidelines, puts populations that are not included in the hegemonic neoliberal discourse at risk. In the encounter between this discourse and the stranger, it can be inferred that an unheimlich experience is produced, an encounter with what is most uncomfortable and at the same time familiar to society. Recognizing oneself in the difference that exists in the other creates an escape through elimination, this body is made the enemy and, thus, the support is created to remove it from the scene. Furthermore, this investigation highlights the need to rethink existing ways of dealing with difference, because building a society to the detriment of certain groups that compose it is also destroying itself.<hr/>RESUMEN Este artículo tiene como objetivo analizar la relación entre los conceptos de necropolítica, propuesto por Achille Mbembe, y unheimlich, desarrollado por Sigmund Freud. A través de esta posibilidad de cruce, es un ejemplo la situación que enfrentan los yanomami en el norte de Brasil, en la que varios indígenas vieron sus tierras invadidas y violados sus derechos, llevándolos a una grave crisis de salud. La presencia de una lógica de gestión necropolítica, en la que se dejan al margen cuerpos que no interesan al Estado, pone en riesgo a poblaciones que no están incluidas en el discurso neoliberal hegemónico. En el encuentro de este discurso con el extraño se puede inferir que se produce una experiencia unheimlich, un encuentro con lo más incómodo ya la vez familiar para la sociedad. Reconocerse en la diferencia que existe en el otro crea una evasión por eliminación, se hace de este cuerpo el enemigo y, así, se crea el soporte para sacarlo de escena. Así, esta investigación destaca la necesidad de repensar las formas existentes de enfrentar la diferencia, porque construir una sociedad en detrimento de ciertos grupos que la componen es también destruirse a sí misma. <![CDATA[A Questão da Identidade: Uma Articulação entre Psicanálise e Estudos Decoloniais]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701384&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO A identidade é um tema de grande relevância política e social na atualidade, seja quando tratamos de movimentos minoritários que buscam reconhecimento e direitos, seja pelo crescimento de movimentos reacionários que se fundam em identidades que excluem a diferença e promovem comportamentos sociais hostis a sujeitos alterizados. No campo psicanalítico, por vezes, se trata a questão identitária como alheia às nossas discussões, utilizando-se o argumento de que trabalhamos com identificações em vez de identidades e encerrando-se, apressadamente, o debate. Com este artigo, pretendemos afirmar a importância do tema da identidade para a psicanálise e discutir, junto aos estudos decoloniais, maneiras de pensar a questão que levem em conta os seus aspectos problemáticos e, ao mesmo tempo, coloquem em evidência modos de relação com as identidades que se direcionam para a relacionalidade e para o enfrentamento dos mecanismos de dominação do mundo contemporâneo. Buscamos, para tanto, tocar nas especificidades dos processos identitários nos contextos marcados pelos efeitos da colonialidade do poder e investigar como as obras freudiana e lacaniana podem fornecer caminhos para pensar a identidade de acordo com o direcionamento proposto por este estudo.<hr/>ABSTRACT Identity is a highly relevant political and social theme in contemporary times, whether we are discussing minority movements seeking recognition and rights, or the growth of reactionary movements that are founded on identities that exclude difference and promote social behaviors hostile to marginalized subjects. In the psychoanalytic field, the issue of identity is sometimes treated as irrelevant to our discussions, using the argument that we work with identifications instead of identities and hastily ending the debate. With this article, we intend to assert the importance of the theme of identity for psychoanalysis and discuss, together with decolonial studies, ways of thinking about the issue that take into account its problematic aspects while highlighting modes of relationship with identities that are directed towards relationality and confronting the mechanisms of domination in the contemporary world. To this end, we aim to touch on the specificities of identity processes in contexts marked by the effects of the coloniality of power and to investigate how the works of Freud and Lacan can provide pathways for thinking about identity in accordance with the direction proposed by this study.<hr/>RESUMEN La identidad es un tema de gran relevancia política y social en la actualidad, ya sea cuando tratamos de movimientos minoritarios que buscan reconocimiento y derechos, o por el crecimiento de movimientos reaccionarios que se basan en identidades que excluyen la diferencia y promueven comportamientos sociales hostiles hacia sujetos alterizados. En el campo psicoanalítico, a veces se trata la cuestión de la identidad como ajena a nuestras discusiones, utilizando el argumento de que trabajamos con identificaciones en lugar de identidades y cerrando el debate precipitadamente. Con este artículo, pretendemos afirmar la importancia del tema de la identidad para el psicoanálisis y discutir, junto con los estudios decoloniales, maneras de pensar la cuestión que tengan en cuenta sus aspectos problemáticos y, al mismo tiempo, pongan en evidencia modos de relación con las identidades que se dirigen hacia la relacionalidad y hacia el enfrentamiento de los mecanismos de dominación del mundo contemporáneo. Buscamos abordar las especificidades de los procesos identitarios en los contextos marcados por los efectos de la colonialidad del poder e investigar cómo las obras freudiana y lacaniana pueden proporcionar caminos para pensar la identidad de acuerdo con la orientación propuesta por este estudio. <![CDATA[<em>Hic Sunt Dracones</em>: Algumas Considerações sobre a Psicanálise e a Obra de Frantz Fanon]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701405&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Esse artigo tem como objetivo propor algumas reflexões sobre a psicanálise e a obra de Frantz Fanon, tomando como inquietação inicial um conjunto de cartas publicadas por psicanalistas na França sobre o tema da decolonialidade. Em um primeiro momento, detalhamos de forma breve o teor da discussão francesa, o conteúdo das cartas e alguns dos seus variados efeitos, assim como parte do contexto francês em que o debate se inicia. Partindo em seguida para um desenvolvimento sobre algumas das elaborações fanonianas sobre o tema da identidade, do humanismo e do universalismo - conceitos densamente presentes no debate francês. Na sequência, enfocamos alguns dos modos como a psicanálise aparece na obra desse autor, a fim de destacar algumas das questões que consideramos fundamentais de serem observadas em seus escritos, e em conjunto das discussões sobre decolonialidade e psicanálise. Dessa maneira, busca-se, a partir de nossa produção, tensionar e colaborar para o debate das possíveis contribuições da teoria de Fanon para o campo psicanalítico.<hr/>ABSTRACT This article aims to propose some reflections on psychoanalysis and the work of Frantz Fanon, starting with an initial concern regarding a set of letters published by psychoanalysts in France on the topic of decoloniality. In the first part, we briefly outline the content of the french discussion, the contents of the letters and some of their various effects, as well as part of the french context in which the debate begins. Moving on to a discussion of some of Fanon's elaborations on the themes of identity, humanism, and universalism - wich are concepts densely present in french debate. We then advance to examine some of the ways psychoanalysis appears in Fanon's work, aiming to highlight some of the issues we consider fundamental to be observed in his writings, in conjunction with discussions on decoloniality and psychoanalysis. Through our production, we seek to engage and contribute to the debate on the potential contributions of Fanon's theory to the field of psychoanalysis.<hr/>RESUMEN Este artículo tiene como objetivo proponer algunas reflexiones sobre el psicoanálisis y la obra de Frantz Fanon, partiendo de una preocupación inicial en torno a un conjunto de cartas publicadas por psicoanalistas en Francia sobre el tema de la descolonización. En la primera parte, delineamos brevemente el contenido de la discusión francesa, el contenido de las cartas y algunos de sus diversos efectos, así como parte del contexto francés en el que comienza el debate. Luego, pasamos a discutir algunas de las elaboraciones de Fanon sobre los temas de identidad, humanismo y universalismo, conceptos densamente presentes en el debate francés. Avanzamos luego para examinar algunas de las formas en que el psicoanálisis aparece en la obra de Fanon, con el objetivo de resaltar algunos de los problemas que consideramos fundamentales para ser observados en sus escritos, en conjunto con las discusiones sobre descolonización y psicoanálisis. A través de nuestra producción, buscamos participar y contribuir al debate sobre las posibles contribuciones de la teoría de Fanon al campo del psicoanálisis. <![CDATA[Entre a Fome-tabu e o Trauma Intencional: Implicações Políticas e Metapsicológicas da Fome]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701427&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO A partir do reconhecimento de uma situação original de desamparo e dependência do outro a qual a criança está estruturalmente submetida, pontua-se que o apaziguamento da fome - considerado uma necessidade fundamental - culmina na consolidação da alteridade como lugar de referência e endereçamento, na erogeneização do corpo próprio, na constituição do Eu e na potencialização do devir do desejo. Logo, a fome e o fracasso do apelo ao outro são experiências potencialmente traumáticas, que produzem vulnerabilidades sociais e psíquicas graves e duradouras. Entende-se que as frustrações das expectativas de saciedade da fome, sobretudo na infância, produzem uma espécie de dor moral, correlata à fragilização da confiança no outro. Com Josué de Castro, reforça-se o aspecto político inarredável da fome, que se amalgama a suas implicações psíquicas e físicas. Com o médico e escritor pernambucano, sublinha-se a existência de uma intenção histórica do Estado brasileiro de ignorar, desmentir e até mesmo provocar a fome. É lembrado que, como um arguto leitor de Freud, o autor faz uso da teoria pulsional psicanalítica como operador conceitual para pensar a fome. Na esteira da contribuição de Castro, Ferenczi é trazido à baila a fim de fundamentar o caráter intencional e político do trauma da fome.<hr/>ABSTRACT From the recognition of an original situation of helplessness and dependence on the other to which the child is structurally subjected, it is pointed out that the appeasement of hunger - considered a fundamental need - culminates in the consolidation of alterity as a place of reference and addressing, in the erogenization of the own body, the constitution of the Self, and the potentialization of desire’s becoming. Therefore, hunger and the failure of the appeal to the other are potentially traumatic experiences that produce serious and lasting social and psychological vulnerabilities. Thence, frustrating the expectations of hunger’s satiety, especially in childhood, produce a kind of moral pain, which is correlated to the weakening of trust the other. With Josué de Castro, the inescapable political aspect of hunger, which is merged with its psychological and physical implications, is reinforced. From his ideas, the existence of a historical intention of the Brazilian state to ignore, deny, and even provoke hunger is emphasized. As a keen reader of Freud, the author uses psychoanalytic drive theory as a conceptual operator to think about hunger. Following Castro's contribution, Ferenczi is brought up to support the intentional and political nature of hunger trauma.<hr/>RESUMEN A partir del reconocimiento de una situación original de desamparo y dependencia del otro a la que el niño está estructuralmente sometido, se señala que el apaciguamiento del hambre - considerada una necesidad fundamental - culmina en la consolidación de la alteridad como lugar de referencia y direccionamiento, la erogeneización del cuerpo propio, la constitución del Yo y la potencialización del devenir del deseo. Entonces, el hambre y el fracaso del llamado al otro son experiencias potencialmente traumáticas que producen vulnerabilidades sociales y psicológicas graves y duraderas. Las frustraciones de las expectativas de saciedad del hambre, especialmente en la infancia, origina un dolor moral, correlacionado con el debilitamiento de la confianza en el otro. Con Josué de Castro, se refuerza el aspecto político ineludible del hambre, que se amalgama a sus implicaciones psicológicas y físicas. Con el escritor brasileño, se enfatiza la existencia de una intención histórica del Estado brasileño de ignorar, negar e incluso provocar el hambre. Se recuerda que, como lector perspicaz de Freud, el autor utiliza la teoría pulsional psicoanalítica como operador conceptual para pensar en el hambre. Siguiendo la contribución de Castro, Ferenczi se pone de relieve para respaldar la naturaleza intencional y política del trauma del hambre. <![CDATA[Desfazer o Mestre, ou Reinventar a Ordem: Apontamentos para uma Psicanálise Política]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701445&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este texto trabalha as instâncias da verdade e da história, nas suas relações com a ficção. As condições singulares de cada uma dessas três instâncias encontram pontos de convergência em um campo mais pragmático quando pensadas as suas incidências no plano de imanência do Mestre, personagem conceitual que em algumas formulações lacanianas é representado pelo termo S1 - em uma tentativa de aludir à função do significante que ocupa a posição de primeiro em relação a uma cadeia de significantes que o sucede. Por um método investigativo bibliográfico, fazemos permanecer a questão: podemos oferecer aportes e vias epistêmicas alternativos para uma prática conceitual e clínica psicanalítica que suponha este Mestre, S1, enquanto produção em um só-depois? Faz-se uma segunda interpelação: quais são as potencialidades de uma retomada do corpo conceitual psicanalítico desde a conexão com estudos sobre gênero, colonialidade e relações raciais - y como tal conexão pode oferecer desvios felizes a este campo de pensamento?<hr/>ABSTRACT This text intertwines the instances of truth, history and fiction. The unique conditions of each of these three instances converge in a more pragmatic field when considering their impact on the plane of immanence of the Master, a conceptual character that in some Lacanian formulations is represented by the term S1 - in an attempt to allude to the function of a precedent signifier related to a chain of signifiers that follows it. Through a bibliographical investigative method, we sustain the question: can we conceive alternative epistemologies for the conceptual and clinical practice of a psychoanalysis that assumes this Master, S1, as a production in an après-coup? Inherently, a second question arises: what are the potentialities of reclaiming a conceptual psychoanalytical corpus from the connection with studies on gender, coloniality and racial relations - and how this operation can offer optimal deviations to the field of psychoanalytic thought?<hr/>RESUMEN Este texto trabaja las relaciones entre las instancias de la verdad, de la historia y sus relaciones con la ficción. Las condiciones sigulares de cada una de estas tres instancias encuentran puntos de convergencia en un campo más pragmático al considerar su incidencia en el plano de inmanencia del Amo, carácter conceptual que en algunas formulaciones lacanianas se representa con el término S1 - en un intento de aludir a la función del significante que ocupa la posición de primero en relación a una cadena de significantes siguientes. A través de un método investigativo bibliográfico, hacemos con que permanezca la cuestión: ¿podemos ofrecer epistemologías alternativas para la práctica conceptual y clínica de un psicoanálisis que asuma este Amo, S1, como producción en un après-coup? Paralelamente, surge una segunda interpelación: ¿cuáles son las potencialidades de una recuperación del cuerpo conceptual psicoanalítico a partir de la conexión con los estudios sobre género, colonialidad y relaciones raciales - y cómo esta conección puede ofrecer desviaciones positivas al campo del pensamiento psicoanalítico? <![CDATA[A Psicanálise nos Conflitos Políticos: Clínica, Ciência e Coletivos]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701466&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O artigo desponta da construção de um amplo panorama que localiza afinidades estruturais e tensões problemáticas entre a psicanálise e os coletivos. Nossa revisão de literatura, sobre psicanálise e política, discerne o valor da análise do psicanalista na sustentação da tarefa de subversões políticas do divã às praças públicas. Na sequência, pensamos as repercussões da política da psicanálise frente aos debates que envolvem neurodiversidade/autismo, cientificismo psicoterápico e capitalismo. Pretendemos criticar uma versão alienante da política, versão protagonista dos diferentes temas que abordamos e veiculada pelo agente na função do semblante - a lei, o saber-todo ou o indivíduo hedonista servo de seus mais-de-gozar (discurso capitalista). Na contrapartida dessa versão, está a prática advinda de um Judeu - ou seja, de um corpo que viveu os efeitos do racismo dos discursos, antes mesmo da ascensão do Nazismo - e elaborada através da escuta de algo amordaçado na potencialidade da sexualidade feminina. A partir de tais fatos, argumentamos uma crucial chave de leitura à psicanálise nos conflitos políticos: interrogar a subjetividade de quem psicanalisa. Resultando no questionamento de modalizações conservadoras que marcaram a história da clínica psicanalítica e ainda ressoam no fazer teórico-prático.<hr/>ABSTRACT The article emerges from the construction of a large panorama that locates structural affinities and problematic tensions between psychoanalysis and collectives. Our literature review on Psychoanalysis and Politics discerns the value of the psychoanalyst's analysis in sustaining the task of political subversions from the divan to the public space. In the sequence, we consider the repercussions of the politics of psychoanalysis in the face of debates involving neurodiversity/autism, psychotherapeutic scientificism and capitalism. We intend to criticize an alienating version of politics, a version that is the protagonist of the different themes we approach and which is conveyed by the agent in the function of the semblant - the law, the all-knowing or the hedonistic individual who is the servant of his own surplus-jouissance (capitalist discourse). The counterpart to this version is the practice coming from a Jew - that is, from a body that lived the effects of the racism of discourses, even before the rise of Nazism - and elaborated by listening to something muzzled in the potentiality of female sexuality. Based on these facts, we argue that there is a crucial key to psychoanalysis in political conflicts: questioning the subjectivity of those who psychoanalyze. This results in the questioning of conservative modalizations that have marked the history of the psychoanalytic clinic and still resonate in the doing of theoretical-practical.<hr/>RESUMEN El artículo surge de la construcción de un amplio panorama que localiza afinidades estructurales y tensiones problemáticas entre el psicoanálisis y los colectivos. Nuestra revisión bibliográfica, sobre Psicoanálisis y Política, discute el valor del análisis del psicoanalista para sostener la tarea de subversiones políticas del diván a las plazas públicas. En seguida, pensamos en las repercusiones de la política del psicoanálisis frente a los debates sobre neurodiversidad/autismo, cientificismo psicoterapéutico y capitalismo. Pretendemos criticar una versión alienante de la política, una versión que protagoniza en los diferentes temas que abordamos y que es vehiculada por el agente en el papel del semblante - la ley, el saber-todo o el individuo hedonista siervo de su propio más-de-gozar (discurso capitalista). En la contrapartida de esta versión está la práctica proveniente de un judío - es decir, de un cuerpo que vivió los efectos del racismo de los discursos, incluso antes del ascenso del nazismo - y elaborada al escuchar algo amordazado en la potencialidad de la sexualidad femenina. A partir de estos hechos, sostenemos que hay una clave de lectura crucial del psicoanálisis en los conflictos políticos: cuestionar la subjetividad de quienes psicoanalizan. Esto resulta en el cuestionamiento de las modalidades conservadoras que han marcado la historia de la clínica psicoanalítica y aún resuenan en el hacer teórico-práctico. <![CDATA[Neguentropia Algorítmica e a Gestão Digital do Gozo]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701486&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O algoritmo digital permitiu o manejo de dados dos usuários da web pelos conglomerados informacionais. De forma discreta e personalizada, a nova forma de governamentalidade coleta, organiza, permuta e devolve os dados ao próprio indivíduo na forma de mais informações. Cada vez mais, esbarra na dimensão singular, tocando o campo do gozo via proliferação de objetos a que, na teoria lacaniana dos discursos, assume a dupla função de perda e de incessante tentativa de suplementação de gozo. Com o incremento informacional, o objeto chega ao ápice social e o digital alcança patamar discursivo. Inserindo-se no mesmo nicho do saber, a informação digital se aproveita da divisão subjetiva, deixando pouco espaço para que o sujeito possa lidar com a entropia de seu gozo via desejo. Se a neguentropia é o atributo do saber que limita a dispersão de gozo, na informação tratada e retornada algoritmicamente tal processo sofre uma aceleração, agindo diretamente sobre a economia dos afetos. Com prejuízo para o sujeito, resta uma experiência de gozo cada vez mais direta, crua, menos mediatizada pelo saber e pelo Outro.<hr/>ABSTRACT The digital algorithm has allowed the management of data from web users by informational conglomerates. In a discreet and personalized way, the new form of governmentality collects, organizes, exchanges and returns data to the individual in the form of more information. More and more, it comes up against the singular dimension, touching the field of jouissance via the proliferation of objects a which, in the Lacanian theory of discourses, assumes the double function of loss and an incessant attempt to supplement jouissance. With the increase in information, the object reaches the social apex and the digital reaches a discursive level. Inserting itself in the same niche of know [savoir], digital information takes advantage of the subjective division, leaving little space for the subject to deal with the entropy of his jouissance via desire. If negentropy is the attribute of savoir that limits the dispersion of jouissance, in the information processed and returned algorithmically this process is accelerated, acting directly on the economy of affections. To the detriment of the subject, what remains is an experience of jouissance that is increasingly direct, raw, less mediated by savoir and the Other.<hr/>RESUMEN El algoritmo digital permitió la gestión de datos de los usuarios de la web por parte de conglomerados informativos. De forma discreta y personalizada, la nueva forma de gubernamentalidad recolecta, organiza, intercambia y devuelve datos al individuo en forma de más información. Cada vez más, choca con la dimensión singular, tocando el campo del goce a través de la proliferación de objetos a que, en la teoría lacaniana de los discursos, asume la doble función de pérdida y de intento incesante de complementar el goce. Con el aumento de la información, el objeto alcanza el ápice social y lo digital alcanza un nivel discursivo. Insertándose en el mismo nicho del conocimiento, la información digital aprovecha la división subjetiva, dejando poco espacio para que el sujeto gestione la entropía de su goce vía deseo. Si la negentropía es el atributo del saber que limita la dispersión del goce, en la información procesada y devuelta algorítmicamente, este proceso se acelera, actuando directamente sobre la economía de los afectos. En detrimento del sujeto, lo que queda es una experiencia de goce cada vez más directa, cruda, menos mediatizada por el saber y el Otro. <![CDATA[Pulsão de Morte e Sublimação: A (Re)invenção da Vida nas Dobras da Racionalidade Técnico-Científica]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701506&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O advento das biotecnologias no mundo contemporâneo, em particular das Novas Tecnologias Reprodutivas (NTR’s), liberando a sexualidade dos antigos imperativos da procriação, nos oferece uma prova contundente da abertura ilimitada da vida à transformação das condições em que as normas vitais engajam os organismos no processo de individuação. Mais do que isso, evidencia o caráter essencialmente contingente da ligação entre vida, morte e sexualidade. O objetivo deste trabalho é examinar a fecundidade da concepção freudiana de sublimação - lida sob o registro das transformações que a ela se impõem com o advento do conceito de pulsão de morte (1920) - em subsidiar uma reflexão ética e política acerca dos efeitos da incidência das Novas Tecnologias Reprodutivas (NTR’s) nos campos da reprodução, da sexualidade e do laço social. Nossa hipótese é a de que o fenômeno das biotecnologias desvela, sob a cobertura do temor, tão frequentemente evocado por alguns de nossos contemporâneos, de dilapidação das instituições e dos modos de vida sobre os quais acreditávamos poder fundar nossa fantasmática “humanidade”, a infinita potência da vida em recriar-se diante d’isso que quer destruí-la.<hr/>ABSTRACT The advent of biotechnologies in the contemporary world, particularly New Reproductive Technologies (NTRs), freeing sexuality from the old imperatives of procreation, offers us overwhelming proof of the unlimited opening up of life to the transformation of conditions in which vital norms engage the organisms in the individuation process. Even more so, it highlights the essentially contingent character of the connection between life, death, and sexuality. The aim of this study is, therefore, to examine the fruitfulness of the Freudian conception of sublimation, read under the register of the transformations imposed upon this notion with the advent of the death drive concept (1920), in subsidizing an ethical and political reflection on the effects of the incidence of NTRs in the reproduction, sexuality and social bond fields. Our hypothesis is that the biotechnologies phenomenon reveals, under the cover of fear, so often evoked by some of our contemporaries, of institutional dilapidation and ways of life in which we believed we could establish our fantastic “humanity”, the infinite life's power to recreate itself in the face of that which wants to destroy it.<hr/>RESUMEN La llegada de las biotecnologías en el mundo contemporáneo, en particular de las Nuevas Tecnologías Reproductivas (NTR’s), liberando la sexualidad de los imperativos de la procreación, nos ofrece una prueba contundente de la abertura ilimitada de la vida a la transformación de las condiciones en que las normas vitales capacitan el organismo a la individuación. Más allá de eso, se evidencia el carácter esencialmente contingente de la ligación entre vida, muerte y sexualidad. El objetivo de este estudio es examinar la fecundidad de la concepción freudiana de sublimación - leída bajo el registro de las transformaciones que a ella se imponen con la llegada del concepto de pulsión de muerte (1920) - en subsidiar una reflexión ética y política acerca de los efectos de la incidencia de las Nuevas Tecnologías Reproductivas (NTR’s) en los campos de la reproducción, de la sexualidad y del lazo social. Nuestra hipótesis es que el fenómeno de las biotecnologías desvela, bajo la cobertura del temor, tan frecuentemente evocado por algunos de nuestros contemporáneos, de dilapidación de las instituciones y de los modos de vida sobre los cuales creíamos poder fundar nuestra fantasmática “humanidad”, la infinita potencia de la vida en recrearse de ante d’eso que quiere destruirla. <![CDATA[Do Discurso Capitalista Neoliberal ao Sujeito como Inapropriável]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701522&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Por meio da formalização lacaniana da teoria dos discursos e do discurso do capitalista, objetivamos localizar os modos de operação presentes na racionalidade neoliberal. Partimos da introdução de uma nova modalidade de laço social, que parece travar as possibilidades de funcionamento do quarto de giro e opera sob o psiquismo aos moldes de uma produção ilimitada, reduzindo o desejo à dimensão da demanda. Esse movimento realiza uma manobra de captura da subjetividade por meio do supereu e passa a se orientar por horizontes forjados pelo neoliberalismo. A empreitada do discurso do capitalista se assemelha a um “crime perfeito”, a qual tem como meta o apagamento de qualquer rastro que sirva como uma orientação desejante. Apostamos na inscrição do desejo por meio do ato de escuta como estratégia de localização de representações possíveis. Assim evita-se a consumação de um crime perfeito e trata-se de uma operação com um resto inassimilável pela economia de mercado. É na medida em que esse resto pode ser acolhido por meio de uma escuta que se inscreve a possibilidade de produção não apenas de uma coordenada pautada no desejo bem como de uma estratégia política frente ao ilimitado dos mercados contemporâneos.<hr/>ABSTRACT Through Lacan’s formalization of the theory of discourses and the discourse of the capitalist, we aim to locate the operation modes present in neoliberal rationality. We start from the introduction of a new modality of social bond, which seems to block the working possibilities of a quarter spin and operates under the psyche in the mold of an unlimited production, reducing desire to the dimension of demand. This movement captures the subjectivity through the superego and begins to be guided by horizons forged by neoliberalism. The endeavor of the capitalist discourse resembles the “perfect crime”, which has as its goal the erasure of any trace that serves as a desiring orientation. We bet on the inscription of desire through the act of listening as a strategy for locating possible representations. In this way, the consummation of a perfect crime is avoided and it is turns to be about an operation with a leftover that cannot be assimilated by the market economy. It is to the extent that this remainder can be welcomed through listening that the possibility of producing not only a coordinate based on desire, but also a political strategy in the face of the unlimited nature of contemporary markets is inscribed.<hr/>RESUMEN Por medio de la formalización lacaniana de la teoría de los discursos y del discurso del capitalista, pretendemos ubicar los modos de operación presentes en la racionalidad neoliberal. Partimos de la introducción de una nueva modalidad de vínculo social, que bloquea las posibilidades de trabajo del rotación y opera bajo el psiquismo en el molde de una producción ilimitada, reduciendo el deseo a la demanda. Este movimiento captura la subjetividad a través del superyó y comienza a guiarse por horizontes forjados por el neoliberalismo. La obra del discurso capitalista se asemeja al “crimen perfecto”, que tiene como fin borrar cualquier rastro de orientación deseante. Apostamos por la inscripción del deseo a través del acto de escuchar como estrategia de localización de posibles representaciones. De esta forma se evita la consumación de un delito perfecto y se trata de una operación con un resto que no puede ser asimilado por la economía de mercado. Es en la medida en que este resto puede ser acogido a través de la escucha que se inscribe la posibilidad de producir no sólo una coordenada basada en el deseo, sino también una estrategia política frente a la naturaleza ilimitada de los mercados contemporáneos. <![CDATA[Os Discursos de Ódio na Contemporaneidade: Da Face Subjetiva à Face Política]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701542&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O presente artigo propõe apresentar algumas contribuições da psicanálise para entender os aspectos subjetivos e políticos presentes no ódio. No atual contexto sociopolítico brasileiro este afeto tem figurado enquanto discurso predominante e espaços como as redes sociais digitais têm se tornado cada vez mais um campo fértil para a sua propagação e legitimação, sendo por vezes sustentado e fomentado pelo aparato institucional público. Esta pesquisa teve como ponto de partida a releitura e reflexão crítica dos textos freudianos, como os que trazem os conceitos de identificação e narcisismo, centrais para entender o que mobiliza e potencializa a incidência deste afeto bem como seus efeitos na contemporaneidade. Neste percurso foi constatado que o ódio comparece sempre na relação com o outro a partir da intolerância a alguma diferença que representa uma ameaça às ilusões narcísicas do sujeito. Embora seja considerado um afeto constitutivo do ser humano, é também um fenômeno cultural, social e político, podendo tornar-se potencialmente destrutivo para a humanidade quando o objetivo se torna segregar pessoas e grupos a fim de se eliminar as diferenças.<hr/>ABSTRACT This article presents some contributions of psychoanalysis to understand the subjective and political aspects of hatred. In the current Brazilian sociopolitical context, hatred has figured as a predominant discourse, thus, spaces like digital social networks have become a fertile field for its propagation and legitimation, sometimes with the support and instigation of the public institutional apparatus. This study has as its starting point the critical reflection of Freudian texts that address concepts of identification and narcissism, central to understanding what mobilizes and enhances the incidence of this emotion, as well as its effects in contemporary times. In this analysis, it was found that hatred always appears in relationships based on intolerance to differences that might represent a threat to the subject's narcissistic illusions. Although it is considered a constitutive emotion of the human being, hatred is also a cultural, social and political phenomenon, and can become potentially destructive for humanity if used to segregate people and groups in order to eliminate differences.<hr/>RESUMEN Este artículo se propone presentar algunos aportes del psicoanálisis para comprender los aspectos subjetivos y políticos presentes en el odio. En el contexto sociopolítico brasileño actual, este afecto ha figurado como un discurso predominante y espacios, como las redes sociales digitales, se han convertido cada vez más en un campo fértil para su propagación y legitimación, siendo a veces apoyado y fomentado por el aparato institucional público. Esta investigación tuvo como punto de partida la relectura y reflexión crítica de textos freudianos, como aquellos que traen los conceptos de identificación y narcisismo, centrales para comprender lo que moviliza y potencia la incidencia de este afecto, así como sus efectos en la contemporaneidad. En ese camino, se constató que el odio siempre aparece en la relación con el otro a partir de la intolerancia a alguna diferencia que representa una amenaza para las ilusiones narcisistas del sujeto. Aunque se considera un afecto constitutivo del ser humano, también es un fenómeno cultural, social y político, y puede volverse potencialmente destructivo para la humanidad cuando el objetivo pasa a ser segregar personas y grupos para eliminar las diferencias. <![CDATA[A Escola Sob Ataque e o Lento Cancelamento do Futuro]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701560&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO A realidade social, política e educacional do Brasil, nos últimos anos, vem cobrando novos posicionamentos do campo que articula a Psicanálise e a Educação no país. Com o artigo, buscamos modos da Psicanálise, como uma teoria crítica, em diálogo com o campo da educação e da política, contribuir com um melhor entendimento dos sintomas sociais que se apresentam nas questões educacionais e, em especial, na onda de violência que atualmente assola as instituições escolares. Entendemos que os recentes ataques às escolas têm que ser vistos no contexto de vários outros ataques, desde a ausência histórica de investimentos em educação no país, até ao espectro de morte que ronda o cotidiano escolar, com as altas taxas de homicídios e suicídios de adolescentes, expressões e consequências da necropolítica e do Estado suicidário que se instala na sociedade brasileira. Para discutir aspectos educacionais é ainda necessário articular questões das ciências, da natureza, da economia e da política. À guisa de conclusão, o escrito provoca a necessidade de que se possa fazer, aos jovens, a transmissão pelo desejo de imaginar outros mundos e sonhar outros sonhos.<hr/>ABSTRACT The social, political and educational reality in Brazil, in recent years, has demanded new positions from the field that articulates Psychoanalysis and Education in the country. This article seeks ways for Psychoanalysis, as a critical theory, in dialogue with the field of education and politics, to contribute to a better understanding of the social symptoms that appear in educational issues and, in particular, in the wave of violence that currently plagues educational institutions. We understand that the recent attacks on schools have to be seen in the context of several other attacks, from the historical lack of investment in education in the country, to the spectre of death that surrounds everyday school life, with the high rates of homicides and suicides in adolescents - expressions and consequences of necropolitics and the suicidal state that is installed in Brazilian society. When discussing educational aspects, we necessarily need to articulate issues of science, nature, economics and politics. By way of conclusion, this paper provokes the need to transmit to young people the desire to imagine other worlds and dream other dreams.<hr/>RESUMEN La realidad social, política y educativa en Brasil, en los últimos años, ha demandado nuevos posicionamientos del campo que articula el Psicoanálisis y la Educación en el país. De esta manera, el artículo busca caminos para que el Psicoanálisis, como teoría crítica, en diálogo con el campo de la educación y la política, contribuya a una mejor comprensión de los síntomas sociales que aparecen en los temas educativos y, en particular, en la ola de violencia que azota actualmente a las instituciones educativas. Entendemos que los recientes ataques a escuelas tienen que ser vistos en el contexto de varios otros ataques, desde la falta histórica de inversión en educación en el país, hasta el espectro de muerte que rodea la cotidianidad escolar, con los altos índices de homicidios y suicidios en adolescentes, expresiones y consecuencias de la necropolítica y del estado suicida que se instala en la sociedad brasileña. Es decir, cuando se habla de aspectos educativos, necesariamente necesitamos articular temas de ciencia, naturaleza, economía y política. A modo de conclusión, el escrito provoca la necesidad de transmitir a los jóvenes el deseo de imaginar otros mundos y soñar otros sueños. <![CDATA[Os Fenômenos de Massa e as Redes Sociais no Contexto Político Brasileiro: Uma Leitura Psicanalítica]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701577&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar os movimentos de massa contemporâneos presentes no cenário político brasileiro nos anos de 2013 e 2015, assim como seus efeitos no laço social, a partir das contribuições da psicanálise, valendo-se, em especial, dos textos clássicos de Freud que tratam sobre as massas e o mal-estar na cultura e das elaborações lacanianas sobre os discursos que sustentam o laço social. Com isso, busca-se levantar algumas hipóteses e refletir acerca do fenômeno de formação de massas na atualidade, onde se destaca a mais potente ferramenta de mobilização política contemporânea: as redes sociais. Atualmente, avolumam-se os exemplos no Brasil e no mundo de manifestações convocadas pelas redes sociais, com seu poder de propagação e disseminação de informação e desinformação. Nos últimos dez anos, o que colhemos é a intensificação e complexificação desses processos, conforme avança o “poder” das redes sociais e a forma como ela vem se estabelecendo em nossas sociedades. Na copulação entre ciência e capitalismo observada nas redes, os algoritmos respondem e operam de acordo com os interesses do mercado, manipulando as subjetividades.<hr/>ABSTRACT This article aims to analyze the contemporary mass movements present on the Brazilian political scenario in the years 2013 and 2015, as well as their effects on the social bond, based on the contributions of psychoanalysis, using, in particular, Freud’s classic texts that deal with the masses, civilization and its discontents and the lacanian elaborations on the discourses that sustain the social bond. With this, we seek to raise some hypotheses and reflect on the phenomenon of mass formation today, where the most powerful tool of contemporary political mobilization stands out: the social networks. Currently, examples in Brazil and around the world of demonstrations convened by social networks, with their power to propagate and disseminate information and misinformation, are growing. In the last ten years, what we have seen is the intensification and complexity of these processes, as the “power” of social networks advances and the way in which it has been establishing itself in our societies. In the copulation between science and capitalism observed in the networks, the algorithms respond and operate according to the interests of the market, manipulating subjectivities.<hr/>RESUMEN Este artículo tiene como objetivo analizar los movimientos de masas contemporáneos presentes en el escenario político brasileño en los años 2013 y 2015, así como sus efectos en el lazo social, a partir de las contribuciones del psicoanálisis, utilizando, en particular, de los textos clásicos de Freud que tratan sobre las masas y el malestar en la cultura y las elaboraciones lacanianas sobre los discursos que sustentan el lazo social. Con ello, buscamos plantear algunas hipótesis y reflexionar sobre el fenómeno de la formación de masas en la actualidad, donde se destaca la herramienta más poderosa de la movilización política contemporánea: las redes sociales. Actualmente, crecen los ejemplos en Brasil y en el mundo de manifestaciones convocadas por las redes sociales, con su poder de propagar y difundir información y desinformación. En los últimos diez años lo que hemos visto es la intensificación y complejidad de estos procesos, a medida que avanza el “poder” de las redes sociales y la forma en que se ha ido instalando en nuestras sociedades. En la cópula entre ciencia y capitalismo observada en las redes, los algoritmos responden y operan de acuerdo a los intereses del mercado, manipulando subjetividades. <![CDATA[Discurso do Analista e Democracia em Risco: Por Que o Psicanalista Não Pode Ser Bolsonarista?]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701597&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO O objetivo deste trabalho é responder por que um psicanalista não pode ser bolsonarista. Para isso, partimos da articulação entre a noção de pós-verdade e verdade sob uma perspectiva psicanalítica. Por meio de uma revisão teórica, discorremos sobre tais perspectivas tendo como cenário o contexto brasileiro das últimas eleições presidenciais e da gestão da pandemia de COVID-19. Articulamos pós-verdade e verdade a uma terceira noção, a autoverdade, a partir da discussão sobre a importância que assume o discurso do psicanalista quando este se posiciona diante dos outros discursos propostos por Lacan, sobretudo em um contexto de risco à democracia. Concluímos que a partir da dimensão clínica, eixo central de sua prática, o psicanalista não pode ser bolsonarista porque, ao ocupar o lugar de a, não estabelece com o outro uma relação de manutenção de um gozo destrutivo, gozo que não leva em conta a responsabilidade subjetiva cujas incidências mais prementes se dão sobre a vivência da alteridade.<hr/>ABSTRACT The objective of this work is to answer why a psychoanalyst cannot be a bolsonarista. For this, we start from the articulation between the notion of post-truth and the truth in a psychoanalytical perspective. Through a predominantly psychoanalytical theoretical review, we discuss such perspectives against the brazilian’s last presidential elections and the management of the COVID-19 pandemic background. We intend to articulate the discussion about the importance that the psychoanalyst's discourse assumes when it takes a position in relation to other discourses, proposed by Lacan, especially in a democracy risk’s context. We conclude that from the clinical practice, the central axis of his job, the psychoanalyst cannot be a bolsonarista because, by occupying the place of a, he does not establish with the other a relationship of maintenance of a destructive jouissance, jouissance that does not take into account the subjective responsibility whose most pressing incidences are on the experience of alterity.<hr/>RESUMEN El objetivo de este trabajo es responder por qué un psicoanalista no puede ser bolsonarista. Para ello, partimos de la articulación entre la noción de posverdad y la verdad en una perspectiva psicoanalítica. A través de una revisión teórica predominantemente psicoanalítica, discutimos tales perspectivas en el contexto brasileño de las últimas elecciones presidenciales y la gestión de la pandemia de COVID-19. Nosotros partimos de la discusión sobre la importancia que asume el discurso del psicoanalista cuando toma posición en relación a otros discursos, propuestos por Lacan, especialmente en un contexto de riesgo para la democracia. Concluimos que desde la dimensión clínica, eje central de su práctica, el psicoanalista no puede ser bolsonarista porque, al ocupar el lugar de a, no establece con el otro una relación de mantenimiento de un goce destructivo, goce que no tomar en cuenta la responsabilidad subjetiva cuyas incidencias más apremiantes son sobre la experiencia de la alteridad. <![CDATA[Fronteiras da Língua: Desarraigamento e Testemunho em Psicanálise]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701618&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Abordamos o problema da língua na psicanálise, apontando como esta lida com os limites nos quais esbarra em seu exercício linguageiro. Mostramos a relação entre letra, lugar e as fronteiras da língua. A partir da abordagem do exílio e do desarraigamento no campo da arte e da literatura, problematizamos o monolinguismo e situamos a importância do ato de recepção do testemunho em psicanálise. Como escutar o que escapa à representação? Apontamos a dimensão política da prática d’alíngua como via de reabitar a língua, recurso cuja escrita viabiliza novas leituras do mundo. A psicanálise encontra, assim, o desafio de fazer surgir/emergir aquilo que foi apagado/silenciado, contribuindo para a produção de novos territórios linguísticos que sejam respeitosos com a diferença e viabilizem o trânsito entre línguas. Ler com o translinguístico é uma maneira de grifar o movimento daqueles que estão à margem e fornece pistas para a reinvenção necessária do lugar de escuta.<hr/>ABSTRACT We address the problem of language in psychoanalysis, pointing out how it deals with the limits it encounters in its language exercise. We show the relationship between letter, place, and language borders. From the approach of exile and uprooting in the field of art and literature, we problematize monolingualism and place the importance of the act of receiving testimony in psychoanalysis. How to listen to what escapes representation? We point out the political dimension of the practice of lalangue as a way to reinhabit the language, a resource whose writing enables new readings of the world. Psychoanalysis thus faces the challenge of bringing to light/emerging what has been erased/silenced, contributing to the production of new linguistic territories that are respectful of difference and make transit between languages possible. Reading with the translinguistic is a way of highlighting the movement of those who are on the margins and provides clues for the necessary reinvention of the place of listening.<hr/>RESUMEN Abordamos el problema de la lengua en psicoanálisis, señalando cómo lidia con los límites que encuentra en su ejercicio del lenguaje. Mostramos la relación entre letra, lugar y fronteras de la lengua. Desde el enfoque del exilio y del desarraigo en el campo del arte y la literatura, problematizamos el monolingüismo y ubicamos la importancia del acto de recibir testimonio en el psicoanálisis. ¿Cómo escuchar lo que escapa a la representación? Señalamos la dimensión política de la práctica del lenguaje como forma de rehabitar la lengua, recurso cuya escritura posibilita nuevas lecturas del mundo. El psicoanálisis enfrenta así el desafío de sacar a la luz/emerger lo borrado/silenciado, contribuyendo a la producción de nuevos territorios lingüísticos respetuosos de las diferencias y posibilitando el tránsito entre lenguas. Leer con el translingüístico es una forma de evidenciar el movimiento de los que están en los márgenes y da pistas para la necesaria reinvención del lugar de la escucha. <![CDATA[A Formação do Psicanalista e os Princípios de Seu Poder]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812023000701633&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt RESUMO Este artigo se propõe a elaborar, a partir da formação do psicanalista e da política da psicanálise, a articulação entre os campos psicanalítico e da saúde mental. Para isso, parte-se do alerta de Freud quanto ao risco de a psicanálise figurar como uma técnica a mais, no rol das especialidades médicas, somado às questões colocadas por Franco Basaglia para a Psiquiatria e a Psicanálise. Compreende-se que tanto os questionamentos de Basaglia, quanto as justificativas dadas por Lacan em seu retorno a Freud, têm como possível elo o alerta quanto ao risco de reduzir o tratamento dispensado para sujeitos em situação de intenso sofrimento psíquico, bem como a formação ofertada no interior das instituições psicanalíticas, a um mero exercício de adequação social. Nesse sentido, indicamos ser a política do psicanalista, com seu radical compromisso com a perspectiva de não redução da Psicanálise à oferta de um tratamento que negue a condição de falta-a-ser do sujeito, uma perspectiva possível para situar o psicanalista frente ao aparelhamento das instituições, sejam as de saúde mental, sejam aquelas que atravessam a formação do psicanalista, como a Universidade e as Escolas de Psicanálise.<hr/>ABSTRACT This article proposes to elaborate from the education of psychoanalysts and the politics of psychoanalysis, the articulation between the psychoanalytic and mental health fields. To that end, it starts with Freud's warning about the risk of psychoanalysis appearing as one more technique in the list of medical specialties, added to the questions raised by Franco Basaglia to Psychiatry and Psychoanalysis. It is understood that both Basaglia's questions and the justifications given by Lacan in his return to Freud have as a possible link the alert regarding the risk of reducing the treatment given to subjects in situations of intense psychic suffering, as well as the education offered in the within psychoanalytic institutions, to a mere exercise of social adequacy. In that sense, we indicate that the psychoanalyst's policy, with his radical commitment to the perspective of not reducing Psychoanalysis to the offer of a treatment that denies the subject's condition of lack-to-be, is a possible perspective to place the psychoanalyst in the face of the rigging of institutions, whether those of mental health or those that permeate the education of psychoanalysts, such as the University and Schools of Psychoanalysis.<hr/>RESUMEN Ese artículo se propone elaborar, a partir de la formación del psicoanalista y de la política del psicoanálisis, la articulación entre los campos psicoanalíticos y de la salud mental. Para eso, partimos de la alerta de Freud cuanto al riesgo del psicoanálisis engendrar como una técnica a más en el rol de las especialidades médicas, sumado a las cuestiones planteadas por Franco Basaglia para la Psiquiatría y el Psicoanálisis. Se entiende que tanto los cuestionamientos de Basaglia, cuanto las justificativas ofrecidas por Lacan en su retorno hacia Freud tienen como posible enlace la alerta cuanto, al riesgo en reducir el tratamiento dispensado para los sujetos en situación de intenso sufrimiento psíquico, así como la formación ofrecida en el interior de las instituciones psicoanalíticas, a un simples ejercicio de adecuación social. En ese sentido, indicaremos ser la política del psicoanalista, con su radical compromiso con la perspectiva de la no reducción del Psicoanálisis a una oferta de un tratamiento que niegue la condición de falta-a-ser del sujeto, una perspectiva posible para situar el psicoanalista frente al preparo de las instituciones, sean de salud mental, sean aquellas que atraviesan la formación del psicoanalista, como la Universidad y las Escuelas de Psicoanálisis.