Scielo RSS <![CDATA[Natureza humana ]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1517-243020150001&lang=t vol. 17 num. 1 lang. t <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[<b>The concept of anxiety in Freud's early theory</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302015000100001&lng=t&nrm=iso&tlng=t Desde o início de sua teoria, Freud busca caracterizar a angústia. A hipótese mais difundida entre os intérpretes da obra freudiana é a de que ele formulou duas teorias sobre a angústia. Na primeira, ela é concebida como transformação da energia sexual que não pôde ser adequadamente descarregada, e, na segunda, ganha ênfase a ideia da angústia como reação a um perigo. Este artigo tem como objetivo analisar as primeiras formulações de Freud sobre o afeto e a angústia, bem como apontar a presença, já na etapa inicial da teoria, de uma antecipação das reflexões sobre as relações entre a memória, a sinalização de perigo e a angústia, que são claramente apresentadas em Inibição, sintomas e angústia (1926/1975).<hr/>From the very beginning of his career, Freud tried to define anxiety. The most widespread hypothesis among Freudian scholars is that he developed two theories of anxiety. In the first one, anxiety is conceived as resulting from the transformation of sexual energy that could not be properly discharged. In the second hypothesis, in turn, the concept of anxiety as a reaction to danger is emphasized. This paper sets out to discuss Freud's early views on affect and anxiety and argues that, even in the earliest stages of the development of his theory, there is an anticipation of the ideas about the relationship between memory and signs of danger, on one hand, and anxiety, on the other, that were to be more thoroughly developed in his 1926 book Inhibitions, Symptoms and Anxiety. <![CDATA[<b>Winnicott's transitional object in the formation of the Lacanian concept of object <i>a</i></b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302015000100002&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este artigo se propõe a estabelecer possíveis aproximações entre o conceito de objeto a lacaniano e o conceito de objeto transicional winnicottiano. Inicialmente, as referências lacanianas à obra de Winnicott aparecem sob a forma de crítica, como no Seminário 4 (1956- 1957/1995), em que está em jogo a discussão sobre as relações de objeto. Porém, alguns anos depois, no Seminário 15 (1967-1968), a vinculação do objeto a ao objeto transicional é explicitamente declarada por Lacan, acompanhada de um forte reconhecimento do trabalho do psicanalista inglês. Ao percorrermos esse trajeto, deverá ficar clara a importância dos objetos para a constituição subjetiva do ponto de vista de uma teoria psicanalítica.<hr/>This article aims to indicate possible approximations between the Lacanian concept of object a and the Winnicottian concept of transitional object. Initially, the Lacanian references to Winnicott's work are mostly critics, e.g. in the Seminar 4 (1956-1957/1995), which debates the issue of object relation. Nevertheless, a few years later, in the Seminar 15 (1967-1968), an association between the object a and the transitional object is explicitly stated by Lacan, accompanied by a strong recognition of the English psychoanalyst's work. Through this demarche, it should be clear the importance of the objects to the subjective constitution from the point of view of a psychoanalytical theory. <![CDATA[<b>From the temporality of the existence and from the instant</b>: <b>an ontological-existential investigation according to the thought of Heidegger</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302015000100003&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este texto apresenta uma investigação a respeito do instante em Heidegger, articulando a analítica do Dasein de Ser e Tempo com o pensamento do Ereignis. Para tanto, busca pensar, como pressuposto, a existência em seu caráter de temporalidade. O ser humano é pensado como Dasein, ou seja, em seu relacionamento fundamental para com o Ser. A essência do Dasein é a existência. A existência se funda no cuidado, que, por sua vez, se funda na temporalidade. A temporalidade mais própria reúne futuro, passado e atualidade na dinâmica de uma resolução antecipadora em que o homem, assumindo-se como ser-para-a-morte, torna-se livre para o seu poder-ser mais próprio, numa resposta de dedicação e de entrega ao apelo do Ser. Essa reunião das "ekstases" da temporalidade mais própria é o instante.<hr/>This paper presents an investigation about the instant in Heidegger, articulating the analytics of Dasein by Being and Time with the thought of Ereignis. Therefore, it seeks to think, as a presupposition, the existence in his character of temporality. The human being is conceived as Dasein, i. e, in its fundamental relationship to the Being as such. The essence of Dasein is existence. The existence is grounded on Sorge (concern, care), which, in turn, is grounded on temporality. The most own temporality brings together future, past and present in the dynamics of an anticipatory decision on which the man, accepting himself as being-unto-death, it becomes free for their power-to-be authentic, in a response of dedication and self-donation to the call of Being. This gather together future, past and present in the authentic existence, i.e, in the most own temporality: the instant. <![CDATA[<b>The objectification of human phenomena</b>: <b>observations in the light of Winnicott and Heidegger</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302015000100004&lng=t&nrm=iso&tlng=t In The Age of the World Picture, philosopher Martin Heidegger claims that scientific representations do not reduce themselves to pure appropriations of what they present. Rather, they convey investigations that confine being to rules of appropriation. Those rules govern how natural science accesses phenomena. The choice of natural science as the predominant mode of representation of reality entails what Heidegger calls a process of objectification (Vergegenständlichung). In his Zollikon Seminars, Heidegger questions the tribute paid by the sciences of the mind to the logic of the natural sciences, and stresses that Freud, by thinking of the mind as a machine driven by instinctive powers, assigns to human phenomena the objective features set by the natural sciences. This paper purports to show that Winnicott, by formulating a theory of personal maturing, disagrees with the objectifying requirements of the natural sciences. For Winnicott, traditional psychoanalysis uses categories that are inadequate for describing the changes babies undergo in the environment that gives them care and attention, because its analysis is confined to the field of libido relations. With that in mind, it is not possible to speak about human maturation processes using an objectifying language; Winnicott stresses (in The newborn and his mother) that "I cannot sacrifice a patient on the altar of science". This paper argues that Winnicott disagrees with the naturalistic imperative, which reduces the real to what is objective and places physics as a model for the sciences. The paper also broaches on the issue of how far the considerations of Heidegger and Winnicott regarding access to human phenomena allow us to discuss the current overwhelming process of medicating everyday life.<hr/>No texto A época das imagens de mundo o filósofo Martin Heidegger nos indica que a representação científica não se reduz a uma mera apreensão do que se apresenta, ao invés, equivale a uma investigação que faz com que o ente se domestique às regras de apreensão, posto que "o ataque das regras domina". Estas regras governam o modo como a ciência natural deve acessar os fenômenos. O que está implicado na eleição da representação científico-natural como índice hegemônico de acesso ao real é a execução do que Heidegger denomina de processo de objetificação (Vergegenständlichung). Na obra Seminários de Zollikon, o filósofo problematiza o tributo que as ciências dos fenômenos psíquicos pagam à lógica da pesquisa científico-natural e afirma que Freud, ao pensar o psiquismo como um aparelho regido por forças pulsionais, destina aos fenômenos humanos pretensões de objetividade afinadas às ciências da natureza. Com esse trabalho pretendemos indicar que Winnicott, ao formular a teoria do amadurecimento pessoal, não faz coro às pretensões objetificantes da ciência natural. Para Winnicott, a psicanálise tradicional serve-se de categorias que são incapazes de descrever as trocas que se estabelecem entre um bebê e o ambiente que lhe provê cuidados, afinal, reduz sua análise ao campo das relações libidinais. Posto que não é possível versar sobre o amadurecer humano munido com uma semântica que segue padrões objetificantes Winnicott, no texto O recém-nascido e sua mãe, afirma: "não posso sacrificar um paciente sobre o altar da ciência". Visamos, com esse artigo, indicar que Winnicott não faz coro ao imperativo naturalista que reduz o real ao objetificável e estabelece a física como a ciência emblemática. Pleiteamos, ainda, tematizar o quanto as ponderações de Heidegger e Winnicott em relação ao acesso aos fenômenos humanos nos permitem discutir o contemporâneo e avassalador processo de medicalização do cotidiano. <![CDATA[<b>Paul Ricoeur, reader of Freud</b>: <b>contributions of psychoanalysis to the field of hermeneutic philosophy</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302015000100005&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este trabalho visa explicitar as tensões manifestas pelo encontro entre o projeto de uma filosofia reflexiva e a psicanálise a partir de um evento bastante específico: a publicação, em 1965, da tese De l'interprétation: essai sur Freud, de Paul Ricoeur. Nossa indagação surge do fato de que a psicanálise introduziu um dos maiores embaraços às filosofias da consciência, na medida em que estabeleceu o inconsciente psíquico como fundamento e matriz da subjetividade. Em contraste, Paul Ricoeur reforça sua pertença à tradição reflexiva iniciada por Husserl, mas com um desvio fundamental: em seu acesso à subjetividade, essa filosofia reflexiva deve assumir a forma de uma hermenêutica que interprete os signos da existência do homem. Diante disso, o presente estudo busca indagar que dificuldades, tensões e contribuições a leitura de Freud oferece ao projeto de hermenêutica proposto por Ricoeur. O artigo visa mostrar como a leitura filosófica de Freud permitiu a Ricoeur arbitrar as diferentes e por vezes conflitantes abordagens hermenêuticas em torno do problema do símbolo.<hr/>This work aims to spell out clear the tensions manifested by the meeting between the project of a reflexive philosophy and psychoanalysis, from a very specific event: the publication, in 1965, of the thesis De l'interprétation: essai sur Freud by Paul Ricoeur. Our question arises from the fact that psychoanalysis has introduced one of the greatest embarrassments to the philosophies of consciousness, as it established the unconscious psychic as foundation and array of subjectivity. In contrast, Paul Ricoeur strengthens its belonging to the reflective tradition initiated by Husserl, but with a fundamental deviation: in your access to subjectivity, this reflexive philosophy must take the form of a hermeneutics that interprets the signs of man's existence. Given this, the present study seeks to find out what difficulties, tensions and contributions the reading of Freud offers to hermeneutic project proposed by Ricoeur. The article aims to show how the philosophical reading of Freud allowed Ricoeur to arbitrate the different and sometimes conflicting hermeneutics approaches around the problem of symbol. <![CDATA[<b>The era of the pictures of man Kant's Anthropology</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302015000100006&lng=t&nrm=iso&tlng=t Michel Foucault defende a tese de que o homem é uma invenção recente e com morte anunciada. Neste artigo, apresentaremos a leitura que Foucault fez da Antropologia do ponto de vista pragmático, de Kant, sua Tese complementar, como fundamento para a tese de nascimento e morte do sujeito. A filosofia de Foucault será apresentada como um capítulo do kantismo, uma crítica da razão antropológica que tem raízes na leitura que Heidegger faz de Kant. Mais do que identificar influências nas produções dessas filosofias, interessa-nos fundamentar a complexa problemática antropológica que atravessa a filosofia contemporânea e também a psicanálise.<hr/>Michel Foucault defends the thesis that man is a recent invention and with a foretold death. In this article, we will present a study that Foucault carried out on Kant's Anthropology from a Pragmatic Point of View, and his complementary thesis, as the basis of the thesis of the birth and death of the subject in modernity. Foucault's philosophy will be presented as a chapter of Kantianism, a critique of anthropological reason that is rooted in Heidegger's study on Kant. In addition to identifying what influenced the creation of these philosophies, we seek to understand the complex anthropological problems that overlap contemporary philosophy and psychoanalysis. <![CDATA[<b>The actuality as a question</b>: <b>ontology of present in Michel Foucault</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302015000100007&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este trabalho tem por objetivo analisar a noção de "ontologia do presente" elaborada por Michel Foucault, explicitando os estudos do filósofo sobre a produção histórica de subjetividades. Cumpre investigar o contexto de surgimento da referida noção, retomando os escritos de Foucault sobre a moral greco-romana antiga, nos quais ele problematiza o papel da liberdade e da autonomia na formação do cidadão. Para Foucault, a ontologia do presente consiste em uma crítica dos dispositivos de assujeitamento e dominação, engendrados pelas sociedades disciplinares e de controle. Através dessa crítica, o filósofo buscará por instrumentos de análise da atualidade, vislumbrando a possibilidade de transformação dos processos históricos de subjetivação.<hr/>This paper aims to evidence the meaning of "ontology of present", a concept elaborated by Michel Foucault, and intends to elucidate the philosopher's idea that subjectivity is historically formed. The context of the concept's emergence will be analyzed, considering Foucault's studies on the ancient greco-roman moral, in which he discuss the role of liberty and autonomy in the development of citizens. To the philosopher, the ontology of present consists in a critic of the domination and subjugation mechanisms, produced by disciplinary and control societies. With this critic, Foucault pictures theoric tools to analyze the actuality, making possible to transform the historical processes of subjectification. <![CDATA[<b>Martin Heidegger, 2014</b>: <b><i>Contribuições à Filosofia. (Do acontecimento apropriador)</i></b><b>. Tradução Marco Casanova. Rio de Janeiro: Via Vérita, 504p. ISBN: 9788564565272</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302015000100008&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este trabalho tem por objetivo analisar a noção de "ontologia do presente" elaborada por Michel Foucault, explicitando os estudos do filósofo sobre a produção histórica de subjetividades. Cumpre investigar o contexto de surgimento da referida noção, retomando os escritos de Foucault sobre a moral greco-romana antiga, nos quais ele problematiza o papel da liberdade e da autonomia na formação do cidadão. Para Foucault, a ontologia do presente consiste em uma crítica dos dispositivos de assujeitamento e dominação, engendrados pelas sociedades disciplinares e de controle. Através dessa crítica, o filósofo buscará por instrumentos de análise da atualidade, vislumbrando a possibilidade de transformação dos processos históricos de subjetivação.<hr/>This paper aims to evidence the meaning of "ontology of present", a concept elaborated by Michel Foucault, and intends to elucidate the philosopher's idea that subjectivity is historically formed. The context of the concept's emergence will be analyzed, considering Foucault's studies on the ancient greco-roman moral, in which he discuss the role of liberty and autonomy in the development of citizens. To the philosopher, the ontology of present consists in a critic of the domination and subjugation mechanisms, produced by disciplinary and control societies. With this critic, Foucault pictures theoric tools to analyze the actuality, making possible to transform the historical processes of subjectification.