Scielo RSS <![CDATA[Natureza humana ]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1517-243020180001&lang=t vol. 20 num. 1 lang. t <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[<b>Presentation VII International Psychoanalysis Philosophy Conference Teresina</b>: <b>September 20th, 21st, 22nd, 2017</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100001&lng=t&nrm=iso&tlng=t <![CDATA[<b>Life Shaping, Habits of Mind, and Social Institutions</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100002&lng=t&nrm=iso&tlng=t According to the enactivist view of the mind, there is close connection between being alive and being cognitive: to be alive is to be capable of cognitive engagements. The living organism does not passively receive and process stimuli from an external world, but rather helps to determine what counts as useful information on the basis of its structure, needs, and the way that it is structurally coupled with its surroundings. Sense-making is the process whereby it interprets environmental stimuli in reference to its survival needs. However, gauging meaning and significance in a complex social world such as ours goes well beyond mere survival and self-maintenance, and has much to do with adapting and faring well in a specific socio-cultural context. The achievement of human goals requires coordinated movement, which leads to the formation of built-up patterns of engagement and response. Over time, these characteristic patterns of movement and behavior become more engrained and come to comprise an individual's habitual manner of sense-making. Learning and socialization play a significant role, and habits of mind are formed via interaction with values, cultural norms, and other people. Once habits form and become more engrained, there is a sense in which social norms are internalized and sedimented in the body. Cognition and affectivity therefore are best seen as socially embedded and heavily modulated by relationships and norms. This environmental influence can either (i) cultivate adaptive habits of mind that promote human flourishing, or (ii) contribute to maladaptive habits of mind that alienate people from deep-rooted human needs and interfere with overall well-being. One setting in which habits of mind are profoundly modulated is the college or university. Inside higher educational institutions guided by neoliberal ideology, individuals are habituated to toxic interaction patterns and modes of valuation. Rather than cultivating critical thinking and promoting self-realization, these institutions often undermine such capacities. College and university settings in contemporary neoliberal democracies such as the United States thereby give us a powerful example of how social institutions sometimes serve to cultivate habits of mind that impede human flourishing. <![CDATA[<b>Life shaping, habits of mind, and social institutions</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100003&lng=t&nrm=iso&tlng=t De acordo com a visão enativista da mente, há uma conexão muito próxima entre estar vivo e ser capaz de cognição: estar vivo é ser capaz de envolvimentos cognitivos. O organismo vivo não recebe passivamente, nem processa os estímulos do mundo externo; em vez disto, ajuda a determinar o que conta como informação útil na base de sua estrutura, necessidades, bem como o modo como está estruturalmente ligado a seu ambiente. A doação de sentido é o processo pelo qual ele interpreta os estímulos ambientais em referência a suas necessidades de sobrevivência. Contudo, avaliar o sentido e o significado em um mundo social complexo como o nosso vai muito além da mera sobrevivência e automanutenção e tem muito a ver com adaptar-se e sair-se bem em um contexto sociocultural específico. Para alcançar seus objetivos, os seres humanos precisam de movimentos coordenados que levam à formação de padrões internos de envolvimento e resposta. Com o passar do tempo, esses padrões característicos de movimento e comportamento tornam-se mais enraizados e acabam por abranger o modo de doação de sentido habitual de um indivíduo. O aprendizado e a socialização desempenham um papel significativo, e os hábitos mentais são formados por meio da interação entre valores, normas culturais e as outras pessoas. Uma vez formados e enraizados os hábitos, tem-se o sentido pelo qual as normas sociais são internalizadas e sedimentadas no corpo. Cognição e afetividade podem ser compreendidas assim como socialmente inculcadas e em larga medida moduladas por relacionamentos e normas. Essa influência ambiental pode tanto (i) cultivar hábitos mentais adaptativos que promovam o florescimento humano quanto (ii) contribuir para hábitos mentais mal-adaptados, que alienam as pessoas afastando-as das necessidades humanas mais profundas e interferem no bem-estar geral. A faculdade ou a universidade constituem locais em que os hábitos mentais são profundamente modulados. Dentro das instituições educacionais orientadas pela ideologia neoliberal, os indivíduos são habituados a padrões tóxicos de interação e de avaliação. Em vez de cultivarem o pensamento crítico e a promoção da autorrealização, essas instituições frequentemente solapam tais capacidades. As faculdades e universidades nas democracias neoliberais contemporâneas, tais como nos Estados Unidos, oferecem-nos um exemplo poderoso de como as instituições sociais às vezes servem para cultivar hábitos mentais que impedem o florescimento humano.<hr/>According to the enactivist view of the mind, there is close connection between being alive and being cognitive: to be alive is to be capable of cognitive engagements. The living organism does not passively receive and process stimuli from an external world, but rather helps to determine what counts as useful information on the basis of its structure, needs, and the way that it is structurally coupled with its surroundings. Sense-making is the process whereby it interprets environmental stimuli in reference to its survival needs. However, gauging meaning and significance in a complex social world such as ours goes well beyond mere survival and self-maintenance, and has much to do with adapting and faring well in a specific socio-cultural context. The achievement of human goals requires coordinated movement, which leads to the formation of built-up patterns of engagement and response. Over time, these characteristic patterns of movement and behavior become more engrained and come to comprise an individual's habitual manner of sense-making. Learning and socialization play a significant role, and habits of mind are formed via interaction with values, cultural norms, and other people. Once habits form and become more engrained, there is a sense in which social norms are internalized and sedimented in the body. Cognition and affectivity therefore are best seen as socially embedded and heavily modulated by relationships and norms. This environmental influence can either (i) cultivate adaptive habits of mind that promote human flourishing, or (ii) contribute to maladaptive habits of mind that alienate people from deep-rooted human needs and interfere with overall well-being. One setting in which habits of mind are profoundly modulated is the college or university. Inside higher educational institutions guided by neoliberal ideology, individuals are habituated to toxic interaction patterns and modes of valuation. Rather than cultivating critical thinking and promoting self-realization, these institutions often undermine such capacities. College and university settings in contemporary neoliberal democracies such as the United States thereby give us a powerful example of how social institutions sometimes serve to cultivate habits of mind that impede human flourishing. <![CDATA[<b>Posthuman vulnerability, criticism, and the agency of the matter</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100004&lng=t&nrm=iso&tlng=t O artigo explora a viabilidade da produção de uma perspectiva teórica que possibilite descrever como se dá a crítica social e política a partir de uma ontologia pós-humana. Para tanto, serão examinados aspectos das produções teóricas de Judith Butler e de Karen Barad, especialmente aqueles relacionados à ética levinasiana, para saber de que forma elas contribuiriam para a produção de uma perspectiva teórica a um tempo crítica e pós-humana, centrada no que passo a chamar de "vulnerabilidade pós-humana".<hr/>The aim of this paper is to gauge the possibility of producing a theoretical perspective which might be capable of describing the ways in which social and political criticism are given in view of a posthuman ontology. Therefore, we examine some aspects of the theoretical productions of Judith Butler and Karen Barad, markedly the ones related to Levinasian ethics, in order to grasp to what extent they may contribute towards producing a theoretical perspective that is both critic and posthuman, focused on what I shall call "posthuman vulnerability". <![CDATA[<b>Karl Popper and the question of the mind</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100005&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este ensaio tem o objetivo de refletir sobre a abordagem que o filósofo Karl Popper faz sobre a questão da mente. Popper foi um dos filósofos mais importantes do século XX. Sua obra trata de diversos assuntos que vão da ciência, lógica, política, metafísica e da questão da mente. Além de criticar severamente e rejeitar a indução na ciência, Popper tem um critério de demarcação inovador para classificar a ciência da não ciência. Este critério batizado de falseabilidade veio como uma substituição ao critério de verificação. Este critério defende que uma teoria científica é sempre provisória e nunca definitiva. Uma teoria científica é sempre uma conjectura que pode a qualquer momento ser refutada. Com base neste critério, Popper faz uma crítica ao status epistemológico do marxismo a psicanálise. Para ele, estas duas áreas do conhecimento não passam no seu critério de falseabilidade. O marxismo porque teve algumas proposições de sua teoria refutadas e não foi entendida por seus adeptos como uma refutação do marxismo. Estes, para Popper, estavam agindo como dogmáticos. Já a psicanálise, para Popper, colocava suas proposições de tal forma que não poderia ser refutada. Para ele, havia a necessidade de que os teóricos da psicanálise reformulassem a estrutura desta para que suas proposições estivessem abertas à refutação. Para ele, o marxismo deixou de ser ciência quando não aceitou a refutação e a psicanálise, ainda, não é ciência até apresentar suas proposições, de tal forma, que possam ser refutadas. Popper também trabalha a questão da mente quando elabora a teoria dos três mundos. Este seu trabalho está expresso principalmente no livro O Eu e o seu cérebro, escrito em parceria com o ganhador do prêmio Nobel de Medicina, o neurofisiologista John Eccles. Popper ainda trata do deste mesmo assunto em capítulos de suas outras obras e em outros artigos. Esta comunicação discute o tratamento de Karl Popper em relação à questão da mente.<hr/>This essay aims to reflect on the philosopher Karl Popper's approach to the question of mind. Popper was one of the most important philosophers of the twentieth century. His work deals with various subjects ranging from science, logic, politics, metaphysics and the question of mind. In addition to severely criticizing and rejecting induction in science, Popper has an innovative demarcation criterion for classifying the science of non-science. This criterion of falsifiability came as a replacement for the verification criterion. This criterion argues that a scientific theory is always provisional and never definitive. A scientific theory is always a conjecture that can at any moment be refuted. Based on this criterion, Popper criticizes the epistemological status of Marxism and psychoanalysis. For him these two areas of knowledge do not pass in their criterion of falsifiability. Marxism because it had some propositions of its theory refuted and was not understood by its adherents like a refutation of Marxism. These, for Popper, were acting as dogmatic. Psychoanalysis, for Popper, put its propositions in such a way that it could not be refuted. For him there was a need for the theorists of psychoanalysis to reformulate its structure so that its propositions were open to refutation. For him Marxism ceased to be science, when it did not accept refutation and psychoanalysis, yet, it is not science until it presents its propositions, in such a way, that they can be refuted. Popper, too, works the question of mind when elaborating the theory of the three worlds. This work is expressed mainly in the book written in partnership with the winner of the Nobel Prize in medicine, neurophysiologist John Eccles. This book is entitled The Self and its Brain. Popper still deals with the same subject in chapters of his other works and in other articles. This paper discusses the treatment of Karl Popper in relation to the question of the mind. <![CDATA[<b>Suicide</b>: <b>a philosophical issue (as well)</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100006&lng=t&nrm=iso&tlng=t Neste texto, procuro abordar o problema do suicídio a partir de uma leitura sob um viés filosófico-psicológico. Primeiramente, ofereço alguns aportes acerca do problema da morte voluntária estabelecendo um grande arco de reflexão que vai de Platão a Schopenhauer. Num segundo momento, aduzo as contribuições de Shneidman e Frankl, os quais, sob um prisma analítico-comportamental, procuram responder à grande pergunta acerca do sentido da vida e de como a falta dele pode levar a uma crise suicida. Remeto também, ainda que de modo bem pontual, às contribuições de Botega acerca do problema do suicídio no Brasil. Por fim, ofereço algumas considerações que podem ampliar o debate sobre o problema do suicídio, uma temática que permanece silenciosa em grande parte das discussões acadêmicas.<hr/>In this paper I intend to present some remarks on suicide having as my point of depart a philosophical-psychological approach. Firstly, I offer a somewhat extensive point of view regarding the voluntary death by means of a reflexive dialogue that brings together the main proposals from Plato to Schopenhauer. Furthermore, the contributions of Shneidman and Frankl are complementary, by means of an analytical-behaviorist approach in order to further my arguments regarding the major question about the sense of life and to what extent its lacking can lead to a suicidal crisis. The study of Botega is also mentioned once it is the best comprehensive survey so far in Brazil. The closing section offers some remarks which could be used to widen the horizon on suicide, an issue that remains profoundly silent in most of academic debate. <![CDATA[<b>Death instinct and "beyond the pleasure principle"</b>: <b>a discussion between Sabina Spielrein and Gilles Deleuze</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100007&lng=t&nrm=iso&tlng=t Em um artigo de 1912, Spielrein apresenta ideias que se tornarão fundamentais para Freud a partir de 1920: o instinto de morte e a suposição de que haveria um funcionamento psíquico mais primitivo do que aquele regido pelo princípio do prazer. Já no final dos anos 1960, o filósofo Deleuze apoia-se nos argumentos de Freud, particularmente no texto Além do princípio de prazer (1920), para conceber o instinto de morte como princípio transcendental. O objetivo deste artigo é aproximar estes dois autores, Spielrein e Deleuze, que se conectam por meio do conceito de instinto de morte, justamente no ponto em que mais parecem se afastar das concepções freudianas. Apesar de desenvolverem suas ideias em diálogo com Freud, tanto Spielrein como Deleuze divergem dele ao insistirem na proposição de um inconsciente impessoal e na dissolução do eu como fundamento da criação.<hr/>In an article of 1912, Spielrein presents ideas that will become fundamental to Freud in 1920: the death instinct and the assumption that there would be a more primitive psychic operation than the one governed by the pleasure principle. In the late 1960s, the philosopher Deleuze relies on Freud's arguments (more specifically on the 1920's essay Beyond the Pleasure Principle) to conceive the death instinct as a transcendental principle. The aim of this article is to bring together Spielrein and Deleuze, who are connected through the concept of the death instinct precisely at the point where they seem to most distance themselves from Freudian conceptions. Although they develop their ideas in dialogue with Freud, both Spielrein and Deleuze diverge from him by insisting on the proposition of an impersonal unconscious and on the dissolution of the self as the foundation of creation. <![CDATA[<b>Death, narcissism and invisibility in borderline states</b>: <b>a clinical study</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100008&lng=t&nrm=iso&tlng=t O conceito de pulsão de morte é um dos mais polêmicos e complexos da metapsicologia freudiana, com variados desdobramentos nas tradições psicanalíticas. Embora de formas distintas, tanto a tradição inglesa quanto a francesa insistem em uma perspectiva mais traumática e positiva dos efeitos disruptivos da pulsão de morte. No entanto, a clínica contemporânea aponta para configurações subjetivas em que o vínculo com os objetos e a realidade caracterizam-se mais pelo trabalho do negativo, em que o desinvestimento objetal e narcísico são a tônica. Ilustra-se essa posição com o relato de um caso clínico de quadro limítrofe marcado pela escopofilia mortífera, depressividade e automutilação, em que se destacam a implicação do corpo e a oscilação entre o eu e o ideal do eu. Conclui-se que a noção de um narcisismo negativo constitui um operador importante para a compreensão dos desdobramentos da pulsão de morte na dinâmica da subjetividade contemporânea.<hr/>The death drive concept is one of the most polemic and complex of Freudian metapsychology, with a variety of developments in psychoanalytic traditions. Although in different ways, both English and French tradition insist on a more traumatic and positive outlook of the disruptive effects of death drive. However, the contemporary clinic points to subjective configurations in which the bond with objects and reality are characterized more by the work of the negative, in which object and narcissistic disinvestment are the tonic. This position is illustrated by the report of a clinical case of a borderline marked by deadly scopophilia, depressivity and self-mutilation, in which the implication of the body and the oscillation between the ego and the ideal of ego stand out. It is concluded that the notion of negative narcissism constitutes an important operator for understanding the unfolding of the death instinct in the dynamics of contemporary subjectivity. <![CDATA[<b>The Moses' name</b>: <b>a twist in the destiny's order</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100009&lng=t&nrm=iso&tlng=t O artigo resgata a obra "Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem dos homens", escrita por Walter Benjamin em 1916, para abordar a questão do nome próprio. Para Benjamin, atribuir um nome àquele que nasce é o único ato humano que se aproxima ao gesto criador de Deus no Gênesis. Essa marca, impressa pelo nome, desenha traços do destino humano, sem determiná-lo de forma encerrada. Um paralelo entre o prisma benjaminiano e a ideia lacaniana de nome próprio, tal como aparece no Seminário 9, A identificação, é estabelecido de modo a desenhar o que está em jogo no personagem bíblico de Moisés. Com isso, será possível analisar as consequências da alteração etimológica do nome Moisés, empreendida por Freud em seu clássico "O homem Moisés e a religião monoteísta". Tal mudança das origens do nome de Moisés implicará também transformações de estruturas arcaicas da cultura, cujas vibrações podem ser sentidas no presente.<hr/>The paper rescues the work "On the language in general and on the language of the men", written by Walter Benjamin in 1916, to approach the question of proper name. For Benjamin, naming the unborn is the only human act that comes close to the creative act of God in Genesis. This mark, imprinted by name, draws traces of human destiny, without determining it in an enclosed manner. A parallel between the Benjaminian prism and the Lacanian idea of self-name, as it appears in Seminar 9, Identification, is established in order to draw what is at stake in the biblical character of Moses. With this, it will be possible to analyze the consequences of the etymological alteration of the name Moses, undertaken by Freud in his classic "Moses and Monotheism". Such a change in the origins of Moses' name will also imply transformations of archaic structures of culture, whose vibrations can be felt in the present. <![CDATA[<b>The emergentist assumption of Freudian psychoanalysis</b>: <b>notes on the irreducibility of instinct</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100010&lng=t&nrm=iso&tlng=t Pretendo mostrar que as pulsões são irredutíveis a uma abordagem estritamente neurológica. Para tanto, tomo como hipótese que a base orgânica e, portanto, natural da pulsão não implica que as suas propriedades possam ser explicadas em termos estritamente fisiológicos. Ou seja, as pulsões são propriedades emergentes dos estímulos orgânicos internos e mostram a existência de fenômenos subjetivos. A hipótese do inconsciente, entendido como uma rede conceitual, é empreendida por Freud, como um esforço de criar uma disciplina com a tarefa de explicar como lidamos subjetivamente com o comportamento da pulsão.<hr/>I'll would like to prove that the instincts can't to be irreducible to a strictly neurological approach. Therefore, I take the hypothesis that the organic base (natural) does not imply that its properties can be explained strictly by physiological terms. That is, the instincts are emergent properties of internal organic and to show the existence of subjective phenomena. The hypothesis of the unconscious, understood as a conceptual network, play a role of foundation of psychoanalysis and create a discipline with the task of explaining how we deal of the behavior of instincts. <![CDATA[<b>The due anguish of death</b>: <b>considerations from philosophy and psychoanalysis</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100011&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este artigo tem por objetivo construir um percurso acerca de dois conceitos assaz importantes para a filosofia e para a psicanálise, a morte e a angústia. Partimos de considerações acerca da morte enquanto destino de todos os mortais e seu entendimento na pena heideggeriana para, em seguida, construir possibilidades de leitura de ambos os conceitos na tradição psicanalítica freud-lacaniana. A hipótese que perseguimos desde o início deste trabalho é a possibilidade de conjecturar um novo entendimento para angústia enquanto angústia de castração e, a partir dos constructos filosóficos de ser-para-a-morte, angústia e, em especial, angústia de morte, mostrar que é possível dizer que a partir do percurso escolhido, toda angústia é angústia de morte.<hr/>This article aims to construct a course about two very important concepts for philosophy and psychoanalysis, death and anguish. We start with considerations about death as the fate of all mortals and their understanding in the heideggerian work, and then we construct possibilities for reading both concepts in the freud-lacanian psychoanalytic tradition. The hypothesis we have pursued since the beginning of this work is the possibility of conjecture a new understanding for anguish as an anguish of castration, and from the philosophical constructs of being-to-death, anguish and, especially, anguish of death, show that it is possible to say, from the course chosen, that all anguish is anguish of death. <![CDATA[<b>Punitive enjoyment, panoptic enjoyment and penal abolitionism</b>: <b>rediscovering the practice of caging human beings from philosophy and psychoanalysis</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100012&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este artigo teve por objetivo apresentar uma perspectiva criminológica do abolicionismo penal a partir de um diálogo entre as semânticas da pena, a psicanálise e a filosofia pós-metafísica. Inicialmente, buscou-se reaprender o espanto com a curiosa prática de enjaular seres humanos e questionar-se acerca de três perguntas fundamentais: quem são os enjaulados? Por que são enjaulados? Para que são enjaulados? Percebeu-se que a resposta dada pela tradição jurídico-penal a estas três perguntas estão enraizadas em três (falsos) dogmas do penalismo: o dogma da relação causal entre crime e castigo, o dogma da inevitabilidade da pena e o dogma da humanização da pena. Assim, procedeu-se a uma análise de cada um destes dogmas, utilizando, para o primeiro deles, o marco teórico do interacionismo simbólico e da criminologia da reação social, para o segundo a antropologia política e para o terceiro a história da pena e dos sistemas penais. Desmistificados estes dogmas, promoveu-se uma análise da crueldade latente em toda prática punitiva, usando para tal as lentes de Nietzsche e de Freud. Concluiu-se que o direito penal é a racionalização do trato cruel estatal e que a finalidade da pena pode ser explicada por dois pares antitéticos estudados pela psicanálise: sadismo-masoquismo e exibicionismo-voyeurismo. A pena tem por função permitir que a sociedade goze sofrendo, fazendo sofrer, vigiando e sendo vigiada. Ademais, encontrou-se no abolicionismo penal a possibilidade (única) de forjar um novo vocabulário para redescrever as velhas práticas de trato cruel, com o fim de afastá-las e de favorecer laços sociais solidários.<hr/>This article aimed to present a criminological perspective of criminal abolitionism and to relate it to the models of restorative justice. Initially, the work intents to relearn the astonishment with the curious practice of caging human beings and wonder about three fundamental questions: Who are caged? Why are caged? To which are caged? It was realized that the answer given by the criminal legal tradition to these three questions are rooted in three (false) dogmas: the dogma of the causal relationship between crime and punishment, the dogma of the inevitability of punishment and the dogma of the humanization of punishment. Thus, we proceeded to an analysis of each of these dogmas, using, for the first one, the theoretical framework of symbolic interactionism and the criminology of social reaction. For the second one, the theoretical framework was the political anthropology and to the third one the history of punishment and the history of the penal systems. Demystified these dogmas, an analysis of latent cruelty across the punitive practice was promoted, using for such the works of Nietzsche and Freud. It was concluded that the criminal law is the rationalization of cruel treatment and that the punishment exists just to allow that society enjoys suffering, making suffer, watching and being watched. Moreover, it was found in the penal abolitionism the (only) possibility to forge a new vocabulary to redescribe the old practices of cruel treatment, in order to push them to strengthen solidarity and social bonds. <![CDATA[<b>Grammaire analytique et grammaire philosophique</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100013&lng=t&nrm=iso&tlng=t Dans un premier temps, je voudrais développer la thèse selon laquelle les mathèmes de Lacan peuvent être considérés comme la grammaire de l'inconscient structuré comme un langage¹. Cela Lacan ne l'a jamais dit, mais je considère que cette hypothèse éclaire considérablement le statut des mathèmes et, plus généralement, le jeu de langage de la psychanalyse. Dans un second temps, je comparerai cette grammaire de Lacan à la grammaire philosophique de Wittgenstein. J'attends de cette comparaison un surcroît de lumière quant à la compréhension de la relation entre philosophie et psychanalyse. <![CDATA[<b>Commented translation of Freud's conference on male hysteria</b>: <b>a contribution to psychoanalysis's historiography</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302018000100014&lng=t&nrm=iso&tlng=t Apresentamos neste artigo uma tradução inédita de uma das atas da conferência de Freud sobre a histeria masculina, comunicação proferida pelo futuro psicanalista diante da Sociedade de Médicos de Viena em 15 de outubro de 1886. A conferência tornou-se conhecida no interior do movimento psicanalítico principalmente em função da ideia de que, na ocasião, Freud teria sido objeto de escárnio e rejeição por parte da comunidade médica e acadêmica. Além da tradução, ofereceremos ainda um panorama técnico e contextual com o objetivo de contribuir para a elucidação de alguns equívocos recorrentes ligados à história deste episódio. Assim, enquanto caso exemplar, tal evento nos servirá também como pivô de uma crítica mais ampla a certas historiografias da psicanálise.<hr/>This article is based on a translation of the notes on the proceedings of Freud's conference on masculine hysteria, presented by him before the Vienna Society of Physicians. The conference gained prominence within psychoanalytical discourses mostly due to the idea that Freud would have been object to scorning and rejection by the medical and scientific community present on the occasion - perception this article aims to put into question and to rectify. A technical, contextual and critical overview on the events and elements in question is also provided in the article, with the purpose of supporting and furthering the insights we aimed to provide with the publication of this translation; we also meant to shed new light into the events and to rectify some misunderstandings unfortunately recurrent in the historiography of psychoanalysis as related to this specific episode and its significance. Thus, as an exemplary case, we understand this event as the axis for a broader critique on some assumptions and positions regarding psychoanalytical historiography.