Scielo RSS <![CDATA[Arquivos Brasileiros de Psicologia]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=1809-526720040001&lang=t vol. 56 num. 1 lang. t <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100001&lng=t&nrm=iso&tlng=t <![CDATA[<b>Means of interference in the contemporary</b>: <b>a micropolitical perspective</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100002&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este texto discute as interferências no contemporâneo do ponto de vista da produção social da existência. A realidade na qual estamos todos imersos é produzida em uma multiplicidade de interferências extensivas (molares) e intensivas (moleculares) que coexistem em um mesmo movimento. Deste modo, não podem ser pensadas como opostas, como melhores ou piores "em si", fora das relações que as constituem, pois elas se atravessam e sofrem impregnações distintas de um tipo pelo outro. O que importa, em cada caso, é distinguir qual é o regime (se intensivo ou extensivo) que envolve nossa participação nelas e que cintila nas alianças que se tecem por meio delas. É somente nas relações e nos processos que as constituem que podemos avaliar os movimentos que elas promovem ou estancam. As interferências que nos interessam se dão em uma multiplicidade de ações de teoria e prática que transbordam os insuficientes limites do eixo sujeito-objeto. Não se trata de um interferir de um objeto dado sobre outro objeto dado, de uma unidade predeterminada sobre um sujeito preexistente, mas de produzir interferências que façam vazar as multiplicidades que constituem a nós e as coisas. A modulação da interferência neste sentido implica e requer mutação subjetiva. É nos encontros que experimentamos os movimentos que nos forçam a problematizar, mais do que a responder; alterando a nossa subjetividade e abrindo-a para o intensivo, já ali, onde os conceitos viram fluxo de intensão e nos conectam no circuito ziguezagueante da coexistência macro/micropolítica.<hr/>This text discusses the interferences in the contemporary from the point of view of the social production of existence. The reality in which we are all immersed is produced in a multiplicity of extensive (molar) and intensive (molecular) interferences that coexist in the same movement, that is the reason why they cannot be thought as opposites, as better or worse "in itself", out of the relations that constitutes them, because they cross and they suffer distinct impregnations from one kind to another. What matters, in each case, is distinguishing which one is the regimen (if intensive or extensive) that involves our participation in it and that scintillates in the alliances that weave through it. It is only in the relations and in the processes that constitute them that we can evaluate the movements that they promote or stanch. The interferences that matter to us happen in a multiplicity of actions of theory and practices that overflow the insufficient limits of the axle subject-object. It is not about interfering from a given object over another given object, from a predetermined unity over a preexisting person but to produce interferences that make the multiplicities that constitute us and the things leak. The modulation of the interference in this way implies and requires subjective mutation. It is in the meetings that we experience the movements that force us to analyse and evaluate, more than to answer, modifying our subjectivity and opening it to the intensive, where the concepts turn into flow of intensity and connect us in the circuit of macro/micropolitics coexistence. <![CDATA[<b>Thinking matter </b>: <b>the fertility of the encounter between psychoanalysis and neuroscience</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100003&lng=t&nrm=iso&tlng=t Psicanálise e neurociência: apesar da recusa de alguns, o diálogo entre estes dois campos vem se desenvolvendo de modo bastante fértil. Nosso objetivo é apontar os novos fatos científicos que estimulam a interlocução, bem como ilustrar a possibilidade do encontro por meio do relato de pesquisas já realizadas. Com isso, pretendemos fazer ver as novas possibilidades abertas pelas contribuições entre os dois campos, bem como estimular seu desdobramento, sem que isso implique a redução de um campo ao outro. Pelo contrário, as especificidades são mantidas, apenas o isolamento se desfaz. Com isso, ganham aqueles que, em função de seu sofrimento, precisam recorrer às "medicinas da alma"<hr/>Psychoanalysis and neuroscience: in spite of the refusal of some scholars, the dialogue between these two fields is developing in a fertile manner. Our objective is to highlight new facts that stimulate this dialogue and to illustrate the possibility of this encounter by examining current research on this issue. In doing so, we intend to examine new possibilities opened by the the contributions put forth by both fields and examine their unfoldings without reducing each field to the other. On the contrary, their specificities are to be maintained while the respective isolation of each field is called into question. The beneficiaries of this move are those who find the need to turn to "medicines of the mind" due to their suffering. <![CDATA[<b>O corpo na história</b>: <b>a dupla natureza do homem na perspectiva materialista dialética de Vigotski</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100004&lng=t&nrm=iso&tlng=t A idéia norteadora deste trabalho é a de que Vigotski não deve apenas ser visto como teórico do desenvolvimento, mas também como metodólogo e epistemólogo da psicologia. Nosso objetivo aqui será mostrar como o seu debruçar sobre a problemática filosófica da dualidade mente-corpo o levou à busca da operacionalização científica do problema em termos da superação desta dualidade, no sentido da síntese dialética de opostos. Tencionamos mostrar que a originalidade da contribuição de Vigotski neste âmbito se encontra nas suas colocações no que tange: a) à questão das unidades de análise em psicologia, quando propõe o estudo do psicológico enquanto síntese dialética entre o psíquico e o fisiológico; b) ao estudo dos déficits cognitivos decorrentes de lesões cerebrais na qualidade de "experimentos naturais" que permitiriam a pesquisa dos "sistemas psicológicos" em deterioração (isto é, o outro lado da moeda desenvolvimentista); c) à visão antropológica materialista-dialética embutida no projeto socialista de produção de um "novo homem" encarnada no movimento pedológico. Gostaríamos ainda de mostrar como a sua perspectiva de três linhas de desenvolvimento (evolutiva, histórica e ontogenética) pode conduzir a um modelo psicológico que considere os fatores biológicos sem sucumbir às tentações do recapitulacionismo e do maturacionismo. A perspectiva desenvolvimentista expandida de Vigotski, que considera o homem dotado de uma "dupla natureza" biológica e social, parece ser um campo privilegiado para a colocação da questão das relações entre os fenômenos psíquicos e os corporais na medida em que: a) assume de uma maneira não-reducionista, e com propostas metodológicas factíveis, as idiossincrasias das instâncias envolvidas; e b) considera que a unidade do comportamento, da consciência e da história humanos é um dado que não é negado pela existência de várias disciplinas distintas que se dedicam ao estudo focal de cada fator, desde que se leve em conta seu lugar no mosaico das ciências<hr/>The main idea of this work is that Vygotsky should not be seen just as theoretical of the development, but also, and mainly, as metodologist and epistemologist of Psychology. Our objective is showing how his approach of mind-body problem led him to the search for a scientific operacionalization to it. His answer to the problem lies on the notion of dialectical synthesis of opposites. We intended to show the originality of his contribution in a few different fields: a) his proposal of units of analysis in Psychology, when he proposes the study of the psychological phenomena as dialectical synthesis of the psychic and the physiologic; b) treating cognitive deficits decurrent from cerebral lesions as "natural experiments" that would allow the research of the "psychological systems" in deterioration (a counterpart of his developmental studies); c) the Marxist's anthropological project of production of "a new man", embodied in the pedologic movement. Our aim is to show how his perspective of three developmental lines (evolutionary, historical and ontogenetic) can lead to a psychological model that considers the biological factors without succumbing to the temptations of the recapitulacionist and maturationist tendencies. Vygotsky's expanded developmental perspective considers man endowed of a dual nature, both biological and social. It seems to provide a useful approach of the relationships between the psychic phenomena and the corporal, once: a) it assumes them in a no reductionist way the idiosyncrasies of the involved instances, having practicable methodological proposals, and b) it considers that the unit of the human behavior, conscience and History, is a datum that is not denied by the existence of several different disciplines devoted to the focal study of each factor, since it is taken in its correct place in the mosaic of the sciences. <![CDATA[<b>Neutrality in therapeutic relationship</b>: <b>reflections based on Gestalt-therapy</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100005&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este trabalho pretende abordar o tema da neutralidade do psicólogo na prática clínica, discutindo sua viabilidade e sua necessidade. Seu objetivo é estabelecer uma reflexão acerca da atuação do psicólogo como terapeuta e como ser humano na prática psicoterápica. Se, por um lado, a neutralidade tão falada se mostra muito distante e inatingível, por outro, um psicólogo que esteja na sessão terapêutica falando de sua vida, tomando o espaço da sessão com problemas, sentimentos e opiniões próprias também é igualmente inoportuno. A Gestalt terapia utiliza a fenomenologia como visão de homem e como metodologia, levando os conceitos dela oriundos para a prática clínica. Desta forma, ela estabelece alguns conceitos, alicerçados na fenomenologia, no humanismo e no existencialismo, que possibilitam uma direção da atuação do psicólogo.<hr/>This paper intends to contemplate the theme of psychologist neutrality in clinician practice, discussing its feasibility and necessity. Its objective is to reflect about psychologist's action as a therapist and as human being in the psycotherapic practice. If the neutrality seams to be too distant and unattainable, on the other hand, a psychologist that talks about his or her life, using the therapy setting with his or her own problems, feelings and opinions would be inopportune as well. Gestalt-therapy uses phenomenology as human seeing and as a method, taking its concepts to clinician practice. This way, it establishes some concepts, founded on phenomenology, humanism and existentialism that give a direction to the psychologist’s practice. <![CDATA[<b>Kant and Piaget</b>: <b>discursive articulation between transcendental philosophy and genetic epistemology</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100006&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este artigo visa apresentar uma discussão teórica que problematiza supostas evidências de contrastes entre os pensamentos de Kant e Piaget. Procura-se extrair um aspecto em comum, presente na obra de ambos os autores, que fundamente a articulação discursiva aqui feita. Isso ocorrerá tanto no sentido de estabelecer uma semelhança discursiva entre os mesmos, como de estabelecer uma diferença entre ambos no que diz respeito à circunscrição de suas idéias nos diferentes planos do conhecimento. Portanto, à medida que se estabelece uma diferença entre Kant e Piaget pelo fato de suas teorias estarem postas em planos distintos, verifica-se, por esse mesmo motivo, que estas não podem ser mutuamente excludentes. Logo, uma suposta atividade originária, pondo sujeito e objeto nas devidas condições para que daí surja um conhecimento, e a circunscrição ou não da atividade do sujeito na dinâmica do tempo, consistem, respectivamente, nos aspectos semelhantes e dessemelhantes entre Kant e Piaget<hr/>This article presents a theoretical discussion which causes problems when considering the supposed evidence of contrasts between the thoughts of Kant and Piaget. There is an attempt to extract a common aspect. This aspect is something which is present in both thinkers and which is the base of the discussion here. The discussion will establish a likeness between the two as well as finding evidence of differences between them, regarding the circumscription of their ideas in different planes of knowledge. To the point to which a difference is established between Kant and Piaget by the fact that their theories are placed in distinct planes, one can see that they are not necessarily mutually exclusive. As a result, there is a supposed original activity, placing subject and object in certain condition for knowledge to arise as well as a circumscription, or lack thereof, of the activity of the subject in the dynamic of time. They consist, respectively, in similar aspects and differences between Kant and Piaget <![CDATA[<b>Health care work at the biopower times</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100007&lng=t&nrm=iso&tlng=t Tendo como referência a Clínica da Atividade de Yves Clot, Foucault e Agamben, fazemos uma reflexão teórica acerca das atividades de saúde no momento em que se deparam com as modulações do capitalismo atual. Por meio de um breve histórico, refletimos sobre como as práticas de saúde privilegiaram o controle sobre um corpo biológico abstrato e como hoje são atravessadas pela lógica de mercado, o que tem efeitos diretos não só para quem recorre a estes serviços, como para aqueles que neles exercem suas atividades. Postulando o trabalho como atividade criativa, concluímos com uma breve sugestão sobre o cuidado do doente como prática do cuidado de si, referidos em Foucault, como forma de resistência à transformação de tais serviços em setores emblemáticos do biopoder, em que o valor de uma vida passa a ser decidida pelo poder de um soberano, como nos diz Agamben.<hr/>Making reference to the theories of Yves Clot's Activity Clinic, Foucault and Agamben, we carry out a theoretical reflection on health care workers when they are crossed by contemporaneous Capitalism's inflection. By a concise historical analysis, we consider that the health care practices have favored to have the control over an abstract biological body and that they have been crossed by a market logic, that takes immediate effects both on the people who needs medical treatment and those whose jobs are to take care of them. Considering the work as creative activity, we bring this article to a close suggesting that the care of others can be the same as caring for oneself, as postulated by Foucault, a kind of resistance against the changing of the health care system in a biopower emblematic territory, where the value of one life is decided by a sovereign, as Agamben have said <![CDATA[<b>Organizing principles and central core of social representations</b>: <b>Empirical hypothesis</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672004000100008&lng=t&nrm=iso&tlng=t Este artigo visa estudar uma possível articulação entre a teoria do núcleo central das representações sociais e a dos princípios organizadores. A confrontação dos resultados de três investigações efetuadas a propósito da representação social dos estudos (dois já publicados e um original) em três populações distintas indica profundas diferenças em termos de núcleo central entre estas populações, mas há importante transversalidade dos princípios organizadores das tomadas de posição. Emite-se, assim, a hipótese de que os princípios organizadores constituem a base comum de tomadas de posições diversificadas de acordo com a posição social dos grupos considerados e que, entre estas tomadas de posições, algumas são objeto de forte consenso dentro dos grupos e constituem, portanto, o sistema central da sua representação. Esta hipótese implica que princípios organizadores comuns poderiam dar conta de representações diferentes em termos de sistema central.<hr/>This article aims at studying a possible articulation between the theory of the central core of social representations and the theory of the organizing principles. The confrontation of the results of three research undertaken in connection with the social representation of the studies (two already published and one original) in three distinct populations indicates deep differences in terms of core between these populations but an important transversality of the organizing principles of the standpoints. The assumption thus is put forth that the organizing principles constitute the common base of diversified standpoints according to the social position of the groups and that, among these standpoints, some are the object of strong consensus inside the groups and thus constitute the central system of their representation. This assumption implies that common organizing principles could report different representations in terms of central system