Scielo RSS <![CDATA[Revista Subjetividades]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=2359-076920170001&lang=pt vol. 17 num. 1 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[<b>Sobre a análise fílmica psicanalítica</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A partir de algumas reflexões freudianas sobre a arte, o artigo pergunta pelas condições de possibilidade de uma pesquisa psicanalítica do cinema. É possível pensar a imagem cinematográfica como linguagem? A fim de enfrentar este problema, este trabalho debruça-se sobre os fundamentos teórico-metodológicos do conceito linguagem cinematográfica, tal como pensado pela semiótica do cinema, de Christian Metz, e pela análise fílmica, de Raymond Bellour. É nos marcos dessas elaborações que, no início dos anos 1970, floresce uma intensa pesquisa sobre as articulações possíveis entre psicanálise e cinema. Nela, coloca-se o problema dos efeitos subjetivantes dessa linguagem singular. Ao adotar a premissa lacaniana de que a linguagem oferece ao infans a possibilidade de resistir à captura pela imagem, por meio da enunciação de si, o artigo avança algumas proposições de cunho metodológico acerca de uma singular orientação de pesquisa, que denomina análise fílmica psicanalítica.<hr/>From some Freudian reflections on art, the article asks about the conditions of possibility of a psychoanalytic research of the cinema. Is it possible to think of the cinematographic image as a language? In order to address this problem, this paper focuses on the theoretical-methodological foundations of the cinematic language concept, as thought by Christian Metz's semiotics of cinema, and by film analysis by Raymond Bellour. It is within the framework of these elaborations that, in the early 1970s, intense research on the possible articulations between psychoanalysis and cinema appears. In it, one poses the problem of the subjective effects of this singular language. By adopting the Lacanian premise that language offers the infans the possibility of resisting the capture by the image, through the enunciation of itself, the article advances some methodological propositions about a singular orientation of research that denominates psychoanalytic filmic analysis.<hr/>Partiendo de algunas reflexiones freudianas sobre el arte, este artículo pregunta por las condiciones de posibilidad de una investigación psicoanalítica en el cinema. ¿Es posible pensar la imagen cinematográfica como lenguaje? Para enfrentar este problema, este trabajo se inclina sobre los fundamentos teóricos-metodológicos del concepto lenguaje cinematográfico, tal como fue pensado por la semiótica del cinema, de Christian Metz, y por el análisis fílmico, de Raymond Bellour. Es en el marco de estas elaboraciones que, en el inicio de los años 1970, florece una intensa investigación sobre las articulaciones posibles entre psicoanálisis y cinema. En ella se pone los efectos subjetivantes de este lenguaje singular. Al adoptar la premisa lacaniana de que el lenguaje ofrece al infans la posibilidad de resistir a la captura por la imagen, por medio de la enunciación de uno mismo, el artículo avanza algunas proposiciones de tema metodológico acerca de una singular orientación de investigación nombrada análisis fílmico psicoanalítico.<hr/>À partir de quelques réflexions de Freud sur l'art, cet article demande par les conditions de possibilité d'une étude psychanalytique du cinéma. Est-ce que c'est possible penser l'image cinématographique comme langage? Pour aborder ce problème, cet article analyse les fondements théoriques et méthodologiques de la notion de langage cinématographique, telle que conçue par la sémiotique du cinéma, de Christian Metz, et par l'analyse filmique de Raymond Bellour. Dans ces élaborations, au début des années 1970, il y a proliferation d'une intense recherche sur les articulations possibles entre la psychanalyse et cinéma. Dans cette recherche, il y a le problème des effets subjectivants de cette langage unique. En adoptant le principe lacanienne auquel le langage offre à l'infan la possibilité de résister à la capture de l'image, grâce à l'énonciation de lui-même, l'article met avance certaines propositions de nature méthodologique sur une unique orientation de recherche, appelée analyse cinématographique psychanalytique. <![CDATA[<b>O processo criativo na prisão</b>: <b>um novo élan para a existência?</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Comment créer dans l'enfer de la prison ? Se basant sur l'expérience française, les auteurs défendent la nécessité de la création en prison en sept points: 1. La création est un moyen de survie pour échapper à l'effondrement psychique et tenter d'élaborer la souffrance de l'incarcération. 2. Créer amène une évasion par l'esprit et un espace de liberté pour résister à l'infantilisation et à l'abrutissement et ouvrir des horizons dans le temps carcéral mortifère. 3. La création a une fonction d'exorcisme de la haine, de la vengeance, de la violence, de la peur et un effet de catharsis sur la destructivité, évitant qu'elle se retourne contre soi-même et contre les autres. 4. Le travail de figuration, défiguration, reconfiguration de la matière artistique reflète l'ex-pression et l'im-pression de soi, c'est-à-dire les mouvements de transformation de l'être car le détenu est obligé de changer pour survivre et ne pas devenir fou dans sa nouvelle condition de prisonnier. 5. L›artiste qui initie à la création peut devenir un modèle, un passeur, un étayage précieux et la rencontre avec le monde de l›art permet de retrouver des émotions esthétiques qui relient à la communauté humaine. 6. Dans la création collective, la cohabitation forcée et la promiscuité parfois violentes avec les autres peut devenir une aventure collective instauratrice de communauté, voire parfois de fraternité. 7. La reconstruction de soi n'est obtenue qu'à condition de se confronter à sa prison intérieure : le chaos, le malheur, l'indicible, la répétition, les drames de l'enfance, etc. pour tenter de les symboliser et de les transformer. Ainsi, à condition d'être exigeante, la création peut apporter de la hauteur, de la beauté, de la distance, une nouvelle dignité au détenu dans une circonstance où il est en particulièrement privé.<hr/>Como ser criativo no inferno da prisão? Baseando-se na experiência francesa, defendemos a necessidade do processo criativo na prisão em sete pontos: 1. A criação é um meio de sobrevivência para escapar do abalo psíquico e tentar elaborar o sofrimento do encarceramento. 2. Criar leva a uma evasão pelo espirito e permite a abertura de um pequeno espaço de liberdade para resistir à infantilização, à brutalidade e abrir horizontes no período mortífero de prisão. 3. O processo criativo tem uma função de exorcismo da raiva, da vingança, da violência, do medo e um efeito de catarse sobre a destrutividade, evitando que ela se volte contra si mesmo e contra os outros. 4. O trabalho de figuração, desfiguração, reconfiguração da matéria artística reflete a ex-pressão e a im-pressão de si, ou seja, os movimentos de transformação do ser, pois o detento é obrigado a mudar para sobreviver e não enlouquecer na sua nova condição de prisioneiro. 5. O artista que começa a criar pode se tornar um modelo, um disseminador, uma base preciosa, e o encontro com o mundo da arte permite reencontrar as emoções estéticas que se conectam à comunidade humana. 6. Na criação coletiva a coabitação forçada e a promiscuidade, por vezes violenta, pode tornar o processo criativo uma aventura coletiva instauradora da comunidade, e mesmo talvez de fraternidade. 7. A reconstrução de si é obtida apenas na condição de se confrontar com sua prisão interior: o caos, a infelicidade, o indizível, a repetição, os dramas de infância, etc., na tentativa de simbolizá-los e de transformá-los. Assim, se for rigoroso, o processo criativo pode trazer altura, beleza, distância, uma nova dignidade ao detento em uma circunstância onde ele está particularmente, privado disso.<hr/>How to be creative in a prison's hellish environment? Based on the French experience, we advocate the importance of the creative process in prison by means of 7 points: 1. Creativity is a means of survival, which aims at escaping psychological damage and at mentally processing the imprisonment experience. 2. Creativity is conducive to spiritual evasion and allows for the opening of a small space of personal freedom in order to resist infantilizing effects, and brutality, as well as expanding horizons during deadly prison time. 3. The creative process serves the purpose of exorcizing anger, revengefulness, violence, fear and, also, it has a cathartic effect on one's destructive instinct, which prevents such instinct from harming oneself and others. 4. The work of figuration, disfiguration, and reconfiguration of artistic matter reflects one's own expression and impression, that is, the movements of self-transformation as an inmate is forced to change in order to survive and not go mad due to their new confined condition. 5. An artist who starts creating might turn into a role model, a disseminator, and a precious basis. This introduction into the art world brings out a rescue of esthetic emotions, which are connected to human community. 6. In collective creativity, forced coexistence, and promiscuity, which sometimes can be violent, might turn the creative process into a collective adventure that restores the senses of community as well as fraternity. 7. One's own reconstruction is obtained only by means of confronting one's own inner prison: chaos, unhappiness, the unspeakable, repetition, childhood drama, etc, in order to get those elements symbolized and transformed. Thus, the creative process, when rigorous, might produce redemption, beauty, self-possession and a new dignity for an inmate living in circumstances in which such person is particularly deprived of all those things.<hr/>¿Cómo ser creativo en el infierno de la prisión? Basados en la experiencia francesa, defendemos la necesidad del proceso creativo en la prisión en siete puntos: 1. La creación es un medio de supervivencia para escapar del choque psíquico e intentar elaborar el sufrimiento del encarcelamiento. 2. Crear conduce a una evasión por el espíritu y permite la apertura de un pequeño espacio de libertad para resistir a la infantilización y a la brutalidad, y para abrir horizontes en el período mortífero de la prisión. 3. El proceso creativo tiene una función de exorcismo de la rabia, de la venganza, de la violencia, del miedo y un efecto de catarsis de la destructividad, evitando que se vuelvan contra sí mismo y contra los otros. 4. El trabajo de dar forma, quitar la forma, y reconfigurar la materia artística refleja la expresión y la imagen de sí; es decir, los movimientos de transformación del ser, pues el detenido es obligado a cambiar para sobrevivir y no volverse loco en su nueva condición de prisionero. 5. El artista que empieza a crear puede volverse un modelo, un promotor, una base preciosa, y el encuentro con el mundo del arte permite volver a encontrar las emociones estéticas que se conectan con la comunidad humana. 6. En la creación colectiva, la convivencia forzada y la promiscuidad a veces violenta pueden hacer que el proceso creativo sea una aventura colectiva que instaure una comunidad, e incluso tal vez la fraternidad. 7. La reconstrucción de sí es obtenida sólo a condición de enfrentarse con su prisión interior: el caos, la infelicidad, lo indecible, la repetición, los dramas de la infancia, etc., en el intento de simbolizarlos y transformarlos. Por lo tanto, si es riguroso, el proceso creativo puede traer altura, belleza, distancia, una nueva dignidad al prisionero, en una circunstancia donde él está particularmente privado de eso. <![CDATA[<b>A dimensão de domínio na constituição do Ego</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O objetivo deste artigo é analisar a presença da dimensão de domínio na constituição do ego no pensamento freudiano. A noção freudiana de um aparelho psíquico forjado para dominar as excitações - que se originam no organismo e chegam à mente como exigência de trabalho em virtude de sua ligação com o corpo - abre uma perspectiva de leitura em que tal dimensão ocupa lugar central. De fato, embora Freud nunca tenha dedicado um artigo, ou mesmo um capítulo, à tematização da dimensão de domínio, esta se faz presente em toda a sua obra. No presente artigo, buscaremos mostrar como a dimensão de domínio, atrelada à polaridade atividade/passividade, atravessa a constituição do ego: da experiência alucinatória de satisfação, passando pelo autoerotismo/narcisismo, até estágios onde o ego já ascendeu ao registro simbólico. A passagem da passividade à atividade é essencial ao funcionamento psíquico e, portanto, à apropriação subjetiva realizada no narcisismo.<hr/>The purpose of this article is to analyze the presence of the domain dimension in the constitution of the ego in Freudian thought. The Freudian notion of a psychic apparatus forged to dominate the excitations - which originate in the organism and arrive at the mind as a work requirement by virtue of its connection with the body - opens a reading perspective in which such dimension occupies central place. In fact, although Freud has never devoted an article, or even a chapter, to the thematization of the domain dimension, it is present throughout his work. In the present article, we will try to show how the domain dimension, linked to the activity / passivity polarity, crosses the constitution of the ego: from the hallucinatory experience of satisfaction, through autoerotism narcissism, to stages where the ego has already ascended to the symbolic register. The passage from passivity to activity is essential to the psychic functioning and, therefore, to the subjective appropriation carried out in narcissism.<hr/>El objetivo de este artículo es evaluar la presencia de la dimensión de dominio en la constitución del ego en el pensamiento freudiano. La noción freudiana de un aparato psíquico forjado para dominar las excitaciones - que se originan en el organismo y llegan a la mente como exigencia de trabajo en virtud de su vínculo con el cuerpo - abre una perspectiva de lectura en que tal dimensión ocupa lugar central. De hecho, aunque Freud nunca haya dedicado un artículo, o un capítulo, a la tematización de la dimensión de dominio, esta está presente en toda su obra. En este trabajo, buscaremos enseñar cómo la dimensión de dominio, junto a la polaridad actividad/pasividad, cruza la constitución del ego: de la experiencia alucinatoria de satisfacción, pasando por el autoerotismo/narcisismo, hasta fases donde el ego ya ascendió al registro simbólico. El paso de la pasividad a la actividad es esencial al funcionamiento psíquico y, por lo tanto, a la apropiación subjetiva realizada en el narcisismo.<hr/>L'objectif de cet article est analyser la présence de la dimension de domaine dans la constitution de l'ego chez Freud. La notion freudienne d'un appareil psychique forgé pour dominer les excitations - que sont originaires de l'organisme et arrivent à l'esprit comme exigence de travail grâce à sa liaison avec le corps - ouvre une perspective de lecture où telle dimension occupe la place centrale. En fait, bien que Freud jamais n'ait pas dévoué un article, ou même un chapitre, à la tematização de la dimension de domaine, celle-ci se fait cadeau dans toute la son oeuvre. Dans cet article, nous chercherons à montrer comment la dimension de domaine, liée à la polarité activité/passivité, passe par la constitution de l'ego: à partir de l'expérience hallucinatoire de satisfaction, en passant par l'autoeroticism/narcissisme, jusqu'aux êtages où l'ego est déjà monté au registre symbolique. Le passage de la passivité à l'activité est indispensable au fonctionnement psychique et, donc, à l'appropriation subjective réalisée dans le narcissisme. <![CDATA[<b>A tragicidade do sujeito do discurso</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Os conceitos de discurso e tragicidade nos remetem aos conceitos de ideologia e de sujeito na atualidade. Utilizamos a perspectiva teórica da Análise do Discurso de Michel Pêcheux (1988b) para analisar a constituição do sujeito sob efeito de sentidos entre interlocutores determinados sócio-historicamente e interpelados pela ideologia. A tragicidade do sujeito do discurso sob a perspectiva discursiva pode ser concebida no paradoxo do funcionamento do mecanismo de interpelação, que dá origem ao sujeito. Este, ao mesmo tempo em que se acredita autônomo e livre, tem sua liberdade emaranhada em determinações econômicas ou sociais. A esse sujeito, tomado como "evidência descritiva" da ideologia, contrapõe-se o sujeito que se constitui no discurso. Esse último oferece resistência ao destino trágico do idealismo, cuja função é tentar apagar outros sentidos possíveis. Embora a interpelação pela ideologia mascare o caráter material do sentido - impondo a transparência de sentido, o sentido único -, Pêcheux (1988b), p. 255) traz um alerta sobre a possibilidade de resistência e revolta dentro do processo de assujeitamento, pois, para ele, a ideologia existe "sob a modalidade da divisão, ela só se realiza na contradição". O deslocamento ideológico, o imprevisível, interrompe a perpetuação das repetições do ritual ideológico. Esse acontecimento, sob a perspectiva da psicanálise - que concebe o sujeito como dividido, e não centrado -, permite compreender o sujeito do discurso sob a dimensão de "efeito do significante" (Lacan, 1998, p. 196) e nos leva a concluir que a subjetividade é um lugar que cumpre dupla função: a de evidenciar o assujeitamento e a de evidenciar a subversão do sujeito, rompendo o círculo vicioso do idealismo, fazendo interromper o destino trágico do sujeito capturado pela interpelação ideológica.<hr/>The concepts of discourse and tragicness in the present time refer us to the concepts of ideology and subject. We use the theoretical perspective of the Discourse Analysis of Michel Pêcheux (1988b), to analyze the constitution of the subject under the effect of senses between socio-historically determined interlocutors and interpellated by the ideology. The tragicness of the subject of discourse on the discursive perspective can be conceived in the paradox of the functioning of the mechanism of interpellation, which gives rise to the subject: while he believes to be autonomous and free, has his freedom entangled in economic or social determinations. To this subject taken as "descriptive evidence" of ideology, we oppose the subject that constitutes the discourse. The latter offers resistance to the tragic destiny of idealism whose function is to try to erase other possible meanings. Although the interpellation by ideology masks the material character of meaning - imposing the transparency of meaning, the single meaning -, Pêcheux (1988b, p. 255) brings an alert about the possibility of resistance and revolt within the process of subjection, because, for him ideology exists "under the modality of division, it only takes place in the contradiction". The ideological shift, the unpredictable, interrupts the perpetuation of the repetitions of ideological ritual. This event, from the perspective of psychoanalysis - which conceives the subject as divided and not centered - allows us to understand the subject of discourse under the dimension of "effect of the signifier" (Lacan, 1998, p. 196) and leads us to conclude that subjectivity is a place that fulfills a dual function: evidencing the subjection one and the subversion of this, breaking the vicious circle of idealism, thus interrupting the tragic destiny of the subject captured by the ideological interpellation.<hr/>Los conceptos de discurso y fatalidad en la actualidad llévanos a los conceptos de ideología y de sujeto. Utilizamos la perspectiva teórica del Análisis del Discurso de Michel Pêcheux (1988b), para analizar la constitución del sujeto bajo efecto de sentidos entre interlocutores determinados histórico-socialmente e interrumpidos por la ideología. La fatalidad del sujeto del discurso bajo la perspectiva discursiva puede ser concebida en la paradoja del funcionamiento del mecanismo de interrupción, que origina el sujeto: este, al mismo tiempo en que se cree autónomo y libre, tiene su libertad enredada en determinaciones económicas o sociales. A este sujeto tomado como "evidencia descriptiva" de la ideología contraponemos el sujeto que se constituye en el discurso. Este último ofrece resistencia al destino trágico del idealismo cuya función es intentar borrar otros posibles sentidos. Aunque la interrupción por la ideología enmascare el carácter material del sentido - imponiendo la transparencia de sentido, el sentido único -, Pêcheux (1988b, p. 255) trae un alerta sobre la posibilidad de resistencia y revuelta dentro del proceso de sometimiento, porque, para él, la ideología existe "bajo la modalidad de la división, ella se realiza solo en la contradicción". El desplazamiento ideológico, el imprevisible, interrumpe la perpetuación de las repeticiones del rito ideológico. Este suceso, bajo la perspectiva del psicoanálisis - que concibe el sujeto como dividido y no centrado -, permite comprender el sujeto del discurso bajo la dimensión de "efecto del significante" (Lacan, 1998, p. 196) y llévanos a concluir que la subjetividad es un lugar que cumple doble función: la de evidenciar el sometimiento y la de evidenciar la subversión de este, rompiendo el círculo vicioso del idealismo, interrumpiendo el trágico destino del sujeto capturado por la interpelación ideológica.<hr/>Les notions de discours et tragédie d'aujourd'hui nous renvoient aux concepts de l'idéologie et du sujet. Nous utilisons la perspective théorique de l'Analyse du Discours, de Michel Pêcheux (1988b), pour examiner la constitution du sujet sous l'effet du sens entre interlocuteurs socio-historiquement determinés et interpellés par l'idéologie. La tragédie du sujet du discours sous la perspective discursive peut être conçue dans le paradoxe du fonctionnement du mécanisme d'interpellation, qui donne lieu au sujet: le sujet a sa liberté emmêlé dans des déterminations économiques ou sociaux, au même temps qu'il se croit indépendent et libre. À ce sujet considéré comme une «preuve descriptive» de l'idéologie, nous comparons le sujet qui s'est conçu dans le discours. Ce dernier offre une résistance au destin tragique de l'idéalisme dont la fonction est d'essayer de supprimer d'autres sens possibles. Bien que l'interpellation par l'idéologie déguise le caractère matériel du sens - en imposant la transparence du sens, le sens unique -, Pêcheux (1988b, p. 255) apporte un avertissement sur la possibilité de résistance et de rébellion dans le processus de sujétion, car, pour lui, l'idéologie existe «sous la modalité de la division, elle ne se réalise que dans la contradiction». Le changement idéologique, l'imprévisible, interrompt la perpétuation des répétitions du rituel idéologique. Cet événement, du point de vue de la psychanalyse - qui conçoit le sujet comme divisé et pas centré - permet de comprendre le sujet du discours sous la diménsion de «l'effet du signifiant» (Lacan, 1998, p. 196). Cet événement nous amène, aussi, à conclure que la subjectivité est un endroit qui répond à double fonction: mettre en évidence la sujétion et mettre en évidence son subversion, en faisant rompre le cercle vicieux de l'idéalisme, en arrêtant le destin tragique du sujet capturé par l'interpellation idéologique. <![CDATA[<b>A violência e o seu real</b>: <b>Zizek e a psicanálise</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Neste artigo, tomamos a violência como objeto de nossa discussão, mas nos propomos a apresentá-la para além de sua fenomenologia cotidiana. Nossa intenção consiste em lançar um olhar sobre a violência, ou seja, pretendemos problematizar o Real que irrompe através das fissuras na teia social, tomando como principal referência a leitura psicanalítica realizada por Slavoj Zizek. Sua tese sobre a violência denuncia o engodo subjetivista de entendê-la apenas como uma expressão do embate entre agentes sociais e questiona o seu sentido naquilo que nela há de mais Real, isto é, naquilo que se inscreve no cerne de sua condição traumática e que se instala nas exigências da linguagem enquanto modo de articulação em torno do vazio. Nesse contexto, o verdadeiro ato político surge como uma aposta, um apelo violento ao impossível de se realizar e um abalo nas fantasias naturalizadas que se proliferam nos laços que o sujeito estabelece com o outro.<hr/>In this article, we take violence as the object of our discussion, but we propose to present it beyond its everyday phenomenology. Our intention is to take a look at violence, that is, we intend to problematize the Real that breaks through the fissures in the social web, taking as main reference the psychoanalytic reading performed by Slavoj Zizek. His thesis on violence denounces the subjectivist lure of understanding it only as an expression of the clash between social agents and questions its meaning in what is most real in it, that is, in what is inscribed at the heart of his traumatic condition and that is installed in the demands of language as a way of articulating around the void. In this context, the true political act appears as a bet, a violent appeal to the impossible to be realized and a shock in the naturalized fantasies that proliferate in the bonds that the subject establishes with the other.<hr/>En este trabajo tomamos la violencia como objeto de nuestra discusión, pero proponemos presentarla para más allá de su fenomenología cotidiana. Nuestra intención es echar una mirada sobre la violencia, es decir, pretendemos problematizar el Real que surge de las grietas en la tela social, tomando como principal referencia la lectura psicoanalítica realizada por Slavoj Zizek. Su tesis sobre la violencia denuncia el señuelo subjetivista de entenderla solo como una expresión del embate entre agentes sociales y cuestiona su sentido en aquello que en ella hay de más Real, es decir, en aquello que inscribe en el centro de su condición traumática y que se instala en las exigencias del lenguaje como modo de articulación al entorno del vacío. En este contexto, el verdadero acto político surge como una apuesta, un llamamiento violento al imposible de realizarse y un shock en las fantasías naturalizadas que se proliferan en los lazos que el sujeto establece con el otro.<hr/>Dans cet article, nous prenons la violence comme objet de notre discussion, mais nous nous proposons à la présenter au-delà de sa phénoménologie quotidienne. Notre intention consiste à lancer un regard sur la violence, c'est-à-dire, nous prétendons discuter le réel qui éclate à travers les fissures dans la toile sociale, en prenant comme principale référence la lecture psychanalytique réalisée par Slavoj Zizek. Sa thèse sur la violence dénonce le leurre subjectiviste de seulement comprendre la violence comme une expression de l'affrontement entre les agents sociaux. de plus, sa thèse pose des questions sur son sens chez ce qu'il a de plus Réel, c'est-à-dire, chez celà qui s'inscrit au coeur de sa condition traumatique et qui s'installe dans les exigences du langage comme mode d'articulation autour du vide. Dans ce contexte, le vrai acte politique apparaît comme un pari, un appel violent à l'impossible de se réaliser et un cahot dans les fantaisies naturalisées qui se sont proliférés dans les liens lesquels le sujet établit avec l'autre. <![CDATA[<b>Novo século, antigo mal-estar</b>: <b>uma história recente da psicanálise na França</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt No início do século XXI, a psicanálise deparava-se com um novo período de instabilidade, fruto das mudanças no cenário mundial somadas às crises das instituições psicanalíticas. Na França, país onde as características peculiares de implantação e difusão da psicanálise concederam-lhe o status de verdadeira "exceção" em relação ao restante do mundo, a situação de crise foi sentida de maneira ainda mais intensa devido à demanda do Estado em regulamentar a prática psicanalítica, discussão que chegou ao seu ápice em 2003. O contexto exigia respostas que articulassem psicanálise e política em ações que pudessem atestar a importância da psicanálise no mundo contemporâneo. A investigação teórico-bibliográfica, fundamentada em metodologia qualitativa, apontou para o entendimento de que a saída encontrada pelo movimento psicanalítico francês em resposta a crise instalada ocorreu pela via do retorno à psicanálise aplicada à terapêutica, colocando-a no centro dos debates e ações. O objetivo deste artigo é recuperar parte dessa história recente da psicanálise francesa e seus impactos para os psicanalistas em todo o mundo, trazendo as nuances dos movimentos que se constituíram no referido período. Destaca-se a organização do "Estados Gerais da Psicanálise", movimento que reuniu psicanalistas de diferentes abordagens e filiações institucionais a fim de discutir os desafios para a psicanálise no novo século. Por fim, trazemos a experiência dos Centros Psicanalíticos de Consulta e Tratamento (CPCTs), criados para ofertar tratamento psicanalítico gratuito, de forma a evidenciar a utilidade social da psicanálise.<hr/>At the beginning of the 21st century, psychoanalysis was faced with a new period of instability, the result of changes in the world scene combined with the crises of psychoanalytic institutions. In France, where the peculiar characteristics of the implantation and diffusion of psychoanalysis gave it the status of a true "exception" in relation to the rest of the world, the crisis situation was felt even more intense due to the State's demand to regulate Psychoanalytic practice, a discussion that reached its apex in 2003. The context required responses that articulated psychoanalysis and politics into actions that could attest to the importance of psychoanalysis in the contemporary world. The theoretical-bibliographic research, based on a qualitative methodology, pointed to the understanding that the way out found by the French psychoanalytic movement in response to the installed crisis occurred through the return to psychoanalysis applied to therapy, placing it at the center of debates and actions. The aim of this article is to recover part of this recent history of the French psychoanalysis and its impacts to the psychoanalysts around the world, bringing the nuances of the movements that constituted in the referred period. It is worth mentioning the organization of the "General States of Psychoanalysis", a movement that brought together psychoanalysts from different institutional approaches and affiliations in order to discuss the challenges for psychoanalysis in the new century. Finally, we bring the experience of the Centros Psicanalíticos de Consulta e Tratamento/Psychoanalytic Centers of Consultation and Treatment (CPCTs), created to offer free psychoanalytic treatment, in order to show the social utility of psychoanalysis.<hr/>Al inicio del siglo XXI, el psicoanálisis se encontró con un nuevo período de inestabilidad, fruto de los cambios en el escenario mundial agregado a las crisis de las instituciones psicoanalíticas. En Francia, país dónde las características peculiares de implantación y difusión del psicoanálisis le dieron el status de verdadera "excepción" en relación al resto del mundo, la situación de crisis fue resentida de manera aún más intensa por causa de la demanda del Estado en regular la práctica psicoanalítica, discusión que llegó al ápice en 2003. El contexto exigía respuestas que articulasen psicoanálisis y política en acciones que pudieran testificar la importancia del psicoanálisis en el mundo contemporáneo. La investigación teórico-bibliográfica, basada en metodología cualitativa, señaló para el entendimiento de que la salida encontrada por el movimiento psicoanalítico francés en respuesta a la crisis instalada ocurrió por la vía del regreso al psicoanálisis aplicado a la terapéutica, poniéndola al centro de los debates y acciones. El objetivo de este artículo es recuperar parte de la historia reciente del psicoanálisis francés y sus impactos para los psicoanalistas en todo el mundo, trayendo los matices de los movimientos que constituidos en el referido periodo. Se sobresale la organización del "Estados Generales de la Psicoanálisis", movimiento que reunió psicoanalistas de distintos enfoques y filiaciones institucionales para discutir los retos para el psicoanálisis en el nuevo siglo. Por fin, traemos la experiencia de los Centros Psicoanalíticos de Consulta y Tratamiento (CPCTs), creados para ofrecer tratamiento psicoanalítico gratis, para mostrar la utilidad social del psicoanálisis.<hr/>Au début du XXIe siècle, la psychanalyse faisait face à une nouvelle période d'instabilité en raison des modifications dans la scène mondiale, ajoutée aux crises dans les institutions psychanalytiques. En France, les caractéristiques particulières de mise en œuvre et diffusion de la psychanalyse ont lui accordé le statut de véritable «exception» concernant le reste du monde. La crise a été encore plus intense en raison de la demande de l'État sur la régulation de la pratique psychanalytique, discussion qui est arrivée à son apex en 2003. Le contexte exigeait des réponses qui articulaient psychanalyse et politique dans actions qui pourraient témoigner de l'importance de la psychanalyse dans le monde contemporain. La recherche téorique et bibliographique, basée sur une méthodologie qualitative, a indiqué que la solution trouvée par le mouvement psychanalytique français en réponse à la crise a eu lieu grâce au retour à la psychanalyse appliquée à la thérapeutique, en la plaçant au centre des débats et des actions. Le but de cet article consiste à récupérer une partie de cette histoire récente de la psychanalyse française et ses conséquences pour les psychanalystes du monde entier, en apportant les nuances des mouvements formés en cette période. On peut attirer l'attention à l'organisation des «États généraux de la psychanalyse», mouvement qui a réuni des psychanalystes de différentes approches et affiliations institutionnelles afin de discuter les défis pour la psychanalyse dans le nouveau siècle. Enfin, nous apportons l'expérience des Centres Psychanalytiques de consultation et de traitement (CPCTs), créés pour offrir un traitement psychanalytique gratuit, afin de mettre en évidence l'utilité sociale de la psychanalyse. <![CDATA[<b>Fundamentos metodológicos da pesquisa teórica em psicanálise</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Há um extenso debate em torno da pesquisa em psicanálise no âmbito dos programas de graduação e pós-graduação das universidades. Ensejado por essa discussão, este artigo se propõe a refletir sobre os fundamentos metodológicos da pesquisa teórica, relacionando-a com a premissa básica da psicanálise sobre a indissociabilidade entre pesquisa e prática clínica. Foram trabalhados conceitos fundamentais, como inconsciente, repetição e desejo, erguidos por Freud e lidos por Lacan, a fim de sustentar o método psicanalítico na pesquisa. As recomendações técnicas freudianas foram apresentadas como um caminho para a pesquisa teórica em psicanálise. O desejo é um aspecto crucial na constituição da práxis psicanalítica, no entanto, é desconcertante questionar o desejo do pesquisador na escolha de seu objeto de estudo. Para a ciência, ele deveria supostamente ser neutro ao desenrolar dos fatos. No campo da pesquisa psicanalítica, o pesquisador não tem como ser apagado de sua pesquisa, já que ele fala de determinado lugar e aparece implicado indissociavelmente ao material que pretende analisar. É essa interrogação sobre o desejo que faz da psicanálise um campo no qual o sujeito-pesquisador não tem como não ser contado. Se o sujeito é considerado pela ciência como incômodo fator de erro, a psicanálise vem reintroduzir a noção de sujeito em sua dimensão própria. Concluímos que a pesquisa não se encontra restrita à clínica, mas só pode se dar tendo a dimensão clínica em seu horizonte. Mesmo que em uma dada pesquisa não haja a referência explícita ao material clínico, ou ainda que o pesquisador em psicanálise não atue clinicamente, esse mesmo pesquisador possui sua própria experiência clínica e é parte de sua pesquisa. Toda pesquisa em psicanálise deve estar apoiada no conceito de inconsciente.<hr/>There is an extensive debate about research in psychoanalysis within the undergraduate and postgraduate programs of universities. Based on this discussion, this article proposes to reflect on the methodological foundations of theoretical research, relating it to the basic premise of psychoanalysis on the indissociability between research and clinical practice. Fundamental concepts such as unconsciousness, repetition and desire were erected by Freud and read by Lacan in order to sustain the psychoanalytical method in research. The Freudian technical recommendations were presented as a way for theoretical research in psychoanalysis. Desire is a crucial aspect in the constitution of psychoanalytic praxis, however, it is embarrassing to question the desire of the researcher in the choice of his object of study. For science, it was supposed to be neutral in the unfolding of the facts. In the field of psychoanalytic research, the researcher cannot be erased from his research, since he speaks of a certain place and appears to be inextricably implicated in the material he intends to analyze. It is this question about the desire that makes psychoanalysis a field in which the subject-researcher cannot be counted. If the subject is considered by science as an annoying factor of error, psychoanalysis comes to reintroduce the notion of subject in its own dimension. We conclude that the research is not restricted to the clinic, but can only be given the clinical dimension in its horizon. Even if in a given research there is no explicit reference to the clinical material, or even if the researcher in psychoanalysis does not act clinically, this same researcher has his own clinical experience and is part of his research. All research in psychoanalysis must be based on the concept of unconscious.<hr/>Hay un largo debate en vuelta de la investigación en psicoanálisis en el campo de los programas de grado y post-grado de las universidades. Motivado por esta discusión, este artículo propone reflexionar sobre los fundamentos metodológicos de la investigación teórica, relacionándola con la premisa básica del psicoanálisis sobre la inseparable investigación y práctica clínica. Fueron trabajados conceptos fundamentales, como inconsciente, repetición y deseo, levantado por Freud y leídos por Lacan, para sostener el método psicoanalítico en la investigación. Las recomendaciones técnicas freudianas fueron presentadas como un camino para la investigación teórica en psicoanálisis. El deseo es un aspecto crucial en la constitución de la praxis psicoanalítica, sin embargo, es desconcertante cuestionar el deseo del investigador en la elección de su objeto de estudio. Para la ciencia, él debería ser neutro al desenrollar de los hechos. En el campo de la investigación psicoanalítica, el investigador no tiene cómo borrarse de su investigación, ya que él habla de determinado lugar y aparece implicado inseparablemente al material que pretende analizar. Es esta interrogación sobre el deseo que hace del psicoanálisis un campo donde el sujeto-investigador no tiene cómo no ser contado. Si el sujeto es considerado por la ciencia como incómodo factor de error, el psicoanálisis viene a reintroducir la noción de sujeto en su propia dimensión. Concluimos que la investigación no se encuentra limitada a la clínica, pero solo puede ocurrir teniendo la dimensión clínica en su horizonte. Aunque en una determinada investigación no haya la referencia explícita al material clínico, o aún que el investigador en psicoanálisis no actue clínicamente, este mismo investigador posee su propia experiencia clínica y es parte de su investigación. Toda investigación en psicoanálisis debe estar apoyada en el concepto de inconsciente.<hr/>Il y a un grand débat sur la recherche en psychanalyse dans le contexte du premier cycle et deuxième cycle des universités. Á cause de ce débat, cet article se propose de réfléchir sur les fondements méthodologiques de la recherche théorique, en faisant du rapport avec le principe fondamental de la psychanalyse sur l'inséparabilité entre recherche et pratique clinique. Concepts fondamentaux ont été travaillés, comme l'inconscient, la répétition et le désir, érigés par Freud et lus par Lacan afin de soutenir la méthode psychanalytique. Les recommandations techniques de Freud ont été présentées comme un moyen de recherche théorique en psychanalyse. Le désir, c'est un aspect crucial dans la constitution de la praxis psychanalytique, néanmoins, c'est déconcertant d'interroger le désir du chercheur dans le choix de son objet d'étude. Pour la science, le chercheur devrait être neutre aux déroulement de faits. Dans le domaine de la recherche psychanalytique, il n'y a pas moyen du chercheur être supprimé de son recherche, car il parle d'un certain endroit et il semble impliqué inextricablement à la matière qu'il souhaite analyser. C'est cette question sur le désir qui fait la psychanalyse un terrain sur lequel le sujet-chercheur ne peut pas compter. Si le sujet est considéré par la science comme facteur d'erreur, la psychanalyse vient réintroduire la notion de sujet dans sa propre dimension. Nous concluons que la recherche ne se limite pas à la clinique, mais elle ne peut existe que par la dimension clinique en son horizon. Même si dans une recherche donnée, il n'y a pas de référence explicite au matériel clinique, même si le chercheur en psychanalyse ne travaille pas cliniquement, ce même chercheur a son propre expérience clinique et cela fait partie de son recherche. Toutes les recherches en psychanalyse doivent reposer sur le concept de l'inconscient. <![CDATA[<b>Desdobramentos do ensino acadêmico para a formação psicanalítica</b>: <b>contribuições da clínica ofertada em hospital geral</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente artigo se interessa pelos efeitos do ensino acadêmico, sustentado na metapsicologia freudiana, nos aportes lacanianos e na clínica psicanalítica desenvolvida em instituição de saúde pública. Para tanto, dialoga com dois trabalhos realizados, respectivamente, em dois hospitais gerais: uma pesquisa com pacientes atendidos por profissionais em especialização, que pretende problematizar os efeitos de tratamento nos pacientes atendidos, e um projeto de extensão que problematiza as condições de ensino da clínica a partir do encontro de discentes com os dispositivos de tratamento e seus efeitos. A partir desse diálogo, o trabalho destaca as nuances da formação clínica acadêmica no campo psicanalítico, atendo-se às consequências de que, se a experiência com a clínica é uma das condições à formação de um analista, um analista é condição à instauração da situação analítica que ao tratamento interessa. Discute a implicação desse fator nos efeitos produzidos na clínica ofertada em instituição, acrescendo-se, na análise, o cenário institucional com sua variedade clínica e suas demandas curativas, que, por um lado, de somam à formação, por outro, solicitam um preparo do profissional se o horizonte é um tratamento analítico na sua distinção às abordagens terapêuticas e assistenciais. Sobre esse ponto, o artigo resgata os indicadores freudianos quanto aos limites de apreensão à vertente clínica da psicanálise, na universidade, alinhando-se à análise pessoal do profissional como dispositivo fundamental. Considerando a especificidade da proposta acadêmica na graduação, propõe um dispositivo de ensino ao manejo com o saber inconsciente que interessa à clínica psicanalítica.<hr/>This article is interested in the effects of academic education, based on Freudian metapsychology, on Lacanian contributions and on the psychoanalytic clinic developed in a public health institution. In order to do so, it is in dialogue with two works carried out, respectively, in two general hospitals: a research with patients attended by professionals in specialization, who intends to problematize the treatment effects in the patients attended, and an extension project that problematizes the teaching conditions of the clinic from the meeting of students with the treatment devices and their effects. From this dialogue, the work highlights the nuances of academic clinical training in the psychoanalytic field, taking into account the consequences that if the experience with the clinic is one of the conditions for the formation of an analyst, an analyst is a condition for the establishment of the analytical situation approach to treatment. It discusses the implication of this factor in the effects produced in the clinic offered in an institution, adding, in the analysis, the institutional scenario with its clinical variety and its curative demands, which, on the one hand, of adding to the formation, on the other, request a preparation of the professional if the horizon is an analytical treatment in its distinction to the therapeutic and care approaches. On this point, the article rescues the Freudian indicators regarding the limits of apprehension to the clinical aspect of psychoanalysis, in the university, aligned with the personal analysis of the professional as a fundamental device. Considering the specificity of the academic proposal in the undergraduate course, it proposes a teaching device to the management with the unconscious knowledge that interests to the psychoanalytic clinic.<hr/>Este trabajo se interesa por los efectos de la enseñanza académica, sostenida en la metapsicología freudiana, en los aportes lacanianos y en la clínica psicoanalítica desarrollada en instituciones de salud pública. Para tanto, dialoga con dos trabajos realizados, respectivamente, en dos hospitales generales: una investigación con pacientes atendidos por profesionales en especialización, que pretende problematizar los efectos de tratamiento en los pacientes atendidos, y un proyecto de extensión que problematiza las condiciones de enseñanza de la clínica desde el encuentro de discentes con los dispositivos de tratamiento y sus efectos. Con este dialogo, el trabajo resalta los matices de la formación clínica académica en el campo psicoanalítico, ateniéndose a las consecuencias de que, si la experiencia con la clínica es una de las condiciones a la formación de un analista, un analista es condición a la implementación de la situación analítica que al tratamiento interesa. Discute la implicación de este factor en los efectos producidos en la clínica ofrecida en instituciones, añadiendo en el análisis el escenario institucional con su variedad clínica y sus demandas curativas que, por un lado, se suman a la formación, por otro, solicitan una preparación del profesional si el horizonte es un tratamiento analítico en su distinción a los enfoques terapéuticos y asistenciales. Sobre este punto, el artículo rescata los indicadores freudianos cuanto a los límites de aprehensión a la vertiente clínica del psicoanálisis, en la universidad, alineándose al análisis personal del profesional como dispositivo fundamental. Considerando la especificidad de la propuesta académica en el grado, propone un dispositivo de enseñanza a la gestión con el saber inconsciente que interesa a la clínica psicoanalítica.<hr/>Cet article s'intéresse par les effets de l'enseignement académique, soutenu par la métapsychologie freudienne, avec les contributions lacaniennes e de la clinique psychanalytique développée dans des institutions de santé publique. À cette fin, cet article dialogue avec deux travaux realisés dans deux hôpitaux généraux: une enquête avec des patients vus par des professionnels en train de faire spécialisation, qui vise à examiner les effets du traitement chez les patients, et un projet d'extension qui analyse les conditions de l'enseignement de la clinique à partir du rencontre des élèves avec le traitement et ses effets. À partir de ce dialogue, la recherche met en évidence les nuances de la formation clinique académique dans le domaine psychanalytique, en attirant l'attention aux conséquences d'avoir l'expérience avec la clinique comme l'une des conditions pour la formation d'un analyste. Donc, un analyste est la condition pour l'instauration de la situation analytique qu'intéresse au soin. Cet article traite de l'implication de ce facteur dans les effets produits dans les cliniques offerts dans des institutions, en ajoutant, dans l'analyse, le cadre institutionnel avec sa variété clinique et ses revendications, qui, d'une part, sont ajoutées à la formation, d'autre part, nécessitent une préparation professionnelle si l'horizon est un traitement analytique dans sa distinction dans les approches thérapeutiques et assistantielles. Sur ce point, l'article prend les indicateurs freudiennes quant aux limites d'appréhension à la source clinique de la psychanalyse, chez l'université, en s'alignant à l'analyse personnelle du professionnel comme dispositif fondamental. En considérant la spécificité de la proposition académique au premir cycle, on propose un dispositif d'enseignement de la gestion avec le savoir inconscient qui intéresse à la clinique psychanalytique. <![CDATA[<b>A angústia como <i>pathos</i> fundamental</b>: <b>uma questão freudiana</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692017000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Partindo da experiência clínica no âmbito de pesquisas em psicanálise, o artigo versa sobre o conceito de angústia na trama freudiana. Observa-se que, em uma parcela significativa dos sujeitos atendidos, a angústia se apresenta como um afeto impossibilitado de representação e que tem como destino, dentre outros, o corpo e/ou atos compulsivos não mediados pelo pensamento. Para uma maior aproximação da dinâmica psíquica desses sujeitos, procura-se discutir uma dimensão mais primitiva desse afeto, que distancia-se da noção de angústia sinal, na obra de Freud. Como subsídio, será abordada a concepção de angústia de Heidegger, circunscrita como um afeto que se distingue do temor por sua ausência de objeto e função. Deste modo, discute-se a angústia como pathos fundamental, diferente da ansiedade e da angústia de castração.<hr/>Starting from the clinical experience in psychoanalysis research, this article deals with the concept of anguish in the Freudian plot. It is observed that, in a significant portion of the subjects attended, the anguish presents itself as an impossible affection of representation and that has as destination, among others, the body and / or compulsive acts not mediated by the thought. For a closer approximation of the psychic dynamics of these subjects, we try to discuss a more primitive dimension of this affection, which distances itself from the notion of signal anguish, in Freud's work. As a subsidy, Heidegger's conception of anguish will be approached, circumscribed as an affection that is distinguished from fear by its absence of object and function. In this way, the anguish is discussed as fundamental pathos, different from the anxiety and the anguish of castration.<hr/>Partiendo de la experiencia clínica en el ámbito de investigaciones en psicoanálisis, el artículo trata sobre el concepto de angustia en la trama freudiana. Se observa que, en una parte significativa de los sujetos atendidos, la angustia se presenta como un afecto imposibilitado de representación y que tiene como destino, entre otros, el cuerpo y/o actos compulsivos no mediados por el pensamiento. Para un mayor acercamiento de la dinámica psíquica de estos sujetos, se busca discutir una dimensión más primitiva de ese afecto, que se aparta de la noción de angustia señal, en la obra de Freud. Como subvención, será tratada la concepción de angustia de Heidegger, circunscrita como un afecto que se diferencia del temor por ausencia de objeto y función. De este modo, se discute la angustia como pathos fundamental, diferente de la ansiedad y de la angustia de castración.<hr/>En partant de l'expérience clinique dans le domaine de la recherche en psychanalyse, l'article traite de la notion d'anxiété dans la trame freudienne . On observe que, dans une partie importante des sujets assistés, l'angoisse se présente comme une affection impossoble de representer et qui a comme destination, entre autres, le corps et/ou des actes compulsifs non véhiculées par la pensée. Pour une plus grande approche de la dynamique psychique de ces sujets, on cherche à discuter une dimension plus primitive de cette affection, qui s'éloigne de la notion d'angoisse comme signe, dans l'oeuvre de Freud. Comme moyen d'étude, la conception d'angoisse de Heidegger sera abordée, circonscrite comme une affection qui se distingue de la peur pour sa manque d'objet et de fonction. De cette façon,on discute l'angoisse comme pathos fondamental, différemment de l'anxiété et de l'angoisse de castration.