Scielo RSS <![CDATA[Revista Subjetividades]]> http://pepsic.bvsalud.org/rss.php?pid=2359-076920210004&lang=pt vol. 21 num. SPE lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://pepsic.bvsalud.org/img/en/fbpelogp.gif http://pepsic.bvsalud.org <![CDATA[<b>Reescrevendo o percurso da psicologia existencial</b>: <b>um retorno a kierkegaard</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O objetivo deste estudo é mostrar que a psicologia existencial e suas repercussões na clínica têm início no pensamento de Søren Aaybe Kierkegaard (1813-1855). Defendemos que há uma narrativa pregressa, esquecida e, portanto, inexplorada, da psicologia que se constitui nas condições de possibilidade da perspectiva existencial. Uma releitura das obras psicológicas de Kierkegaard nos permite reescrever outro percurso da psicologia, que ocorre à margem do que é mais conhecido e divulgado. Por meio de uma revisão narrativa da literatura de autores que constituíram sua compreensão da psicologia existencial fazendo referência ao pensamento de Kierkegaard, concluímos que as apropriações das teses desse filósofo ocorrem de diferentes formas, de acordo com a perspectiva epistemológica que as inspiram: psicologia empírica, psicologia existencial-humanista e psicologia existencial. Com este estudo identificamos que os elementos que diferenciam essas perspectivas, tanto no que diz respeito à formulação da psicologia como da clínica psicológica, são, respectivamente, os conceitos de liberdade e subjetividade humana e a compreensão de relação.<hr/>This study aims to show that existential psychology and its repercussions on the clinic begin with the thought of Søren Aaybe Kierkegaard (1813-1855). We defend that there is a previous, forgotten, and, therefore, the unexplored narrative of psychology that constitutes the conditions of possibility of the existential perspective. A rereading of Kierkegaard's psychological works allows us to rewrite another path in psychology, which takes place outside what is better known and disseminated. Through a narrative review of the literature of authors who constituted their understanding of existential psychology referring to the thought of Kierkegaard, we conclude that the appropriations of this philosopher's theses occur in different ways, according to the epistemological perspective that inspires them: empirical psychology, existential-humanist psychology, and existential psychology. With this study, we identified that the elements that differentiate these perspectives, both concerning the formulation of psychology and clinical psychology, are, respectively, the concepts of human freedom and subjectivity and the understanding of the relationship.<hr/>El objetivo de este trabajo es enseñar que la psicología existencial y sus repercusiones en la clínica tienen inicio en el pensamiento de Soren Aaybe Kierkegaard (1813-1855). Defendemos que hay una narrativa anterior, olvidada y, por lo tanto, inexplorada, de la psicología que se constituye en las condiciones de posibilidad de la perspectiva existencial. Una relectura de las obras psicológicas de Kierkegaard nos permite reescribir otro trayecto de la psicología, que ocurre al margen de lo que es más conocido y difundido. Por medio de una revisión narrativa de la literatura de autores que constituyeron su comprensión de la psicología existencial haciendo referencia al pensamiento de Kierkegaard, concluimos que las apropiaciones de las tesis de este filósofo ocurren de diferentes formas, de acuerdo con la perspectiva epistemológica que las inspiran: psicología empírica, psicología existencial-humanista y psicología existencial. Con este trabajo identificamos que los elementos que diferencian estas perspectivas, tanto con relación a la formulación de la psicología como de la clínica psicológica, son, respectivamente, los conceptos de libertad, y subjetividad humana y la comprensión de relación.<hr/>Le but de cette étude est de montrer que la psychologie existentielle et ses répercussions sur la clinique commencent avec la pensée de Søren Aaybe Kierkegaard (1813-1855). Nous défendons qu'il existe un récit antérieur, oublié et donc inexploré de la psychologie qui est constitué chez les conditions de possibilité de la perspective existentielle. Une relecture des travaux psychologiques de Kierkegaard permet de réécrire un autre chemin de la psychologie, qui se déroule en dehors de ce qui est mieux connu et diffusé. Au travers d'une revue de la littérature des auteurs qui ont constitué leur compréhension de la psychologie existentielle en référence à la pensée de Kierkegaard, nous concluons que les appropriations des thèses de ces philosophes se produisent de différentes manières, selon la perspective épistémologique qui les inspire : psychologie empirique, -psychologie humaniste et psychologie existentielle. Avec cette étude, nous avons identifié que les éléments qui différencient ces perspectives, en ce qui concerne la formulation de la psychologie ou en ce qui concerne la psychologie clinique, sont, respectivement, les concepts de liberté humaine et de subjectivité et la compréhension des relations. <![CDATA[<b>Ser adolescente com transtorno de aprendizagem</b>: <b>um olhar da fenomenologia de merleau-ponty</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A adolescência é considerada como uma fase de descobertas, marcada por inúmeras mudanças, e a literatura a apresenta como uma passagem da infância para a vida adulta. Os adolescentes com transtornos de aprendizagem vivenciam essa fase com medos e angústias devido aos limites que são impostos pelo transtorno. Neste estudo, objetivou-se compreender a experiência vivida de ser adolescente com diagnóstico de transtorno de aprendizagem sob a ótica da fenomenologia de Merleau-Ponty. Foi utilizado o método fenomenológico crítico para acessar a experiência vivida de adolescentes de 11 a 17 anos que participam de grupos de psicopedagogia num núcleo de atendimento integrado localizado na cidade de Fortaleza. A partir das falas dos adolescentes, foram elencadas cinco categorias: a relação do adolescente com o transtorno e suas limitações; a relação do adolescente com seu meio social; a dificuldade do adolescente em lidar com seu processo de adolescer; os sentimentos do adolescente diante de sua diferença; e a relação dos adolescentes com as exigências do cotidiano. Compreendeu-se que a experiência de ser adolescente com o transtorno é perpassada por sofrimento, uma vez que há diversos significados atribuídos como a vergonha e o sentimento de inutilidade. Considera-se que os adolescentes se encontram em um contexto no qual são destituídos e desresponsabilizados de sua própria experiência, sendo ela sempre considerada a partir de um discurso alheio por conta de uma infantilização exacerbada que, muitas vezes, é atribuída ao transtorno pelos pais e cuidadores.<hr/>Adolescence is considered a phase of discovery, marked by numerous changes, and literature presents it as a passage from childhood to adulthood. Adolescents with learning disorders experience this phase with fears and anxieties due to the limits imposed by the learning disorder. This study aimed to understand the experience of being an adolescent diagnosed with a learning disorder from the perspective of Merleau-Ponty's phenomenology. This study used the critical phenomenological method to access the lived experience of adolescents from 11 to 17 years old who participate in psychopedagogy groups in an integrated care center located in Fortaleza. We listed five categories based on the adolescents' statements: the adolescent's relationship with the disorder and its limitations; the adolescent's relationship with their social environment; the adolescent's difficulty in dealing with their adolescence process; the teenager's feelings about their difference; and the relationship of adolescents with the demands of everyday life. It was understood that the experience of being an adolescent with the learning disorder is permeated by suffering since there are different meanings attributed to it, such as shame and the feeling of worthlessness. Adolescents are considered to be in a context in which they are deprived of and exempt from responsibility for their own experience, which is always considered from a foreign discourse due to an exacerbated infantilization that is often attributed to this disorder by parents and caregivers.<hr/>La adolescencia es considerada como una fase de descubiertas, marcada por muchos cambios, y la literatura la presenta como un paso de la niñez para la vida adulta. Los adolescentes con trastornos de aprendizaje viven esta fase con miedos y angustias debido a los límites que son impuestos por el trastorno. En este trabajo, se objetivó comprender la experiencia vivida de ser adolescente con diagnóstico de trastorno de aprendizaje bajo la óptica de la fenomenología de Merleau-Ponty. Se utilizó el método fenomenológico crítico para acceder a la experiencia vivida por adolescentes de 11 hasta 17 años que participan de grupos de psicopedagogía en un núcleo de atendimiento integrado ubicado en la ciudad de Fortaleza. A partir de las hablas de los adolescentes, fueron definidas cinco categorías: la relación del adolescente con el trastorno y sus limitaciones; la relación del adolescente con su medio social; la dificultad del adolescente de manejar su proceso de adolecer; los sentimientos del adolescente ante su diferencia; y la reacción de los adolescentes con las exigencias del cotidiano. Se comprendió que la experiencia de ser adolescente con el trastorno es llena de sufrimiento, una vez que hay diversos significados asignados como vergüenza y el sentimiento de inutilidad. Se considera que los adolescentes se encuentran en un contexto a lo cual son destituidos y eximidos de la responsabilidad de su propia experiencia, siendo ella siempre considerada a partir de un discurso ajeno por causa de una "infantilización" exagerada que, muchas veces, es atribuida al trastorno por los padres y cuidadores.<hr/>L'adolescence est considérée comme une phase de découverte, marquée par d'innombrables transformations. La littérature la présente comme un passage de l'enfance à l'âge adulte. Les adolescents qui présentent des troubles d'apprentissage vivent cette phase avec des peurs et des angoisses en raison des limites imposées par le trouble. Dans cette étude, nous cherchons à comprendre l'expérience d'être un adolescent diagnostiqué avec un trouble d'apprentissage du point de vue de la phénoménologie de Merleau-Ponty. La méthode phénoménologique critique a été utilisée pour accéder à l'expérience vécue par certains adolescents de 11 à 17 ans. Ils participent à des groupes de psychopédagogie dans un centre de soins intégrés situé dans la ville de Fortaleza, au Brésil. développés : la relation de l'adolescent avec le trouble et ses limites ; la relation de l'adolescent avec son environnement social ; la difficulté de l'adolescent avec son processus d'adolescence ; les sentiments de l'adolescent face à sa différence et la relation des adolescents avec les exigences de la vie quotidienne. Il a été constaté que l'expérience d'être un adolescent avec ce trouble est imprégnée de souffrance, car plusieurs significations lui sont attribuées, telles que la honte et le sentiment d'inutilité. Il est possible considérer que les adolescents sont dans un contexte où ils sont privés et exonérés de la responsabilité de leur propre expérience. Cela se passe parce que leur expérience n'est considérée qu'à partir d'un discours étranger, en raison d'une infantilisation exacerbée, souvent attribuée au trouble par les parents et les soignants. <![CDATA[<b>"Projeto de ser" como fundamento epistemológico para práticas em saúde coletiva</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O conceito de projeto de ser é central na obra de Jean-Paul Sartre e aspecto essencial da psicologia existencialista. Sartre toma essa temática da fenomenologia, que aborda a questão do projeto como uma dimensão importante da temporalidade do sujeito, na dinâmica que envolve o futuro. O existencialista aborda essa noção com diferentes designações ao longo de suas obras: projeto fundamental, projeto original e projeto de ser. Esses termos são sinônimos e utilizados em diferentes partes de sua elaboração teórica para elucidar aspectos que se colocam como mais relevantes para cada contexto. Neste ensaio teórico, desenvolvido por meio de uma revisão narrativa da literatura, com base nas obras do próprio Sartre ou de estudiosos e comentadores do filósofo, será utilizado o termo "projeto de ser", dado que o desafio do método clínico existencialista consiste, justamente, no desvelamento do ser do sujeito, compreendido como ser-no-mundo. Objetiva-se desenvolver a compreensão desse conceito em sua aplicabilidade instrumental no campo da saúde. Para tanto, desenvolve-se a relação desse conceito com os princípios da saúde coletiva - como a questão da integralidade, da territorialidade, da promoção de saúde, da prevenção e do cuidado psicossocial - e suas contribuições para a inteligibilidade de fenômenos, particularmente o sofrimento psíquico e as psicopatologias. Discute-se que alguns conceitos existencialistas podem servir como fundamento epistêmico para a proposta de uma clínica ampliada, constituindo uma contribuição teórica e metodológica para a área.<hr/>The concept of project of being is central to the work of Jean-Paul Sartre and an essential aspect of existentialist psychology. Sartre takes this theme from phenomenology, which addresses the project's issue as a relevant dimension of the subject's temporality, in the dynamics that involve the future. The existentialist approaches this notion with different names throughout his works: foundational project, original project, and project of being. These terms are synonymous and used in different parts of their theoretical elaboration to elucidate aspects that are more relevant for each context. In this theoretic essay, developed through a narrative review of the literature, based on the works of Sartre himself or the philosopher's scholars and commentators, the term "project of being" will be used, given that the challenge of the existentialist clinical method consists, precisely, in the unveiling of the subject's being, understood as being-in-the-world. The objective is to develop an understanding of this concept in its instrumental applicability in the health field. Therefore, the relationship of this concept with the principles of collective health is developed - such as the issue of integrality, territoriality, health promotion, prevention, and psychosocial care - and their contributions to the intelligibility of phenomena, particularly suffering psychic and psychopathologies. It argued that some existentialist concepts could serve as an epistemic foundation for the proposal of an expanded clinic, constituting a theoretical and methodological contribution to the area.<hr/>El concepto de proyecto de ser es central en la obra de jean-Paul Sartre y aspecto esencial de la psicología existencialista. Sartre toma esa temática de la fenomenología, que trata la cuestión del proyecto como una dimensión importante de la temporalidad del sujeto, en la dinámica que envuelve el futuro. El existencialista enfoca esta noción con diferentes asignaciones a lo largo de sus obras: proyecto original y proyecto de ser. Estos términos son sinónimos y utilizados en diferentes partes de su elaboración teórica para elucidar aspectos que se ponen como más relevantes para cada contexto. En este ensayo teórico, desarrollado por medio de una revisión narrativa de la literatura, con base en las obras del propio Sartre o de estudiosos y comentadores del filósofo, será utilizado el término "proyecto de ser", ya que el reto del método clínico existencialista consiste, justamente, en aclarar el ser del sujeto, comprendido como ser-en-el-mundo. Se objetiva desarrollar la comprensión de este concepto en su aplicabilidad instrumental en el campo de la salud. Para esto, se desarrolla la relación de este concepto con los principios de la salud colectiva - como la cuestión de la integralidad, del fomento de la salud, de la prevención y del cuidado psicosocial - y sus contribuciones para la inteligibilidad de fenómenos, especialmente el sufrimiento psíquico y las psicopatologías. Se discute que algunos conceptos existencialistas pueden servir como fundamentación epistémica para la propuesta de una clínica ampliada, constituyendo una contribución teórica y metodológica para el área.<hr/>Le concept du "Projet d'être" est au cœur des travaux de Jean-Paul Sartre et s'agit-il un aspect essentiel de la psychologie existentialiste. Sartre prend ce thème de la phénoménologie, qui aborde la question du projet comme une dimension importante de la temporalité du sujet, dans les dynamiques qui impliquent le futur. L'existentialiste aborde cette notion avec des différents termes tout au long de ses œuvres : projet fondamental, projet originel et projet d'être. Ces termes sont synonymes et sont utilisés chez différentes moments de son élaboration théorique pour élucider les aspects les plus pertinents pour chaque contexte. Dans cet essai théorique, développé à travers une revue narrative de la littérature, à partir des travaux de Sartre ou des savants et commentateurs du philosophe, le terme « projet d'être » est utilisé, une fois que l'enjeu de la méthode clinique existentialiste est donné, précisément, dans le dévoilement de l'être du sujet, ce ci entendu comme être-au-monde. L'objectif est de développer une compréhension de ce concept dans son applicabilité instrumentale dans le domaine de la santé. Par conséquent, on développe la relation de ce concept avec les principes de santé collective - tels que: la question de l'intégralité, la question de la territorialité, la question de la promotion de la santé, la question de la prévention et la question des soins psychosociaux - et leurs contributions à l'intelligibilité des phénomènes, notamment des souffrances psychiques et des psychopathologies. Il est débattu que certains concepts existentialistes peuvent servir de fondement épistémique à la proposition d'une clinique élargie, constituant une contribution théorique et méthodologique au domaine. <![CDATA[<b>O fenômeno da intersubjetividade na relação psicoterapêutica</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artigo apresenta uma investigação teórica sobre a constituição do fenômeno da intersubjetividade, considerado como uma passagem do eu ao outro, a partir dos princípios da antropologia fenomenológica de Edmund Husserl. É discutida, também, a relevante contribuição da filósofa e psicóloga alemã Edith Stein, discípula de Husserl, sobre a experiência empática. O conceito desenvolvido por Stein sobre a empatia fenomenológica, que pode ser traduzida, também, como "intropatia" ou "entropatia", possibilita um olhar sui generis acerca do encontro com o outro. A qualidade desse encontro é de suma importância quando consideramos a relação entre psicoterapeuta e cliente no contexto da clínica psicológica humanista, orientada pelos princípios da abordagem centrada na pessoa, desenvolvida pelo psicólogo norte americano Carl Rogers. As implicações entre subjetividade e intersubjetividade são analisadas num movimento de interlocução criativa entre a filosofia fenomenológica e a psicologia clínica humanista, objetivando contribuir para uma aproximação entre dois campos que se afetam mutuamente ao se apropriarem da experiência humana a partir de ênfases complementares, estrutura universal e concretude singular.<hr/>This article presents a theoretical investigation on the constitution of the phenomenon of intersubjectivity, considered as a passage from the self to the other, based on the principles of Edmund Husserl's phenomenological anthropology. The relevant contribution of the German philosopher and psychologist Edith Stein, a disciple of Husserl, on the empathic experience is also discussed. The concept developed by Stein about phenomenological empathy, which can also be translated as "intropathy" or "entropathy", allows a sui generis look at the encounter with the other. The quality of this encounter is of paramount importance when we consider the relationship between psychotherapist and client in the context of the humanistic psychological clinic, guided by the principles of the person-centered approach, developed by the North American psychologist Carl Rogers. The implications between subjectivity and intersubjectivity are analyzed in a movement of creative dialogue between phenomenological philosophy and humanistic clinical psychology, aiming to contribute to an approximation between two fields that affect each other by appropriating human experience from complementary emphases, universal structure, and singular concreteness.<hr/>Este trabajo presenta una investigación teórica sobre la constitución del fenómeno de la intersubjetividad, considerado como un paso del yo al otro, a partir de los principios de la antropología fenomenológica de Edmund Husserl. También se discute la relevante contribución de la filósofa y psicóloga alemana Edith Stein, discípula de Husserl, sobre la experiencia empática. El concepto desarrollado por Stein sobre la empatía fenomenológica, que puede ser traducida, también, como "intropatía" o "entropatía", permite una mirada sui generis acerca del encuentro con el otro. La calidad de este encuentro es de gran importancia cuando consideramos la relación entre psicoterapeuta y cliente en el contexto de la clínica psicológica humanista, orientada por los principios del enfoque centrado en la persona, desarrollada por el psicólogo norte americano Carl Rogers. Las implicaciones entre subjetividad e intersubjetividad son analizadas en un movimiento de interlocución creativa entre la filosofía fenomenológica y la psicología clínica humanista, objetivando contribuir para un acercamiento entre dos campos que afectan mutuamente al adueñarse de la experiencia humana a partir de énfasis complementares, estructura universal y realidad singular.<hr/>Cet article présente une recherche théorique sur la constitution du phénomène d'intersubjectivité, considéré comme un passage de soi à l'autre, à partir des principes de l'anthropologie phénoménologique d'Edmund Husserl. La contribution pertinente de la philosophe et psychologue allemande Edith Stein, disciple de Husserl, sur l'expérience empathique est également discutée. Le concept développé par Stein sur l'empathie phénoménologique, que l'on peut aussi traduire par « intropathie » ou « entropathie », permet un regard sui generis sur la rencontre avec l'autre. La qualité de cette rencontre est d'une importance primordiale lorsque l'on considère la relation entre psychothérapeute et client, dans le contexte de la clinique psychologique humaniste guidée par les principes de l'approche centrée sur la personne. Ce ci a été développée par le psychologue nord-américain Carl Rogers. Les implications entre subjectivité et intersubjectivité sont analysées dans un mouvement de dialogue créatif entre philosophie phénoménologique et psychologie clinique humaniste, en visant à contribuer à une approximation entre deux domaines qui s'affectent en s'appropriant l'expérience humaine à partir d'une attention complémentaire, une structure universelle et d'une concrétude singulière. <![CDATA[<b>Pequenos exercícios experimentais da liberdade</b>: <b>articulações entre arte, clínica e política</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O presente trabalho apresenta uma articulação teórica, com um referencial interdisciplinar, que põe em diálogo os campos da arte, da clínica e da política. Tal articulação foi desenvolvida ao longo de uma pesquisa-ação com jovens em favelas cariocas que tinha como mote central a indagação sobre as possibilidades de reinvenção de um espaço urbano fortemente fragmentado e estratificado, demarcado pela segregação socioespacial. A constatação de que a fragmentação urbana característica das grandes cidades no contexto do capitalismo produz diferentes modos de vida e formas de subjetivação, estabelecendo fronteiras de convívio e afetando o estabelecimento de relações de alteridade, nos conduziu a pensar as possibilidades de reconfiguração sensível do mundo comum. Nesse sentido, nossas explorações teórico-práticas deram-se nessa articulação interdisciplinar em torno das temáticas do corpo, da experiência sensível e intercorporal, da alteridade e da criação como invenção e reinvenção da vida, apontando para o entrelaçamento de suas dimensões ética, estética e política. O artigo apresenta, em primeiro plano, o recorte teórico da pesquisa, discutindo uma perspectiva fenomenológica da subjetividade como corporeidade, ancorada no pensamento de Merleau-Ponty, assim como o trabalho clínico inspirado nessa perspectiva, em suas interfaces com o campo da arte e seu caráter de ação política. A partir de um breve olhar para a experiência com os jovens nessa pesquisa-ação, conclui-se considerando que o diálogo da psicologia com a arte tem a potência de ativar a dimensão lúdica, propiciar a criação de uma linguagem comum, permitindo a criação de dispositivos clínico-artísticos que possibilitam a recriação de si e das relações de alteridade na vivência do espaço urbano, atualizando possibilidades de reconfiguração sensível. O corpo teórico de ideias, inseparável de uma ação prática de pesquisar com os jovens, possibilitou criar uma metodologia lúdica de pesquisa e intervenção no espaço urbano.<hr/>The present work presents a theoretical articulation with an interdisciplinary framework, which brings the art, clinic, and political fields into dialogue. Such articulation was developed during the action research with young people in Rio de Janeiro slums whose central theme was the question of the possibilities of reinventing a strongly fragmented and stratified urban space demarcated by socio-spatial segregation. The observation that the urban fragmentation characteristic of big cities in the context of capitalism produces different ways of life and forms of subjectivation, establishing boundaries of coexistence and affecting the establishment of alterity relationships, led us to think about the possibilities of sensitive reconfiguration of the ordinary world. In this sense, our theoretical-practical explorations took place in this interdisciplinary articulation around the themes of the body, sensitive and intercorporeal experience, otherness, and creation as an invention and reinvention of life, pointing to the intertwining of its ethical, aesthetic, and politics. The article presents, in the foreground, the theoretical framework of the research discussing a phenomenological perspective of subjectivity as corporeity, anchored in the thought of Merleau-Ponty, as well as the clinical work inspired by this perspective in its interfaces with the field of art and its character of political action. From a brief look at the experience with young people in this action research, it is concluded that the dialogue between psychology and art has the power to activate the playful dimension, providing the creation of a common language, allowing the creating of clinical-artistic devices that enable the recreation of the self and the relations of alterity in the experience of urban space, updating possibilities for sensitive reconfiguration. The theoretical body of ideas, inseparable from a practical action of researching with young people, made it possible to create a playful research and intervention methodology in the urban space.<hr/>El presente trabajo presenta una articulación teórica, con un referencial interdisciplinar, que pone en diálogo los campos del arte, de la clínica y de la política. Tal articulación fue desarrollada a lo largo de una investigación-acción con jóvenes en favelas cariocas que tenía como lema central la indagación sobre las posibilidades de reinvención de un espacio urbano fuertemente fragmentado y estratificado, demarcado por la segregación socio espacial. La constatación de que la fragmentación urbana característica de las grandes ciudades en el contexto del capitalismo produce diferentes modos de vida y formas de subjetivación, estableciendo fronteras de convivencia y afectando el establecimiento de relaciones de alteridad, nos condujo a pensar las posibilidades de reconfiguración sensible del mundo común. En este sentido, nuestras investigaciones teórico-prácticas ocurrieron en esta articulación interdisciplinar en vuelta de las temáticas del cuerpo, de la experiencia sensible e intercorporal, de la alteridad y de la creación como invento y reinvento de la vida, indicando el entrelazamiento de sus dimensiones ética, estética y política. El artículo presenta, en primer plano, el recorte teórico de la investigación, discutiendo una perspectiva fenomenológica de la subjetividad como corporeidad, anclada en el pensamiento de Merleau-Ponty, así como el trabajo clínico inspirado en esta perspectiva, en sus interfaces como el campo del arte y su carácter de acción político. A partir de un breve vistazo en la experiencia con jóvenes en esta investigación, se concluye considerando que el diálogo de la psicología con el arte tiene el poder de activar la dimensión lúdica, propiciar la creación de un lenguaje común, permitiendo la creación de dispositivos clínico-artísticos que posibilitan la recreación de uno mismo y de las relaciones de alteridad en la experiencia del espacio urbano, actualizando posibilidades de reconfiguración sensible. El cuerpo teórico de ideas, inseparable de una acción práctica de investigación con los jóvenes, posibilitó crear una metodología lúdica de investigación e intervención en el espacio urbano.<hr/>Le présent travail présente une articulation théorique, avec un cadre interdisciplinaire, qui fait dialoguer les domaines de l'art, de la clinique et de la politique. Une telle articulation a été développée lors d'une recherche-action avec des jeunes qui habitent des bidonvilles à Rio de Janeiro. Le thème de la recherche est la possibilité de renouveler un espace urbain qui est fortement fragmenté et stratifié, délimité par la ségrégation socio-spatiale. Nous avons vu que la fragmentation urbaine caractéristique des grandes villes dans le contexte du capitalisme produit des modes de vie et des formes de subjectivation différents. Cela génère des frontières de coexistence et en affectant l'établissement de relations d'altérité, nous a amenés à réfléchir aux possibilités de reconfiguration sensible du commun monde. En ce sens, nos explorations théorie-pratiques se sont déroulées dans cette articulation interdisciplinaire autour des thèmes du corps, de l'expérience sensible et intercorporelle, de l'altérité et de la création comme invention et réinvention de la vie, en pointant vers l'imbrication de leurs dimensions éthiques, esthétiques et politiques. L'article présente, au premier plan, le cadre théorique de la recherche, en montrant une perspective phénoménologique de la subjectivité comme corporéité, basée sur la pensée de Merleau-Ponty. Le travail présente, aussi, le travail clinique inspiré par cette perspective, montrant ses interfaces avec les domaines de l'art et son caractère d'action politique. À partir d'un bref aperçu de l'expérience avec les jeunes dans cette recherche-action, il est conclu que le dialogue entre la psychologie et l'art a le pouvoir d'activer la dimension ludique, fournissant la création d'un langage commun, en rendant possible la conception de dispositifs clinique-artistiques qui permettent la recréation du soi et des relations d'altérité dans l'expérience de l'espace urbain, en mettant à jour les possibilités de reconfiguration sensible. Le corpus théorique, indissociable de l'action pratique de recherche avec les jeunes, a permis de créer une méthodologie de recherche et d'intervention ludique dans l'espace urbain. <![CDATA[<b>A criança contemporânea e a noção de cuidado</b>: <b>uma reflexão a partir da fenomenologia hermenêutica</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Partindo da perspectiva heideggeriana sobre o ser-aí, apresento uma compreensão da criança na contemporaneidade tendo como fio condutor a noção de cuidado para compreender os modos de ser do homem no ciclo inicial da vida. Utilizei a fenomenologia como metodologia qualitativa, articulando a teoria à prática clínica da autora em psicoterapia infantil. Primeiramente, apresento uma discussão teórica sobre cuidado embasada na filosofia de Heidegger, dialogando com autores afins. Posteriormente, um aprofundamento bibliográfico sobre o percurso histórico das formas de se relacionar com a criança e como acumulam novos conceitos e padrões. Por fim, apresento uma perspectiva heideggeriana do ser-aí da criança. A condução da criança ao psicoterapeuta envolve dificuldades denominadas cientificamente de "distúrbios", que se referem ao não ajustamento a modelos normativos constituídos na sociedade e na cultura. São determinações históricas acerca do sentido da experiência infantil e constituem o espaço em que o ser do homem se constitui, mas é preciso pensar de que modo esse homem está em jogo em sua constituição. Em Heidegger, o cuidado se encontra na ontologia dos fenômenos e precede qualquer "atitude" ou "situação" vivida, é estar em jogo na sua existência. O filósofo defende que a criança pertence a uma fase cronológica do ser-aí, não há diferenciação entre ser-aí criança ou ser-aí adulto, e aponta a inclinação atual por diagnósticos, que fecham o homem como substância que possa ser examinada, medida e tratada como objeto. "Verdade", "diagnóstico" e "cura" são palavras que se encaixam no pensamento calculante da ciência moderna, da técnica, e se revelam no discurso dos pais. O espaço terapêutico de cuidado permite a compreensão da criança não a partir de determinações a priori, mas sim naquilo que aparece: a criança será, então, compreendida a partir das suas próprias significações.<hr/>Starting from the Heideggerian perspective on the being-there, I present an understanding of the child in contemporaneity, having as a guiding thread the notion of care to understand the ways of being of man in the initial cycle of life. I used phenomenology as a qualitative methodology, linking theory to the author's clinical practice in child psychotherapy. First, I present a theoretical discussion on care based on Heidegger's philosophy, dialoguing with like-minded authors. Subsequently, a bibliographical analysis on the historical path of the ways of relating to the child and how they accumulate new concepts and patterns. Finally, I present a Heideggerian perspective of the child's being there. The conduct of the child to the psychotherapist involves difficulties scientifically called "disorders", which refer to the non-adjustment to normative models constituted in society and culture. These are historical determinations about the meaning of childhood experience and comprise the space in which man's being is set up, but it is necessary to think about how this man is at game in his constitution. In Heidegger, care is found in the ontology of phenomena and precedes any "attitude" or "situation" experienced, which means to be at stake in their existence. The philosopher argues that the child belongs to a chronological phase of being-there, there is no differentiation between being-there as a child or being-there as an adult and points out the current inclination towards diagnoses, which close man as a substance that can be examined, measure, and treated as an object. "Truth", "diagnosis" and "cure" are words that fit into the calculating thinking of modern science, of technique and are revealed in the parents' discourse. The therapeutic space of care allows the understanding of the child not based on a priori determinations but on what appears: the child will, then, be understood based on their meanings.<hr/>Partiendo de la perspectiva heideggeriana sobre el ser-ahí, presento una comprensión del niño en la contemporaneidad teniendo como hilo conductor la noción de cuidado para comprender los modos de ser del hombre en la primera fase de la vida. Fue utilizada la fenomenología como metodología cualitativa, articulando la teoría con la práctica clínica de la autora en psicología infantil. Primeramente, presento una discusión teórica sobre cuidado basado en la filosofía de Heidegger, dialogando con los autores asociados. Después, una profundización bibliográfica sobre la trayectoria histórica de las formas de relacionarse con el niño y como acumulan nuevos conceptos y patrones. Por fin, presento una perspectiva heideggeriana del ser-ahí del niño. La conducción del niño al psicoterapeuta envuelve dificultades denominadas científicamente de "disturbios", que se refieren a la falta de ajuste a los modelos normativos constituidos en la sociedad y en la cultura. Son determinaciones históricas acerca del sentido de la experiencia infantil y constituyen el espacio en que el ser del hombre se constituye, pero es necesario pensar de qué modo este hombre está en juego en su constitución. En Heidegger, el cuidado se encuentra en la ontología de los fenómenos y precede cualquier "actitud" o "situación" vivida, es estar en juego en su existencia. El filósofo defiende que el niño pertenece a una fase cronológica del ser-ahí, no hay diferencia entre ser-ahí niño y ser-ahí adulto, e indica la inclinación actual por diagnósticos, que cierran el hombre como substancia que pueda ser examinada, medida y tratada como objeto. "Verdad", "diagnóstico" y "cura" son palabras que cuadran en el pensamiento calculista de la ciencia moderna, de la técnica, y se revelan en el discurso de los padres. El espacio terapéutico de cuidado permite la comprensión del niño no a partir de determinaciones a priori, sino en aquello que aparece: el niño será, entonces, comprendida a partir de sus propias significaciones.<hr/>Basés sur la perspective heideggerienne de l›Être-là, je présente une compréhension de l›enfant dans la contemporanéité. Comme fil conducteur, la notion de soins pour comprendre les manières d›être de l›homme dans le cycle initial de la vie. J›ai utilisé la phénoménologie comme méthodologie qualitative, en liant la théorie à la pratique clinique de l›auteur en psychothérapie de l›enfant. Tout d›abord, je présente une discussion théorique sur les soins basée sur la philosophie de Heidegger. Cela a été fait en dialoguant avec des auteurs qui partagent des idées semblables. Ensuite, on présente une analyse bibliographique sur le parcours historique des manières de se rattacher à l›enfant et comment ils accumulent de nouveaux concepts et modèles. Enfin, je présente une perspective heideggerienne de l›Être-là de l›enfant. Emmener l›enfant chez le psychothérapeute comporte des difficultés appelées scientifiquement « troubles ». Ils renvoient au non-ajustement aux modèles normatifs constitués dans la société et la culture. Ce sont des déterminations historiques sur le sens de l›expérience enfantine et constituent l›espace dans lequel se constitue l›être de l›homme, mais il faut réfléchir à la manière dont cet homme est en jeu dans sa constitution. Chez Heidegger, le soin se retrouve dans l›ontologie des phénomènes et précède n›importe quelle « attitude » ou « situation » vécue. C›est-à-dire, il s›agit d›être en jeu dans sa propre existence. Ce philosophe défend que l›enfant appartient à une phase chronologique de l›Être-là. Il n›y a pas de différenciation entre l›Être-là enfant ou être-là adulte, et il indique la tendance actuelle aux diagnostics, lesquels ferment l›homme comme une substance qui peut être examinée, mesurée et traitée comme un objet. «Vérité», «diagnostic» et «remède» sont des mots qui s›intègrent dans la pensée calculatrice de la science et de la technologie moderne et sont révélés dans le discours des parents. L›espace thérapeutique du soin permet la compréhension de l›enfant non pas à partir de déterminations préalables, mais dans ce qui apparaît : l›enfant sera, alors, compris à partir de ses propres significations. <![CDATA[<b>O cuidado com a criança na clínica fenomenológico-existencial</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Neste artigo buscamos refletir sobre o cuidado clínico com crianças baseado na analítica do Da-sein de Martin Heidegger e na psicologia fenomenológico-existencial. Iniciamos com uma breve retomada histórica do surgimento da noção de infância. Em seguida, analisamos existencialmente o sercriança do ponto de vista filosófico, tomando como referência a fenomenologia hermenêutica empreendida em Ser e Tempo. A criança, tal como todo ente humano, possui o modo de ser do Da-sein, ser-aí. Sendo-no-mundo, está desde sempre e de início na disposição e compreensão das orientações e interpretações já dadas e sedimentadas pela tradição. Em nosso tempo, a doação de sentido que já nos dispõe como ente utilizável é desvelada como a técnica moderna. No horizonte da técnica, a criança, assim como todos nós, é convocada desde sempre a render, a produzir resultados que já estão definidos a priori. Ao corresponder ou não a este apelo, podem surgir os chamados problemas de adaptação ou desenvolvimento, considerados falhas neste horizonte epocal. Frente a esses problemas, o psicólogo clínico é chamado a ajustar o que "não vai bem", ocupando um lugar que poderá ser o de adaptador ao modo técnico calculante ou o da meditação serena sobre ele. Nossa aposta é nessa segunda opção, em uma prática de cuidado antepositivo-libertador que, com a criança e sua família, busque ampliar as compreensões ali em jogo, permitindo que novos sentidos e possibilidades de lida com o existente nessa fase da vida possam vir à luz sem a rigidez dos enquadres identitários que vigoram em nosso tempo. Iniciamos o artigo com uma seção que procura ir além do registro historiográfico do fenômeno infância; introduzimos uma análise ontológico-fundamental do fenômeno; propomos modos possíveis de cuidado com a criança, destacando-se a lida na clínica psicológica, que não estejam cegamente entregues ao uso técnico; e, por fim, narramos uma situação clínica.<hr/>In this article, we seek to reflect on clinical care for children based on Martin Heidegger's Da-sein analytics and existential-phenomenological psychology. We begin with a brief historical review of the emergence of the notion of childhood. Then, we analyze existentially being-a-child from a philosophical point of view, taking as reference the hermeneutic phenomenology undertaken in Being and Time. The child, like every human being, has the way of being of Da-sein, being-there. Being in the world, it is always and from the beginning in the disposition and understanding of the orientations and interpretations already given and settled by tradition. In our time, the donation of meaning that already disposes of us as a usable entity is unveiled as the modern technique. In the horizon of technique, the child, like all of us, is always called upon to surrender, to produce results that are already defined a priori. By responding or not to this call, so-called adaptation or development problems may arise, considered failures in this epochal horizon. Faced with these problems, the clinical psychologist is called upon to adjust what "does not go well", occupying a place that could be that of adapting to the calculating technical mode or of calmly meditating on it. Our bet is on this second option, in an anti-positive-liberating care practice that, with the child and his family, seeks to expand the understanding there at stake, allowing new meanings and possibilities of dealing with what exists at this stage of life to come to light without the rigidity of the identity frameworks that prevail in our time. We begin the article with a section that seeks to go beyond the historiographical record of the childhood phenomenon; we introduce an ontological-fundamental analysis of the phenomenon; we propose possible ways of caring for the child, highlighting the ones in the psychological clinic, which are not blindly given over to technical use; and, finally, we narrate a clinical situation.<hr/>En este trabajo buscamos reflexionar sobre el cuidado clínico con niños basado en analítica del Da-sein de Martin Heidegger y en la psicología fenomenológico-existencial. Iniciamos con una rápida reanudación histórica del surgimiento de la noción de niñez. Luego, analizamos existencialmente el ser-niño del punto de vista filosófico, tomando como referencia la fenomenología hermenéutica realizada en Ser y Tiempo. El niño, tal como toda persona humana, posee el modo de ser del Da-sein, ser-ahí. Siendo-en-el-mundo, está desde siempre y de inicio en la disposición y comprensión de las orientaciones ya dadas y sedimentadas por la tradición. En nuestro tiempo, el hecho de donar sentido que ya nos dispone como persona utilizable es revelado como la técnica moderna. En el horizonte de la técnica, el niño, así como todos nosotros, es llamada desde siempre a rendir, a producir resultados que ya están definidos a priori. Al responder o no a este llamamiento, pueden surgir los dichos problemas de adaptación o desarrollo, considerados fallos en este período. Ante estos problemas, el psicólogo clínico es llamado para ajustar lo que "no va bien", ocupando un sitio que podrá ser el de adaptador al modo técnico calculista o el de la meditación serena sobre él. Nuestra apuesta es en esta segunda opción, en una práctica de cuidado ante positivo- libertador que, con el niño y su familia, busque ampliar los entendimientos en juego, permitiendo que nuevos sentidos y posibilidades de lidiar con lo existente en esta fase de la vida puedan venir a la luz sin las cuestiones identitárias que rigen en nuestro tiempo. Iniciamos el artículo con una sección que busca ir más allá del registro historiográfico del fenómeno niñez; introducimos un análisis ontológico-fundamental del fenómeno; propusimos modos posibles de cuidado con el niño, enfocando el trabajo en la clínica psicológica, que no estén ciegamente entregados al uso técnico; y, por fin, narramos una situación clínica.<hr/>Dans cet article, nous cherchons à réfléchir sur le soin clinique des enfants à partir de l'analytique du Da-sein de Martin Heidegger et sur la psychologie phénoménologique existentielle. Nous commençons par un bref rappel historique de l'apparition de la notion d'enfance. Ensuite, nous avons analysé de façon existentielle l'Être-enfant d'un point de vue philosophique, en prenant comme référence la phénoménologie herméneutique exécuté en Être et Temps. L'enfant, comme tout être humain, a la manière d'être du Da-sein, c'est-à-dire, Être-là. L'être-au-monde, il a toujours été et, aussi, depuis l'origine dans la disposition et la compréhension des orientations et des interprétations déjà données et fixées par la tradition. Actuellement, la donation de sens qui nous dispose déjà comme entité utilisable se dévoile comme la technique moderne. Dans l'horizon de la technique, l'enfant, comme nous tous, est toujours appelé à s'abandonner, à produire des résultats déjà définis a priori. En répondant ou non à cet appel, des problèmes dits d'adaptation ou de développement peuvent apparaître, considérés comme des échecs dans cet horizon d'époque. Face à ces problèmes, le psychologue clinicien est appelé à ajuster ce qui « ne va pas bien ». En faisant ça, il occupe une place qui pourrait être un adaptateur au mode technique calculateur ou de le méditer sereinement. Nous croyons en cette seconde option, c'est-à-dire, en une pratique de soins prépositifs libérateur qui, avec l'enfant et sa famille, cherche à élargir les compréhensions qui y sont en jeu, permettant des nouvelles significations et des possibilités pour cette étape de la vie à venir au premier plan sans la rigidité des cadres identitaires qui prévalent à notre époque. Nous commençons l'article par une section qui dépasse l'enregistrement historiographique du phénomène de l'enfance ; nous introduisons une analyse ontologique-fondamentale du phénomène ; nous proposons des modes de soins possibles de l'enfant, en mettant en évidence la clinique psychologique, qui ne soient pas aveuglément voués à l'usage technique ; et, enfin, nous racontons une situation clinique. <![CDATA[<b>Um Exame Fenomenológico da Concepção Freudiana de Libido</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt La conception freudienne de la libido à l'épreuve de la phénoménologie. Quand bien elle susciterait encore quelques résistances, la conception freudienne de la sexualité s'est largement imposée dans notre culture et le terme de libido appartient désormais au langage courant. On peut toutefois s'étonner de ce succès tant cette conception est contestable à bien des égards. Ainsi, du point de vue d'une phénoménologie du désir charnel, nous voudrions interroger ici les concepts de pulsion, de sexualité infantile, d'autoérotisme et de narcissisme qui nous paraissent éminemment problématiques. D'une manière générale s'il va de soi que la psychanalyse freudienne, en raison de son dualisme fondamental, ne peut être tenu pour un pansexualisme. On peut lui reprocher cependant d'accorder à la sexualité au sens propre une place beaucoup trop importante, y compris dans l'étiologie des troubles psychiques.<hr/>Um exame fenomenológico da concepção freudiana de libido. Embora ainda persistam algumas resistências, a concepção freudiana da sexualidade se impôs na nossa cultura e o termo libido parece fazer parte da nossa linguagem rotineira. Esse sucesso, no entanto, é surpreendente em vista do quanto esse conceito é questionável. De uma perspectiva fenomenológica pretendemos neste artigo questionar os conceitos de pulsão, sexualidade infantil, autoerotismo e narcisismo que nos parecem altamente problemáticos. Mesmo sendo injusto considerar a psicanálise como um "pansexualismo", como se todo comportamento humano fosse sexualmente motivado, nós estamos convencidos de que ela coloca a sexualidade em um lugar demasiadamente destacado na vida e na etiologia dos problemas psíquicos.<hr/>A phenomenological exam of the Freudian conception of libido. Despite some outdated resistances, Freud's conception of sexuality is nowadays well accepted in our culture and the word libido belongs itself to the everyday language. This success might surprise our contemporaries considering how much this conception is in many ways questionable. From a phenomenological point of view, we would like in this article to undermine the concepts of drive, infantile sexuality, autoerotism and narcissism, which are highly problematic. Even if it would be unfair to assimilate the Freudian psychoanalysis to a 'pansexualism', as if all human behaviour is somehow sexuality motivated, we are convinced that it gives to much importance to sexuality in the human as well as in the pathological existence.<hr/>Un examen fenomenológico de la concepción freudiana de libido. Aunque todavía persiste cierta resistencia, la concepción freudiana de la sexualidad se ha impuesto en nuestra cultura y el término libido parece hacer parte de nuestro lenguaje rutinario. Este éxito, sin embargo, es sorprendente en vista de lo cuestionable que es este concepto. Desde una perspectiva fenomenológica pretendemos en este artículo cuestionar los conceptos de impulso, sexualidad infantil, autoerotismo y narcisismo que nos parecen altamente problemáticos. Aunque sea injusto considerar el psicoanalice como un «pansexualismo», como si cada comportamiento humano estuviera motivado sexualmente, estamos convencidos de que ella coloca la sexualidad en un lugar demasiado prominente en la vida y en la etiología de los problemas psíquicos. <![CDATA[<b>Uma compreensão fenomenológico-existencial em "a redoma de vidro" de sylvia plath</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A literatura parece um caminho fecundo para as investigações teóricas da psicologia fenomenológico-existencial. Sendo assim, este estudo se propôs à compreensão de A redoma de vidro, único romance publicado da autora Sylvia Plath, que é descrita como uma das poetisas americanas mais importantes do século XX, e grande nome do movimento literário do confessionalismo. O romance, que é tido como a extensão em prosa de sua poesia, se desenvolve em torno de Esther Greenwood, uma jovem prodigiosa e bastante ambiciosa que aos 17 anos sai de sua cidade natal para um estágio em Nova York, e segue-se ao longo da história por uma profunda caminhada por dentro dos pensamentos e sentimentos conflitantes da personagem diante dos rumos de sua vida, um caminho cheio de perdas e encontros, da necessidade do suicídio e da internação psiquiátrica. Diante desse contexto e da defesa teórica de uma metodologia fenomenológica de estudo, foi realizada uma compreensão da obra, que possibilitou o desvelamento de uma série de sentidos, que, à luz de uma analítica existencial, tomando como ponto central a personagem Esther, revelou temas de interesse, sendo eles: a experiência de inautenticidade; a problemática do sentido da existência; a escolha e a náusea; e a atualização da existência frente ao movimento da consciência, temas esses que puderam ser discutidos a partir dos fenômenos de interesse presentes no romance e das reflexões teóricas existencialistas. Foi possível perceber, com isso, a relevância dessa obra de Plath para a discussão de temas relevantes no âmbito da psicologia fenomenológico-existencial, além da necessidade de novos estudos que se inclinem sobre outras temáticas pertinentes na obra e não trabalhadas neste estudo.<hr/>Literature seems to be a fruitful path for theoretical investigations of existential-phenomenological psychology. Therefore, this study aimed to understand The Glass Dome, the only published novel by Sylvia Plath, who is described as one of the most relevant American poets of the 20th century, and a great name in the literary movement of confessionalism. The novel, which is said to be the prose extension of her poetry, revolves around Esther Greenwood, a prodigious and quite ambitious young woman who at 17 leaves her hometown for an internship in New York, and follows throughout the story for a deep journey inside the character's conflicting thoughts and feelings in face of her life direction, a path full of losses and encounters, the need for suicide and psychiatric hospitalization. Given this context and the theoretical defense of a phenomenological study methodology, an understanding of the work was carried out, which enabled the unveiling of a series of meanings, which, in the light of existential analysis, taking as its central point the character Esther, revealed themes of interest, namely: the experience of inauthenticity; the problematic of the meaning of existence; choice and nausea; and the updating of existence against the movement of consciousness, themes that could be discussed from the phenomena of interest present in the novel and the existentialist theoretical reflections. With this, it was possible to see the relevance of Plath's work for the discussion of relevant themes in the scope of existential-phenomenological psychology in addition to the need for new studies that focus on other relevant themes in the work and not addressed in this study.<hr/>La literatura perece un camino fértil para las investigaciones teóricas de la psicología fenomenológico-existencial. Así, este trabajo propuso comprender La Campana de Cristal, último romance publicado por la autora Sylvia Plath, que es considerada una de las poetisas más importantes del siglo XX, y gran nombre del movimiento literario del confesionalismo. El romance, que es como la extensión en prosa, se desarrolla alrededor de Esther Greenwood, una joven prodigiosa y bastante ambiciosa que a los 17 años sale de su ciudad de origen para una pasantía en Nueva York, y sigue a lo largo de la historia por una profunda caminada por dentro de los pensamientos y sentimientos conflictivos del personaje ante los rumbos de su vida, un camino lleno de pérdidas y encuentros, de la necesidad del suicidio y de la internación psiquiátrica. Ante este contexto y de la defensa teórica de una metodología fenomenológica de estudio, fue realizada una comprensión de la obra, que posibilitó el entendimiento de una serie de sentidos, que, a la luz de una analítica existencial, tomando como punto central el personaje Esther, reveló temas de interés. Son ellos: la experiencia de inautenticidad; la problemática del sentido de la existencia; la elección y náusea; y la actualización de la existencia ante el movimiento de la consciencia, temas que pudieron ser discutidos a partir de los fenómenos de interés presentes en el romance y de las reflexiones teóricas existencialistas. Fue posible percibir, con esto, la importancia de esta obra de Plath para la discusión de temas relevantes en el ámbito de la psicología fenomenológico-existencial, además de la necesidad de nuevos estudios que se dediquen a otras temáticas pertinentes en la obra y no trabajadas en este estudio.<hr/>La littérature semble être une voie fructueuse pour les investigations théoriques de la psychologie existentielle-phénoménologique. Par conséquent, cette étude visait à comprendre Le dôme de verre, le seul roman publié par l'auteur Sylvia Plath, qui est décrit comme l'un des poètes américains les plus importants du 20e siècle, et un grand nom du mouvement littéraire du confessionnalisme. Le roman, qui est compris comme le prolongement en prose de sa poésie, tourne autour d'Esther Greenwood, une jeune femme prodigieuse et assez ambitieuse qui, à 17 ans, quitte sa ville natale pour un stage à New York. Tout au long de l'histoire, Esther part pour un voyage profond à l'intérieur des ses pensées et des ses sentiments contradictoires concernant la direction de sa vie, un chemin plein de pertes et de rencontres, de la nécessité du suicide et de l'hospitalisation psychiatrique. Compte tenu de ce contexte et de la défense théorique d'une méthodologie d'étude phénoménologique, une compréhension du travail a été réalisée, qui a permit de dévoiler une série de significations. Une analyse existentielle, prenant comme point central le personnage d'Esther, a révélé des thèmes d'intérêt, à savoir : l'expérience de l'inauthenticité ; la problématique du sens de l'existence ; choix et nausées; et l'actualisation de l'existence contre le mouvement de la conscience, thèmes qui pourraient être discutés à partir des phénomènes d'intérêt présents dans le roman et sur des réflexions théoriques existentialistes. Il était possible de voir, avec cela, la pertinence de ce travail de Plath pour la discussion de thèmes dans le cadre de la psychologie phénoménologique existentielle. On a pu voir aussi la nécessité de nouvelles études qui se concentrent sur d'autres thèmes pertinents dans le travail et qui non été pas traités dans cette étude. <![CDATA[<b>Proposições para um método fenomenológico hermenêutico para a pesquisa de campo</b>]]> http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692021000400010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Este artigo trata de reflexões acerca da construção de um método de pesquisa em psicologia inspirado na filosofia de Martin Heidegger. Para tanto, inicia discutindo sobre a fenomenologia. Em seguida, debruça-se sobre Heidegger, discutindo brevemente alguns elementos de sua ontologia, sempre no sentido de aproximação de um caminho possível de pesquisa fenomenológica que se oriente nessa direção. Finalmente, apresenta o círculo hermenêutico, tal qual proposto por Heidegger, sugerindo possíveis caminhos de pesquisa fenomenológica com inspiração heideggeriana. Mais do que apresentar um modelo de pesquisa, procura abrir discussões geradoras de novas reflexões.<hr/>This article deals with reflections on the research method construction in psychology inspired by Martin Heidegger's philosophy. Therefore, it starts by discussing phenomenology. Then, it turns to Heidegger, briefly discussing some elements of his ontology, always in the sense of approaching a possible path of phenomenological research that orients in this direction. Finally, it presents the hermeneutic circle, as proposed by Heidegger, suggesting possible ways of phenomenological research with Heideggerian inspiration. More than presenting a research model, it seeks to open discussions that generate new reflections.<hr/>Este trabajo trata de reflexiones acerca de la construcción de un método de investigación en psicología inspirado en la filosofía de Martin Heidegger. Para eso, se inicia discutiendo sobre la fenomenología. Después, se dedica a Heidegger, discutiendo un poco sobre algunos elementos de su ontología, siempre en el sentido de acercamiento de un camino posible de investigación fenomenológica que se orienta en esta dirección. Finalmente, presenta el circulo hermenéutico, tal cual propuesto por Heidegger, sugiriendo posibles caminos de investigación fenomenológica con inspiración heideggeriana. Más que presentar un modelo de investigación, busca abrir discusiones generadoras de nuevas reflexiones.<hr/>Cet article porte sur des réflexions sur la construction d'une méthode de recherche en psychologie inspirée de la philosophie de Martin Heidegger. Par conséquent, il commence par discuter de la phénoménologie. Ensuite, il se tourne vers Heidegger, discutant brièvement des certains éléments de son ontologie, toujours dans le sens d'aborder une voie possible de recherche phénoménologique qui s'oriente dans cette direction. Enfin, il présente le cercle herméneutique, tel que proposé par Heidegger, en suggérant des voies possibles de recherche phénoménologique d'inspiration heideggerienne. Plus que de présenter un modèle de recherche, il cherche à ouvrir des discussions qui génèrent de nouvelles réflexions.