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Stylus (Rio de Janeiro)

Print version ISSN 1676-157X

Stylus (Rio J.)  no.38 Rio de Janeiro Jan./June 2019

 

ARTIGO BILÍNGUE

 

Estruturas de uma clínica nodal em psicanálise - um ensaio preliminar

 

Structures of a nodal clinic in psychoanalysis - a preliminary essay

 

Estructuras de una clínica nodal en psicoanálisis - un ensayo preliminar

 

Structures d'une clinique nodale en psychanalyse - essai préliminaire

 

 

Estanislau Alves da Silva Filho

 

 


RESUMO

A proposta deste trabalho é promover a discussão relacionada com os nós - tanto como formalização quanto como clínica - por meio de reflexões e ponderações variadas, sem perpassar as já mais frequentes polêmicas que opõem uma primeira clínica a uma segunda, ou mesmo buscando uma integração entre essas duas. Tampouco interessará resolver o problema, de modo que se perguntas adequadas, capazes de oferecer uma abertura ao leitor, forem conseguidas, o intento deste ensaio já terá sido alcançado. Ou, de uma forma mais humilde: que tal uma conversa ligeiramente descontraída, nem por isso menos responsável, sobre uma possível psicanálise nodal? É o convite que se pretende fazer.

Palavras-chave: Nó borromeano; Psicanálise; Lacan; Topologia; Transmissão.


ABSTRACT

The purpose of this work is to promote the discussion related to the knots, both formalization and clinical, through various reflections and considerations, without going through the most frequent controversies that oppose a first clinic to a second, or even seeking integration between these two. Nor is it interesting to solve the problem, so that if appropriate questions, capable of offering an opening to the reader, are obtained, the attempt of this essay has already been reached. Or, in a more humble way: how about a slightly light conversation -yet no less responsible- about a possible nodal psychoanalysis? It is the invitation that is intended to be made.

Keywords: Borromean knot; Psychoanalysis; Lacan; Topology; Transmission.


RESUMEN

La propuesta de este trabajo es promover la discusión relacionada a los nudos - como formalización y como clínica -, a través de reflexiones y ponderaciones variadas, sin pasar por las ya más frecuentes polémicas que oponen una primera clínica a una segunda, o incluso buscando una integración entre ambas. Tampoco nos interesará resolver el problema, de modo que si las preguntas adecuadas, capaces de ofrecer una apertura al lector, se logran, el intento de este ensayo ya habrá sido alcanzado. O, de una forma más humilde: ¿qué tal una conversación ligeramente relajada, ni por ello menos responsable, sobre un posible psicoanálisis nodal? Es la invitación que se pretende hacer.

Palabras clave: Nudo borromeo; Psicoanálisis; Lacan; Topología; Transmisión.


RÉSUMÉ

Le but de ce travail est de promouvoir la discussion à propos des nœuds - en tant que formalisation et en tant que clinique - par le biais de diverses réflexions et pondérations, sans passer par les polémiques plus fréquentes qui opposent une première clinique à une seconde, voire même une intégration entre les deux. On n'essaiera non plus de résoudre ce problème, de sorte que si les questions adéquates, capables d'offrir une autre perspective au lecteur, sont résolues, l'objectif de cet essai est déjà accompli. Ou, de manière plus humble : et si on réfléchissait de façon légèrement détendue, mais pas moins responsable, à une possible psychanalyse nodale ? Voilà notre invitation.

Mots-clés : Nœud borroméen ; Psychanalyse ; Lacan ; Topologie ; Transmission.


 

 

Estruturas de uma clínica nodal em psicanálise?

Há, contudo, uma hiância entre a psicanálise e a topologia. E meu esforço, para esta hiância, é de preenchê-la. A topologia é exemplar, ela permite na prática fazer um certo número de metáforas. E existe uma equivalência entre a estrutura e a topologia. (Lacan, 1978-1979)

Uma equivalência entre estrutura e topologia, eis uma questão central para se pensar sobre a fase final do seminário de Lacan. Os próprios nós, por si mesmos, já dão o que falar, isto é, se são ou se fundam algum tipo de novo espaço - pretensão tão cara ao autor e psicanalista francês. Mas, se fundarem esse novo espaço, de fato, servirão mesmo à psicanálise? Ou serão somente uma variação matemática? Pois, se assim for, realmente nele (no nó) não haverá nada de clínica, de modo que suas relações diretas com esta estariam por serem justificadas. Claro que existem autores que já pensaram muito sobre isso e derivaram trabalhos muito interessantes nesse sentido. Se se justifica em Lacan ou não o que eles fazem, é que vale repensar.

Nó implicado

Quando eu testemunho, quando digo que o nó, que é o que me pensa, e que meu discurso... dado que é o discurso analítico... que meu discurso o testemunha, bem, acontece que - por eu ter dado alguns passos a mais que vocês -, calhou de ele ser um nó borromeu, mas poderia ser outro. E mesmo que fosse outro, a minha questão, questão de interesse, seria a de saber da relação disso com aquilo que torna a topologia algo distinto do espaço fundado pelos gregos... (Lacan, 1973-1974)

Muitos anos após as asseverações e experimentações de Lacan, ainda podemos ouvir vivamente um de seus principais colaboradores, o matemático e psicanalista Jean-Michel Vappereau. Sendo ele, talvez, o maior leitor e pesquisador dos nós ainda entre nós - certamente o único remanescente, considerando os quatro grandes enlaçadores da época: Pierre Soury, Michel Thomé, Jean-Michel Vappereau e Jacques Lacan -, vale ouvirmos algo do que ele tem a dizer e ressoar: "Topologia é a disciplina da continuidade; se nós cortamos, criamos uma descontinuidade, portanto, não estamos na topologia - mas a psicanálise é a disciplina do corte"; "as matemáticas e a topologia lacanianas não são uma formalização da psicanálise, são já uma modificação da matemática desde a psicanálise" (Vappereau, 2016, p. 1). São frases bastante imponentes. A primeira parece frisar uma escansão distintiva entre dois campos, quais sejam, topologia e psicanálise. A segunda, em especial, lembra bem a formulação do sagaz coetâneo Jean-Claude Milner (2012, p. 25): "A questão é, portanto: o que é a língua se a psicanálise existe?". O objeto "linguística", na medida em que é afetado pela possibilidade da psicanálise, torna-se outro. Por que seria diferente com a matemática? Ou com qualquer outra coisa - valeria sempre perguntar sobre seja lá o que for, desde que vale o "inconsciente". Outrossim, claramente ali Vappereau nega o entendimento bastante difundido de que o nó seria mesmo uma formalização. Entendimento que indiscutivelmente provém de Lacan, que dizia estar buscando mesmo uma ciência para seu Real, uma formalização para o impasse de formalização - desventura que só pode dar com os burros n'água, visto o paradoxo. Se a escrita do impossível, que não cessa de não se escrever, fosse possível, ela só se faria por letra e sem sentido, sem cadeia; mas seria já outro passo elevá-la à dignidade de fórmula - uma escrita, por si só, não é uma fórmula. É possível escrever, mas não tornar o impossível possível. De outra forma, se, em ciência tradicional, a fórmula tem função de método prático de resolução, instrução e expressão, operacionalizando e regularizando convenções, não poderia ser simplesmente essa sua função em psicanálise, já que seu campo é o do singular e do fracasso, do dejeto e da sub-versão. Escrever "fracasso de formalização", ou qualquer variação de significante do Outro barrado, S(Ⱥ), serve para muito pouca coisa. Mais simplesmente: a própria existência da psicanálise, do discurso analítico, questiona a existência de outros discursos, do discurso da ciência. Ou seja, qual é o estatuto de uma Ciência do Real? Obviamente, não é o mesmo estado habitual de qualquer outra Ciência formal. Ciência do Real não é Ciência convencional. E "fazer ciência", em psicanálise, é prontamente uma completa modificação da ciência - a começar pela subversão de um "Penso, logo sou".

Nó confessado

A metáfora do nó borromeano é, em seu estado mais simples, inadequada. É um abuso de metáfora, porque realmente não há nada que dê suporte ao Imaginário, ao Simbólico e ao Real. Essencial naquilo que digo é que não há relação sexual. Não há relação sexual porque há um Imaginário, um Simbólico e um Real, é isso que não ousei dizer. E, não obstante, eu disse. É evidente que eu estava errado, mas simplesmente me deixei levar. É perturbador e, sobretudo, irritante. É assim que as coisas me parecem hoje, e é isso que tenho para lhes confessar. (Lacan, 1978-1979)

Todavia, teria havido mudança na pretensão quanto ao nó? Seguiram-se, temporalmente, diversas asserções sobre ele. 1) o nó não é um conhecimento (18 de dezembro de 1973); 2) ele serve para inventar uma regra de jogo (12 de março de 1974); 3) o nó não é modelo; ou é, mas não funciona como tal - ainda que não seja para ser modelo e em nenhuma hipótese sirva de base para uma mensagem (17 de dezembro de 1974); 4) é imaginário (10 de dezembro de 1974); 5) é para ser uma escrita, mais que uma metáfora (21 de maio de 1974) - sem deixar de ser metáfora nem de produzir metáforas (21 de novembro de 1978); 6) uma imagem que serviria para nos livrarmos das imagens (11 de dezembro de 1973); 7) é um método sem esperança (9 de dezembro de 1975); 8) mas é com o que se opera (10 de fevereiro de 1976); 9) e fundará uma nova geometria; sem esquecer que ele se "nos" impõe (16 de dezembro de 1975); 10) ainda que seja, em última instância, um nome próprio, um naming de Lacan (16 de novembro de 1976); 11) ademais, veja: só pode ser tórico (18 de janeiro de 1977) e, mais ainda, um tecido tórico (14 de março de 1978); 12) Será preciso usá-lo bestamente (17 de dezembro de 1974).

Entendê-lo como uma relação entre três registros é diverso de entendê-lo como tipo de encadeamento de cadeia significante. Entendê-lo como fundamento de uma pura topologia é diferente de entendê-lo como metáfora ou cisterna de metáforas. Um nó-tórico-borromoebiano, ou um tecido tórico de tetraedros borromeanamente ligados, são também coisas não necessariamente pareáveis. Seja como for, a clínica do nó não se apresenta de modo nítido até a última aula do Seminário 23, quando Lacan (1975-1976/2007) enfim circunscreve uma aplicação funcional (ou seria só uma representação meramente ilustrativa?) do nó, quando um quarto elo enoda não borromeanamente o anel imaginário no que se configurou como o santo-homem Joyce. E, entretanto, não haverá nada mais tangível nos seminários posteriores.

Nó sinthomático

Quando fazemos essa emenda, fazemos ao mesmo tempo uma outra, precisamente entre o que é simbólico e o real. Isso quer dizer que, por algum lado, ensinamos o analisante a emendar, a fazer emenda entre seu sinthoma e o real parasita do gozo. O que é característico de nossa operação, tornar esse gozo possível, é a mesma coisa que o que escreverei como gouço-sentido [j'ouis-sens]. (Lacan, 1975-1976/2007, p. 71)

Não é difícil ponderar sobre o caráter de programa epistemológico mais genérico do trabalho de Lacan, que tantas vezes avançou mais "bestamente" mesmo, sem estar tão fechado a um ordenamento de procedimentos mais diretos. Muitas vezes ele, em puro tom ensaístico, "jogava o verde pra colher maduro". Funcionava ou não. Tantas vezes, não. Algumas vezes, Lacan avisou, como quando no Seminário 17 disse: "Há dois anos, no momento em que tentava articular o ato psicanalítico - trajeto que emperrou e, como outros, jamais será retomado" (Lacan, 1992/1969-1970, p. 96); nesse caso, ele se referia ao 15º seminário, quando suas explorações mais aristotélicas acabaram não servindo ao que tanto buscava no fio do ato psicanalítico, de modo que emperrou, e só agora, pelo discurso do analista, chegava mais aonde queria. Outras vezes ele se fez de desentendido, ou mesmo tentou "vencer pelo cansaço", como genialmente demonstra Jean Allouch (2007) em um relato detalhado e para lá de teatral de um "momento efetivo de seminário", de uma sessão de 12 de janeiro de 1955, quando Lacan discutia Heidegger, em especial, com três de seus companheiros - François Perrier, Octave Mannoni e Jean Hyppolite, que bem souberam pressioná-lo (Lacan, em saia justa, tentava a todo custo mostrar que não tinha falado "abobrinha" sobre o tema, mas Mannoni não deixava passar). É claro que Lacan tinha um fio condutor geral - que não largava e não o deixaria se perder -, como nos avisou com todas as letras em 10 de novembro de 1967, em seu "Pequeno discurso aos psiquiatras": "Na verdade, um fiozinho, hein! que vocês achariam sozinhos (...). Para mim, o fiozinho foi esse - eu não era muito esperto - é essa coisa que se articula assim: o inconsciente é estruturado como uma linguagem" (Lacan, 1967, p. 7). Quer dizer, ao menos durante muito tempo sabemos que ele teve um fio condutor, o fio condutor de seu programa. Deve ter havido mudanças. Ou mesmo perda do fio. Entretanto, certo movimento livre e experimental mostrou-se ao longo do percurso todo, e em especial nos nós, quando só tinha jovens matemáticos como companheiros de viagem. O ponto é que considerar o nó como formalização, clínica ou não, é já uma anacronia, considerando tal caráter experimental. Se Lacan teve lá sua inspiração, a confirmação dela não foi clara a seu tempo. E o movimento de avançar, avançar e avançar no nó, para depois dizer "volta, fiquemos em a relação sexual não existe, porque a metáfora do nó é inadequada", diz o quanto se pode enganar-se ao se tomar como verdadeiro aquilo que alguém colocado no lugar de grande mestre diz. "Se o engodo se tornar fraude, não haverá retorno", dirá ele a 15 de abril de 1980, no Seminário 27: dissolução.

Por outro lado, vale mencionar formalizações de grande classe que já surgiram. Como o belo e recentíssimo trabalho de Fabián Schejtman (2015), intitulado Sinthome, ensayos de clínica psicoanalítica nodal, em uma intensa proposta de trazer e promover uma verdadeira e ampla clínica nodal, talvez ainda em estado nascente. Chamo-a formalização tanto pela profunda dedicação do autor em usar e escrever os nós matemicamente para fixação e transmissão quanto pela valiosa descrição em resenha que Claudio Godoy realizou desse livro, começando assim:

Os contadores de histórias polinésios costumavam recitar seus poemas valendo-se de cordas trançadas cujos nós, localizados em diferentes intervalos e com diferentes formas, designavam tanto os nomes dos heróis quanto seus feitos e proezas. Eles "liam" com seus dedos, como os cegos fazem através do toque. É um dos exemplos compilados por Italo Calvino, em seu texto "Fale isso com nós" ["Say it with knots"], para apoiar a hipótese da linguagem dos nós como uma forma primordial de escrita presente em diferentes culturas. Talvez fosse melhor ainda, neste caso, formular o convite propondo um "Escreva com nós". De fato, o livro de Fabián Schejtman é uma forte e contracorrente aposta no valor e utilidade dessa formalização introduzida por Jacques Lacan nos anos setenta. Foi uma escrita praticamente abandonada pela comunidade analítica, muitas vezes rejeitada por alegada complexidade ou inadequação ao pragmatismo de uma época já aleijada de um entusiasmo formalista e da efervescência dos anos sessenta e setenta. Aqueles que se interessam por esta escrita em geral o fazem desde uma perspectiva puramente formal - que rapidamente se perde nos labirintos matemáticos -, ou propedêutica, isto é, com a intenção de explicar o uso que Lacan fez dela neste ou naquele seminário ou escrito. Em qualquer um dos casos, nota-se a escassez de tentativas de utilização dos nós para "escrever" a clínica, e muito menos para fazê-lo de um modo que apresente coerência e sistematicidade. (Godoy, 2014, p. 1)

Uma escrita dos nós não é algo a se descartar. Schejtman (2015, p. 353) pergunta: "(...) esta escrita significa, por fim, um avanço para a clínica da psicanálise? Os desenvolvimentos nodais introduzidos na última década do ensino de Lacan - e que neste livro continuamos - acrescentam algo àquilo que nas duas décadas anteriores esse ensino tentou produzir?". O autor crê que sim, considera mesmo nisso tudo um avanço inquestionável. Não muito curiosamente, Vappereau diz o mesmo: dizem que, nos últimos seminários, "já é tudo uma baboseira, é ilegível, é incompreensível (...) [já] eu, lhes proponho ver que nestes quatro últimos anos do Seminário [24, 25, 26, 27] há, definitivamente, material para ser lido", arrematando: "Vou lhes mostrar qual foi a dificuldade com a qual se chocou a razão de Lacan. Para lhes mostrar que tudo isto é perfeitamente legível e que pode ser escrito. E outra coisa que é perfeitamente legível nesses últimos anos é o nó borromeano generalizado e sua função" (Vappereau, 2012, p. 16). São mesmo otimistas esses nossos amigos.

Desatino ou desato

Na aula 2 do Seminário 24 - seminário que versa sobre o fracasso do inconsciente ser o amor (amor aqui entendido como transferência: se você cuida dela, há psicanálise e, se não cuida, há um delírio nada dirigido) -, de 14 de dezembro de 1976, veremos Lacan usando o nó tórico para expressar como pensa que acontece na análise:

Suponhamos três toros, especialmente o real, o imaginário e o simbólico. Que iremos ver ao revirar o simbólico procedendo por um corte? Uma disposição completamente diferente do nó borromeano. Ao revirar, o toro do simbólico envolve totalmente o imaginário e o real. É nisso que o uso do corte em relação ao simbólico corre o risco de provocar, ao fim de uma psicanálise, uma preferência dada em tudo ao inconsciente. Colocar assim o acento sobre a função do saber do um-equívoco pelo qual eu traduzo o inconsciente pode efetivamente fazer com que a vida de cada um se arranje melhor, mas isso é de uma estrutura de natureza essencialmente diferente daquela do nó borromeano. O fato de que o imaginário e o real estejam inteiramente incluídos em alguma coisa que saiu da prática da psicanálise põe questão nisso que não é a estrutura do nó borromeano. Experimentar uma psicanálise marca uma passagem, na condição que minha análise do inconsciente enquanto fundando a função do simbólico seja completamente receptível. De fato, aparentemente, e posso confirmar realmente, o fato de ter franqueado uma psicanálise não permitiria ser reconduzido ao estado anterior salvo ao praticar um outro corte, que seria equivalente a uma contrapsicanálise. É por isso que Freud insistia para que os psicanalistas refizessem o que se chama correntemente uma fatia, isto é, que fizessem uma segunda vez o corte, restaurando assim o nó borromeano em sua forma original. (Lacan, 1976-1977)

Bem, essa é uma formulação que foge um bocado do uso mais comum do nó apenas como relação entre registros, uso que já gerou muita produção, sim. Mas, e de outro modo, e outros usos? Ou, tendo em vista um pouco do que foi aqui apresentado, quem sabe o nó não exigirá que cada um de nós tenha de fazer um contranó, para que possamos reaver uma forma analítica "original" a partir dele também? O que é a psicanálise desde que o nó ex-siste? Poderia o nó, por inversão, questionar o discurso analítico, tal como um saber é questionado desde o lugar da verdade? Uma estrutura topológica é mesmo algo ainda a se estabilizar.

 

Referências bibliográficas

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Recebido: 01/04/2019
Aprovado: 08/05/2019

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