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Psicologia USP
On-line version ISSN 1678-5177
Psicol. USP vol.7 no.1-2 São Paulo 1996
ARTIGOS ORIGINAIS
Scientist who faught
Rachel Rodrigues Kerbauy1
Instituto de Psicologia - USP
RESUMO
Este artigo procura descrever o trabalho de Fred. S. Keller como cientista e educador. São detalhados comportamentos que explicam o sucesso do professor e divulgador da análise experimental do comportamento. Além das análises da pessoa e do cientista Keller, realizadas pelo autor, foram incluídos depoimentos de colaboradores e ex-alunos. Destaca-se uma maneira de ensinar, através do ouvir, perguntar e fornecer sugestões que parecem ser o ponto básico do comportamento de Keller. Embora nem sempre seja explicitado, está contido no artigo seu amor e respeito pelas pessoas. São apresentadas de forma resumida as contribuições mais importantes da obra de Keller: o ensino do código Morse, a aplicação da análise do comportamento e o plano Keller, um sistema de ensino personalizado.
Descritores: Keller, Fred Simmons, 1899-1996. Aprendizagem. Análise do comportamento. Métodos de ensino. Psicologia experimental. História da Psicologia.
ABSTRACT
This article is about Prof. Fred S. Keller, his life and his work. It shows how the practices this eminent scientist and educator account for his success as a teacher, as a researcher and as a promoter of the Experimental Analysis of Behavior. The article includes testimony of colleagues, alumini and early colaborators about their experiences of working and studying under and with Prof. Keller. Throughout the article it becomes clear that Prof. Keller's art resided on his way of listening, asking questions and making suggestions while teaching. In every statement we see how his love and his profound respect for other human beings deeply affected his students and his friends.
Index terms: Keller, Fred Simmons, 1899-1996. Learning. Behavioral assessment. Teaching methods.Experimental psychology. History of psychology.
Escrever sobre Fred Keller é poder escolher entre o homem, o cientista e o educador. A escolha pode ser determinada pelas informações disponíveis. No entanto, por opção pessoal, tendo em vista sua influência na Psicologia brasileira, além da americana e possivelmente universal, pensei que um pouco de cada um desses três aspectos deveria estar contido neste artigo. Embora tenha tentado separá-los, acham-se mesclados, possivelmente pelo fato de o educador se destacar no trabalho de Fred Keller e influir em todas as suas atividades.
Optei por começar a falar de Fred S. Keller como pessoa por achar que, pelo menos no Brasil, uma grande parte de seu poder de criar e difundir idéias estivesse muito arraigado em seu tipo como pessoa. Skinner (1979) parece que era dessa mesma opinião quando, no segundo volume de sua biografia The shaping of a behaviorist, falando dos alunos behavioristas em Harvard, assim se expressou:
uma figura mais importante, no que a mim diz respeito, era a de um outro aluno de pós-graduação, Fred S. Keller. Magro, com os ombros ligeiramente curvados, tinha uma mecha de cabelos prematuramente brancos e um pequeno bigode preto. Falava com grande deferência. Ao invés de desafiar ou contradizer o interlocutor gentilmente explorava o que dizia. No entanto, ele não era facilmente demovido de sua posição baseada em reflexão anterior. Gostava de histórias engraçadas e ria facilmente. Ensinava em tempo parcial no Tufts College e vinha raramente ao Departamento nesse primeiro ano, mas compareceu aos seminários e abraçou a causa behaviorista de uma maneira tranqüila, mas eficiente. (p.13).
Essa influência como pessoa, sua atitude diante das coisas deveria ser convincente e envolvente, pois Skinner mais adiante faz uma afirmação interessante para o "pai" da análise experimental do comportamento: "foi muito devido a Fred que eu resisti às predisposições mentalistas do departamento e permaneci behaviorista." (p.14).
Fred S. Keller era um tipo humano raro, de uma simpatia envolvente, capaz de em poucos minutos deixar as pessoas à vontade, colocando tranqüilamente suas experiências ou impressões. Sua curiosidade e o interesse com que ouvia pessoas de vários níveis sociais e culturais podem ser os responsáveis por essa abertura e calor de seu relacionamento.
Quando veio ao Brasil, a descrição de Skinner ainda era válida, embora seus cabelos fossem já totalmente brancos, e apesar de seus sessenta, era um jovem. O ar alegre, o ouvir atento, o querer entender a nós brasileiros, o participar e o viver o Brasil foram demonstrados não somente no aprendizado da língua, pois falava português, mas no ler Guimarães Rosa, Jorge Amado e mesmo Machado de Assis. Era capaz de nos surpreender com citações de nossos autores. Entendia e empregava com humor palavras alhures ouvidas. Um exemplo desse fato ocorreu em Brasília, em 1964, quando esteve como professor convidado, na instalação do Departamento de Psicologia, dando aulas, em português , a um grupo de alunos do programa de mestrado. Quando entendeu o sentido da expressão "cobra", que a ele atribuímos, jocoso, imediatamente começou a nos chamar de "minhocas". Quando em 1966 enviei a ele a fotografia dos alunos da Faculdade de Filosofia Sedes Sapientiae, no laboratório de Psicologia Experimental (1966), trabalhando com caixas de papelão montadas por eles e que eram o "aparelho" no qual condicionavam os pombos e assim realizavam os exercícios de laboratório, respondeu com uma carta. Finalizava: "como dizia Quincas Borba: ao vencedor as batatas".
Essa incorporação de tudo e a maneira amistosa e humorística de lidar com as coisas e pessoas tornavam-no para todos o companheiro, o herói, o modelo e especialmente o cientista que nos aceitava. Esse gostar do Brasil e dos brasileiros incluía a apreciação de nossa feijoada, o arroz com feijão e farofa, a caipirinha, que aprendeu a preparar tão bem quanto seus inigualáveis martinis secos.
Essa visão do homem Keller me parece essencial para compreender sua facilidade de contacto, seu amor pela vida e a influência que adquiriu mansamente. Era capaz de gestos de generosidade incomuns. Em uma de suas vindas ao Brasil, num jantar com um grupo, num restaurante, um de seus antigos alunos de Brasília contou das dificuldades econômicas que representava um doutorado, em termos da necessidade de diminuir a carga de trabalho profissional para poder colher os dados e especialmente redigi-lo. Ouviu atentamente. No decorrer da conversa informou-se de quanto custava a manutenção da família e por quanto tempo a realização da tese se estenderia. Após conversar em voz baixa com Dona Frances, sua mulher, ofereceu-lhe para emprestar o dinheiro. É evidente que o dinheiro não foi aceito. Os Keller não eram ricos. O ex-aluno agradeceu, recusando, mas disse que em função desse fato não se preocupassem, pois o doutoramento seria realizado, como realmente foi.
A gentileza com que Keller orientava as pessoas pode ser vista no seguinte episódio: uma brasileira, achando que estava falando bem o inglês, chamava dona Frances de "Mrs. Frances". O casal não dizia nada. Um dia, em conversa informal em grupo, colocou como achava simpático o "dona" brasileiro, que permitia falar o primeiro nome, enquanto em inglês o Mrs. vem sempre acompanhado do sobrenome. Com essa observação possibilitou a correção quase no início da emissão, evitando embaraços posteriores.
Um outro exemplo da pessoa Keller e um testemunho de como ser educador era sua maneira de viver, estando incorporado em sua vida, pode ser visto no seguinte episódio. Quando veio ao Brasil, em 1961, praticamente ninguém conhecia sua obra e poucos o trabalho behaviorista. Indo visitar uma Faculdade do interior, encontrou um labirinto, semelhante ao de sua tese de doutorado, funcionando no laboratório. Quando viu os dados obtidos emocionou-se até as lágrimas. Coincidentemente o professor que realizava as pesquisas conhecia seu livro Aprendizagem: teoria e reforço (1969), fato esse já do conhecimento do professor visitante. Realmente, quando soube da vinda de Keller o procurou, pois seu sonho era estudar com o autor daquele livro, o que felizmente para a Psicologia ocorreu.
Contar esses episódios é falar de Fred Keller e sua obra. Alguns fatos desse tipo são de meu conhecimento, outros não, mas certamente muitos existem. Para este artigo, solicitei depoimentos a algumas pessoas, os quais transcrevo abaixo, como os recebi. Esses depoimentos retratam a importância de suas características pessoais, não no sentido de ser "uma boa pessoa", mas no sentido de dar condições para o trabalho, de ser um catalisador, de ser capaz de criticar, mas especialmente fazer de sua atuação a maneira de desenvolver as idéias nas quais acredita, bem como possibilitar às pessoas o desenvolvimento de sua capacidade criadora. Esta característica é descrita em todos os depoimentos.
Como tipo humano, gostava de histórias engraçadas, de ouvi-las com interesse e rir, e até mesmo gargalhar. Seu contentamento diante das coisas era tão evidente e claramente expresso a ponto de contagiar os presentes. Convivendo com as pessoas, aqui no Brasil, conhecia bem cada uma, tinha sempre uma palavra gentil e em ocasiões específicas sabia o que dizer de bem particular que demonstrasse isto. Reforçava comportamentos que ele considerava adequados e realmente eram relevantes para nossa vida pessoal e profissional.
Sua característica de discutir, ouvir e perguntar era essencial em sua maneira de ensinar. Mais do que essa característica, creio que Keller tinha o "dom" de confiar nas pessoas. Era ingênuo mesmo. Transmitia seu entusiasmo, levando as pessoas a dar o melhor de si. A dedicatória de Skinner em seu exemplar de Behavior of organisms (1938) - "para Keller pela amizade e confiança quando eram mais necessárias" - demonstra bem o fato de confiar e estimular. Desde o início de sua vida profissional, era sua maneira de conviver com pessoas.
Essa parte humana de Keller, seu jeito simples, atento, escutando a tudo e a todos com entusiasmo e mostrando-se encantado pela descoberta que o outro estivesse fazendo, por aquilo que então dizia, deve ter sido sua maior arma durante seus anos de trabalho. Ao escrever sobre Keller em 1980, parte deste artigo, que não foi publicado na ocasião, conversei com pessoas, e os depoimentos atuais confirmam essas colocações. Várias pessoas que conviveram com ele destacaram a imagem daquele que dera condições, que discutira idéias, que confiara e apoiara. Todos tinham uma história de uma palavra, um gesto, uma ação de Keller que marcou e auxiliou a produzir algo. Mesmo as pessoas aqui no Brasil que não aceitam o sistema de estudo de comportamento proposto por Keller dizem dele: "procurou se ajustar ao meio, aprendeu a língua, é bom, humano, acessível, de uma boa vontade imensa". Portanto, parece clara a imagem de que a todo momento procurava ajudar, incentivar e criar dentro das condições existentes.
As influências que Keller recebeu de seus professores de Harvard, especialmente em sua atuação como educador, são claras e às vezes expressas por ele, como em Summer and Sabbaticals: "eles de fato deixaram suas marcas em nós. Mesmo agora, quarenta anos após, eu posso ver o professor Boring ..." (Keller, 1977, p.4).
Em Harvard, dizia que o entusiasmava ouvir os professores visitantes falarem de seus problemas não resolvidos, suas teorias que ainda se formavam, encorajando discussões. A diferença entre esses professores que davam cursos de verão e os professores regulares era que, embora impressionantes em seu saber, faziam com que trabalhassem tanto com o que deveriam aprender, que sobrava pouco tempo para pensar.
Embora vivendo em um ambiente universitário, onde a ênfase na publicação é grande, é importante salientar o professor, aquele que colocou seu papel de ensinar como objetivo de sua carreira, que dedicou anos criando, dentro de sua função de formar alunos. Era um hábito do professor Keller trabalhar com a mesma dedicação em teses de seus orientandos quanto em seus próprios estudos, mas nesses casos preferia que seu nome não aparecesse como colaborador. No entanto, publicou outros trabalhos que não teses em colaboração com seus alunos.
As aulas de Keller eram cheias de fatos curiosos sobre como se desenvolveram os trabalhos dos pesquisadores citados, eram vivas, com indagações ao aluno, levando-o a pensar sobre o que significava, qual a curva que resultaria daquela pergunta, daquele experimento, daquele dado. Como aluna de seu curso (em Brasília, 1964) posso testemunhar que ele levava a se querer estudar, mais do que adivinhar, a saber mais, a procurar o dado. Ele conduzia ao laboratório. Ele fazia descobrir as belezas e possibilidades da Psicologia Experimental.
Um fato acontecido com o professor Keller aqui no Brasil, e como esse devem existir outros nos Estados Unidos, e que demonstra sua capacidade de ensinar e levar as pessoas a sério será relatada a seguir por César Ades, professor titular do Departamento de Psicologia Experimental. Faz parte das inúmeras cartas enviadas por brasileiros a Keller, quando foi homenageado no ABA - Association for Behavior Analysis - em 1993.
Esta lembrança eu guardo com muito afeto. Ela me revela a generosidade e a simpatia que marcam seu comportamento, e que o tornam, como dizemos aqui no Brasil, tão "gente". Quero partilhá-la hoje com você, como forma de homenagem.
Éramos alunos de graduação já faz (será que eu revelo?) uns trinta anos, encantados com experimentação e com teorias, descobrindo as muitas faces e controvérsias da Psicologia, mas acreditando na possibilidade de que uma abordagem científica acabaria trazendo consenso. Formávamos um grupo pequeno, estavam Ana Maria, Fernando, Katsumaza, Orlando e outros, todos hoje veteranos, todos companheiros ao longo dos anos. Reunindo-nos periodicamente numa das salas do Departamento de Fisiologia, lá onde estava a já velha caixa de Skinner denominada afetuosamente de "Ermelinda" , discutíamos sobre possíveis projetos, que hoje, olhando para trás, não me parecem tão ingênuos ou desprovidos de relevância. O rato branco com seu jeito sempre explorador era nosso objeto de interesse: nós também nos sentíamos exploradores.
Um dia, o grupo decidiu recorrer a um cientista para nos dar sugestões de pesquisa e não demorou muito para surgir a idéia de que seria excelente se pudéssemos contar com você. Esta decisão, evidentemente, partia do respeito e da consideração que tínhamos em relação a você, mas também tinha a ver com uma intuição de que encontraríamos em você um interlocutor compreensivo. E lá fui eu, designado porta-voz pelos meus colegas, um pouco intimidado, procurar pelo Professor Fred S. Keller. Na casa grande, em que, se eu não me engano, também morava o professor Gil Sherman, fui recebido por você com uma cortesia que logo me pôs a vontade; me senti um pesquisador de verdade trocando idéias com outro pesquisador. Nem percebi o tempo passar, tão estimulante era a conversa.
Você propôs, entre outras coisas: Por que não estudam isso, que a gente observa sistematicamente numa situação de treino? Um rato que, atingido o critério de saciação, já não responde mais à barra, na caixa de Skinnner, no entanto, quando colocado de volta a sua gaiola-viveiro se dirige ao tubo de água e volta a beber. O que é que determina esta persistência? Será que os esquemas de reforço têm um componente aversivo?
Não foi possível ao nosso grupo de alunos pôr em prática um esquema experimental para responder ao problema proposto por você: tínhamos muitas aulas para assistir, muitos trabalhos de curso para redigir. Na época, mais do que hoje, a Universidade não punha em prática o ensino individualizado que você defendeu com tanta propriedade. Mas, alguns anos mais tarde, quando já contratado pela Universidade e dispondo de um laboratório, retomei a questão, fazendo estudos sobre a preferência que ratos têm por uma alternativa trabalhosa (como pressionar a barra) em relação a uma alternativa mais simples (como beber de garrafa de biotério).
Lembro sempre deste episódio com carinho: ele desvenda uma qualidade que impressiona todos os que o conhecem: a de ensinar, sabendo ouvir e entender o outro, um talento de professor que poucos têm. A história que eu contei poderá parecer corriqueira, mas ela diz muito de porque o admiro, de porque o admiramos.
Gostaria muito de estar presente, quando de sua próxima homenagem, na ABA; de poder me alegrar abraçando-o. Não sendo possível, mando já o abraço para o americano mais brasileiro que conheci.
Um outro texto que relata a impressão causada por Keller nos alunos e explica seu papel de educador é o de Maria Amélia Matos. Ela foi aluna e é professora assistente-doutor do Departamento de Psicologia Experimental, onde trabalha até o momento.
É muito difícil para mim, neste momento, escrever algo sobre o Professor Keller. A tristeza de sua perda conflita com a lembrança de sua alegria e de seu carinho pelas pessoas. Todas as pessoas!
Creio que isso é o que sempre me marcou mais em meu contato com ele. Desde o primeiro momento em que conheci, desempacotando equipamento no laboratório de fisiologia do IB-USP, me impressionou sua enorme energia e entusiasmo pelo trabalho que realizava. Energia física, intelectual e, sobretudo, emocional. Um dia perguntei a ele de onde tirava tanta vibração, e ele me disse, com aquele sorriso maroto de quem compartilhava um segredo: I like teaching. That's my job.
Mas, na minha opinião, ele estava enganado; do que realmente gostava era das pessoas. Quando trabalhava sozinho, trabalhava de modo concentrado e intenso, eficiente e rápido. Quando trabalhava com pessoas , trabalhava para as pessoas: inteiramente voltado para elas, alegre e leve, atento ao que diziam e como ouviam, seu ritmo se adaptava automaticamente ao ritmo da pessoa, seus olhos brilhavam procurando identificar os caminhos mágicos do contato com o outro. Porque gostava tanto das pessoas é que gostava tanto de ensinar às pessoas.
Uma ocasião, durante uma das últimas reuniões anuais a que compareceu em Ribeirão Preto, decidimos ir a uma cantina, à noite, para comemorar seu reencontro com os amigos. Enquanto esperávamos os demais, bebíamos cerveja e conversávamos. Estava quente, como sempre, em Ribeirão. Depois de apenas uma hora já havíamos bebido cerca de uma dúzia de cervejas; Deisy e eu estávamos mais pra lá do que pra cá, Da. Frances havia ficado com a água mineral, João Cláudio resistia bravamente, e o Prof. Keller, cheio de entusiasmo, continuava contando histórias. As pessoas começavam a chegar. A cada uma que chegava, ele se levantava, abraçava a pessoa, e beijava-a nas duas faces dizendo algo carinhoso e divertido. Às duas da manhã metade dos convidados estava caindo aos pedaços e ele continuava derramando seu júbilo por estar entre nós!
Tinha uma enorme fascinação pela juventude, de qualquer lugar do mundo. Em 1992, em Guadalajara, numa folga das atividades de um Congresso durante o qual fora homenageado, Da. Frances quis visitar uma pequena cidade vizinha, famosa pelo seu artesanato. Lá chegando, depois de andarmos um pouco, paramos numa praça para um refresco. Logo ele estava conversando com algumas crianças e adolescentes que estavam por ali. E ele não sabia uma palavra de espanhol! Mais adiante, numa bela alameda florida, paramos para pedir informações e ele decidiu que esperaria por nós ali, sentado num dos bancos à sombra. Quando Da. Frances encontrou o que procurava, voltamos à alameda: lá estava o Prof. Keller conversando animadamente com um rapaz e duas "muchachas", todos dando risadas e se divertindo a mil.
I like teaching. That's my job. Escolheu e fez um belo trabalho, nele ele se prolonga em nós. Não me é possível dizer Goodbye, teacher...
O Prof. Walter Hugo de Andrade Cunha, que iniciou o trabalho de Psicologia Comparativa e Etologia no Departamento de Psicologia Experimental, escreveu o texto seguinte. É novamente a faceta de educador e de conviver com pessoas o destaque apresentado.
Meu encontro com o Professor Keller.
Encontrei-me com o Professor Keller pela primeira vez em setembro de 1961, ao regressar de meus estudos pós-graduados na Universidade de Kansas. Acredito que ele já soubesse, através de minha chefe, a Professora Anita Cabral, de minha missão naquela Universidade: a de preparar-me para, em minha volta, organizar um laboratório com ênfase em percepção e motivação e encarregar-me da parte prática da disciplina Psicologia Experimental, no Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, disciplina essa cuja ministração lhe havia sido, em parte, confiada.
Alguém deve ter-me identificado para ele, pois marchou para mim diretamente, estendendo-me a mão e cumprimentando-me calorosamente: How are you, Walter? Era uma presença magnética. Alto, moreno, olhava-me com franqueza durante o forte e prolongado aperto de mão. Interessou-se por saber o que eu fizera nos Estados Unidos e com quem estudara. Elogiou, dentre os professores que citei, Gardner Murphy, "renomado historiador", e, por seu "pensamento crítico rigoroso". Edward Wike, seguidor de Hull e Spence. Tomou na mão, para examinar, um livro que eu portava, Readings in Perception, de Beardslee e Wertheimer, então uma novidade na área. Indagou-me sobre o conteúdo de alguns excertos constantes do livro e surpreendeu-me ao revelar bom conhecimento do assunto versado por outros, cujo "material forte, documentado" me instou a aprofundar. Talvez porque rescendesse a amor pela ciência, empatizei com ele, e, em poucos minutos, já conversávamos como se íntimos fôssemos.
Alguns dias depois tive a oportunidade de vê-lo num intervalo de curso, na Cidade Universitária, e de ser convidado para assistir à sua última aula do dia. O tópico tratado, em inglês, era a então momentosa questão de explicar como o rato conseguia aprender alternações sistemáticas do tipo direita-direita, esquerda-esquerda, no labirinto. Os alunos eram encorajados a participar e participavam com vivacidade. Num certo ponto o mestre levantou a questão: contaria o rato o número de voltas em cada tentativa? E a classe toda, em uma só - e indignada - voz, exclamou: "Não!" Em silêncio, perguntei-me, assustado, como é que, sem acesso à interioridade do rato, podiam eles estar assim convictos da resposta e se já não extrapolavam o seu empirismo. Levei algum tempo para perceber que, na verdade, aprendiam, não sem os excessos próprios dos neófitos, e reagindo aos hábitos especulativos de explicação a que tinham até então sido submetidos, o que o Professor Keller chamava de "o novo método objetivo", com sua ênfase na predição e controle dos fenômenos. Mas o entusiasmo dos alunos não deixava margem a dúvidas: o professor era um mago inflamador de almas!
Porque eu trabalhava na Alameda Glette e o Professor Keller na Cidade Universitária, poucas vezes mais nos encontramos, em sua permanência no país, para uma conversa prolongada. No entanto, com base nessas primeiras impressões nunca achei difícil entender porque ele haveria de deixar tão profundas marcas na Psicologia brasileira.
João Cláudio Todorov, aluno de pós-graduação da Universidade de Brasília, e hoje reitor dessa mesma universidade, escreve:
Nos anos 40, em associação com W.N. Schoenfeld na Universidade de Columbia, Keller inovou no ensino da Psicologia Experimental, propondo mudanças no currículo, no método e nos textos disponíveis aos alunos. O livro da dupla é hoje um clássico, e foi um grande instrumento de difusão da análise do comportamento no mundo, ao lado de Ciência e Comportamento Humano, de Skinner.
No início dos anos 60, próximo da aposentadoria da Universidade de Columbia, Keller veio ao Brasil como professor visitante da USP no programa da Fulbright. Essa temporada mudou tanto a Psicologia no Brasil quanto a vida de Fred & Frances Keller. Em 1962, de volta a Nova York, Keller aceitou o convite-desafio de Darcy Ribeiro e Carolina Bori para pensar um Departamento de Psicologia para a Universidade de Brasília. Ele nunca mais conseguiu deixar de ser brasileiro.
Como aluno de doutorado da Arizona State University em 1965 acompanhei pessoalmente a angústia de Keller com o que se passava na UnB naquele fatídico segundo semestre. Na época, Keller e J. Gilmour Sherman continuavam a desenvolver na ASU o sistema personalizado de ensino que Keller, Carolina, Gil e Rodolpho Azzi tinham planejado e implantado na UnB. Keller batizou o projeto de Plano Brasília. O mundo, hoje, o conhece como Plano Keller. O sistema personalizado de ensino, como hoje é conhecido, foi desenvolvido como uma aplicação tecnológica da teoria comportamentalista da aprendizagem.
A importância de Keller para a Psicologia foi amplamente reconhecida ainda em sua vida. Nos últimos 35 anos nunca fiquei muito tempo sem um contato pessoal. Em minha última visita, aproveitando uma viagem oficial aos Estados Unidos, passei o fim de semana em Chapel Hill. Lembrando os velhos tempos, cortei a grama, levei o cachorrinho para o passeio noturno, e ajudei o velho mestre a limpar sua biblioteca. Ele estava preocupado com sua longevidade. Nos últimos dez anos tinha tido que escrever em média três discursos de agradecimento pelas homenagens recebidas em congressos nacionais e internacionais. Em 1987 recebeu o título de Professor Honoris Causa da UnB. Recebeu homenagens da American Psychological Association, da International Association for Behavior Analysis, de praticamente todas as associações regionais de Psicologia do Estados Unidos, de entidades nacionais do Japão, da Itália, do México, da Bélgica e do Brasil.
Diferentemente de Skinner, que sempre se levou muito a sério, Keller conquistava pela simplicidade, pelo legítimo interesse na pessoa com quem conversava. Professor por excelência, jamais menosprezava um projeto apresentado pelo aluno. Tinha uma maneira toda especial de elogiar o esforço envolvido na proposta. De uma conversa com Keller, saíamos todos animados com as perspectivas de melhora do projeto.
Grande figura humana, manteve ao longo da vida uma correspondência fantástica, hoje aos cuidados de seu filho John V. Keller. Em 4 de novembro de 1993, em carta à minha filha Júlia, Keller diz: "Quando você envelhecer, Júlia, você descobrirá que as pessoas se interessam por você não por aquilo que você fez, mas pelas pessoas que você conheceu."
Se for verdade, meu futuro está garantido. Eu conheci Fred S. Keller.
Maria Teresa Araújo Silva, professora assistente-doutor do Departamento de Psicologia Experimental, também descreve o que significa interagir com Fred Keller.
Muitas vezes me perguntei de onde vinha o feitiço do Professor Keller. Seria seu humor, seu sorriso? Sua sabedoria? Seu jeito de ser professor? Sua integridade incondicional? Sua habilidade de mestre em extrair comportamentos? Ou porque sonhava com a educação que todos queríamos? Ou seria a emoção que vinha junto com a aprovação e a brandura? Ou a sua perspicácia quando ensinava, discretamente, a origem do nosso comportamento verbal. Numa das últimas vezes que o vi, com medo de que estivesse cansado, fiz menção de ir embora, dizendo "Acho que o senhor quer ficar sozinho". "Oh", disse ele, "Greta Garbo ... I want to be alone..." e deu risada...
Em fins de 93 pensamos, meu filho e eu, em visitar o Professor em Chapel Hill. A data estava meio no ar, nada resolvido. Aí o Diego, ainda sob o impacto da morte do pai, falou: "Mas então tem que ser logo, senão ele morre". Não, não morreu: veio com Dona Frances nos receber no aeroporto, guiando seu carro, e no mesmo ano estava aqui no Brasil, dando uma conferência para a Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental. Começamos a achar que ele era imortal. Agora tenho certeza - ele não morreu, ficou encantado. Seu feitiço continua a nos guiar.
Nos depoimentos incluídos neste artigo destaca-se a mensagem de Keller: é o educador que ouve atentamente e que trata a cada pessoa como alguém especial. Embora tivesse seu próprio referencial teórico, não o impunha ao interlocutor. Ensinou a trabalhar de uma maneira sistemática e que fazer ciência é produzir dados e olhá-los de acordo com um referencial teórico para observar a consistência dos dados obtidos.
Este respeito pelo interlocutor é descrito por ele mesmo em 1975. Relata com humor como se ajustou ao ensino brasileiro, sua surpresa por não haver calendários ou circulares determinando o dia de iniciar seu curso e mais surpresa ainda por não saber como a notícia alcançara os alunos depois de haver combinado com seu assistente. Relata também, sempre no seu estilo, com humor, mas repleto de mensagens, o nível intelectual e o grau de conhecimento dos alunos de um país em desenvolvimento, mesmo antes de um professor visitante chegar. Descreve como começou a introduzir a cada dia novas palavras em português em suas aulas e como, no final de sua estada, fazia, em português, um sumário do que desenvolveria e como seu assistente tornava a fazer outro resumo no final da aula. Em outras narrações descreve como parecia que cada aluno esperava ser "orientado e compreendido individualmente" e como "cada um era pessoa com seu próprio direito".
É essa capacidade de observar, de tirar conclusões e de alterar seu comportamento com a análise das contingências, e ainda o divertir-se ao comportar-se, que torna, a meu ver, Fred Keller o educador.
Por sua obra Fred Keller se destaca por estar no início das coisas. Em educação sua contribuição mais conhecida é o PSI, Sistema Personalizado de Ensino, que desenvolveu com Rodolpho Azzi, Carolina Bori e Gilmour Shermam para implantar em Brasília em 1964. O mundo conhece o Plano Brasília como Plano Keller e como uma tecnologia da teoria comportamentalista da aprendizagem.
As características básicas, descritas por Keller em 1968, e que distinguem o PSI das técnicas convencionais são:
1. avançar de acordo com o próprio ritmo, o que permite ao aluno adiantar-se no curso numa velocidade que corresponde à sua capacidade e que não colide com suas outras ocupações;
2. o requisito de desempenho perfeito antes da passagem adiante, que faz com que o aluno obtenha novo material apenas quando demonstre domínio do material precedente;
3. uso de aulas e demonstrações como instrumentos de motivação mais do que como fontes de informação crítica;
4. ênfase na palavra escrita para comunicação entre professor e aluno e, finalmente,
5. o emprego de monitores, o que permite uma verificação repetida, a atribuição imediata de notas, uma orientação quase inevitável e uma melhoria marcada no aspecto pessoal e social do processo educacional.
Nessa maneira de ensinar, Keller repete sua filosofia sobre referencial teórico, pois a definição precisa do conteúdo que o aluno precisa saber é ponto principal na programação de ensino. O programa de atividades conduz o aluno do seu estágio inicial até os objetivos finais do curso. A individualização garante a liberdade de trabalhar no próprio ritmo e a avaliação constante, a exigência de domínio de cada etapa para avançar para a próxima.
Antes do PSI, Keller havia escrito um artigo que me pareceu mostrar como se desenvolvia seu pensamento sobre educação. É o clássico O Platô Fantasma (1958), onde demonstra que são as condições de ensino que determinam o platô em aprendizagem. Com outras condições, o aluno se desenvolverá de forma diferente, como apresenta em Adeus, Mestre (1968). Enfatiza qualidade e não quantidade. Apresenta uma análise cuidadosa do processo de ensino, que o leva a conceber um método no qual seja satisfeita a característica individual e permita ao estudante aprender.
Quando penso na trajetória de ensino de Fred Keller é impossível esquecer o empenho com que ensinou o código Morse durante a Segunda Guerra Mundial. Combinou sua experiência em Código Morse (foi telegrafista) com seu conhecimento em aprendizagem e produziu uma série de pesquisas sobre o treinamento de comunicação pelo rádio. O método de sinal e voz que desenvolveu com seus colaboradores (1943a, 1943b, 1944, 1945, 1946) tornou-se padrão no corpo de Sinaleiros do Exército Americano. Foi o primeiro trabalho de aplicação dos princípios de aprendizagem, sendo um modelo de ensino de habilidades.
Perto de sua aposentadoria na Columbia University, veio ao Brasil, em 1961. Introduziu a teoria do reforço no país. Vários brasileiros foram estudar nos Estados Unidos em decorrência de sua vinda. Voltou em 1964 para a Universidade de Brasília e desenvolveu o projeto do PSI. Começou sua trajetória de difusão, no mundo, do PSI - Sistema Personalizado de Ensino da Análise do Comportamento. Inspirou várias gerações de psicólogos.
Keller lecionou na Columbia durante 26 anos e em outras universidades por tempo mais curto. Faleceu aos 97 anos em Chapel Hill, na Carolina do Norte. No entanto, pôde em vida conhecer a extensão de sua influência com as inúmeras homenagens que recebeu em vários países. No Brasil, sua última homenagem foi prestada na reunião da Sociedade Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, em 1994, em Campinas. Nós todos estávamos lá. Seus primeiros alunos brasileiros e as várias gerações de psicólogos brasileiros que o conheceram em suas diversas vindas ao Brasil. Seu discurso, que está sendo publicado nos Anais da Sociedade, mostrou como continuava atualizado e como esse velho jovem ainda sonhava em educação. Até sua postura e fisionomia rejuvenesceram ao falar como via a educação do futuro. Mais uma vez assistimos "o mágico Keller" nos ensinar a trabalhar, a ter esperança, a aprender e a ensinar e, especialmente, a amar e respeitar o ser humano. Como sempre, o cientista ensinava.
Este artigo poderia ser encerrado neste ponto. No entanto, ficaria incompleto. Faltaria mostrar a ironia fina do professor Keller e as análises sutis. Encerro pois, transcrevendo, em suas próprias palavras, uma parte dos comentários proferidos na 15a. Reunião Anual da ABA, no banquete em que foi homenageado, em maio de 1989. Recebi uma cópia de presente, o que possibilita divulgá-los parcialmente.
Ainda ao terminar este artigo, em inglês, lembro da palestra proferida por Keller ao ser homenageado pela então Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto (SPRP) em 1978. Como sempre, o auditório estava lotado de jovens, que desta vez iriam ouvir o lendário Keller. Ele iniciou sua fala lembrando que em 1961, ao ser convidado para falar na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), perguntou se deveria falar em inglês ou português. Disseram a ele que se falasse em português mostraria sua competência e se falasse em inglês estaria reconhecendo a do público. Falou em inglês. No entanto, considerava que em Ribeirão voltava para o lar, para a pátria, para o país onde tinha amigos e onde iniciara o PSI, portanto, falaria em português. Claro, nos emocionamos e ovacionamos. Vamos ver agora como Keller se sente ao ter 90 anos.
HOW DOES IT FEEL TO BE 90?
It's none of your business! But since you are here, let me tell you something. I have listened for the past four days to all those insults, wrapped up in sugary words and phoney smiles; all those thinly wiled indignities; all those silly insinuations as to my physical and mental state. And don't think that I didn't overhear that comment about the way I walked, unsteadily and all bent over; and that remark about the way I held the pen when I signed my name. Just for your information the table that I climbed on in my stockinged feet in order to repair the lamp had just been greased by someone with furniture polish - someone who was jealous of my agility and expertise, someone much younger than I. That's how the thumb got out of joint for several minutes, because I tried to be of help to younger people. You might not have been able to write your name at all!
And don't think that I didn't hear that statement about the book that wouldn't sell through ordinary channels. That book wasn't written for every Tom, Dick, and Harry at an airport neewsstand looking for a thrill. It was meant for promising young scientists who were hunting for a model on which to build their own careers. And there aren't enough of them to go around these days, if you ask me.
How does it feel to be 90? Well, I'll tell you. Suppose that someone asked you, in a loud voice: "How are you today"? Or "You look wonderful". Or "Maybe you would like to take a nap?" Or "You can leave the party any time you wish". Or "Would you like someting to drink-tea, or perhaps a Coca-Cola"? Or "Watch those steps! I nearly caught my toe on one of them this morning". Or "I'll go with you to the elevator". Or "No, I hadn't heard that story, it's really funny! When you know you told it to him only yesterday".
How does it feel to be 90? I suppose you think and old man never goes to bed except to sleep. Some of his most creative moments comes when he is lying down. I suppose you think that he can't say "What?" a few times unless he's getting deaf; he may not have been attending to your silly chatter. I suppose you think that he cannot scratch himself unless he has some skin disorder - a mild one, too, easily treated with a tube of Cortizone 5; even young men in their forties have this problem. I suppose you think that when a person stumbles now and then he is getting old; but any evening at this Convention you can see more young men than old ones with disorders of locomotion.
A great deal of harm was done by an elderly friend of mine, aided by a skillful writer, who published a book disclosing many of his ills, suggesting that he enjoyed them. This kind of thing makes it difficult to evaluate the true effects of aging. With such a distinguished model to follow, people begin to look for signs of aging in themselves, thus encouraging the process.
How does it really feel to be 90? As a matter of fact I feel O.K., much the same as I felt at 89, but from now on it won't be the same. A punctuation mark has been added to my life - an exclamation point, perhaps, or a question mark. Nothing more can happen now unless I get to 95 - people like round numbers. Ninety-one will be a non-event.
From now on things are going to change. I shall have to watch my diet, drink decaffeinated coffee, take gentle exercise, avoid undue excitement, let Frances to the driving, and hire a neighbor boy to mow the lawn. Getting older will become important. From now on I shall cherish every comment on my youthful looks. On the appropriate occasion I shall mention that I once shook hands with Teddy Roosevelt, got a smile from President Taft for cheering as his carriage passed in the procession, and was reviewed by General Pershing after World War I. I'll tell everyone about out visits to Brazil - how Predident Janio Quadros left the country when we arrived in 1961, and how João Goulart, his sucessor, did the same when we arrived in 64.
I shall talk about the advent of the automobile, the telephone, and the electric light. I shall quote occasionally from the songs and poems of my childhood; on special occasions I may recite The Passing of the Backhouse or sing Heaven Will Protect The Working Girl. I'll preface all my funny stories with the statement: I know I told you this before. People will get very tired of hearing about this Birthday Party.
(At this point I made a transition in my talk to one that I had earlier prepared but had rejected because it was too serious for a gay occasion).
Após o texto do professor Keller, incluo um poema, dedicado a ele, escrito por Rodolpho Azzi, em Paraty, 1989, que assim se expressou: "dedico estes versos ao exemplo inimitável de F. S. Keller". Considero que Rodolpho Azzi foi para muitos de nós, iniciantes em Análise Experimental do Comportamento, alguém que, além de colaborador de Keller, ensinou e reforçou nossos primeiros passos e continuou presente com seu sentimento e sabedoria. Sobre ele, Keller escreveu (1961) para Skinner, que publicou a carta em Matter of consequences, 1983: "Azzi foi uma grande descoberta: um aluno do lógico francês Granger, Rodolpho veio de São José do Rio Preto para trabalhar comigo. Está agora residindo em São Paulo; ele é talvez o mais brilhante aluno que tive. Ele é o guia espiritual para um novo grupo de aproximadamente 6 jovens promissores que encontraram uma nova razão de viver no nosso estilo de Teoria do Reforço". p.231.
é bom escrever é bom materializar é bom reviver generalizando tudo |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 Desejo expressar minha gratidão aos colegas que contribuiram para este artigo com seus depoimentos: César Ades, João ClaudioTodorov, Maria Amélia Mattos, Maria Teresa de Araujo e Silva e Walter Hugo de Andrade Cunha. Foi incluído também um soneto de Rodolpho Azzi, dedicado a F.S. Keller.