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Revista Brasileira de Orientação Profissional

On-line version ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.10 no.2 São Paulo Dec. 2009

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Produção científica da Revista Brasileira de Orientação Profissional

 

Scientific production of Revista Brasileira de Orientação Profissional (The Brazilian Journal of Vocational Guidance)

 

Producción científica de la Revista Brasileira de Orientação Profissional (Revista Brasileña de Orientación Profesional)

 

 

Fabián Javier Marín Rueda* 1

Universidade São Francisco, Itatiba-SP, Brasil

 

 


RESUMO

Este estudo analisou a produção científica da Revista Brasileira de Orientação Profissional, desde a sua criação, em 2003, até o ano de 2008. Foram avaliados 12 números, sendo 81 artigos analisados com base nos seguintes critérios: quantidade de artigos publicados por número da revista, distribuição da produção por origem, natureza da autoria, sexo dos autores, sexo do primeiro autor, tipo de trabalho, instrumentos e referências utilizadas na fundamentação dos artigos. Os dados mostraram uma homogeneidade na quantidade de publicações ao longo de todos os anos de existência da revista, com um aumento no ano de 2008. Verificou-se ainda que o relato de pesquisa foi a categoria de estudo mais utilizada e o Sudeste a região que mais publicou no período. Houve ainda a predominância da autoria múltipla e feminina, além de um maior número de mulheres como autores principais. Detectou-se uma grande quantidade de testes, inventários e escalas utilizadas. Quanto às referências, a maior parte dos trabalhos se fundamentou em livros ou capítulos de livros e artigos de periódicos científicos.

Palavras-chave: Produção científica, Orientação profissional, Cientometria, Periódicos.


ABSTRACT

The study analyzed the scientific production of the Revista Brasileira de Orientação Profissional since its creation, in 2003, until 2008. Twelve issues and 81 papers were analyzed, according to the following criteria: quantity of articles published by issue, distribution of the production by origin, individual or multiple authorship, authors’ sex, first author’s sex, type of work, instruments used and the references used as the articles’ basis. The data showed homogeneity in the quantity of the publications along the years, raising in 2008. Research report was the most used type of article and the Southeast was the region that published most in that period. There was a prevalence of multiple and female authors, as well as a higher number of women as main authors. A great quantity of tests, inventories and scales were used. As to references, most papers based on books or book chapters and scientific journals.

Keywords: Scientific production, Professional counseling, Scientometrics, Journals.


RESUMEN

Este estudio analizó la producción científica de la Revista Brasileira de Orientação Profissional desde su creación en 2003 hasta el año 2008. Fueron evaluados 12 números y analizados 81 artículos con base en los siguientes criterios: cantidad de artículos publicados por número de la revista, distribución de la producción por origen, naturaleza de la autoría, sexo de los autores, sexo del primer autor, tipo de trabajo, instrumentos y referencias utilizados en la fundamentación de los artículos. Los datos mostraron una homogeneidad en la cantidad de publicaciones a lo largo de todos los años de existencia de la revista, con un aumento en el año 2008. Se verificó que el informe de investigación fue la categoría de estudio más utilizada y el Sudeste la región que más publicó en el período. Hubo predominancia de la autoría múltiple y femenina, además de un mayor número de mujeres como autores principales. Se detectó una gran cantidad de pruebas, inventarios y escalas utilizadas. En cuanto a las referencias, la mayor parte de los trabajos se fundamentó en libros o capítulos de libros y artículos de periódicos científicos.

Palabras clave: Producción científica, Orientación profesional, Cientometría, Periódicos.


 

 

A ciência pode ser definida, segundo Jacob (1997) e Zancan (2000) como o processo de produção do conhecimento com base em idéias, que confronta o que poderia ser feito com o que de fato é realizado, visando a busca por soluções. Nesse contexto, autores como Witter (1999) consideram a ciência a principal realização e/ou conquista do século XX, principalmente no que diz respeito ao seu crescimento e desenvolvimento. No Brasil, para Poblacion e Oliveira (2006) esse desenvolvimento se deu em razão dos serviços e produtos derivados da produção do conhecimento que permitiram que o país crescesse e se tornasse membro integrante e competitivo no mundo da produção científica mundial.

Freitas (1998), Pisciotta (2006), Souza (2002), Weitzel (2006) e Yamamoto e Gouveia (2003) destacam que os serviços e produtos que permitiram a inserção do Brasil no cenário mundial da produção científica só foram possíveis em razão da natureza social da ciência e dos programas de pós-graduação instituídos no país a partir de 1970, sendo eles os maiores pólos geradores da produção científica brasileira. Assim, o crescimento das publicações no Brasil decorre de uma intensa pressão para publicar, uma vez que o maior peso nas decisões sobre a avaliação dos programas de pós-graduação é a produção científica dos docentes. Ainda, progressão na carreira universitária e nos institutos de pesquisa tem como base a produção científica, o que influencia a quantidade de pesquisadores ativos (Freitas, 1998; Packer & Meneghini, 2006).

Mesmo com o crescimento da produção científica no Brasil, Granja (1995) destaca que ela ainda é pequena quando comparada à expansão do ensino na área. Ainda, acrescenta que a literatura científica nos paises desenvolvidos vem registrando um crescimento significativo não observado no Brasil. Essa informação também é trazida à tona na pesquisa realizada por Sampaio (2008), destacando que em que pese a produção científica nacional de uma forma geral apresentar um aumento de aproximadamente 10% ao ano, ainda há uma carência quando comparado a países considerados desenvolvidos. Mesmo assim, com base em informações da CAPES, a autora destaca que o Brasil ocupa a 17ª posição no ranking das publicações científicas do mundo. Especificamente no que tange à questão das citações, Sampaio (2008) destacou que entre 2000 e 2005 houve um aumento de 33% na citação de periódicos científicos no Brasil, porém, ela destacou que esse número estaria aquém do esperado se comparado ao cenário das publicações científicas no exterior.

Diante da importância da produção científica no cenário mundial, bem como o papel de destaque da comunicação dessa produção nesse cenário, a divulgação da ciência é considerada como um aspecto crucial para o seu progresso. No entanto, para que a comunicação da produção científica atinja seus objetivos, a publicação dos resultados obtidos nas pesquisas deve ser realizada em veículos de ampla circulação, tais como os periódicos científicos, que possibilitam a disseminação do conhecimento gerado, bem como estimulem novos trabalhos (Suehiro & Rueda, 2009). Nesse sentido, Sampaio (2008) destaca que a citação de pesquisas publicadas em periódicos científicos no Brasil é pequena, sendo que a maior parte das citações refere-se a publicações ocorridas no exterior.

Desde o seu surgimento, as revistas ou periódicos científicos constituem importantes canais de comunicação formal da ciência. Como destacam Freitas (2006) e Suehiro e Rueda (2009), esse tipo de publicação teve início no século XVII, na Europa, com a criação das sociedades e academias científicas.

A primeira revista de psicologia editada no Brasil foi a Revista Brasileira de Psicanálise, que teve seu primeiro número publicado em 1928. A partir daí, um grande número de títulos que publicam sobre Psicologia surgiu, sendo difícil, na atualidade, precisar o número exato de periódicos de Psicologia (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, 2007).

Nesse sentido, e com base no descrito por Costa (2006), de que a avaliação dos periódicos em Psicologia é o principal instrumento para garantir um padrão mínimo de qualidade nas publicações da área, fica evidente a necessidade de que esses veículos de comunicação também sejam alvo de estudos que objetivem a avaliação da produção científica publicada pelos mesmos, como também afirmam Gonçalves, Ramos e Castro (2006), Witter (1996, 1999, 2006) e Yamamoto, Souza e Yamamoto (1999). Com relação à análise da produção científica no campo da psicologia, Witter (1996, 1999) afirma que esta teve início na década de 70 do século passado, época na qual os estudos eram realizados com base na revisão da literatura. Por sua vez, nas décadas de 80 e 90 as estratégias empregadas nesse tipo de análise se aproximavam da cientometria e, atualmente, abarcam dimensões mais amplas e itens pontuais da produção científica baseandose para tanto na metaciência.

Embora a análise da produção científica seja considerada como essencial por diversos autores (Macedo & Menandro, 1998; Meneghini, 1998; Yamamoto e cols., 1999, 2002) e se constitua como um alvo de preocupação nos últimos anos, esses mesmos autores, em seus estudos, mostraram que a produção científica no Brasil tem sido veiculada, predominantemente, em anais de congressos. Ao lado disso, Aguiar Netto (1988), Matos (1988) e Yamamoto e cols. (1999) ressaltaram a produção relativamente pequena da psicologia quando comparada a outras áreas do conhecimento, assim como a existência de poucos estudos específicos sobre sua produção registrados na literatura brasileira.

Dentro desse contexto, Yamamoto e cols. (1999) analisaram 719 artigos de 80 edições de seis periódicos brasileiros especializados em psicologia, editados entre 1990 e 1997. Os autores verificaram a existência de um número muito pequeno de pesquisadores publicando sistematicamente, e que essa produção estava concentrada em um grupo reduzido de instituições localizadas nas regiões Sul e Sudeste. Ainda, verificaram que a maior parte dos pesquisadores era do sexo feminino. Esses resultados vão ao encontro de outros estudos que também verificaram esse panorama (Cunha, Suehiro, Oliveira, Pacanaro, & Santos, 2009; Oliveira e cols., 2007; Souza Filho, Belo, & Gouveia, 2006; Suehiro, Cunha, & Santos, 2007; Suehiro & Rueda, 2009).

No estudo de Oliveira, Cantalice, Joly e Santos (2006) foi investigada a produção científica de dez anos de publicações da Revista Psicologia Escolar e Educacional. Para a realização as autoras se basearam em alguns critérios da metaciência, como autoria, temática, discurso e análise dos tipos de avaliações realizadas. Dentre os resultados obtidos destacaram-se, mais uma vez, a predominância da autoria do sexo feminino, assim como também os artigos de autoria múltipla. Ainda foi verificado que a região Sudeste foi a que mais apresentou trabalhos, assim como também um aumento na quantidade de artigos publicados nos últimos anos, sendo que a maior parte das publicações foi de pesquisas de campo.

Por sua vez, Soares, Victoria, Cavalieri e Bottino (2006), ao analisarem a produtividade de vários campos de atuação da psicologia nos anos de 2000 e 2001, tanto em revistas populares de grande circulação nacional, quanto em revistas científicas da área, verificaram que a Psicologia Social foi o campo mais contemplado por ambos os veículos de comunicação, sendo que dentre as áreas menos estudadas estavam Fundamentos e Medidas, Psicologia do Ensino e Aprendizagem e Psicologia do Desenvolvimento Humano. Segundo os autores, esses resultados eram esperados, tendo em vista que refletem áreas do saber psicológico menos compartilhadas com o senso comum. Quanto às regiões que mais trabalhos apresentaram, foram destacadas a região Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.

Suehiro, Cunha, Oliveira e Pacanaro (2007), ao investigarem a produção científica veiculada na Revista Psico-USF entre 1996 e 2006, constataram que a maioria dos artigos avaliados abordou assuntos relativos a Fundamentos e Medidas da Psicologia. Ainda, as autoras observaram um aumento no número das publicações nos últimos seis anos, sendo que a maior quantidade de artigos foi verificada em 2006. Assim como no estudo de Oliveira e cols. (2006), a pesquisa de Suehiro, Cunha e Santos (2007) também indicou a superioridade da autoria múltipla e feminina, e que a região Sudeste foi a maior produtora do conhecimento divulgado.

Ainda, Oliveira e cols. (2007), em seu estudo sobre a produção científica em avaliação psicológica no contexto escolar, também verificaram a predominância de autoria múltipla e feminina nos trabalhos. No que se refere aos instrumentos empregados, os autores verificaram que os testes psicométricos foram os mais utilizados, embora as entrevistas e a observação também tenham sido frequentes.

Suehiro, Cunha e Santos (2007) ao focalizar a produção científica relacionada à avaliação da escrita no contexto escolar, entre 1996 e 2005, em periódicos científicos de psicologia classificados como Nacional A, verificaram que as publicações se concentraram nos anos de 2003 a 2005 e que as produções na área eram realizadas predominantemente por instituições localizadas na região Sudeste do país. Nessa mesma linha, ao estudarem a produção científica da Revista Avaliação Psicológica, no período de 2002 a 2007, Suehiro e Rueda (2009) verificaram a predominância da região Sudeste, a maior parte de autoria múltipla e feminina, a utilização de vários instrumentos de medida, e a predominância de referências retiradas de artigos científicos e livros ou capítulos de livros.

No que tange às pesquisas relacionadas à Orientação Profissional, Noronha e cols. (2006) analisaram a produção de teses e dissertações relacionadas à área de orientação profissional e vocacional, disponíveis nas bases de dados eletrônicas CAPES e BVS-Psi. Os autores identificaram 100 trabalhos, nos quais realizaram a análise do título, da autoria, do resumo e das palavras-chave. Como resultados destacaram que a maior parte dos resumos era da área de psicologia, sendo verificado um aumento das produções científicas ao longo das décadas, especialmente a partir da década de 90. Vale destacar que não foi especificado se as produções analisadas da área da psicologia foram produzidas por psicólogos ou por profissionais de outras áreas que realizaram o mestrado ou doutorado em psicologia. Por fim, os autores observaram que a região Sudeste foi a que mais contribuiu, representando mais de 70% dos trabalhos.

Por sua vez, Teixeira, Lassance, Silva e Bardagi (2007) realizaram um levantamento dos artigos publicados pela Revista da ABOP e pela Revista Brasileira de Orientação Profissional, no período de 1997 a 2006. Dos 85 artigos avaliados, foi verificada uma maior representatividade das regiões Sudeste e Sul, assim como também uma maior concentração de trabalhos quantitativos em relação aos qualitativos ou de abordagem mista. Ainda, os autores tiveram uma preocupação em realizar uma avaliação qualitativa das publicações, ressaltando que a área de Orientação Profissional no Brasil necessitaria de uma maior articulação em relação aos grandes temas de interesse. Em 2008, uma publicação de Melo-Silva, Lassance, Santos e Risk complementou os dados obtidos por Teixeira e cols. (2007), confirmando os achados anteriormente descritos e ressaltando a importância da disponibilização online da Revista Brasileira de Orientação Profissional, como uma forma de gerar essa articulação e organização dos pesquisadores na área de Orientação Profissional.

Anteriormente, Melo-Silva (2007) realizou um trabalho com a finalidade de descrever a história da Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) e da Revista Brasileira de Orientação Profissional, podendo os mesmos serem considerados os maiores divulgadores da área no contexto brasileiro. Quanto à história da revista, Melo-Silva (2007) destaca que no período de 1997 a 1999 circulou a Revista da ABOP, sendo substituída em 2003 pela Revista Brasileira de Orientação Profissional.

Nesse sentido, Melo-Silva (2007) destacou que desde 2003, a Revista Brasileira de Orientação Profissional é editada em parceria com a Vetor Editora, e se destina a publicar trabalhos originais relacionados à Orientação Profissional, incluindo relatos de pesquisa, estudos teóricos, revisões críticas da literatura, relatos de experiência profissional, comunicações breves, ensaios, notas técnicas, resenhas de livros e notícias. A revista visa estabelecer um intercâmbio entre seus pares e pessoas interessadas em orientação profissional, contando com revisão às cegas do material recebido para publicação.

Melo-Silva (2007) ressalta ainda que os fascículos da revista publicados em 2004 passaram pela avaliação de revistas científicas em Psicologia realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (CAPES) e pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP), sendo classificada como Nacional C. A avaliação Qualis compreende uma qualificação da produção científica dos docentes e discentes, que subsidia a avaliação dos programas de pós-graduação credenciados no Brasil. Nesse sentido, cada área da CAPES elegeu uma comissão responsável pela avaliação e classificação dos periódicos correspondentes, que foram classificados quanto ao âmbito de circulação (local, nacional e internacional) e quanto ao conceito (A, B e C) (Costa, 2006; Souza & Paula, 2002).

Já em 2007, a Revista Brasileira de Orientação Profissional foi classificada como um periódico Nacional A. Assim sendo, foi avaliada dentre as revistas de excelência no âmbito da produção científica brasileira na área da psicologia, em apenas dois anos (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia [ANPEPP], 2007). A esse respeito pode ser destacado que em 2007 foram 69 os periódicos avaliados pela Comissão Editorial CAPES/ANPEPP.

Como destacam Melo-Silva e cols. (2008), até 2007, na avaliação QUALIS os periódicos eram avaliados em cinco critérios, quais sejam, normalização, publicação, circulação, autoria e conteúdo, e gestão editorial, sendo que em cada um desses critérios eram avaliados vários itens. Vale destacar que o total de pontos possíveis dessa avaliação era 100 pontos, sendo que a Revista Brasileira de Orientação Profissional atingiu a pontuação 95. Em 2007, 69 periódicos foram avaliados, sendo a Revista Brasileira de Orientação Profissional a 19&ª classificada (ANPEPP, 2007).

Em 2009 houve uma nova avaliação dos periódicos científicos realizada pela CAPES/ANPEPP, sendo que os critérios de avaliação sofreram modificações. Diante disso, a classificação poderia ser A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 ou sem classificação, sendo A1 o nível de excelência máximo possível. Assim, dos 1225 periódicos nacionais e internacionais avaliados, a Revista Brasileira de Orientação Profissional foi avaliada como sendo B2, ficando dessa forma entre as melhores 500 avaliações, ou seja, uma avaliação superior a mais de 60% das revistas nacionais e internacionais pontuadas.

Nesse sentido, a Revista Brasileira de Orientação Profissional continua se consolidando como um periódico científico de importância, renome e visibilidade no âmbito brasileiro, sendo considerado importante a análise do material por ela publicado. Com base nisso e nos estudos apresentados, que reforçam a importância da avaliação da quantidade e qualidade das produções dos pesquisadores, na medida em que esta assegura o desenvolvimento e o aprimoramento não apenas das áreas da psicologia, mas das atividades de pesquisa, considera-se que estudos desse porte são extremamente relevantes. Dentro desse contexto, este estudo tem por finalidade analisar a tendência das publicações da Revista Brasileira de Orientação Profissional, revista oficial da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais, desde sua criação até 2008, no intuito de avançar em relação às pesquisas realizadas por Teixeira e cols. (2007) e Melo-Silva e cols. (2008). Nesse sentido, propõe-se ampliar a análise da Revista Brasileira de Orientação Profissional para o ano de 2008, assim como também investigar aspectos que não foram relatados nos estudos anteriores, quais sejam, o tipo de material utilizado nos artigos e a análise das referências utilizadas. Este último critério foi adotado como uma forma de apresentar um panorama sobre o material que está sendo pesquisado na elaboração de manuscritos referentes à orientação profissional.

 

MÉTODO

Fonte

O método aplicado foi a Análise Documental e foram estudados 12 números da Revista Brasileira de Orientação Profissional, totalizando 81 artigos. Ressalta-se que no periódico podem ser encontrados relatos de pesquisa, estudos teóricos, revisões críticas da literatura, relatos de experiência profissional, comunicações breves, ensaios, notas técnicas, resenhas de livros e notícias, porém, apenas os relatos de pesquisa, estudos teóricos, revisões críticas da literatura e os relatos de experiência profissional foram analisados neste estudo. Para tanto, utilizaram-se as versões impressas do periódico.

Procedimentos

Os artigos foram analisados na íntegra com base em alguns critérios estabelecidos por Witter (1999) e outros considerados relevantes pelo autor da presente pesquisa. Os itens pesquisados foram: (a) a quantidade de artigos publicados por número da revista; (b) a distribuição da produção por origem (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, Norte, parcerias e internacionais); (c) a natureza da autoria (individual ou múltipla), (d) o sexo dos autores; (e) o sexo do autor principal; (f) a distribuição do tipo de trabalho (relato de pesquisa ou estudos teóricos, revisões críticas da literatura e relatos de experiência), sendo que nos relatos de pesquisa procurou-se investigar ainda; (g) o tipo de material utilizado (testes, inventários ou escalas, podendo ser eles nacionais, internacionais ou traduzidos para o português; aqueles artigos que utilizaram outro tipo de material, tais como questionários elaborados pelos autores; entrevistas estruturadas, semi-estruturadas, autobiográficas, dentre outras; observações; encontros, redações e trabalho com banco de dados e, ainda; os trabalhos mistos, caracterizados pela utilização de instrumentos de medida e outro tipo de material) e, por fim; (h) as referências utilizadas em cada artigo publicado.

 

RESULTADOS

Em um primeiro momento foi verificada a quantidade de volumes, números e o total de artigos publicados por ano. Os resultados desse levantamento estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1
Distribuição geral da quantidade de volumes, números e artigos publicados por ano

 

 

Na Tabela 1 pode ser observado que o número de artigos publicados pela Revista Brasileira de Orientação Profissional foi homogêneo ao longo dos fascículos publicados, sendo registrada uma média de 6,75 por número. Ainda, 2008 foi o ano no qual se constatou o maior número de publicações (n=19; M=9,5).

Quanto à origem da produção, levantou-se a procedência dos artigos. Para tanto, avaliou-se a região, o país e as parcerias regionais e internacionais realizadas. Esses resultados encontram-se na Tabela 2. Deve ser ressaltado que os artigos foram considerados “parcerias” quando foram elaborados entre pesquisadores de diferentes regiões do Brasil ou quando existiam na mesma publicação autor(es) brasileiro(s) e autor(es) estrangeiro(s). Também, foram considerados artigos internacionais aqueles que continham autores do mesmo país de origem estrangeira, ou autores de mais de um país estrangeiro. Quando os artigos foram produzidos por pesquisadores de diferentes instituições, porém da mesma região, foram considerados referentes à região da qual os autores eram provenientes.

Tabela 2
Distribuição da produção por origem geográfica

 

 

Os resultados referentes à origem da produção mostraram que a região Sudeste foi a que mais contribuiu para as publicações da revista, representando 40,74% do total, enquanto a Norte não contribuiu com nenhuma publicação nos seis anos avaliados da Revista Brasileira de Orientação Profissional. Por sua vez, outro fato observado é a grande contribuição da região Sul, assim como também o número de artigos internacionais, este último apresentando uma média de 1,25 por número. Deve ser ressaltado que nas regiões Centro-Oeste e Nordeste foi registrado apenas um artigo publicado por região, sendo que os mesmos datam do ano de 2008, ou seja, nos primeiros cinco anos de existência da revista Revista Brasileira de Orientação Profissional não houve publicações científicas provenientes dessas regiões do Brasil.

Em relação ao tipo de autoria, individual ou múltipla, verificou-se que os artigos foram escritos, na sua maioria, por mais de um autor (n=61; 75,31%). A média de autores por artigos foi 2,35, sendo que o mínimo foi um e o artigo com maior número de autores apresentou o total de 10. O total de autores verificado foi de 190, sendo que em alguns casos o mesmo autor publicou em diferentes números da revista, porém, nesta pesquisa o seu nome foi contabilizado apenas uma vez. Desse total, a maior parte foi do sexo feminino (n=130; 68,42%). Ainda, dos 81 artigos publicados, em 57 deles o primeiro autor também foi do sexo feminino (M=70,37).

No que se refere à análise por tipo de trabalho, buscou-se investigar a modalidade na qual o manuscrito se enquadrava. Para tanto, considerou-se as categorias relato de pesquisa, estudos teóricos, revisões críticas da literatura e relatos de experiência profissional. Os resultados evidenciaram que a maior parte do material publicado se referia a relatos de pesquisa (n=56; 69,14%), enquanto os estudos teóricos, as revisões críticas da literatura e os relatos de experiência profissional representaram 30,86% do total.

Em relação aos relatos de pesquisas, buscou-se identificar os artigos que utilizaram testes, inventários ou escalas, daqueles artigos que utilizaram outro tipo de material e, ainda, os trabalhos mistos. Destaca-se que neste trabalho se entendeu por “outro material” questionários elaborados pelos autores; entrevistas estruturadas, semi-estruturadas, autobiográficas, dentre outras; observações; encontros, redações e trabalho com banco de dados. Dessa forma, nos relatos de pesquisa verificou-se uma preponderância de artigos que utilizaram outro tipo de material (n=36; 64,29%), seguido pelos trabalhos que utilizaram testes, inventários ou escalas (n=13; 23,21%) e, por fim, os trabalhos mistos (n=7; 12,50%).

Pesquisaram-se ainda quais instrumentos foram empregados pelos autores, sendo verificada a utilização de 28 testes, inventários e/ou escalas (nacionais, internacionais ou traduzidos para o português). A Tabela 3 apresenta os instrumentos utilizados nos relatos de pesquisa no período de 2003 a 2008.

Tabela 3
Testes, Inventários e Escalas utilizados na Revista Brasileira de Orientação Profissional de 2003 a 2008

 

 

Pode ser verificado que apenas quatro instrumentos foram utilizados em mais de uma pesquisa, sendo eles a Escala de Comprometimento com a Carreira, a Escala de Entrincheiramento de Carreira, a Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP) e o Teste de Fotos de Profissões (BBT). Esses instrumentos foram utilizados em três pesquisas cada.

Por fim, foram analisadas as referências utilizadas nos artigos. Para tal foram consideradas seis categorias de análise, quais sejam, (a) artigo científico publicado, no prelo ou submetido para publicação; (b) livro ou capítulo de livro, sendo que trabalhos completos publicados em anais de congressos foram incluídos nesta categoria; (c) tese de doutorado, dissertação de mestrado, relatório técnico, monografia de especialização ou trabalho de conclusão de curso; (d) trabalho apresentado em congresso, podendo o mesmo ser na forma de comunicação oral, painel, mesa redonda ou conferência; (e) manual de teste e; (f) categoria outro, sendo agrupadas nesta categoria as leis, resoluções, artigos de jornais impressos ou da internet e manuscritos não publicados. Os resultados dessa análise podem ser observados na Tabela 4.

Tabela 4
Tipo de referências utilizadas em cada número da Revista Brasileira de Orientação Profissional

 

 

Pela análise da Tabela 4 pode ser observado que na Revista Brasileira de Orientação Profissional houve uma maior consulta a livros e capítulos de livros, sendo a quantidade de artigos científicos consultada muito próxima (1150 e 1052 respectivamente). Aprofundando essa informação verificou-se que em quatro dos 12 números estudados foi maior a consulta de artigos científicos, sendo que nos 8 restantes a maior consulta foi realizada em livros e capítulos de livros. Por sua vez, as outras quatro categorias, quando somadas, apresentaram uma porcentagem um pouco maior do que 14%. Ainda, embora a utilização de instrumentos de medida tenha sido significativa no material pesquisado, a consulta em manuais de testes representou apenas 3,23% do total de referências consultadas, sendo verificado que no volume 7 número 2 e no volume 8 número 1 da Revista Brasileira de Orientação Profissional houve uma consulta consideravelmente maior que no restante dos números (26 e 24 respectivamente).

 

DISCUSSÃO

Em relação aos aspectos avaliados nesta pesquisa pode-se constatar que a Revista Brasileira de Orientação Profissional apresenta uma média de artigos publicados de 6,75 por número. Se pensado que os trabalhos se destinam exclusivamente ao tema Orientação Profissional, esse número parece ser bastante representativo, quando comparado a revistas que se destinam a publicar obras referentes a todas as áreas da Psicologia.

Quanto à distribuição da produção por origem, verificou-se que houve uma maior quantidade de publicações provenientes da região Sudeste do Brasil. Esse aspecto já tinha sido destacado nas pesquisas de Oliveira e cols. (2006), Suehiro, Cunha, Oliveira, e Pacanaro (2007), Suehiro, Cunha e Santos (2007) e Suehiro e Rueda (2009). Também merece destaque a quantidade de publicações da região Sul do Brasil e de artigos internacionais. Quanto à região Sul, esse aspecto já tinha sido evidenciado por Soares e cols. (2006) e Yamamoto e cols. (1999). Por sua vez, Melo-Silva e cols. (2008) e Teixeira e cols. (2007) já tinham atentado para a predominância de ambas as regiões no que tange às publicações da Revista Brasileira de Orientação Profissional. A representatividade de publicações internacionais merece destaque uma vez que não é característica comum de todos os periódicos de Psicologia no Brasil, sendo esse um quesito de forte impacto quando levados em conta os critérios utilizados pela CAPES/ANPEPP para a avaliação de periódicos científicos. Quanto à região Norte, os resultados vão ao encontro do apontado pela literatura em relação à pouca ou quase nula quantidade de publicações no âmbito da pesquisa científica brasileira. Vale destacar que a predominância da região Sudeste não ocorre apenas no que tange às publicações científicas de uma determinada área, uma vez que autores tem apontado sistematicamente a prevalência de profissionais em várias áreas de atuação nessa região do país. Como exemplo pode ser citado a área da saúde (Franco & Mota, 2003), escolar e educacional (Wechsler, 1989), terapêutica (Del Prette, Del Prette, & Meyer, 2007), dentre outros. Especificamente no que se refere à orientação profissional, vale ressaltar que as regiões Sul e Sudeste são as que congregam a maioria das instituições com cursos da área. A título de exemplo podem ser citadas a Universidade de São Paulo (São Paulo e Ribeirão Preto) e as Universidades Federais do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Também deve ser mencionado o aumento dos cursos de pós-graduação e, por conseguinte, o aumento das publicações científicas em veículos especializados.

Vale destacar o fato do último ano da revista apresentar uma quantidade de publicações maior em relação aos outros anos, o que pode evidenciar uma tendência ao aumento do material produzido. Esse aumento no número de publicações nos últimos anos também foi verificado por Oliveira e cols. (2006), Suehiro, Cunha, Oliveira e cols. (2007) e Suehiro e Rueda (2009). Aqui deve ser considerado que atualmente o “meio virtual” muito tem contribuído para o avanço e interesse em publicar, e especificamente na Psicologia, acredita-se que o Portal de Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PEPSIC) tem sido um meio muito importante de divulgação científica, que contribuiu para o aumento das publicações (Sampaio & Serradas, 2007).

Os resultados obtidos com relação à superioridade feminina na autoria dos trabalhos que têm sido divulgados pelos periódicos científicos corroboram a hegemonia verificada por diversos estudos dentre os quais os realizados por Oliveira e cols. (2006, 2007), Suehiro, Cunha, Oliveira e cols. (2007), Suehiro e Rueda (2009) e Yamamoto e cols. (1999). Deve ser ressaltado, ainda, o fato de que desde a sua criação, a Psicologia têm se constituído como uma profissão tipicamente feminina, o que faz com que essas constatações pareçam algo natural. Quando verificado o sexo do primeiro autor dos trabalhos também ficou evidente a predominância feminina, indo ao encontro do apontado por Suehiro e Rueda (2009) na pesquisa realizada com a Revista Avaliação Psicológica no período de 2002 a 2007.

Em relação à analise por tipo de trabalho, tal qual observado em outros estudos como os de Oliveira e cols. (2006), Suehiro, Cunha e Santos (2007), Suehiro, Cunha, Oliveira e cols. (2007) e Suehiro e Rueda (2009), os resultados evidenciaram que a maior parte do material publicado se referia a relatos de pesquisa (N=56; 69,14%), enquanto os manuscritos teóricos, as revisões críticas da literatura e os relatos de experiência profissional representaram pouco mais de 30% do total.

Ao analisar o material utilizado nos relatos de pesquisa, os dados confirmam os achados por outras pesquisas, que evidenciaram que embora outras técnicas como entrevistas, observação, dentre outros, sejam frequentemente utilizadas, predomina a utilização de instrumentos psicométricos (Oliveira e cols., 2007). Esses resultados parecem indicar que há uma preocupação crescente entre os autores em gerar resultados mais confiáveis e que possibilitem a ampliação do conhecimento útil e generalizável.

Finalmente, na avaliação das referências utilizadas, os resultados não corroboraram a constatação de Suehiro, Cunha, Oliveira e cols. (2007) e Suehiro e Rueda (2009), que verificaram que as informações mais utilizadas pelos autores para a fundamentação dos artigos científicos analisados foram aquelas veiculadas ou divulgadas pelos periódicos científicos. Nesse sentido, na Revista Brasileira de Orientação Profissional há uma pequena vantagem para a utilização de livros e/ou capítulos de livros. Isso foi apontado por Teixeira e cols. (2007), Melo-Silva e cols. (2008), Noronha e cols. (2006) e Sampaio (2008), ao afirmarem a necessidade de articulação e organização dos pesquisadores na área de Orientação Profissional.

Nesse sentido, alguns aspectos devem ser considerados e possibilidades aventadas ao tratar dessa questão. Em primeiro lugar, como destacado por Mueller (1999), para que um artigo científico seja citado ele deve estar disponível e acessível ao leitor. Assim, percebe-se que nos indexadores internacionais apenas os periódicos mais prestigiados são analisados e sistematicamente incluídos na avaliação, enquanto que são poucas as revistas brasileiras que tem acesso a tais indexações (Sampaio, 2008). Também se pode pensar que o número de artigos disponíveis em bases de dados é muito pequeno se comparado à quantidade de livros disponíveis e comercializados no mercado, seja nacional ou internacional. Dentro desse contexto, sugere-se que estudos futuros objetivem verificar a procedência das referências utilizadas (nacionais e internacionais e, no caso das internacionais, se as mesmas são de paises considerados desenvolvidos ou não). Esse último apontamento pode ser de grande valia em estudos futuros que objetivem aprofundar a produção cientifica nacional em orientação profissional.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento dos trabalhos publicados na Revista Brasileira de Orientação Profissional, periódico oficial da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais, desde sua criação, em 2003, até 2008 no intuito de verificar a tendência e desenvolvimento de suas publicações. Para isso foram consideradas algumas categorias, quais sejam, quantidade de artigos publicados por número da revista, região do país em que se concentraram as pesquisas, natureza da autoria, sexo dos autores, sexo do primeiro autor, distribuição do tipo de trabalho, tipo de material utilizado nos relatos de pesquisa e as referências utilizadas na fundamentação dos artigos publicados.

Quanto às tendências e ao desenvolvimento das publicações da Revista Brasileira de Orientação Profissional, deve ser destacado o fato de a revista, em poucos anos, ter apresentado avaliações que a colocam dentre as revistas de maior qualidade no cenário brasileiro. Também deve ser levado em consideração que a revista apresenta o mesmo editor desde a sua criação, o que, na nossa, opinião, pode ser considerado um ponto positivo e facilitador para a estabilidade referente à quantidade, qualidade e desenvolvimento da revista.

Discussões sobre os materiais ou técnicas utilizadas também merecem destaque, uma vez que houve grande variabilidade de instrumentos empregados. Variabilidade essa considerada muito boa, especialmente porque a revista em questão tem como objeto de estudo a área de orientação profissional, sendo que para a mesma a utilização de instrumentos de medida pode ser considerada importante fonte de informação e pesquisa. Essa questão pode ser foco de futuras investigações, uma vez que mais do que verificar quais instrumentos de medida estão sendo utilizados, possa ser verificado de que forma eles estão sendo usados, para que finalidade e se apresentam as características psicométricas necessárias, uma vez que considera-se que a quantidade de instrumentos disponíveis nessa área ainda é escasso.

Por fim, salienta-se que pesquisas desta natureza são importantes para possibilitar um mapeamento sobre o desenho e o desenvolvimento dos periódicos científicos. Ainda, eles funcionam como um indicativo das lacunas que precisam ser preenchidas, contribuindo dessa forma para a disseminação, qualidade e progresso do conhecimento produzido nas academias.

 

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Recebido: 16/06/2009
1ª Revisão: 06/11/2009
2ª Revisão: 30/11/2009
Aceite final: 01/12/09

 

 

1 Endereço para correspondência: Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia. Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45, 13.251-900, Itatiba-SP, Brasil. E-mail: marinfabian@yahoo.com.br.

 

 

Sobre os autores
* Fabián Javier Marín Rueda é psicólogo e Doutor em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco. Professor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco, Itatiba.

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