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Arquivos Brasileiros de Psicologia
On-line version ISSN 1809-5267
Arq. bras. psicol. vol.69 no.2 Rio de Janeiro 2017
EDITORIAL
A publicação deste segundo número do 69o volume da Arquivos Brasileiros de Psicologia oferece à comunidade de pesquisadores, estudantes e interessados em psicologia e áreas afins 14 artigos e um relato de experiência.
A intensificação das trocas decorrente das novas tecnologias informacionais e comunicacionais fomentou nas últimas décadas e continua a fomentar nos dias de hoje transformações significativas tanto na produção da pesquisa como em sua circulação. A função aglutinadora dos periódicos que selecionavam trabalhos conforme as investigações realizadas pelas autoras e autores compondo áreas de interesse sofreu mutações em decorrência do formato digital das publicações. Os mecanismos de busca atingem diretamente os artigos, fornecendo uma autonomia relativa em relação ao periódico em que foi publicado. Acrescente-se a isso o perfil abrangente da Arquivos Brasileiros de Psicologia e teremos um agregado de trabalhos que formam um conjunto de amplo espectro, um conjunto de pesquisas relacionadas à psicologia em sua variedade tornado ainda mais genérico porque proveniente das chamadas áreas afins à psicologia.
Tal configuração demanda uma reflexão sobre o escopo da publicação. Para além dos procedimentos editoriais que visam garantir a qualidade do conteúdo do material publicado chegamos a um momento em que precisaremos - tanto a comunidade de pesquisadoras e pesquisadores em psicologia quanto a equipe editorial e o programa de pós-graduação que sedia este periódico - debater o foco da publicação. Trata-se de uma questão complexa envolvendo tanto a produção (em seus variados aspectos), a circulação (os indexadores, os mecanismos de busca) e as leitoras e leitores. Enfim, após quase 70 anos de circulação, este periódico que contribuiu para a construção da psicologia no Brasil e continua atento às profundas modificações por que tem passado este saber, julga importante introduzir o debate sobre o escopo da publicação.
Tal discussão envolve uma reflexão de fundo sobre o mundo editorial voltado para a academia e outros centros de pesquisa e formação, sobre os interesses e a gestão comercial das produções intelectuais, sobre os riscos da ordenação informacional centralizada por grandes empresas, sobre a função da educação pública e gratuita e, certamente, outros aspectos ainda não listados.
Utilizamos este instrumento para comunicar e convidar a comunidade para tal debate. Os caminhos desta publicação devem ser continuamente repensados como instrumento da circulação e produção de conhecimento. Reconhecemos que tais práticas editoriais envolvendo o escopo da publicação são também relevantes e merecem nossa atenção tanto quanto o são os conteúdos por ela veiculados.
Reitero aqui meu reconhecimento pela contribuição cotidiana dos meus colegas de editoria, Cristiana Carneiro, Claudia Henschel de Lima, Pedro Paulo Gastalho de Bicalho, e dos estudantes que nos acompanham nesta atividade.
Francisco Teixeira Portugal
Editor