Ide
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Abstract
ULNIK, Jorge C.. Tatuagem, linguagem artística e doença psicossomática. Ide (São Paulo) [online]. 2016, vol.38, n.61, pp.121-136. ISSN 0101-3106.
Tatuagem, linguagem artística e doença psicossomática A discussão sobre o sentido dos transtornos somáticos e a capacidade simbólica dos pacientes psicossomáticos, quando dicotomizada (simbolizam X não simbolizam), veda a noção de que existem diferentes níveis de simbolização. Não importa se o nível mais básico não mereceria ser chamado de simbolização, ou se nossa concepção em camadas ou níveis impede-nos de diferenciar de modo taxativo símbolo e signo. O que importa é que as analogias e as equivalências adquirem um peso enorme quando a distância entre representação e percepção diminui e passa a ocupar um lugar essencial, de um terceiro elemento - "o interpretante", que interage com os anteriores, modificando-os. Consideramos que o estudo das tatuagens nos mostra 1) o quanto é importante para os homens levar marcas no seu corpo, marcas que podem ter significados muito distintos; 2) comparadas aos fenômenos psicossomáticos, as tatuagens e escarificações são o efeito da intervenção de um agente - o tatuador - sobre corpos já dados, ao passo que nas manifestações psicossomáticas o agente parece intangível e a constituição do corpo ainda não terminada. A arte representacional fornece modelos, assim como as tatuagens, que servem para compreender como o psíquico se faz representar pelo somático e vice-versa. Assim como a pintura de cada escola ou de cada cultura tem seu próprio estilo, as pessoas e as famílias também têm um estilo próprio de adoecer. O estilo de falar e o de adoecer às vezes diz tanto quanto as palavras propriamente ditas, e faz parte da maneira que cada um tem de representar.
Keywords : Tatuagem; Representação; Fenômeno psicossomático; Níveis de simbolização.