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Revista Psicopedagogia
Print version ISSN 0103-8486
Rev. psicopedag. vol.37 no.112 São Paulo Jan./Apr. 2020
https://doi.org/10.5935/0103-8486.20200010
EDITORIAL
Novos tempos... Re-pensar, re-significar, re-visar - aprender...
A publicação da 112ª edição da Revista Psicopedagogia inaugura o período da gestão 2020/2022 de Marisa Irene Siqueira Castanho à frente da presidência da Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPp. É certo que a presidente tem nosso apoio para que possa prosseguir da melhor forma seu trabalho com vistas a cumprir e definir objetivos ditosos dessa Associação com a finalidade precípua de condecorar a Psicopedagogia no Brasil. Neste ensejo, continuaremos com seriedade e compromisso, o que vem sendo construído coletivamente ao longo destes 40 anos pelos diversos membros de Conselhos e Diretorias que já ocuparam tais funções.
Há uma nova gestão para os membros da ABPp, resultante de uma evolução natural e importante, trazendo a marca da história em constante e contínua construção. Neste sentido, essa insigne revista se inclui no rol da evolução natural e importante, ao mesmo tempo em que a sua nova editoria procura se fortalecer com responsabilidade e coragem.
Fazemos nosso sincero agradecimento à Débora Silva Castro Pereira que a mim transferiu esse cargo. Depois de cumprida sua função, Débora soma-se a nós no Conselho Executivo da revista juntamente com Maria Irene Maluf por ter sido editora, por um longo tempo deste periódico, a qual já é membro deste Conselho, a quem igualmente agradecemos e continuamos contando com sua primorosa colaboração e, com a atual presidente da ABPp, Marisa Irene Siqueira Castanho.
A revista Psicopedagogia, publicação científica da ABPp, traz aos leitores, no primeiro número deste novo volume, na seção de artigos originais, "Desempenho das funções executivas em adolescentes: estudo de intervenção com robótica educacional", de Cíntia Alves Salgado Azoni e Gleyna Lemos Leonez de Araújo. As autoras apresentam um estudo longitudinal de intervenção, de natureza predominantemente quantitativa a fim de mensurar a avaliação pré e pós-intervenção das funções executivas usando instrumentos distintos com diferentes componentes, tais como: controle inibitório, memória de trabalho, capacidade de planejamento, flexibilidade cognitiva; já na intervenção, propõem oficinas, e ao final os resultados evidenciam que a reabilitação possui efeito de melhoria.
Outro artigo original, de Jane Correa; Joyce Diniz; Renata Mousinho, "Perfil cognitivo de crianças com dislexia e de crianças com TDAH", traça o perfil cognitivo de crianças com dislexia e de crianças com TDAH, com idades entre 6 a 8 anos e ressaltam que conhecer as potencialidades e dificuldades específicas das crianças nos diagnósticos associados a dificuldades de aprendizagem pode contribuir para intervenções adequadas para garantir o acesso à educação inclusiva e de qualidade.
Mais um artigo original "Efeito da inclusão de exergames nas aulas de educação física escolar sobre a coordenação motora de crianças saudáveis", trazido por Allana Carla Cavanhi; César Augusto Otero Vaghetti e Fabricio Boscolo Del Vecchio. Este estudo objetivou quantificar os efeitos da inserção de exergames (Xbox 360 - Kinect Adventure) nas aulas de educação física escolar sobre a coordenação motora de escolares em séries iniciais. Os resultados sugerem que o uso de exergames nas aulas de educação física escolar podem modificar satisfatoriamente a coordenação motora geral de jovens estudantes.
Os autores Ana Chrystina de Souza Crippa; Cláudia Cabral Dettmer; Juliana Lautenschlaeger Damari; Nadja Cristina Furtado Back; Sandra Vieira Silva; Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi e Tatiele dos Santos Telaska trazem-nos o artigo original "Modelo de avaliação de transtornos de aprendizagem por equipe interdisciplinar". Este estudo tem como objetivo descrever a avaliação do modelo interdisciplinar realizado no Ambulatório de Transtornos de Aprendizagem (ATA) do Centro de Neuropediatria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná e relata três casos avaliados. Os resultados coincidem com outros estudos sobre dificuldades de aprendizagem e demonstram que o modelo utilizado pelo ATA é eficaz para concluir sobre a proposta diagnóstica e de intervenção.
"Competência emocional em professores e sua relação com tempo de docência e satisfação com o trabalho", de Angela Helena Marin e Lenara Patrícia Trevizani, encerra a seção de artigos originais, tendo como objetivo investigar a competência emocional autopercebida de professores do ensino fundamental e sua relação com o tempo de prática docente e satisfação com o trabalho. Acredita-se que os resultados encontrados possam servir de subsídio para fundamentar intervenções com vistas à promoção de bem-estar e ao desenvolvimento da competência emocional docente como um meio de suscitar melhorias no ambiente escolar.
Na seção artigos de revisão temos o texto "O uso de jogos no contexto psicopedagógico", de Sylvia Domingos Barrera, nos mostrando que, embora os jogos sejam um recurso muito utilizado na intervenção psicopedagógica, muitas vezes o seu uso ocorre sem a devida compreensão dos fatores que justificam o seu emprego e sem uma reflexão mais cuidadosa do papel do jogar no contexto psicopedagógico, bem como da forma como os jogos devem ser escolhidos e trabalhados. Por isso, a autora tem como objetivo recuperar as dimensões e funções do jogo nos contextos de desenvolvimento infantil, educacional e clínico-psicológico, culminando com a análise das suas possibilidades no contexto psicopedagógico.
Outro artigo de revisão vem de Rita de Cássia Fernandes Signor, intitulado "Dislexia do desenvolvimento em abordagem comparada: scoping review de pesquisas produzidas no Brasil e na Austrália", tem como objetivo apresentar propostas de intervenção voltadas à dislexia, praticadas no Brasil e na Austrália, buscando analisar possíveis diferenças e similaridades entre os dois países. Os resultados revelam que nas pesquisas do Brasil predominou a abordagem pautada na remediação fonológica, e, na Austrália, houve predomínio de estudos de caso. Conclui-se, portanto, que existem mais semelhanças do que diferenças relacionadas aos aspectos de tratamento clínico.
Encerrando a secção de artigos de revisão temos "A influência dos videogames na cognição infanto-juvenil: estudos neuropsicológicos", de Emmy Uehara Pires e Rodrigo Vieira de Mello, cujos autores realçam que o presente estudo teve como objetivo conduzir uma revisão sistemática da literatura para investigar os principais métodos e delineamentos nos estudos utilizando videogames com foco cognitivo na faixa etária de 6 a 12 anos de idade.
O último artigo trata de um estudo de caso trazido por Clariane do Nascimento de Freitas e Fabiane Adela Tonetto Costas, intitulado "Dislexia, docência e êxito acadêmico/profissional: um estudo de caso", no qual as autoras apresentam a trajetória acadêmica de uma professora universitária que tem o diagnóstico de dislexia e, busca refletir sobre sua postura diante das suas especificidades, tratam as implicações da subjetividade no processo de aceitação do diagnóstico e a forma como essa professora convive com a dislexia. As autoras concluem que, embora a dislexia afete na forma como as pessoas vivenciam sua relação com as questões da leitura e da escrita, não é o transtorno em si que define esse sujeito, mas sua atitude frente aos fatos é que constitui sua subjetividade e, consequentemente, sua personalidade.
Para finalizar, inevitavelmente temos que demarcar o momento que atinge todos nós, a pandemia de COVID-19 traz consequências dramáticas ao mundo e a cada um de nós. Revela que não é possível viver em sociedade sem construirmos um projeto coletivo que zele pela saúde, educação, pesquisa, a fim de cuidar de nós mesmos, do outro e do mundo em que vivemos. O psicopedagogo se insere no contexto da prevenção na medida em que precisa favorecer os cuidados quanto aos aspectos objetivantes e subjetivantes consigo mesmo, com o outro e com o ambiente no qual estamos inseridos. É momento de apoiar-nos mutuamente levando a compreensão de que isso vai passar em algum momento e o mundo para o qual voltaremos dependerá dos atos que nutrirmos agora.
Para encerrar, em nome do Conselho Editorial da Revista Psicopedagogia cumprimentamos o novo Conselho Nacional da ABPp, o Conselho Vitalício, a Diretoria Executiva Nacional, bem como todas as Diretorias de Seções / Coordenadorias de Núcleos da ABPp, por mais uma gestão, bem como saudamos os Associados da ABPp em todo Brasil, enfim todos os psicopedagogos brasileiros.
Concluímos agradecendo aos autores, aos pareceristas, à equipe técnica e a todos que conosco colaboraram.
Desejamos que esta edição seja fonte de proveitosa leitura.
Luciana Barros de Almeida
Editora Revista Psicopedagogia 2020/2022