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Revista Psicopedagogia

Print version ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.40 no.122 São Paulo May./Aug. 2023  Epub June 24, 2024

https://doi.org/10.51207/2179-4057.20230026 

EDITORIAL

Nossas escolhas vão dizer para onde iremos

Our choices will tell where we go

Luciana Barros de Almeida1 

Conselheira Vitalícia da ABPp. Editora-Responsável da Revista Psicopedagogia, Triênio 2020-2022 / 2023-2025

1Associação Brasileira de Psicopedagogia


Para apresentar a Edição 122 da Revista Psicopedagogia, periódico da Associação Brasileira de Psicopedagogia, convidamos o leitor a pensar nas escolhas que nos movem cotidianamente. Vamos apontar as escolhas feitas e o papel da ciência e o avanço científico do Brasil.

Na pandemia, as ciências ficaram mais evidentes para a sociedade brasileira, tanto na saúde, com a criação de vacinas e curas, quanto na tecnologia, pela virtualização social via e-commerce, mídias digitais e as reuniões virtuais. Esse é um exemplo recente, vivido e vívido em nós.

Pensemos a contradição implícita: “a ciência é a que mais sabe o que não sabe”. Por isso, é confiável, e logo é a base para recomendações, e deve ser seguida. Desde os primórdios da civilização, o ser humano se pergunta sobre o sentido da vida: O que é a vida? Do que é feito o universo? De onde viemos? E, atualmente, como equilibramos nossa sanidade mental? Ao enunciarmos perguntas, temos na gênese a filosofia, mais precisamente em Sócrates, o surgimento de seres capazes de observar o mundo ao seu redor, questionar e propor explicações para os fenômenos e eventos. Temos na pergunta, consciência, na consciência contém ciência.

A ciência tem modo próprio de análise, explicação e descrição, a isso chamamos de método científico. Para vir a ser científico, precisa ser testado e conferido, assegurando a previsibilidade da pesquisa, assim alcança credibilidade e pode ser publicada depois de revisada por outros cientistas. Ao acessar o periódico científico, absorvemos o conhecimento com segurança epistêmica e, assim, podemos divulgá-lo e aplicá-lo em prol da evolução da vida em todos os seus segmentos.

Por pressuposto os cientistas são cidadãos preparados para assumir erros e acertos, o que os torna confiáveis para orientar as tomadas de decisões, e também para a construção de um projeto de nação.

Sem pesquisa, a nação vive uma estagnação, gera involução no desenvolvimento de novas tecnologias e perda de capital humano. Tudo isto impacta diretamente nossa população, reduz acesso às novas tecnologias que poderiam apoiar o progresso das nossas vidas, e que poderiam nos dar mais chances de sobreviver, de nos educarmos, ascendermos a uma vida mais saudável e a uma nação mais forte e pacífica, com menos fome, medo e intolerância.

E o que podemos fazer? Precisamos urgentemente nos reconciliarmos conosco, recuperando nosso autoapreço e nossas relações afetivas e respeitosas. Precisamos rever nossas escolhas. Saber escolher e tomar decisões é algo que se expressa em nossas vidas desde a maneira como nos cuidamos, o que comemos, o que bebemos, o que consumimos, sobre o que conversamos, com quem dialogamos, trocamos conhecimentos, estabelecemos relações afetivas, comerciais, culturais, religiosas. Saber escolher determina o que queremos.

Nesse sentido da pesquisa, da ciência, do conhecimento novo é que nos empenhamos dia a dia na preservação de nosso periódico que a seguir apresentamos nessa edição:

  • o autor Fernando Capovilla, que nos entrega um artigo especial, Produzindo e reconhecendo fala, escrita, sinalização: Léxicos mentais em ouvintes-videntes, cegos, surdos, surdocegos,apresenta uma taxonomia para descrição sistemática dos vários léxicos, ou repositórios de representações mentais envolvidas na produção e reconhecimento de palavras faladas recebidas por audição, visão e tato, de palavras escritas recebidas por visão e tato, e de sinais recebidos por visão e tato por parte de alunos neurotípicos (videntes e ouvintes), cegos, surdos e surdocegos. O artigo ajuda a conduzir planejamento sistemático de procedimentos de avaliação e intervenção educacionais e clínicas no campo da linguagem.

  • os autores Ana Paula Soares de Campos, Alessandra Gotuzo Seabra e Luiz Renato Rodrigues Carreiro escrevem um artigo original (em inglês), Executive functions and mental health in students during COVID-19 pandemic / Funções executivas e saúde mental em estudantes durante a pandemia de COVID-19,cujo estudo analisou a FE e a saúde mental de escolares do 3º ao 5º ano (8-9 anos) antes e durante a pandemia de COVID-19 no Brasil e buscou identificar variações e correlações entre esses dois fatores. Os resultados destacam a necessidade da implementação de políticas públicas adequadas que permitam às escolas estimular o desenvolvimento de habilidades de EF para proteger a saúde mental das crianças.

  • as autoras Daiana Aparecida Placiteli e Sylvia Domingos Barrera fazem um artigo original, Processamento fonológico e dificuldades de leitura no Português Brasileiro,que investigou as habilidades de PF de um grupo de alunos brasileiros com dificuldades na aprendizagem da leitura, comparando-as às habilidades de PF de crianças mais novas, apresentando nível de leitura equivalente, porém sem queixas de aprendizagem. Participaram do estudo 24 crianças de ambos os sexos (67% do sexo masculino), alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, de escolas da rede pública. Os resultados sugerem déficits nas habilidades de consciência fonológica, memória fonológica e nomeação de letras no grupo de alunos com dificuldades de leitura, corroborando a hipótese da relação causal entre déficits de PF e dificuldades de leitura, mesmo em línguas mais transparentes, como é o caso do português brasileiro.

  • as autoras Maria Lúcia Novaes Menezes, Denise Streit Morsch e Maria Luciana de Siqueira Mayrink fazem mais um artigo original, Transtornos da linguagem na pré-escola e o início da alfabetização, cujo objetivo foi investigar a relação entre o desenvolvimento da linguagem e a alfabetização. O estudo foi realizado em duas escolas municipais, no Pré-escolar II com crianças entre 5 e 6 anos e 1 mês de idade e no primeiro ano do Ensino Fundamental com as mesmas crianças. O resultado demonstrado foi que o desenvolvimento da linguagem oral é imprescindível para a alfabetização. Compreender as deficiências da criança na comunicação oral no Pré-escolar contribui para a indicação de intervenções adequadas para diminuir as suas dificuldades em aprender a ler e a escrever.

  • a autora Raquel Inês Strieder escreve outro artigo original, Estudantes com Transtorno do Espectro Autista em escolas municipais,cujapesquisa é resultado de estudo na literatura a respeito da educação inclusiva de indivíduos com diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, como também pesquisa de campo para conhecer a realidade da inclusão de alunos com o transtorno nas escolas de ensino municipal pertencentes aos 11 municípios que compõem a microrregião de Cerro Largo/RS. Como conclusão do estudo, assinala-se que os sistemas de educação que permeiam o nosso país carecem de estrutura e profissional qualificado para atender de forma adequada a sujeitos que apresentam especificidades como o Transtorno do Espectro Autista. Assim, a presente pesquisa é um meio relevante para o conhecimento da realidade local tratado como também para aprofundamentos teóricos a respeito.

  • as autoras Camila Barbosa Riccardi León, Tatiana Pontrelli Mecca, Monalisa Muniz, Alessandra Gotuzo Seabra, Grace Zauza e Natália Martins Dias fazem um artigo original, Desenvolvimento do Programa de Intervenção para Promoção de Autorregulação Infantil,estudo que descreve as etapas de elaboração do Programa de Intervenção para Promoção de AR, voltado para crianças pré-escolares. Trata-se de um programa de intervenção curricular complementar para promoção de AR a ser aplicado por professores da educação infantil. O procedimento utilizado na elaboração do programa pode respaldar o desenvolvimento de novos programas na interface (Neuro)psicologia-Educação.

  • as autoras Lauriane Ferreira da Silva, Marcela Barbosa da Silva, Suzielle Kássia Nascimento de Oliveira e Angélica Galindo Carneiro Rosal escrevem mais um artigo original, Importância da contação de histórias na educação infantil: Visão de professores,com oobjetivo de analisar a percepção de professores sobre a contação de histórias na Educação Infantil. Os resultados observados indicam que na percepção das professoras, a contação de histórias pode contribuir para a aprendizagem escolar na Educação Infantil. Nota-se a necessidade de pesquisas que contribuam para a estimulação de habilidades preditoras da leitura e escrita neste nível de ensino.

  • a autora Teresa Cristina Serra Damiano Borghi escreve um artigo de revisão, Qual o Impacto da Tecnologia Digital na Habilidade de Escrita e no Desempenho Escolar? Esta pesquisa busca entender o efeito da tecnologia digital na aprendizagem, na habilidade de escrita e no desempenho escolar, como uma forma de corroborar com a melhoria da educação em nível qualitativo. Os resultados revelaram a necessidade de se aliar à tecnologia digital presente nos aparelhos móveis, como celulares e tablets, como forma diferenciada de aprendizado da escrita para as novas gerações de estudantes em vários contextos. Na habilidade motora fina envolvida no processo do aprendizado da escrita, os resultados mostraram que essa habilidade tem função crucial e qualitativa para esse processo, que, a depender dos tipos de objetos mais vivenciados, pode gerar modificação na integração funcional e qualidade coordenativa.

  • os autores Dante Ogassavara, Jeniffer Ferreira-Costa, Thais da Silva-Ferreira, Daiane Fuga da Silva e José Maria Montiel escrevem também um artigo de revisão, Conjunturas motivacionais no contexto educacional: Interfaces para a aprendizagem.O presente estudo consistiu em uma revisão narrativa com captação de materiais científicos por meio das plataformas de busca como SciELO e PubMed. Concluiu-se que a motivação está vinculada ao processo de aprender, interliga-se com a performance e, com as atitudes positivas dos indivíduos. Ademais, destaca-se a influência das questões intrínsecas e extrínsecas do indivíduo que também devem ser consideradas na compreensão da motivação em diferentes contextos, assim como na adoção de estratégias mais eficazes na promoção do ensino-aprendizagem.

  • as autoras Monika Kratzer e Rosamaria Rodrigues Garcia escrevem mais um dos artigos de revisão, Atuação psicopedagógica na educação gerontológica para um envelhecimento saudável, cujoobjetivo é esclarecer como a Psicopedagogia pode contribuir para manter ou melhorar as funções cognitivas em idosos – devido à possibilidade de ocorrência de declínio cognitivo na velhice – identificando estratégias que podem ser usadas na atuação clínica e educacional. Benefícios relacionados: valorização do idoso, melhora de relações interpessoais, criação de amizades, da qualidade de vida, da independência, da autonomia, da funcionalidade, da autossuficiência, da autoestima, da autoimagem, do autocuidado, da percepção de problemas sociais, da superação de dificuldades, da quebra de paradigmas, da realização pessoal, da atuação cidadã, no desempenho das atividades de vida diária, resgate de antigos sonhos e projetos de vida.

  • os autores Gabriela Cortés Órdenes e Rodrigo Espinoza Vásquez trazem também um artigo de revisão (em espanhol), La Psicopedagogía como cuerpo de conocimiento sobre el aprendizaje humano / A psicopedagogia como corpo de conhecimento sobre a aprendizagem humana,artigo que tem como objetivo apresentar uma síntese da evolução teórico-conceitual da Psicopedagogia, tomando como referência o caso do Chile. São geradas conclusões sobre a mudança paradigmática, entre os autores do século XX e a atualização que existe no século XXI.

  • a autora Renata Teixeira da Vitória Libotti faz um relato de experiência, A fala “atípica” e o meio social – desafios diários, onde ao lidar com crianças neuroatípicas, tanto pais quanto profissionais enfrentam uma grande incerteza: o prognóstico. Habilidades comunicativas podem ajudar as crianças a entenderem e explicarem o mundo ao seu redor, compartilharem ideias e sentimentos, e a fazerem amigos. No que tange o aprendizado de uma língua estrangeira, tais questionamentos podem se fazer ainda mais presentes.

  • as autoras Tatiana de Camargo, Rayanne Veridiana Nunes da Silva, Rebecca Moura de Almeida Ferreira Carvalho e Vera Lúcia Trevisan de Souza encerram a Edição 122, trazendo um relato de pesquisa, Arte e Psicologia: A colagem como instrumento de trabalho do psicólogo,onde noartigo, de natureza teórica, destaca-se o potencial da colagem como instrumento de trabalho do psicólogo a ser explorada em diversos espaços, ampliando a reflexão sobre os significados e sentidos dos sujeitos envolvidos na atividade. Assumindo essa perspectiva, o artigo busca refletir sobre a possibilidade do uso da colagem como uma técnica de expressão artística que promove no sujeito potencialidades para fazer viver suas emoções e propiciar sua compreensão e elaboração, favorecendo as ressignificações.

Apreciem a leitura!

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