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Estilos da Clinica

Print version ISSN 1415-7128

Estilos clin. vol.5 no.9 São Paulo  2000

 

EDITORIAL

 

 

"Inclusão escolar": hoje, verdadeiro leitmotiv no campo da chamada educação especial, assim como outrora o foi o segregacionismo psicopedagógico na matéria, ou seja, aquela idéia de que cada criança devia freqüentar uma "escola" junto àquelas outras detentoras das mesmas supostas potencialidades/deficiências ditas sensoriais, intelectuais e/ou afetivas. Ela é tanto evidência teórica quanto palavra de ordem no tratamento da infância com problemas. Por outro lado, não poucos especialistas que antes pregoavam a necessidade de se "educar", de forma segregada e especial, o "deficiente" ou o "portador de deficiência" são, hoje em dia, efusivos defensores da "escola inclusiva" para as "crianças com necessidades educativas especiais".

Em abstrato, essa mudança de espírito na matéria é em princípio bem-vinda. Não há dúvidas de que não é nada bom confinar a infância de uma criança a espaços especializados. Entretanto, parece-nos que a rapidez com que a mudança de espírito se impôs não permitiu a não poucos legisladores, técnicos governamentais e especialistas em educação se formularem a pergunta que toda moda psicopedagógica sempre clausura, qual seja, aquela pelas condições de possibilidade da educação de uma criança.

Todo e qualquer dispositivo educativo - escolar ou não - pressupôs, pressupõe e pressuporá sempre - por determinação estrutural inerente à ordem do discurso - que crianças e jovens venham a inverter a demanda educativa da qual são objeto como única possibilidade de virem a usufruir de algum efeito subjetivante e/ou educativo. Semelhante fato é impossível de ser sabido de antemão - daí portanto o alerta freudiano sobre a impossibilidade d'A Educação, bem como d'A Psicanálise e d'O Governo. Entretanto, a reflexão no interior da conexão psicanálise-educação alerta-nos sobre aquilo que não deve ser feito em matéria educativa. Precisamente, para não virmos a fazer da educação de uma criança um fato de difícil acontecimento devemos evitar tomar a criança ora como ilustração da potência imaginária presumida às teorias adultas, ora como objeto passível de vir a formatar o desejo que a própria chegada de toda criança a este, o nosso único mundo, não cessa de não inscrever uma e outra vez.

Estilos da Clínica, no intuito de contribuir, mais uma vez, com a reflexão sobre as vicissitudes e os impasses clínicos e educacionais na infância com problemas, apresenta, nesta oportunidade, uma seleção de textos que levam as marcas de geografias, culturas e histórias de percursos de reflexão e debate sobre a inclusão escolar. A pluralidade de vozes costuma ser o melhor antídoto para os efeitos de naturalização próprios a toda perda de perspectiva histórica, diversidade cultural e/ou disciplinar. Quem sabe? Mas é, sim, nossa aposta o leitor possa vir a suspeitar que, embora às vezes o acontecimento de efeitos educativos revele ter estado atrelado às figurações múltiplas de inclusão escolar, não necessariamente as coisas são assim, pois, como sabemos, mas tentamos esquecer, o usufruto do tempo da infância implica o estilhaço das necessidades sempre adultas.

A edição de Estilos número 9 vem acompanhada de duas novas "insígnias de excelência":

1. Na avaliação oficial das revistas científicas das universidades brasileiras - avaliação CAPES/ANPEPP -, Estilos recebeu o grau A e entrou para o ranking das revistas científicas de Psicologia consideradas de circulação nacional (antes estava no ranking das revistas de circulação regional).

2. Estilos foi considerada "revue qualifiante" pelo CNU - Conselho Nacional das Universidades (CNU) na França, o que eqüivale a uma atribuição de excelência.

Some-se a essas duas boas avaliações o expressivo aumento de nossas assinaturas, que veio como resultado de uma bela campanha publicitária realizada e doada para nós por Júlio Ribeiro, da agência de publicidade Talent.

Os anúncios circularam em vários órgãos da imprensa em nosso país, o que também fez aumentar a visibilidade da Estilos. Mais uma vez agradecemos a generosidade de Júlio Ribeiro, que vem se empenhando em dar suporte à nossa revista e conseqüentemente a todo o trabalho que se realiza no Lugar de Vida.

Os editores