SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.15 issue2The intervention of the psychoanalystic in the clinic with babies: Rosine Lefort and case NádiaThe maternal language: forming the initial ties author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

article

Indicators

Share


Estilos da Clinica

Print version ISSN 1415-7128

Estilos clin. vol.15 no.2 São Paulo Dec. 2010

 

ARTIGO

 

Efeitos da ineficácia simbólica no corpo infantil

 

Effects of a symbolic inefficiency on a child´s body

 

Efectos de la ineficacia simbólica en el cuerpo infantil

 

 

Caio César S. C. PróchonoI; Cristina Leles SilvaII; João Luiz Leitão ParavidiniIII

IProfessor de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia. c.prochno@uol.com.br, caioprochno@terra.com.br
IIMestranda em Psicologia Aplicada na Universidade Federal de Uberlândia. cristina.leles@hotmail.com
IIIProfessor Adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia. paravidini@ufu.br

 

 


RESUMO

Neste trabalho pretendemos destacar as relações entre alguns fenômenos da contemporaneidade e seus efeitos no corpo infantil. Partimos da hipótese de que a lógica das relações utilitaristas, o ideal consumista e a fragilidade simbólica na atualidade contribuem tanto para a formação de sintomas no corpo da criança quanto para o fato de o corpo infantil ser tomado como objeto pelo outro. A partir da análise de um fragmento clínico, concluímos que o cenário contemporâneo facilita a existência de impasses significativos no processo de constituição dos sujeitos. Tais impasses resultam na dificuldade da passagem do gozo do corpo à linguagem.

Descritores: contemporaneidade; subjetividade e corpo; infância; psicanálise.


ABSTRACT

In this paper we highlight the relations between some of the contemporary phenomena and their effects on the child´s body. We start from the assumption that the utilitarian relations, the consumerist ideal and symbolic weakness currently contribute not only to the formation of symptoms in the child´s body but also for the fact that the child´s body is taken as an object by another. From the analysis of a clinical case, we conclude that the contemporary setting makes the existence of significant impossibilities in the process of subject constitution. Such impossibilities result in the difficulty of the passage from the body enjoyment to language.

Index terms: contemporary; subjectivity and body; childhood; psychoanalysis.


RESUMEN

En este trabajo pretendemos destacar las relaciones entre algunos fenómenos de la contemporaneidad y sus efectos en el cuerpo infantil. Partimos de la hipótesis de que la lógica de las relaciones utilitaristas, el ideal consumista y la fragilidad simbólica en la actualidad contribuyen tanto para la formación de síntomas en el cuerpo del niño como por el hecho del cuerpo infantil ser tomado como objeto por el otro. A partir del análisis de un fragmento clínico, concluímos que el escenario contemporáneo facilita la existencia de impases significativos en el proceso de constitución de los sujetos. Esos impases resultan en la dificultad del pasaje del gozo del cuerpo al lenguaje.

Palabras clave: contemporaneidad; subjetividad y cuerpo; infancia; psicoanálisis.


 

 

A contemporaneidade e suas marcas na subjetividade humana tem sido objeto de estudo de vários campos do saber: da sociologia, da filosofia e da psicanálise, sendo que suas características mais destacadas são o apagamento ou enfraquecimento dos laços simbólicos e as relações marcadas pelo ideal consumista. Numa lógica utilitarista, os sujeitos tornam-se objetos a serem descartados, eliminados como qualquer bem de consumo. (Bauman, 1998, 1999, 2008); (Melman, 2003a); (Minerbo, 2007, 2009)

O que vivemos na atualidade é a falha do símbolo enquanto mediador das relações dos homens com os outros e até com o próprio corpo (Minerbo, 2007), daí o aumento das intervenções na própria carne (body art, cirurgias plásticas indiscriminadas, etc.) e o aparecimento das novas formações psicopatológicas. Para alguns psicanalistas, não estamos mais no campo da repressão dos desejos que marcou o surgimento da psicanálise. Estamos, na atualidade, no campo do gozo sem impedimentos. Melman (2003a) acrescenta que temos, portanto, a configuração de uma "nova economia psíquica".

Esta "nova economia psíquica" produz formações sintomáticas características e o corpo da criança não passa ileso por estas produções. O que temos assistido, na verdade, é um corpo que está marcado por essa nova lógica, um corpo objetificado, violentado, que sofre pela falha, pela ausência dos traços simbólicos que nos humaniza, um corpo entregue ao outro ou ao próprio gozo.

Neste texto, pretendemos apontar como as falhas ou ausências de marcas simbólicas produzem efeitos no corpo infantil, ora tomado como objeto, ora cenário da formação de sintomas. A ausência ou falhas dessas marcas só podem ser compreendidas na relação com o Outro, encarnado pela mãe, mas que se refere à linguagem, às nossas produções culturais e sociais. A partir de um crime contemporâneo, apontaremos o modo como a lógica utilitarista aparece na relação adulto-criança na contemporaneidade e analisaremos os efeitos da falência do símbolo na formação de sintomas na criança e no processo de constituição do sujeito, utilizando como aporte um fragmento de um caso clínico.

 

O cenário contemporâneo

Como já assinalamos, a contemporaneidade é marcada por uma nova lógica, na verdade, a do livre mercado que impõe a necessidade do consumo desenfreado. Nesta lógica, produzem-se identidades efêmeras e as relações entre sujeitos perdem a marca simbólica, tornando-se utilitaristas.

De acordo com Bauman (1998), a pós-modernidade é marcada por uma permanente incerteza: "há pouca coisa no mundo que se possa considerar sólida e digna de confiança" (p. 36). Daí o nome dado pelo autor de modernidade líquida aos tempos atuais. A liquefação das certezas e o permanente convite ao consumo imediato resultam na fragilidade dos laços sociais, na recusa de qualquer forma de fixação de compromisso – amor líquido – e na construção de identidades provisórias e efêmeras – identidade líquida. Para o autor, os homens pós-modernos "acham a infixidez de sua situação suficientemente atrativa para prevalecer sobre a aflição da incerteza" (Bauman, 1998, p. 22). O apelo ao consumo exige que os indivíduos estejam "abertos" às novidades do mercado e que possam ser permanentemente seduzidos pelas ofertas. Para melhor compreensão do nosso tempo, citamos Bauman (1998): "neste mundo, tudo pode acontecer e tudo pode ser feito, mas nada pode ser feito uma vez por todas – e o que quer que aconteça chega sem se anunciar e vai-se embora sem aviso. Nesse mundo, os laços são dissimulados em encontros sucessivos, as identidades em máscaras sucessivamente usadas, a história de vida numa série de episódios cuja única consequência duradoura é sua igualmente efêmera memória" (p. 36).

Nesse ambiente efêmero, constroem-se identidades líquidas, inconstantes. Os indivíduos não possuem mais características delimitadas, histórias que os definam são sujeitos do presente, sem passado ou projeto de futuro.

Bauman (1999) acrescenta ainda que passamos de uma sociedade de produtores para uma sociedade de consumidores, o que implica em grandes consequências em todos os aspectos da sociedade, da cultura e da vida individual. Segundo o autor, a grande diferença é que se a sociedade moderna exigia a produção de operários e produtores, a sociedade pós-moderna exige que os indivíduos sejam eternos consumidores: "a maneira como a sociedade atual molda seus membros é ditada primeiro e acima de tudo pelo dever de desempenhar o papel de consumidor" (p. 88).

Essa "exigência" implica num modelo a ser seguido: o do consumidor ideal. Dessa forma, os sujeitos devem viver para consumir, buscando sempre a satisfação imediata de seus desejos sempre voláteis. No entanto, o consumidor ideal não pode jamais se satisfazer por um longo tempo com os bens que consome, tem que ser novamente seduzido, tem que estar em movimento, em alerta. De acordo com Carrol (sem data) citado por Bauman (1999), "A índole desta sociedade proclama: caso esteja se sentindo mal, coma!... O reflexo consumista é melancólico, supondo que o mal-estar adquire a forma de se sentir vazio, frio, deprimido – com necessidade de se encher de coisas quentes, ricas, vitais. Claro que não precisa ser comida, como na canção dos Beatles: sinto-me feliz por dentro ("feel happy inside"). Suntuoso é o caminho para a salvação – consuma e sinta-se bem!... Há também a inquietude, a mania de mudanças constantes, de movimento, de diversidade – ficar sentado, parado, é a morte... O consumidor é assim o análogo social da psicopatologia da depressão, com seus sintomas gêmeos em choque: o nervosismo e a insônia" (p. 90).

Dessa forma, para Bauman (1998), se o mal-estar da modernidade advinha, como assegurava Freud, da renúncia aos instintos e aos prazeres em troca da segurança de uma sociedade que prosperaria pela ordem, o mal-estar da pós-modernidade provém "de uma espécie de liberdade de procura do prazer que tolera uma segurança individual pequena demais" (p. 10).

No mesmo sentido, Minerbo (2009) nos aponta que, se o sujeito moderno padecia por ter que se adequar às normas e exigências das instituições que fixavam os valores e referências identitárias, o sujeito pós-moderno sofre pela ausência de marcas simbólicas que o filie à cultura. "Podemos entender a pós-modernidade como este momento da história da civilização em que o laço simbólico que une significante e significado é corrediço, e não se fixa em lugar algum. Em outras palavras, a pósmodernidade se caracteriza pela fragilidade do símbolo" (Minerbo, 2009, p. 41).

Para Melman (2003b), um dos grandes fenômenos da atualidade é a queda dos grandes textos fundadores da cultura, o que significa que há, na contemporaneidade, um desinvestimento do lugar do Outro. Segundo o autor, é como se houvesse uma foraclusão desse Outro, que seria resultante de várias razões como: a queda da ideologia comunista, o desenvolvimento da economia liberal, progressos tecnológicos como a Internet, dentre outros, e "esse desligamento do lugar do Outro marca também um desligamento em relação à linguagem" (p. 58). É como se nós, sujeitos pós-modernos, estivéssemos à mercê do outro enquanto semelhante, já que não mais nos referimos ao Outro simbólico que está falido. Essa queda das marcas simbólicas nas relações produz inúmeros efeitos individuais e sociais, sendo um desses efeitos a produção de sintomas no corpo e sua coisificação.

Os corpos que teriam que ser, no advento da modernidade, domesticados e docilizados para a manutenção da ordem burguesa, agora, no cenário pós-moderno, devem ser hiperinvestidos, tornados desejáveis aos consumidores, como objeto de consumo de um outro gozador e desmedido. Neste cenário, destacam-se patologias cujos sintomas inscrevem-se no corpo, como os transtornos alimentares, as somatizações e os quadros que apresentam um certo empobrecimento de conteúdos simbólicos, como as depressões e as compulsões. Tais patologias contemporâneas "trazem à baila um domínio do psíquico que não diz respeito ao campo das representações recalcadas" (Maia, 2004, p. 120). Esses quadros representam a marca do vazio da representação no processo de constituição do sujeito e de seus sintomas.

Assim, um novo desafio se impõe à psicanálise: como encarar esses sintomas que se ancoram no corpo, mas parecem não mais remeter a um sentido simbólico, representado, inscrito numa ordem linguageira? Para pensarmos esta questão, torna-se importante traçar um breve percurso da questão do corpo na teoria psicanalítica.

 

O corpo na psicanálise

O surgimento da psicanálise está intrinsecamente ligado à existência da Ciência Moderna. No entanto, segundo Elia (2000), aquela não se reduz a esta. O que a Psicanálise realiza, na verdade, é um corte subversivo que vai redimensionar a questão do sujeito no campo das ciências. Desse modo, se as Ciências Positivistas polarizam os registros do empírico e do espiritual – do corpo e da mente – realizando uma disjunção entre tais registros, a escuta freudiana do discurso das histéricas, por sua vez, traz de volta o sujeito para o corpo que habita. Sobre este aspecto, Birman (2003) destaca que "desde o início dos anos 90, no século XIX, Freud já criticava a medicina positivista então hegemônica no campo dos cuidados. Isso porque essa se centrava apenas numa leitura objetivista dos sintomas, esquecendo-se, pois, de uma coisa óbvia, qual seja, de que era sempre pela linguagem que os enfermos comunicavam os seus males para os médicos. Estabelecia aquele então uma distinção fundamental, considerando este ponto de partida, entre a narrativa dos sofrimentos pelos enfermos, que tinham no psíquico o seu pólo de referência, e a enfermidade, que tinha no somático o seu referente primordial" (p. 5).

De acordo com esse autor, o discurso freudiano realiza uma ruptura epistemológica significativa que supera o dualismo cartesiano corpo/espírito e que confere uma nova cartografia ao corpo que sofre. Este corpo não mais será tomado em sua dimensão orgânica pura, mas será compreendido como ponto de partida e de chegada da constituição subjetiva.

Se os estudos sobre a histeria conferem um novo lugar ao corpo, por outro lado, na opinião de muitos, afastam a ciência psicanalítica deste. Sobre esse "afastamento" da teorização freudiana, Ferraz (2007) considera que "o corpo, em psicanálise, é essencialmente um "resto", e que tal "resto" é simultaneamente resto da teoria – aquilo que foi, em determinado momento, abandonado como objeto psicanalítico – e "resto" do sujeito psíquico em sua ontogênese" (p. 66).

Desse modo, esse autor aponta que o estatuto do corpo na psicanálise segue uma trajetória tortuosa, sendo, num primeiro momento da teorização freudiana, deixado de lado, dando o lugar central aos sintomas psiconeuróticos. No entanto, segundo Ferraz (2007), a retomada do corpo somático como objeto da psicanálise ocorrerá em Além do princípio do prazer (1920), pois este trabalho "... se trata exatamente de uma psicologia do traumático, ou seja, do não-representável" (p.69).

A distinção entre corpo erógeno e corpo somático, apontada por Ferraz (2007), nos é essencial para compreendermos essa retomada freudiana. O conceito de corpo erógeno ou corpo representado surge a partir da investigação freudiana sobre a histeria. O corpo histérico, palco dos sintomas conversivos, é um corpo libidinizado, corpo da representação. O corpo somático se refere ao corpo biológico, soma, aquele que não foi representado, erogeneizado e, portanto, inscrito numa ordem simbólica. "Enquanto o processo de conversão, na histeria, opera sobre o corpo representado, a somatização recai sobre o corpo biológico ou somático; recai exatamente sobre a função não subvertida – logo, não representada. E aqui nos encontramos com o papel definitivo da pulsão de morte na eclosão das patologias não-neuróticas, ligadas ao registro do corpo real" (Ferraz, 2007, p. 70).

Compartilhamos com o autor a idéia de que o corpo em sua dimensão somática será retomado por Freud no desenvolvimento de sua teoria sobre as pulsões. Destacamos, junto com Freud (1915/2004), sua importância enquanto conceito que articula as dimensões biológicas e psíquicas do sujeito humano. "Se abordarmos agora a vida psíquica do ponto de vista biológico a 'pulsão' nos aparecerá como conceito-limite entre o psíquico e o somático, como o representante psíquico dos estímulos que provêm do interior do corpo e alcançam a psique, como uma medida da exigência de trabalho imposta ao psíquico em consequência de sua relação com o corpo" (p. 148). Para Birman (2003), o esforço de Freud sempre foi o de superar o dualismo cartesiano, sendo a teoria das pulsões o principal aparato conceitual que tentará resolver esse impasse.

Considerado como um dos principais conceitos freudiano, o conceito de pulsão, mais sistematicamente desenvolvido por Freud a partir de 1905, no trabalho Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, servirá como ponto de virada da teorização freudiana sobre o conflito psíquico. Freud deixará de entendê-lo como um conflito entre ideias/representações incompatíveis e passará a compreendê-lo como um conflito entre pulsões (Hans, 2004). No prefácio à quarta edição destes ensaios, Freud (1905/ 1996) observa que este trabalho faz fronteira com a biologia.

Não pretendemos aqui refazer todo o percurso teórico desse conceito tão caro à psicanálise. Mas, destacamos que será a teoria das pulsões que trará a articulação organismo-corpo ou biológico-psíquico como fundamento da constituição do psiquismo humano. Desse modo, desde seu nascimento, o bebê humano será tomado por sensações internas, provenientes de seu organismo, as quais lhe trarão desconforto e exigirão aplacamento. Será a captura dessas sensações pelo outro materno que irá inscrevê-las numa ordem imaginária e simbólica. Nesse sentido, Jerusalisnky afirma que "A captura do corpo por parte de uma cadeia significante o ordena em um olhar, escutar, dirigir-se, receber, entregar etc., em que as funções nutritícias ou excrementícias, ou os princípios perceptivos visuais da Gestalt-Theorie, cedem lugar a este ordenamento simbólico do corpo operado por um Outro, que rearma esse corpo em uma posição imaginária" (p. 25).

Assim, será por meio da inserção do infans no campo da linguagem ou do Outro, da cultura, que será possível a inscrição significante da pulsão enquanto representante psíquico do biológico. Dito de outro modo, será o Outro que ao operar o mal-estar do bebê – e isso exige que este Outro seja não-todo – delimitará a fonte da pulsão, direcionará sua força e articulará a posição do objeto em relação a um fim (Jerusalinsky, 2007).

Mas, o que ocorre quando esse outro falha em sua dimensão simbólica? Quando se apresenta como não barrado e não faltante e, portanto, toma o corpo infantil como objeto para aplacamento de seu próprio mal-estar? Ou quando, por condições subjetivas próprias ou contingências sociais, não confere um lugar significante ao corpo infantil? Quais efeitos, no corpo infantil, podemos observar como resultantes dessa falência simbólica do Outro? Passaremos a problematizar essas questões.

 

Corpo infantil: objeto de consumo

Como abordamos, uma das marcas da contemporaneidade são as relações utilitaristas, nas quais os indivíduos são tomados como objeto de consumo. Nesse sentido, se o outro com o qual me relaciono é mais um objeto com o qual me satisfaço temporariamente, não posso reconhecê-lo como sujeito de desejo, daí a necessidade de encará-lo como objeto ou puro corpo.

No contexto da sociedade de consumo, a família se configura numa nova ordem. Se antes, a função da família era a transmissão da cultura, agora, os pais demandam que os filhos se ofereçam como objeto de consumo. Daí as inúmeras atividades (línguas estrangeiras, informática etc.) nas quais as crianças são inseridas desde bem pequenas para se tornarem adultos super competentes, ou ainda, terem alto valor no mercado. Assim, só resta aos pequenos desempenharem funções que atendam a essa demanda, colo-cando-se no lugar de objeto do outro. Para Kupfer e Bernardino (2008), a criança, na contemporaneidade, é chamada a se posicionar como "aquela através da qual o Outro social concederia finalmente o gozo a todos da família." (p. 674).

Para exemplificarmos essa posição de objeto que a criança e seu corpo ocupam na nossa sociedade, faremos uma breve consideração de um crime contemporâneo. Tal crime ficou conhecido como caso Isabella Nardoni e refere-se à morte de uma menina brasileira, de cinco anos de idade, que foi jogada do apartamento de seu pai, em São Paulo, na noite do dia 29 de março de 2008. Não realizaremos aqui, um detalhamento do caso, mas destacaremos a repercussão social e midiática que teve, por entendermos que tal repercussão pode ser explicada pelo fato do crime ser emblemático da forma como a sociedade atual tende a lidar com a criança.

O crime não é extraordinário se considerarmos o número de casos de violência na infância existentes no país. No entanto, o que chama a atenção é o modo como a mídia destacou o fato e como milhares de pessoas acompanharam pela televisão, jornais e até pessoalmente o caso. Durante dias, não se falava noutras coisas no país. Pessoas se deslocavam em distâncias para conhecer a cena do crime, atentas a todas informações que eram repetidas infinitamente pelos jornalistas.

Diante de milhares de boletins informativos sobre o caso, um nos chamou a atenção sobremaneira e destacamos o título da reportagem publicada no jornal O Globo: "Veja como foi a reconstituição da morte de Isabella. Pai e madrasta não participaram, alegando divergir da versão da polícia. Boneca foi usada para simular a presença da garota, mas não foi jogada pela janela" (O Globo, 27/ 04/08). Aqui destacamos a frase "Boneca foi usada para simular a presença da garota, mas não foi jogada pela janela", que nos indica que esperava-se que, na reconstituição do crime, fosse repetido o ato de jogar a boneca/criança pela janela. Esta expectativa parece nos indicar que o que chama a atenção de milhares de pessoas é o fato da menina ter sido jogada pela janela, tal como um objeto/boneca. Mas, aqui não temos a ingenuidade de pensar que o fascínio pelo ato se explica somente pelo horror/pena como muitos afirmavam. A comoção provocada nos indica que o crime realiza, na radicalidade, o desejo de tomar uma criança como objeto que pode tanto satisfazer o gozo do adulto quanto ser descartado caso não o satisfaça de alguma maneira.

Sobre este tipo de crime e sua relação com o enfraquecimento dos laços simbólicos, Minerbo (2007) nos fala de forma muito contundente que tais "crimes contemporâneos parecem determinados por uma lógica utilitarista: pessoas passaram a ser vistas como coisas que podem ser usadas das mais variadas maneiras, ou então descartadas quando estorvam. Em minha interpretação desse fenômeno social, essa lógica se relaciona com a desnaturação de certos sistemas simbólicos" (p. 136).

Nesse sentido, podemos afirmar que será em seu corpo ou, na "própria carne", que a criança sofrerá os efeitos dessa lógica de relações que marca a contemporaneidade. Nessa lógica, o corpo pode ser descartado como qualquer objeto que cause insatisfação ao consumidor, pois como destaca Baumam (2008) "não se espera dos consumidores que jurem lealdade aos objetos que obtêm com a intenção de consumir." (p. 31).

 

Corpo infantil: cenário de sintomas

Além de tomar o corpo o infantil como objeto, a ausência ou enfraquecimento da mediação simbólica contribui para a formação de sintomas no corpo da criança, daí, na atualidade, o grande número de casos de hiperatividade que chegam aos consultórios psicológicos e psiquiátricos. Esclarecemos que nosso intuito não é propor que este fenômeno seja compreendido de modo reducionista, ou seja, não pretendemos atribuir a estes quadros supostas etiologias socioculturais em detrimento de hipóteses organicistas. Supomos, desse modo, que o crescente número de casos diagnosticados como "hiperatividade" reflete uma "...tendência da contemporaneidade para redescrever as experiências humanas tendo como referência os parâmetros corporais" (Lima, 2004, p. 11) promovendo a criação de "bioidentidades".

Acreditamos, portanto, que no cerne da sociedade de consumo, produzem-se subjetividades que tendem a ser reconhecidas no real do corpo (ou nas alterações neuroquímicas), inscrevendo-se aí os quadros cujas descrições trazem sintomas corporais, como a agitação psicomotora na infância. Para nós, tais sintomas podem ser compreendidos como mais uma das formas do "corpo" da criança estar à mercê da ineficácia do símbolo.

Outra característica da sociedade de consumo apontada por Bauman (1999) nos parece interessante para pensarmos esses quadros de agitação psicomotora na infância da contemporaneidade. Segundo o autor, "Para aumentar sua capacidade de consumo, os consumidores não devem nunca ter descanso. Precisam ser mantidos acordados e em alerta sempre, continuamente expostos a novas tentações, num estado de excitação incessante – e também, com efeito, em estado de perpétua suspeita e pronta insatisfação" (p. 91).

Assim, a necessidade dos consumidores estarem sempre em movimento, permanentemente seduzidos e insatisfeitos parece refletir nos corpos infantis, já que muitos dos pequenos pouco tempo se detêm em algum brinquedo ou brincadeira passando de um objeto ao outro numa velocidade quase vertiginosa.

Meira (2004) realizou uma pesquisa sobre as brincadeiras infantis na atualidade e conclui que há uma prevalência de jogos artificiais e virtuais entre crianças de classe média e alta. Segunda a autora, tais brincadeiras restringem os movimentos corporais das crianças. Anestesiadas em frente às telas de games, as crianças de hoje pouco colocam seus corpos em cena em espaços de trocas simbólicas. Elas pouco inventam e se reinventam em brincadeiras. Daí "... quando vão à escola, movimentam seu corpo em dobro pelo que são rotuladas de hipercinéticas" (p. 148).

Desse modo, o sintoma infantil de outrora aparece, no mundo atual, sob uma nova roupagem. Basta que tracemos um paralelo entre o célebre Pequeno Hans dos primórdios da psicanálise e tais quadros hiperativos da atualidade, para entendermos essa nova formação sintomática. No caso analisado por Freud (1909/1999), o que vemos é a construção de um sintoma fóbico, em que o medo de cavalos substitui aquilo que fora recalcado, a saber, o temor da castração. Temos em Hans, portanto, um sintoma neurótico onde o símbolo (cavalo) é colocado no lugar do afeto (angústia de castração). Já nos casos de hiperatividade, o que vemos é o corpo infantil tomado pela ausência de representação, a pulsão sem seu representante, daí um corpo super agitado, carente de contornos simbólicos eficazes.

Perfeito (2007), ao realizar uma pesquisa acerca das transformações sociohistórico-culturais das funções parentais, concluiu que há, na atualidade, crises nas referências simbólicas. A autora acrescenta que nas condições atuais de tudo poder ser ou ter, "os pais se apresentam em demasia no nível das necessidades, oferecendo recursos materiais, objetos, alimentos, mas falham em suas funções simbólicas" (p. 210).

Acreditamos que a falência simbólica dos pais, na contemporaneidade, relaciona-se com a mudança da figura do pai que, segundo Petri (2008), "está hoje ocultada sob a forma de um ajudante de mãe". A autora acrescenta ainda que "A exigência dos pais enquanto Outros reais com relação à criança sofre o atravessamento do discurso social vigente, o qual, em nossa contemporaneidade, remete-se à realização de um ideal negador da castração" (p. 79).

Sabemos que, por negar a castração, o sujeito "paga" com a formação do sintoma e que, na infância, a não operação da castração inviabiliza a retirada da criança do lugar de objeto de gozo do Outro e, portanto, dificulta a renúncia do gozo do corpo pela linguagem.

Nesse sentido, Kupfer e Bernardino (2009) relacionam o crescente número de casos que apresentam sintomas de agitação motora na infância à desqualificação simbólica do pai na contemporaneidade; dito de outro modo, os sintomas corporais na infância parecem dizer dessa impossibilidade de representar simbolicamente a falta do Outro, já que será a função paterna que irá viabilizar a retirada da criança do lugar de objeto do outro materno. Para as autoras acima citadas, os sintomas de hiperatividade seriam uma "reação, corporal e não simbolizada, ao declínio da função paterna" (p. 51).

Em seguida, apresentaremos o fragmento de um caso clínico no intuito de ilustrar como a inoperância do simbólico, muitas vezes, coloca impasses significativos no caminho da passagem do gozo do corpo para o gozo na linguagem. Tal passagem torna-se crucial no processo de constituição do sujeito.

 

Vinícius: não te quero, mas não te deixo

Vinícius é um menino de 9 anos, que chega a um serviço de atenção em saúde mental infantil com queixa de agressividade, impulsividade, falta de limites e agitação. Nas palavras do profissional que o encaminha para tal serviço, Vinícius tem certo "excesso de energia". Tem dificuldades em se relacionar com outras crianças e conta com uma difícil trajetória de escolarização, tendo sido expulso de várias escolas.

Vinícius foi retirado do convívio com a mãe biológica aos 9 meses de vida pois sofria maus tratos. Segundo relato de Marta (mãe adotiva de Vinícius), a mãe biológica "não suportava o choro dele" e o enrolava em cobertores deixando-o debaixo da cama. Por isso, Vinícius foi abrigado quando ainda era bebê. Sobre esta questão, Vinícius nos diz: "a minha outra mãe não tinha leite, não tinha coisa pra dar pra mim e me deixou lá". Marta decidiu adotá-lo aos 7 anos de idade e conta que já sabia que ele era uma criança difícil, que não respeitava ordens e era muito agitado. No entanto, ela diz que tinha esperança em "consertá-lo". Como seu projeto não teve muito sucesso, Marta resolve então que quer devolvê-lo, ou seja, já entrou com pedido judicial para desfazer a adoção. Entretanto, embora ela traga, em sua fala, o desejo de devolvê-lo, quando a juíza exige que ela se posicione, ela vacila e volta atrás: "Resolvi que não quero mais deixá-lo, acho que tenho que ficar com ele, deve ser minha missão". Assim, a história desse menino passa a ser marcada por uma constante oscilação dessa mãe que o "pega", mas não o assume como filho. Aqui perguntamos: onde está Vinícius? Onde é este "lá" que ele nos diz que a mãe – e aqui não importa qual das duas, se entendermos por mãe uma função – o deixa? Tentamos encontrá-lo quando está conosco.

Ao participar de atividades em grupo, Vinícius oscila em duas posições: uma "colada" no corpo do outro, preferencialmente, de adultos e outra invasiva e agressiva. Assim, só consegue realizar atividades, como desenhos, pintura, etc., se estiver junto (colado) de outra pessoa, que deve oferecer seu corpo como suporte para que ele consiga se deter em qualquer atividade. Quando não está nessa posição, Vinícius quase não consegue estar junto de outras crianças, arrancando os objetos dessas e provocando situações que acabam culminando em tapas, chutes ou gritos.

Uma cena vivida num grupo nos chama atenção. Vinícius participava de uma oficina em que estavam sendo confeccionadas pipas. Num primeiro momento, havia somente meninos nesse grupo e Vinícius, do lado de um adulto, conseguia com destreza montar uma pipa. Nesse instante chega uma menina no grupo, a única até então, e Vinícius começa a se agitar, não mais se interessando pela atividade. Ele passa então, a gritar no ouvido dessa menina e a tentar destruir a pipa que ela fazia. Nesse momento, os profissionais que conduziam a oficina tentam impedi-lo de destruir "a menina" e seus objetos, primeiro, solicitando que ele parasse e tentasse ajudála a fazer a pipa, já que ele tinha facilidade para tal, como não tem efeito, os profissionais pedem que ele se retire da oficina. Nesse momento, Vinícius passa a empurrar a menina tentando derrubá-la, os profissionais tentam segurá-lo e ele se agita sobremaneira. Começa então a dar chutes, socos e mordidas em quem está próximo dele. Os profissionais não conseguem conter seu corpo que parece, nesse momento, puro "excesso de energia", hiper agitado, descontrolado.

Essa cena nos indica que, para Vinícius, parece ser impossível admitir simbolicamente a castração do Outro – encarnada na presença de uma menina – e que, por isso, seu corpo é tomado pelo gozo absoluto, pelo transbordamento pulsional, entrando em curto circuito. Neste sentido, podemos perceber que Vinícius está colocado numa posição de objeto a ser consertado, devolvido ou deixado pelo Outro. No entanto, tal posição parece não ser tão radical quanto àquela ocupada pela criança psicótica. Vinícius consegue, de alguma forma, construir saídas para o lugar de objeto no qual é colocado. Podemos supor que seu sintoma de hiperatividade seria um apelo ao Pai simbólico para que se restabeleça sua função ali onde ele "se percebe em risco em sua subjetividade, caracterizando então um quadro neurótico" (Kupfer e Bernardino, 2009, p. 52).

Desse modo, o corpo desse menino sofre os efeitos dessa falência simbólica do Outro. Um Outro que não pode significar seu corpo num campo linguageiro e o toma como coisa em si. Nesse momento, nos recordamos de outra situação que envolve o menino e a mãe: trata-se de uma festa típica, na qual participavam os dois, repleta de quitutes e guloseimas que estavam servidas numa mesa. Vinícius vai até essa mesa e pega todos os tipos de comida que consegue carregar, senta-se do lado da mãe, entrega-lhe parte desses quitutes e começa a devorá-los, comendo pedaços de todos os tipos de alimentos ao mesmo tempo. A mãe, do seu lado, começa a colocar na boca dele os alimentos que está com ela, sem pausa. Vinícius come ou melhor observando, engole tudo indistintamente, sem se deter em nenhuma das guloseimas. Assim, morde num pedaço de doce e, antes de engoli-lo, coloca pipoca na boca que, antes de se fechar, recebe uma colher de outro doce dada pela mãe. Nesse momento, nos aproximamos de Vinícius e da mãe e dizemos: "Nossa, desse jeito não dá pra sentir o gosto de nada, não dá nem pra saber o que se está comendo". Mas, os dois parecem nem ouvir essa fala e continuam no mesmo movimento: Vinícius, boca que engole tudo, mas não come nada e a mãe, mão que enfia comida numa boca que quase não se fecha. Assim, não percebemos, nessa cena, um espaço entre Vinícius e o outro, um espaço de pausa, ou melhor, de falta. O que vemos aqui é um corpo sendo preenchido quase que completamente por alimentos. Quando acabam as guloseimas, Vinícius sai correndo pela festa, sem parar, num movimento quase que extensivo ao que estava, ou seja, da mesma maneira que não diferencia os alimentos que come, não há diferença entre comer ou correr.

Portanto, trata-se de um corpo que é hiper ato1 ou sem sentido. Vinícius não pode sentir os gostos e sabores dos quitutes, à medida que não se efetiva a lógica da alternância prazer-desprazer, presença-ausência. Só pode estar de um lado (sem leite, sem alimento) ou de outro (preenchido por alimentos). Sem a mediação simbólica, o corpo de Vinícius fica à mercê da violência pulsional ou da colagem no corpo do outro, pois como ressalta Minerbo (2007), "A mediação une e separa dois corpos em relação, de modo que a presença do outro não seja intrusiva, nem sua ausência seja um abandono traumático. Ao mesmo tempo, institui os lugares psíquicos que cada um vai ocupar. Quando está ausente, não se cria a relativa assimetria de uma relação. O bebê que chora pode se tornar um monstro ameaçador de quem a mãe precisa se livrar" (p. 142).

Sabemos que é justamente no tempo da infância que o sujeito se constitui como sujeito de desejo. A criança deve ir renunciando ao gozo do corpo para se apropriar da linguagem enquanto sujeito. Essa renúncia será coroada pela operação de castração que descola o infans do lugar de objeto do Outro, o "... que o leva à emergência não de um gozo que se poderia chamar de sintomático, mas de um gozo apalavrado" (Petri, 2008, p. 49). Parece-nos que Vinícius tenta com "unhas e dentes" abrir esse caminho de passagem do gozo à linguagem. Deste modo, os sintomas corporais de agitação e descontrole apresentados por Vinícius parecem revelar um funcionamento inconsciente característico de uma forma de subjetivação da contemporaneidade.

 

Considerações finais

Como já assinalamos, a contemporaneidade é marcada por uma lógica de relações característica que produz efeitos no processo de constituição dos sujeitos. Considerando que tal processo implica numa relação entre o sujeito e a cultura, os sintomas inscritos no corpo ganham destaque neste cenário marcado pela falência simbólica do Outro da linguagem.

Nesse sentido, Ferraz (2007) acrescenta que a clínica contemporânea é marcada por um aumento da incidência de patologias ligadas de algum modo ao corpo somático, como resultante de um processo de simbolização mal sucedido, sendo que "... quando um sintoma surge no corpo, ele é resultado de uma simbolização que foi abortada, que não se fez" (p. 73).

Sabemos que o tempo da infância é marcado pela constituição do sujeito do desejo e que esse processo inclui as marcas simbólicas e imaginárias que o Outro/outro confere ao corpo real do infans. Quando esse processo sofre falhas a tendência é a "explosão" de sintomas neste pequeno corpo. Jerusalinsky (2007) descreve, de modo bastante poético, que "Do lado do real, o corpo é puro gozar da vida; sem tempo nem limite; o sujeito se apaga, se situa nos automatismos do gozo que colocam em cena a pulsão de morte através da pura repetição. O corpo ali goza da vida endereçado sem freio para a morte, da qual a subjetividade, ali em fading, não tem antecipação e nem notícia. A falta de eficácia do significante deixa o sujeito à mercê da fragmentação corporal. O corpo explode enquanto o sujeito implode" (p. 67).

Assim, podemos concluir que se a contemporaneidade viabiliza as formas de relações nas quais o semelhante toma o outro como objeto de gozo, temos impasses significativos no processo de constituição dos sujeitos. Por fim, se consideramos que o sujeito na infância tem a tarefa de ir abrindo caminho que permita a passagem do gozo do corpo ao desejo (Petri, 2008), admitimos que nossos pequenos encontram sérios obstáculos num mundo que dificulta essa passagem, restando-lhes, muitas vezes, o aprisionamento num corpo sem palavras.

 

REFERÊNCIAS

Bernardino, L. M. F., Kupfer, M. C. (2008, setembro). A criança como mestre de gozo da família atual: desdobramentos da "pesquisa de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil". Revista Mal Estar e Subjetividade. 8(3), 661-680.         [ Links ]

______ (2009, março) As relações entre construção da imagem corporal, função paterna e hiperatividade: reflexões a partir da pesquisa IRDI. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental. São Paulo: 12(1), 45-58.         [ Links ]

Bauman, Z. (1998). O mal estar da pós-modernidade (M. Gama, trad.) Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.         [ Links ]

______ (1999). Globalização: as conseqüências humanas (M. Penchel, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.         [ Links ]

______ (2008). Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias (C. A. Medeiros, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.         [ Links ]

Birman, J. (2003). Corpos e formas de subjetivação em Psicanálise. Estados Gerais da Psicanálise: Segundo Encontro Mundial, Rio de Janeiro. Recuperado em 9 de março de 2009. http://www.estadosgerais.org/mundial_rj         [ Links ]

Elia, L. (2000) Psicanálise: clínica e pesquisa. In: S. Alberti & L. Elias (Orgs.). Clínica e pesquisa em psicanálise (pp. 19-35). Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos.         [ Links ]

Ferraz, F. C. (2007). A tortuosa trajetória do corpo na psicanálise. Revista Brasileira de Psicanálise, 41(4), 66-76.         [ Links ]

Freud, S. (1996). Três ensaios sobre a sexualidade. In: S. Freud, Edição Standard brasileira das obras psicológicas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol. 7, pp. 119-229). Rio de Janeiro, Imago Ed. (Trabalho original pubilcado em 1905)         [ Links ]

______ (1999). Análise de uma fobia em um menino de 5 anos/ Hans. Rio de Janeiro: Imago Ed. (Trabalho original publicado em 1909)         [ Links ]

______ (2004). Pulsões e Destinos da Pulsão. In: Escritos sobre a Psicologia do Inconsciente (Hans, L. A., trad., Vol. 1, pp. 133-173). Rio de Janeiro: Imago Ed. (Trabalho Original publicado em 1915)

Hans, L. A. (2004). Pulsões e Destinos da Pulsão (Comentários do Editor Brasileiro). In: Escritos sobre a Psicologia do Inconsciente (Hans, L. A., trad., Vol. 1, pp. 137-144). Rio de Janeiro: Imago Ed.

Jerusalinsky, A. (2007). Psicanálise e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Artes e Ofícios.         [ Links ]

Lacan, J. (1998) O Seminário, livro 3: as psicoses, 1955-1956 (A. Menezes, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.         [ Links ]

Lima, R. C. (2003). A construção contemporânea de bioidentidades: um estudo sobre o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Dissertação de Mestrado, Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.         [ Links ]

Maia, S. M. (2004). A máquina de expressão: corpo, subjetivação e clinica psicanalítica. In: Peixoto Jr., C. A. (org.). Formas de subjetivação (p. 115-134). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria.         [ Links ]

Meira, A. M. (2004). As crianças de hoje e seus jogos artificiais. Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, nº 26, 146-157.         [ Links ]

Melman, C. (2003a). O homem sem gravidade: gozar a qualquer preço. Rio de Janeiro: Companhia de Freud.         [ Links ]

______ (2003b). Novas formas clínicas no início do terceiro milênio. Porto Alegre: CMC Editora, 2003.         [ Links ]

Minerbo, M. (2007). Crimes contemporâneos: uma interpretação ou, o inumano. In: Percurso 38, 135-144.         [ Links ]

______ (2009). A fragilidade do símbolo: aspectos sociais e subjetivos. Contemporânea – Psicanálise e Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n. 7. Recuperado em 4 maio, 2009: www.contemporaneo.org.br/contemporanea.php         [ Links ]

Perfeito, H. C. C. S. (2007) Os impasses nas funções parentais: da clínica psicanalítica do precoce às transformações sócio-histórico-culturais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Uberlândia.         [ Links ]

Petri, R. (2008). Psicanálise e infância: clinica com crianças. Rio de Janeiro: Companhia de Freud; São Paulo: Fapesp.         [ Links ]

Rudge, A. M. (1998). Pulsão e linguagem: esboço de uma concepção psicanalítica do ato. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.         [ Links ]

 

NOTA

1 Utilizamos aqui a noção de ato em psicanálise discutida por Rudge (1998) que considera que este ato não é puramente uma ação ou um movimento, mas sim uma ação motora e/ou uma palavra por meio da qual a pulsão encontra meios de se expressar à revelia do sujeito.

 

 

Recebido em setembro/2009
Aceito em setembro/2010

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License