Revista de Etologia
Print version ISSN 1517-2805
Abstract
JAPYASSU, Hilton Ferreira. Fenótipos amplificáveis em pequenas cognições. Rev. etol. [online]. 2010, vol.9, n.1, pp.63-71. ISSN 1517-2805.
Tem prevalecido na literatura a hipótese de que a cognição animal não é uma ferramenta única e ajustável, mas sim múltiplas ferramentas especializadas, que os psicólogos evolucionistas denominam módulos. Implícita no modelo da psicologia evolucionista estão as idéias de que (1) a cada aumento evolutivo de plasticidade comportamental corresponde um aumento no número de módulos cognitivos, o que implica em novas redes neurais e (2) uma maior plasticidade no desempenho requer mais informação embutida nos sistemas de controle. Mostramos aqui que a idéia de aumento de cognição via aumento de redes neurais não parece adequada no caso de animais com pequenos cérebros e grande desempenho cognitivo, como as aranhas construtoras de teias. À evolução de maior plasticidade no sistema de construção da teia, corresponde uma simplificação no sistema de controle da construção da teia, ou seja, uma redução no número de módulos envolvidos. Mostramos também que o comportamento de animais com pequenos cérebros parece não se conformar à segunda colocação do modelo, e que está de acordo com uma hipótese segundo a qual a informação não reside dentro dos animais mas está distribuída no ambiente, e se instaura no momento da interação entre o animal e o ambiente. O aumento do número de módulos cognitivos não parece ser a única via evolutiva para o aumento da cognição animal. Discutimos as implicações deste novo modelo para a relação entre psicologia e biologia, sugerindo que as idéias interacionistas da psicologia do desenvolvimento são necessárias à biologia para a construção de uma nova teoria evolutiva.
Keywords : Psicologia evolucionista; Cognição; Fenótipos; Aranhas.