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Stylus (Rio de Janeiro)

Print version ISSN 1676-157X

Stylus (Rio J.)  no.29 Rio de Janeiro Nov. 2014

 

DIREÇÃO DO TRATAMENTO

 

Conflito ou autorrecriminação? Questões sobre o desejo na neurose1

 

Conflict or self-recrimination? Issues of desire in neurosis

 

 

Lenita Pacheco Lemos Duarte*

Associação Fóruns do Campo Lacaniano – AFCL RJ
Internacional dos Fóruns do Campo Lacaniano – IF-EPFCL-Brasil
Formações Clínicas do Campo Lacaniano

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Freud busca esclarecer a etiologia das neuroses, diferenciando os tipos de gozo vivenciados no primeiro encontro com o sexo, comparando a histeria com a neurose obsessiva. Destaca o conflito na histeria, pressupondo uma experiência de desprazer e a autorrecriminação na neurose obsessiva, tendo como consequência a culpa pela experiência proibida. Os tipos clínicos difereciam-se quanto ao desejo, que é uma questão inconsciente. Recortes da clínica mostram as questões da histérica sobre o sexo, e da existência para o obsessivo.

Palavras-chave: Conflito, Autorrecriminação, Desejo, Neurose histérica e obsessiva, Gozo.


ABSTRACT

Freud aims to enlighten the etiology of neurosis making differences of kinds of experienced enjoyment in the first meeting with sex, comparing the hysteria with obssesive neurosis. He destinguishes the conflict in hysteria, presuming an experience of unpleasure and self-recrimination in the obsessive neurosis and consequently guilt because of a prohibited experience. The clinical types are different in terms of desire, as it is an unconscious subject. Profiles of the clinic show issues of hysteria about sex and the existence for the obsessive.

Keywords: Conflict, Self-recrimination, Desire, Hysterical neurosis and obssesive, Enjoyment.


 

 

Após anos de investigação, Freud começa a mencionar seu trabalho sobre as neuroses em 1894, e procura esclarecer a etiologia das neuroses no Rascunho K (1896a/1976, pp. 241-249), buscando diferenciar os diferentes tipos de gozo vivenciados no primeiro encontro com o sexo e a vicissitude da separação vinculada a essa experiência. Trata-se de um rascunho denso e complexo, onde Freud fala que há quatro e muitas formas de neuroses de defesa, fazendo uma comparação entre histeria, neurose obsessiva e uma forma de paranoia. Atribui vários traços em comum, afirmando: são "aberrações patológicas de estados afetivos psíquicos normais: de conflito (histeria), de autocensura (neurose obsessiva), de mortificação (paranoia), de luto (amência alucinatória aguda)" (FREUD, 1896a/1976, p. 241). Desta forma, Freud faz uma distinção entre a estrutura do sujeito e a doença desencadeada. O aparecimento destes estados estaria sujeito às mesmas causas precipitantes de seus protótipos afetivos, desde que a causa satisfaça a duas outras pré-condições – que seja de natureza sexual e que ocorra no período precedente à maturidade sexual. A neurose é infantil por definição. Nesse artigo, Freud denominou-as de "psiconeuroses de defesa", aproximando a neurose obsessiva da histeria, ressaltando que ambas têm em comum o fato de resultarem da ação "traumática" de experiências sexuais vividas na infância, e de constituírem um esforço de defesa contra qualquer representação e qualquer afeto que provenham dessas experiências e tente perpetuar o que elas tinham de incompatível com o eu. Freud destaca que o trabalho defensivo da neurose (obsessiva ou histérica) "consiste em transformar a representação forte da experiência infantil penosa numa representação enfraquecida e em orientar para outros usos a soma de excitação que, por esse estratagema, foi desligada de sua fonte verdadeira" (KAUFMAN,1996, p. 359).

Freud observa que a diferença entre tais neuroses consiste em que, na neurose obsessiva, assim como na fobia, a fonte de excitação permanece necessariamente no domínio psíquico, enquanto na histeria ela é "transportada para o corporal", por um processo de conversão. O caráter puramente mental dos processos obsessivos é mais obscuro e incompreensível do que o da histeria, sendo mais difícil entender um dialeto em que a língua dele é próxima, no caso, a histeria.

Na neurose obsessiva, o processo pelo qual a representação do episódio passado se desliga do seu afeto próprio e esse afeto se une a outra representação que lhe convém, e que já não é incompatível com o eu, é um processo que, por um lado, se produz fora da consciência, por outro, consiste numa substituição em que podemos ver "um ato de defesa (Abwehr) do eu contra a ideia incompatível" (KAUFMAN, Ibid.). Intervindo durante ou após a puberdade, a transformação das impressões penosas da experiência sexual infantil, por vezes muito precoce, culmina em obsessões que assumirão a forma de ideias, atos ou impulsos.

No artigo sobre a Etiologia das Neuroses, Freud evoca outra diferença fundamental entre a histeria e a obsessão, no que se refere à natureza das experiências sexuais precoces, vividas respectivamente por um e por outro. Caracteriza o caráter ativo de experiência erótica infantil como a causa da patologia obsessiva, quando afirma: "Em todos os meus casos de neurose obsessiva, em idade muito precoce, anos antes de experiência de prazer, tinha havido uma experiência puramente passiva; e isso dificilmente se daria por acaso" (1896a/1976, p. 244). Freud pensara ter encontrado a razão da conexão mais íntima desta última e de maior frequência de obsessões nos sujeitos neurastênicos.

Quanto à causa da patologia histérica, diz que esta "pressupõe necessariamente uma experiência primária de desprazer – isto é, de natureza passiva" (Ibid., p. 248). Dessa maneira, Freud achara ter descoberto o motivo da conexão da histeria com o sexo feminino, e da maior frequência das obsessões nos sujeitos masculinos. No entanto, em 1913, no texto A Disposição à Neurose Obsessiva (1913/1976, p. 401), Freud reconhece que essa forma de explicar as respectivas etiologias por essas afinidades não era pertinente, como já dera indícios desta dedução desde a Carta 46 (1896b/1976, pp. 249-253). Ele vai situar a vida sexual precoce como origem da neurose histérica e da neurose obsessiva, revelando como característica fundamental dessa última, seu vínculo estrutural com o sentimento de culpa. Ao reviver o gozo sexual que antecipava a experiência ativa de antigamente, o obsessivo faz recriminações a si mesmo num trabalho psíquico inconsciente de transformação e de substituição. "Resta para a histeria", segundo Freud, "uma relação íntima com a fase final do desenvolvimento libidinal, que se caracteriza pela primazia dos órgãos genitais e pela introdução da função reprodutora" (1913/1976, p. 408). Na neurose histérica, esta aquisição está submetida ao recalque, não implicando regressão ao estádio pré-genital. Freud ressalta que ocorre também uma outra regressão na histeria, a um nível mais primitivo, dizendo: "A sexualidade das crianças do sexo feminino é, como sabemos, dominada e dirigida por um órgão masculino (o clitóris) e amiúde se comporta como a sexualidade dos meninos" (Idem, Ibid.). Observa que "esta sexualidade masculina tem de ser abandonada mediante uma última onda de desenvolvimento, na puberdade, e a vagina, órgão derivado da cloaca, tem de ser elevada à zona erógena dominante" (Ibid., p. 409). Prosseguindo, embora considere cedo demais, Freud afirma que "é muito comum na neurose histérica que esta sexualidade masculina seja reativada e, então, que a luta defensiva por parte das pulsões egossintônicas seja dirigida contra ela" (Idem, ibid.).

Segundo Quinet, os tipos clínicos também se situam distintamente quanto ao desejo. Este é estruturado não como uma resposta e sim como uma questão inconsciente, situado no nível de "quem sou eu"? Para o obsessivo, trata-se de uma questão sobre a existência (estou vivo ou estou morto?); para a histérica, trata-se de uma questão sobre o sexo (sou homem ou sou mulher?) que é subsumida pela questão – tanto para o homem quanto para a mulher histérica – "o que é ser mulher?" (QUINET, 1996, p. 29).

Feitas estas breves considerações, minha proposta de trabalho é apresentar recortes de dois casos clínicos, destacando o conflito na histeria de Juma, "a mascarada sintomática", e a experiência de desprazer e a autorrecriminação na neurose obsessiva, tendo como consequência a culpa pela experiência proibida evidenciada por José, "o fóssil engessado". Os fragmentos evidenciam como os tipos clínicos se difereciam quanto a questões sobre o desejo e a existência.

 

Juma, "a mascarada sintomática"

Inicialmente, Juma procura atendimento para o filho de seis anos de idade que apresenta medo, dificuldade para juntar as letras e tem queixas frequentes de enjoo, vômito, alergias alimentares e diarreia. Nas entrevistas preliminares, Juma apresenta uma demanda de análise e passa a falar do seu desejo de se separar do marido, criticando-o: "Eu que resolvo os problemas do meu filho e banco tudo em casa, e ele sempre passivo", quando acaba revelando que mantém um relacionamento afetivo com um médico, casado, com quem tem conseguido "algum prazer e amor". Queixa-se de seu estado permanente de tensão e de diversos sintomas físicos que apresenta: espasmos musculares, dor no peito e, principalmente, constantes problemas vaginais que dificultam seu relacionamento sexual.

Juma diz que costuma lembrar-se de seus sonhos, mas alega que estes são incompreensíveis para ela. Relata que sonha muito que "possui um pênis, medindo meio metro de comprimento, seja dependurado no cordão, seja no lugar do clitóris". Outro que se repete: "Recebo telefonemas de meu amante, antigo médico de meu filho, que ao chegar de viagem quer me ver com urgência. Sempre vou correndo ao seu encontro". Juma explica que esse sonho reproduz o que acontece no seu cotidiano, pois sempre corre para atender o amante quando ele a chama, mesmo que seja para um encontro fortuito, o que a deixa "confusa e insatisfeita". Juma fala que apresenta frequentes lapsos, enganando-se ao preencher fichas, nas quais se apresenta como do sexo masculino: "Escrevo meu nome no lugar reservado ao nome do pai. Não sei porque acontece isso, se eu sou mulher e sou a mãe!". Esses ditos da analisante apontam para manifestações do inconsciente que sinalizam a questão sexual da histérica: "Sou homem ou sou mulher?".

Durante a análise, Juma interroga e busca decifrar o sentido de seus sintomas, acrescentando outras queixas no corpo: "Hoje acordei surda, com dor de estômago e cólicas intestinais. Acho que é para não ouvir a voz do meu marido e para consultar meu gastro, pois estou com saudades dele. Meu pescoço também fica duro, vou ao ortopedista". Aqui, a analisante mostra como joga com intensa plasticidade corporal, entregando-se a uma constante simbolização e sexualização na qual os significantes copulam. Ela chega a dizer: "Eu sou muito sintomática!".

No entanto, Juma reclama: "Vou a vários médicos, mas nenhum me cura!". Recorrendo ao ensino de Lacan, Quinet diz que "a histérica inventa um mestre para não se submeter a ele, mas para reinar apontando as falhas de sua dominação e mestria" (1996, p. 29).

Juma afirma que mesmo estando insatisfeita com seu marido, "que é parado, bobo e passivo", não quer se separar, e resolve tentar "encará-lo". Pensa em seu pênis e fantasia uma boa trepada, mas foge, enquanto busca entender por que recua, "ora se sentindo anestesiada, ora sentindo aversão por ele", como fala, mantendo seu desejo insatisfeito. Pontua a analista: "Mas você permanece casada com ele..."! "É, e não sei a razão disso", diz ela. Paradoxalmente, comenta que escolheu esse homem porque sexualmente fora o mais potente que conhecera. Pontua a analista: "Potente!". E ela exclama: "Sim, no início lembrava meu pai superpotente, só com a diferença que papai tentava comer todas as mulheres, até minhas amigas". Juma lembra-se de ter visto uma das relações sexuais entre seus pais, o que a deixou com muito medo e raiva por ter visto o pai agressivo, além de se decepcionar com a mãe, pois a considerava assexuada, não percebendo-a como uma mulher submetida a um homem autoritário e prepotente. Após uma briga do casal, seu pai contou para ela, na época com dez anos, que sua mãe o traíra antes de seu nascimento, o que a deixou transtornada pela dúvida quanto à sua paternidade e decepcionada por sua ideia de "santidade materna".

Juma frequentemente dorme com o filho justificando que precisa cuidá-lo pelos problemas alérgicos que apresenta, e seu marido não se incomoda e não se oferece para ajudá-la, o que indica que ele não barra o desejo incestuoso da mulher. Juma exclama: "Lá em casa está tudo misturado, só há brigas e desencontros entre mim, ele e o menino. Brigamos muito, porque meu marido me quer muda e eu quero falar. Ele dorme numa cama e eu em outra!".

No entanto, buscando aguçar a fantasia do marido, ela não se despe, mas se veste, quando exclama: "Gosto de comprar calcinhas e sutiãs, tenho prazer de me enfeitar para ele". Lacan diz que "é para ser o falo, isto é, o significante do desejo do Outro, que a mulher vai rejeitar uma parcela essencial da feminilidade, nomeadamente todos os seus atributos na mascarada" (1958/1998, p. 701). Continuando, afirma: "É pelo que ela não é que pretende ser desejada, ao mesmo tempo que amada. Mas ela encontra o significante de seu próprio desejo no corpo daquele a quem sua demanda de amor é endereçada" (Idem, Ibid.). Desse modo, ela recorre às máscaras, faz-se de falo, indicando que, para além dos panos e enfeites, está o que constitui seu maior mistério: o gozo feminino. Não tendo um significante que a identifique como mulher, resta-lhe criar uma imagem agalmática para se sentir amada e desejada, sua principal reivindicação.

A impossibilidade da analisante é de se oferecer como objeto de desejo ao marido, de quem ela sabe que se encostar o dedo, "ele vem correndo". Seu filho foi usado para que Juma chegasse à análise, para ver se o marido reagia e para desvencilhar-se de seu sofrimento corporal. Reclama de suas insatisfações junto ao marido e ao amante, que não a satisfaz sexualmente, mas lhe dá amor, quando diz: "Tenho dois homens iguais, incompletos! Com meu amante eu relaxo, é quando consigo me descolar do papel de mãe. Ele me ouve, com quem me sinto mulher, apesar de ele falhar sexualmente. Meu marido é bobo e parado, mas potente sexualmente. Eu o provoco, mas fujo dele".

O filho aparece como "sintoma do casal parental" (1968/2003, p. 369), e seus sintomas alérgicos e dificuldade de aprendizagem escolar revelam a impossibilidade da relação sexual e a falha do pai em barrar o desejo da mãe. Assim, Juma mantém com o marido uma relação de perene insatisfação, em que ela procura impor sempre algum obstáculo entre ela e essa pessoa incômoda, que presentifica para ela o desejo. Ser objeto de desejo é uma coisa dolorosa e equivocada para ela, que, como observado, aparece convertido em seu corpo. Ela produz vários sintomas e uma série de problemas vaginais, mostrando que seu desejo está cada vez mais forte, quando afirma: "Está tudo ardendo, queimando, fica tudo em brasa, igual a uma fogueira! Tenho que correr para o meu ginecologista!".

No encontro com o sexo, Juma traz a cena primária dos pais, na qual ela vive um desencontro ao ver um homem agressivo sexualmente e uma mulher submissa, que, em sua lógica, articula-se como ser mulher = ser passiva, calar = sofrer, posição masoquista de ser agredida. Assim, ela tenta de todos os modos escapar de ser objeto de desejo de um homem e poder gozar como mulher, evidenciando dificuldades em assumir a castração e usando seu filho como tampão fálico. A estrutura histérica revelada nesse caso se resume a encontrar um homem, sustentá-lo, denunciar sua impotência e fazer com que esse homem seja impotente. Ser objeto de desejo é uma coisa dolorosa e equivocada para ela, que, como vimos, aparece convertido em seu corpo quando ela produz vários sintomas e uma série de problemas vaginais.

Nesse caso, observa-se que a analisante tem no marido um parceiro sexual com o qual faz uma manobra histérica para escapar dele. Juma vai consultar vários médicos que lhe deem um saber e um alento para sua dor. Todos, porém, são considerados "impotentes" para curá-la. Recorrendo ao ensino de Lacan em O Seminário, livro 17: O Avesso da Psicanálise (1969/1970-1992), Quinet destaca que "a histérica inventa um mestre não para se submeter a ele, mas para reinar apontando as falhas de sua dominação e mestria" (1996, p. 29).

Em Rascunho K (1896/1976, pp. 248-249), Freud diz que na histeria, o início está no trauma sexual pressupondo uma experiência primária de desprazer, de natureza passiva, de um gozo a menos. Do trauma, então, tem-se uma representação sobre o qual incidirá a barreira do recalque. O destino do afeto que acompanha a representação recalcada seria a conversão em algum lugar do corpo e disso resultaria o sintoma. No lugar da representação recalcada encontraremos uma lacuna psíquica. Quando o processo é bem-sucedido, segundo Freud, temos a operação bem-sucedida do recalque. A conversão da representação no corpo implica uma alteração, que ele chama de condensação, porque, na realidade, essa conversão no corpo não se dá de qualquer modo. A parte do corpo escolhida para representar a ideia ou a representação recalcada guarda uma relação simbólica, o que aponta para o sentido dos sintomas. Trata-se de uma operação de linguagem, condensação em Freud, e metáfora para Lacan. É a presença do sintoma que vai falar de uma relação específica do sujeito com a linguagem e, por isso pode-se ler o sintoma; ele está escrito no corpo, como sinaliza Freud, porque uma parte do corpo se presta a serviço da conversão. Há uma parte do corpo que entra em jogo na complacência somática (1905/1976, pp. 38-39). Juma não vai, de consulta em consulta, buscar um médico que lhe dê um saber e um alento para sua dor? Todos, porém, não são considerados "impotentes" para curá-la?

No artigo Fantasias histéricas e sua relação com a bissexualidade, (1908/1976, pp. 163-170), Freud ensina que o sujeito identifica-se ao mesmo tempo com o homem e com a mulher, ou seja, a histérica se identifica com o homem ao desejar o desejo dele por ela e com a mulher ao desejar ser objeto de desejo do homem. Freud descreve certos ataques histéricos em que "o paciente desempenha simultaneamente ambos os papéis na fantasia sexual subjacente. Em um caso que observei, por exemplo, a paciente pressionava o vestido contra o corpo com uma das mãos (como mulher), enquanto tentava arrancá-lo com a outra (como homem) (Ibid., p. 169). O que Freud chama de masculino corresponde ao que é o ativo, e o que ele chama de feminino corresponde ao passivo. Como ressalta Quinet, "podemos declinar dizendo que o que Freud está chamando de masculino é o desejante, e o que ele chama de feminino, o desejado. Na histeria há sempre um desejo insatisfeito, mesmo no sujeito satisfeito sexualmente" (QUINET, 2003). Nesse sentido, Freud dá um corte na história da histeria, pois desde os gregos até Charcot, a origem da histeria é vinculada à abstinência sexual. A presença de uma reivindicação fálica está associada à própria estrutura histérica, a qual está sempre em falta. A histérica cria uma falta e o outro é o culpado por essa falta, porque em última instância ela não permite que o outro lhe dê o que ela deseja, permanecendo dessa forma no desejo insatisfeito. O histérico é o próprio sujeito, o sujeito dividido, o inconsciente em exercício.

Quando Juma foge do marido, parceiro do desejo, para experimentar o "amor" por intermédio do amante, isso significaria uma estratégia histérica na qual ela se oferece apenas como objeto de amor, gozando da fantasia de ser amada, enquanto se furta de ser objeto sexual. Parece-nos que ela continua gozando da insatisfação, mantendo-se fixada na posição fálica ao indicar a falta também no amante, pois apesar de todo amor que este lhe dá, ela o chama de "pão-duro" e "impotente". Dessa forma, Juma "como histérica, unilateraliza a castração do lado do homem para escamotear sua própria falta" (QUINET, 1995, p. 18). Ou seja, algumas mulheres sabem conscientemente que marcam o parceiro com a castração simbólica e que é preciso esse jogo para que ela o deseje.

No discurso histérico, o sujeito dividido encontra-se no lugar do agente, no lugar do que comanda, para um benefício que é de produção de saber. O sujeito histérico parece demandar o saber, mas o que ele quer é o ser. Uma maneira de remediar a falta de ser é o laço social pelo qual ele tenta alojar-se no vazio do Outro. No que concerne ao desafio, o histérico, sobretudo em análise, o sustenta até o fim, e faz do desafio a sua questão. O acting out parece ser, na histeria, o instrumento clínico desse desafio, do ser em busca do "parceiro" que tenha chance de responder.

 

José, "o fóssil engessado"

Em processo de análise, José fala que sempre trabalhou com o pensamento, o racional, a simbologia, buscando certezas nos livros. Diz ele: "Me perco muito em palavras e conceitos, fico dias nessa coisa, misturado e preso em cadeias de palavras. Se penso na palavra meditação, vem reflexão, ego, eu, e assim vai". Fica deprimido porque não consegue concretizar nenhum projeto, "perpetrar coisa alguma", sentindo uma angústia "imobilista, inoperante, aparvalhante", como diz o analisante. Formado em cinema, alega que ficou "engessado e fossilizado ao virar funcionário público, só compilando dados para o chefe".

José lembra-se que, na infância, a mãe o alertava sobre a maldade no sexo, a não ir na conversa de ninguém. Até que um rapaz lhe oferecera bolas de gude transparentes que o deixaram fascinado e ele embarcou na sedução. Relata que não houve penetração: "Só houve bulinação, e eu fiquei satisfeito com a troca". Esse acontecimento não teve significação para ele, até ouvir alguém dizer que o sexo era coisa proibida, quando percebeu que fora "sacaneado", expressando: "Caí na real, empalideci, me senti um criminoso". Acrescenta que se sentiu angustiado e com sentimentos de culpa por haver concordado em participar daquela relação, se autorrecriminando.

Continuando, afirma que as orientações de seu pai foramvoltadas para que nada de funesto acontecesse com ele, do tipo: "É melhor ficar em casa do que sair, jogar, chutar, ser aplaudido ou vaiado. Ficando no banco de reservas, não lhe acontecerá nada, meu filho". Mas, segundo José, é melhor ser vaiado quarenta e nove vezes vezes em cinquenta chances e acertar só um gol que não chutar, não tendo nenhuma chance de fazer gol. Acrescenta que não conseguia pegar no volante porque o pai sempre dizia: "Cuidado, você vai se acidentar". Durante uma viagem, afirma que contou, em quarenta e cinco minutos, trinta e duas coisas negativas que o pai falou. Diz que não percebia que isso tinha relação direta com ele, achando tudo folclórico, pensando que o pai era "pirado". Quanto à religião, exclama: "Quando eu era pequeno tinha medo de não acreditar em Deus, pois me ensinaram que eu ia me dar mal se não tivesse essa crença. Minha vida foi moldada em procurar certezas na religião". Até iniciar seu tratameto, o analisante não notara que todas essas observações deixaram fortes marcas em sua subjetividade.

José comenta que passou a beber para romper com os valores familiares, explicando: "Sempre endossei os dogmas religiosos paternos, vivendo de reflexões e assertivas do hinduísmo, budismo, islamismo, alcorão e da bíblia, que faziam parte de minha bibliofilia, da mania de colecionar livros". Comenta que se não fosse esse saber, sua iconografia psíquica seria outra, que são as várias imagens mitológicas que construiu em função da leitura da bíblia. Lembra-se de que depois se ligou a um grupo de artistas, dizendo que seu batismo foi um grande "porre", mas com o tempo, precisou afastar-se dessas pessoas por julgá-las "culturalescas", refugiando-se na bebida. Retornava sempre ao bar para conversar, mas acabava profetizando dogmas religiosos, quando lembrava-se do pai, que sempre repetia histórias de heróis bíblicos. Diz ele: "Lá no bar eu não falava de mim, das minhas questões, das minhas prioridades, das minhas emergências, carências, insuficiências, brechas, crateras, fraturas e dos meus vazios. Lá, eu ficava hibernando as ideias, carpindo os pensamentos no copo de cerveja. Acompanhando todo o ritual do cadáver, velar o corpo, orar por sua alma, até sepultá-lo. Qualquer projeto tinha de ser carpido ali, e eu ia escrevendo e bebendo até ficar embriagado, inconsciente, esquecendo tudo", o que sinaliza seu desejo mortificado.

Associando livremente em análise, José evidencia sua procrastinação indicando como é difícil agir, concretizar e perpetrar seus planos. Ele contabiliza e compila dados, enumera ideias, lança e verifica hipóteses, faz relatórios, revelando sua "iconografia mental", como ele mesmo afirma, ou seja, "os labirintos tortuosos de sua mente', nos quais se mostra escravo dos pensamentos, prevalecendo o deslizamento metonímico (hinduísmo, budismo..., exigências, carências, insuficiências...). Sem se dar conta, José repete as verdades instituídas, alienantes, não sabendo nada sobre seu desejo. Embriagado pelas palavras, pelo simbólico, seus atos sucumbem na ruminação mental e, em sua solidão, compartilha com a bebida o gozo do pensamento. Mas certo dia, ele é capturado pela pulsão escópica, pelo objeto olhar, ao ficar fascinado e impressionado quando vê a garçonete do bar enfiar, penetrar os dedos nos gargalos das garrafas para recolhê-las das mesas. Nesse momento desperta a questão do desejo, e passa a observá-la e segui-la criando questões e fantasias, quando afirma: "Quem seria aquela mulher, seria casada, a "rainha do lar" como sua esposa de quem afirmava não sentir mais nada? Em processo de análise, José deixa de falar da garrafa e passa a descrever a mulher clara que conhecera no bar. Pontua a analista: "Clara"? "Sim, ela é clara assim como você", responde José. Corta-se a sessão e ele não comparece na sessão seguinte. No entanto, dias depois, passa no consultório e deixa uma caixa de bombons para a analista, evidenciando a transferência erótica e resistência. Por meio de contato telefônico, o analisante é convidado a voltar, e ele retorna.

Em análise, José procura se desvencilhar das verdades impostas pelos mestres encarnados por teólogos nos quais buscava compulsivamente um saber. Em sua "bibliofilia", José se apresenta instalado no discurso do mestre, evidenciando a dialética do senhor e do escravo em que ora se coloca como pastor, encarnando a lei de Deus ao "pregar" nos bares, ora se apresenta escravizado das certezas dos versículos e mandamentos bíblicos, nos quais verdades absolutas lhes foram impostas.

Freud, em sua correspondência a Fliess, nos seus primeiros estudos sobre a etiologia da neurose obsessiva, observa que esta neurose de defesa está vinculada à conotação de prazer quando do primeiro encontro com o sexo, mas quando sua recordação é evocada, esta se acompanha da autorrecriminação, tendo como consequência a culpa pela experiência proibida. O que era prazer se torna desprazer. Em seguida, recordação e recriminação são recalcados para dar origem à escrupulosidade. Ao retornar o recalcado, o afeto da recriminação se associa a um conteúdo deformado: a ideia obsessiva, que é o sintoma de compromisso. A recriminação que acompanha a recordação da experiência sexual de prazer lhe confere a posteriori a característica de experiência proibida. Ela representa a lei pela qual o gozo é marcado como proibido e seu retorno. "A obsessão traz ao mesmo tempo a lei e sua transgressão, o gozo e sua condenação" (QUINET, 1997, p. 68).

A experiência sexual de prazer da infância de José adquire no a posteriori uma conotação condenável que se desloca para seus atos, daí sentir-se "imobilizado, engessado", pois passar ao ato, isto é, "perpetrar" seus pensamentos, equivale a realizar uma ação criminosa. Embriagado pelas palavras, pelo simbólico, seus atos sucumbem na ruminação mental e, em sua solidão, compartilha com a bebida o gozo do pensamento. Durante muito tempo a garrafa de cerveja foi a parceira ideal de suas frustrações e aspirações, "o casamento feliz" (FREUD, 1912, p. 171). José vai com projetos para o bar, mas seu alcoolismo é uma tentativa de anestesiar e anular o gozo do crime de sua infância e, ao apagá-los de sua memória e consciência, desaparece como sujeito, evidenciando seu desejo impossível.

Neste caso observam-se os fenômenos intrassubjetivos característicos da neurose obsessiva. Beber não tinha importância para José, até ele se deparar com as dívidas, com a justiça, com a lei simbólica, quando emergem manifestações de intensa angústia e culpa ao perceber sua omissão diante dos fatos em que estava implicado. Via-se como "co-gestor" de uma situação numa sociedade que tinha com um amigo, que foi à falência, alegando sua implicação no fracasso, já que não comparecia na empresa.

Em suas associações, evidencia sua procrastinação, indicando como é difícil agir, concretizar e "perpetrar" seus planos, que continua adiando. Ele contabiliza e compila dados, enumera ideias, lança e verifica hipóteses, faz relatórios o tempo todo, revelando sua "iconografia mental", como expressa, ou seja, os labirintos tortuosos de sua mente, em que se mostra escravo dos pensamentos, prevalecendo o deslizamento metonímico. José goza do pensamento, satisfazendo-se no sintoma da ruminação mental obsessiva. Dessa forma, "o obsessivo não só anula seu desejo como tenta preencher todas as lacunas com significantes para barrar esse gozo: ele não para de pensar, duvidar, calcular" (QUINET, 1996, p. 28).

Inicialmente, aprisionado aos significantes mestres (S1), aos imperativos superegoicos, representados não só pelo Outro paterno e materno, mas também pelos mestres religiosos, José repetia as verdades instituídas, alienantes, não sabendo nada sobre seu desejo. Mas ele é capturado pela pulsão escópica, pelo objeto olhar, focalizado na mulher "clara" do bar, pelo qual fica fascinado, quando aparece a questão do desejo.

Ao se sentir um "criminoso", portador de um pênis "estilete" que pode machucar a mulher, José afasta-se do objeto causa de desejo para não "perpetrar", ou seja, realizar um ato condenável que o deixaria culpado. É na análise, por meio da neurose de transferência, quando aparecem as resistências, que ele pode atualizar e elaborar a experiência traumática. Presenteando a analista e interrompendo o tratamento ele recua, tentando "protegê-la" e, desse modo, busca anular suas fantasias agressivas associadas ao gozo da penetração ("a mulher enfiando os dedos nos gargalos") que estavam veladas em seu vício do alcoolismo.

Insatisfeito sexualmente com sua esposa, a "rainha do lar, a mãe zelosa", José procura uma mulher que lhe demande e que possa satisfazer seu desejo a contrabando. Com a análise, percebe que seu alvo mudou. Continua indo ao bar, não mais para beber, mas para focalizar seu objeto causa de desejo, "a pérola do olhar", como diz, uma imagem "clara", fascinante e idealizada que criou. Ele a vê, mas é nela que ele se vê, ficando nesse jogo de espelhos e imagens em que o que vê é sua própria imagem refletida no espelho, representada por ela, "a mulher do bar", a quem ama narcisicamente. É ela, no lugar de objeto a, mais-de-gozar, que o faz sair da inércia, da pulsão de morte, que o faz despertar da embriaguez mortífera, repetitiva, para poder lembrar, sonhar e fantasiar. Construir uma história na qual o outro está presente, a quem pode endereçar e reabrir a questão sobre seu desejo (Che vuoi). "O que o outro quer de mim?" (LACAN, 1958/1966, p. 829). Em associação livre, lembra da história infantil da Cinderela, indagando: "O que a mulher clara do bar, a Cinderela quer de mim? Ela precisa de proteção, de amor?", questiona José diante da emergência da libido, com toda sua luminosidade. Ele segue a mulher por todos os cantos como um bom voyeur, e de longe a admira, enquanto afirma: "Não é sexo não, é diferente!", negando seu desejo, que permanece na ordem do impossível. Em suas fantasias, José procura uma mulher que possa proteger e botar seu pênis, "colocar o sapatinho", como em seus sonhos de criança, quando observa-se que a articulação significante substitui a relação sexual. Os significantes copulam, substituindo o ato sexual, e coloca a distância a parceira, que observa seu desempenho intelectual sem ser por ele tocada, situação que desencadeia significativa fonte de angústia.

Ao se deslocar da "acidez profética" dos discursos do mestre, paterno e religioso, questionando os imperativos categóricos vindos do Outro, José passa da coerção do pensamento à dúvida e, na "doçura do romantismo", busca um mestre (analista) que lhe dê um saber sobre a verdade de seu gozo, já que a barreira do recalque o impede de ter acesso a esse saber. Assim, o analisante, ao não encontrar um mestre encarnando o saber, nem um sujeito das paixões no lugar de agente do discurso do analista, passa a produzir e a destituir os significantes que o martirizavam, determinando sua vida. E o desejo de José de saber sobre a questão sexual, sobre a relação entre um homem e uma mulher, se transforma na busca de uma investigação epistemológica, mostrando a histerizaçao do discurso.

 

Considerações finais

Num momento preliminar de seu trabalho, o analista procurará investigar a que o sintoma está respondendo, que gozo este sintoma vem delimitar. Para o paciente, o sintoma lhe dá certa consistência, certo faz de conta do sujeito. Lacan nos ensina que o sintoma é inteiramente alienado ao Outro. É uma resposta ao Outro. É necessário que seu sintoma, que é um significado para o sujeito, readquira sua dimensão de significante, implicando o sujeito e o desejo. O sintoma aparece como um significado do Outro, é endereçado pela cadeia do significante ao analista, que está no lugar do Outro, que tema atribuição de transformar esse sintoma na questão, nomeada por Lacan de "Que queres"? (Che vuoi?), (1958/1966, p. 829), questão chamada desejo. Cabe ao analista, portanto, introduzir o desejo nessa dimensão do sintoma.

Os exemplos clínicos demonstram que a fonte de excitação pode ser transportada para o corpo, por um processo de conversão (histeria) no caso de Juma; ou pode permanecer no psíquico (obsessivo), como evidencia José. O caráter puramente mental dos processos obsessivos é mais obscuro do que o da histeria, sendo mais difícil entender um dialeto em que a língua dele é próxima.

Em Freud, temos a histeria como o grande protótipo da neurose. Na etiologia da neurose obsessiva, o encontro com o sexo é prazeroso, mas se acompanha da autorrecriminação, tendo como consequência a culpa pela experiência proibida. Como ponto de partida, na neurose obsessiva temos o trauma sexual e o excesso de prazer. Segue-se à representação, que vai corresponder ao encontro traumático do excesso de prazer e que Freud vai chamar de autorrecriminação. A partir daí toma outro rumo na neurose obsessiva, segundo Freud, onde o sujeito crê na autorrecriminação. Então, o recalque incide sobre ele, e o afeto é deslocado numa solução de compromisso, aparecendo de ideia obsessiva como sintoma. Temos aí, também, uma operação de linguagem: o deslocamento por metonímia e o aparecimento de ideia obsessiva como solução de compromisso. Esta mantém a autorrecriminação recalcada (fora da consciência), porém, o deslocamento do afeto permite que o sujeito goze de sua obsessividade, da ideia obsessiva. Goza no sentido de que tem prazer e de que também sofre. O prazer e o sofrimento são mantidos.

Os recortes clínicos mostram que a pergunta sobre sexo incomoda o sujeito pelo fato de ele ser um sujeito de linguagem. Isto significa que a sexualidade humana não tem nada de natural. Ela é determinada pelo significante. Ninguém sabe direito o que é "ser homem" e o que é "ser mulher". Todo humano vive sob a ameaça da suposta "bissexualidade", termo que Freud tomou de Fliess, apontando para a perplexidade do sujeito humano diante do sexo, por estar dissociado de qualquer coisa que seja da ordem do instinto. O sujeito está determinado pela linguagem, ou seja, ele está submetido aos parâmetros culturais.

Em análise, Juma mostra nos seus ditos, de várias formas, seu desejo insatisfeito e sua divisão enquanto sujeito. Esta analisante ilustra que a mulher não forma um universo, daí dizer que A Mulher não existe, como diz Lacan. Juma mostra que a mulher é não-toda submetida à ordem fálica, ela não faz série, ela se desdobra, se mascara e faz semblante de falo, mostrando que seu gozo é enigmático, devendo ser tomada uma a uma. Isso, a clínica psicanalítica não cansa de ensinar, onde observa-se que cada mulher apresenta uma forma particular de gozar.

José inicia a análise "engessado" e submetido a verdades oriundas dos discursos dos mestres paterno e religioso, curtindo ruminações e sentimentos de culpa. Dessa forma, mostrava sua impossibilidade de agir que é correlata à sua modalidade de sustentação do desejo como impossível. Mas com o tratamento psicanalítico, por meio da transferência, ocorre a histerização de seu discurso, quando emerge a questão do desejo: o que quer uma mulher "clara, a Cinderela?". E na sua divisão como sujeito, sujeito dividido, encontra-se no lugar do agente que comanda a produção de saber. Na posição histérica, José passa a questionar as certezas nas quais se encontrava alienado, assim como seus desejos e atos, ao estabelecer a transferência de amor com a analista, sujeito suposto saber sobre as questões de sua existência.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Lenita Pacheco Lemos Duarte
E-mail: duartelenita@gmail.com

Recebido: 15/02/2014
Aprovado: 22/08/2014

 

 

* Psicóloga. Psicanalista. Membro da AFCL RJ e da IF-EPFCL-Brasil. Participante de Formações Clínicas do Campo Lacaniano. Pós-graduada em Psicanálise pela Universidade Estácio de Sá (UNESA). Mestre em Pesquisa e Clínica em Psicanálise pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
1 Parte deste trabalho foi originalmente apresentada no I Colóquio da Escola de Psicanálise do Campo Lacaniano – Fórum Rio: "Histeria: Sujeito, Corpo e Discurso", 2003 e na XIV Jornada da AFCL, Belo Horizonte, "O Desejo e suas Errâncias", 2013. O desejo nas neuroses também foi tema de pesquisa do Cartel realizado por um grupo de psicanalistas de Niterói, RJ, do qual fiz parte, no período de 2007 a 2009, sob o título de Diferenças entre as neuroses histérica e obsessiva.

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