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Stylus (Rio de Janeiro)
Print version ISSN 1676-157X
Stylus (Rio J.) no.33 Rio de Janeiro Nov. 2016
ATUALIDADE DO LAÇO SOCIAL
Lacan e a modernidade
Lacan and modernity
David Bernard*
Analista Membro de Escola - AME
Université de Rennes 2
Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano
Collège de Clinique Psychanalytique de l'Ouest (CCPO)
RESUMO
Gostaríamos aqui de retornar a alguns diagnósticos de Lacan sobre modernidade, para tentar melhor separar, um por um, dentre seus comentários, os que concernem ao laço social e aqueles concernentes aos sintomas e ao inconsciente dos sujeitos. Porque se Lacan soube marcar lucidamente certos efeitos da modernidade, ele também sublinhou seus limites estruturais, razão pela qual, dizia, ele não era pessimista.
Palavras-chave: Modernidade, Laço social, Pulsão, Gadget.
ABSTRACT
Here, we would like to review some of Lacan's diagnoses of modernity, in an attempt to achieve a better distinction between his commentaries on social bonding and those on subjects' symptoms and subconscious, one by one. Indeed, while Lacan emphasized and clearly demonstrated certain effects of modernity, he also highlighted its structural limits, and according to him, this was the reason why he was not pessimistic.
Keywords: Modernity, Social bonding, Drive, Gadget.
Nós sabemos que alguns psicanalistas de hoje, reivindicando-se às vezes lacanianos, não cessam de clamar que tudo muda ou que, de forma mais astuta, tudo mudará em breve. O inconsciente claro, mas também o real, os analisantes, os sintomas, os gozos etc... Parece-me, portanto, que Lacan, apesar de exortar a acompanhar a subjetividade de sua época, nunca caiu em tal denúncia. Eu, aqui, gostaria de marcá-lo.
Há, claro, o que ele conseguiu isolar como efeitos do discurso capitalista, e não os menores. Dentre eles, a ascensão do racismo e da segregação, em conjunção com o que ele nomeava a foraclusão das coisas do amor, ou seja, jogar o sexo para escanteio (LACAN, 1970/2003, p. 530). Seguindo Lacan, há então, pelo fato do discurso próprio à nossa modernidade, o que poderia mudar, e sobre o que os psicanalistas devem se questionar. No entanto, sublinhemos que ele relativizara, de outra parte, certos efeitos do capitalismo, não se deixando de jeito nenhum impressionar pelas promessas revolucionárias deste discurso. Eu tomo um primeiro exemplo, retirado de uma entrevista que ele deu em 1974 ao jornal italiano Panorama. Assim que o jornalista lhe lança: "Os tabus caíram, se diz, o sexo não dá mais medo", Lacan replica: "A sexomania galopante é somente um fenômeno publicitário (...). Que o sexo esteja na ordem do dia e exposto em todas as esquinas, tratado da mesma forma que qualquer detergente nos carrosséis televisivos, não constitui absolutamente uma promessa de qualquer benefício. Não digo que isso seja ruim. (...) Só não serve para curar as angústias e os problemas singulares. Faz parte da moda, dessa falsa liberação que nos é fornecida como um bem concedido do alto pela suposta sociedade permissiva. Mas isso não serve no nível da psicanálise" (LACAN, 1974/inédito). Vê-se aí um pequeno comentário que, sobre a questão da modernidade, me parece exemplar em vários aspectos.
Sabemos, de fato, que naqueles anos 1970, a esperança de uma revolução sexual animava a juventude. E nós vemos aqui que Lacan não desprezava o progresso social que essa revolução sexual, tal como esperada à época, pudera trazer. "Eu não digo que isso seja ruim" – diz ele – "salvo que, para a psicanálise" – continua – "a questão não está aí". Em tudo que se produz aí, em todas essas mudanças na sociedade, nada serve à psicanálise. A isso tem uma razão precisa: nada virá consolar o sujeito neurótico da castração e do seu efeito, a inexistência da relação sexual. Do ponto de vista psicanalítico, não há, portanto, e não haverá jamais, a liberação do sexo. Não há liberação desse real da castração, que funda o "medo de não compreender" (Ibid.) da neurose.
Há aí, para a psicanálise, algo que não mudará. Portanto, não há por que se exaltar. Exaltar-se no sentido do fantasma. E desse modo, o neurótico é bem aquele que, sob o assunto da modernidade, se exaltará muito rapidamente em torno desse ponto onde tudo poderia mudar, seja por sonhá-lo, seja por temê-lo. E, aliás, que tudo possa mudar, não é outra maneira de formular o encontro do gozo, com o que este pode convocar como afetos de esperança ou de angústia? Diante da ideia de que tudo possa mudar, pode ser prazeroso sonhar, ou (se) assustar.
A esse respeito, retornemos à posição de Lacan. Eu acabo de indicar um dos seus princípios, fundados sobre a estrutura e não sobre uma visão fantasmática do mundo. Já que não haverá liberação do sexo, a psicanálise não precisa versar sobre falsas promessas, as quais atolarão o sujeito em sua impotência, em vez de lhe permitir se virar com o impossível da não relação sexual. Mas também, o psicanalista não deve atiçar os medos... do amanhã. Nós sabemos de fato como a manutenção do medo pode ser uma estratégia política, notadamente na juventude para ganhar seu apoio. Lacan o comentou, acrescentando que a manutenção do medo da juventude, o que o deixava furioso, era algo "repugnante" (LACAN, 1968-69/2008, p. 230). Resumindo então: já que não há relação sexual, haja vista que a castração é estrutural, o psicanalista não deve participar, nem se deixar impressionar pelo medo dos levantes que estão por vir, esse medo de que tudo mude. A partir disso deduzo que nós ganharíamos em precisar os diagnósticos de Lacan sobre a modernidade, para não versar, a nossa vez, e mais ainda em seu nome, sobre um medo e um catastrofismo generalizados. O próprio Lacan, na mesma entrevista, objeta a isso claramente. Assim, em se tratando da modernidade, ele acha bom precisar: "Eu não me alinho dentre os alarmistas, nem dentre os angustiados. Cuidado se um psicanalista não ultrapassar seu estado de angústia" (LACAN, 1974/inédito).
O desatino moderno
Há bem, como eu destaquei, os efeitos graves, muito graves, que ele atribui ao discurso capitalista, como o aumento do racismo, da segregação, que verificamos infelizmente a cada dia em nossas telas. Tantos efeitos, portanto, que tocam o laço social e a sua ruína. Mas, no entanto, acharemos em Lacan uma só indicação concernente a uma modificação, devido à modernidade, do real do sexo e do seu correspondente no inconsciente?
Deixo a questão aberta por enquanto, para precisar primeiro o que encontramos muito cedo em seu ensino. A saber, um diagnóstico preciso, sobre o qual ele voltará muitas vezes. O discurso capitalista se define por jogar o sexo para escanteio, quer dizer, numa tentativa de foracluir, no simbólico, a castração. Assim sendo, ele avança, em seu seminário intitulado O saber do psicanalista: "O que distingue o discurso do capitalismo é isto – a Verwerfung, a rejeição (...) da castração. Qualquer ordem, qualquer discurso que se aparenta ao capitalismo deixa de lado o que nós chamaremos simplesmente as coisas do amor". E acrescenta: "É bem por isso que (...) a castração fez finalmente sua entrada irruptiva na forma do discurso analítico" (LACAN, 1971/2011, p. 88). Há, portanto, no discurso capitalista, uma tentativa de foracluir a castração, a qual não se deixa rejeitar tão facilmente, ao ponto que ela fez um retorno – "entrada irruptiva", diz aqui Lacan – na invenção da psicanálise. Aqui está o bastante para relativizar um pouco a ideia de que o capitalismo acabaria com a castração. De fato, nós vemos aqui aparecer uma tese diferente: há esta tentativa de foraclusão, que foi respondida com o retorno da castração no real dos sintomas. Razão pelo qual, houve a invenção da psicanálise.
Daí deduzo duas outras observações. Primeiramente, nós vemos aqui se esclarecer em que o discurso capitalista pode afetar o laço social. O que é de fato a castração se não a possibilidade de fazer laço? Lacan insistiu seguidamente nisso, e notadamente sobre as coisas do amor. Eu não posso aqui demonstrá-lo, mas a tese é clara: a castração é o que condiciona a possibilidade do amor. O que ele nomeou também o "médium da castração" (LACAN, 1967/2003, p. 570) é o que permitiria a cada um dos dois parceiros, qualquer que seja o sexo, "encontrar seu lugar na relação dita genital" (Ibid.). Desde então, ao foracluir a castração, o que teremos? Ao oposto desse lugar encontrado, mesmo se ele divide aquele que o ocupa como homem ou mulher, o que ele nomeou "o desatino" (LACAN, 1973/2003, p. 533) do sujeito moderno, em sua relação ao gozo. E é na medida mesmo desse desatino que os sujeitos poderão então tentar situar ainda mais ferozmente o gozo que lhes faz falta no lugar do Outro. Quer se trate de recriminá-lo por no-lo roubar, e teremos o racismo. Quer se trate de lhe impor o nosso, e nós teremos o que Lacan nomeou "a humanitariaria1 a pedido" (Ibid.), uma maneira de mantê-lo como um subdesenvolvido, para não deixá-lo com seu modo de gozo, que por ser Outro, nos amedronta.
Divertir-se2
Aqui está quanto ao laço social. Eu passo agora à dimensão do desejo. Aqui, Lacan se recusa a ser, diz ele, alarmista. Eu gostaria de destacar seus motivos, porque a demonstração é muito precisa. Diremos primeiro seu argumento principal: os objetos do discurso capitalista não chegarão realmente a foracluir a castração, e logo a se substituírem ao objeto causa do desejo. Em outras palavras, o ser falante não logrará realmente ser animado por um gadget, o que quer que possa esperar, temer ou ouvir nas promessas publicitárias. Assim sendo, Lacan pergunta em sua conferência A terceira, proferida em Roma algumas semanas antes de sua entrevista ao Panorama: "Os gadgets (...) tomarão mesmo independência? Chegaremos a nos tornarmos realmente animados pelos gadgets? Isso me parece pouco provável, eu confesso" (LACAN, 1975/inédito). "Eu não sou muito pessimista. Haverá uma canseira do gadget." Todos esses gadgets, "todas essas coisas que devoram, (...) não há por que fazer um drama disso. Eu estou certo de que quando estivermos entediados com aquilo (...), encontraremos outras coisas para nos ocupar" (Ibid.). Há então o desatino do sujeito moderno em seu gozo, mas que o deixará, na sua estrutura, sempre animado por um desejo de Outra coisa, segundo a fórmula pela qual Lacan define o "tédio".3 É bem com isso, aliás, que o discurso capitalista lida habilmente, propondo sempre ao sujeito, justamente, outras coisas para consumir, para que ele engane seu tédio. É também aí o que certos políticos sustentam, já que compreendem que quando o sujeito consome, ele não se revolta.
Contudo, defende aqui Lacan, não há por que se preocupar com a permanência do desejo, seja nesse desejo de Outra coisa que faz o tédio, tanto quanto as revoluções. Eu acabei de indicar a razão estrutural: nenhum objeto de realidade, seja o último modelo, seria suficiente para substituir o objeto causa de desejo. Portanto, eis o que deixará sempre a possibilidade, desde que os próprios psicanalistas não se deixem enganar pelas pretensões desses gadgets, de propor ao sujeito decifrar a parte que ele mesmo toma nesse consumo desenfreado que o desatina. Ou seja, as razões sempre singulares pelas quais ele se deixará... devorar, judiar, fascinar ou comandar, pelos objetos que ele consome.
Lacan: nem alarmista, nem pessimista
Para continuar a demonstrá-lo, retomo a frase citada acima, e a continuo. "Eu não me alinho dentre os alarmistas" – enuncia Lacan – "nem dentre os angustiados. Cuidado se um psicanalista não ultrapassar seu estado de angústia. E verdade, há ao nosso redor coisas horripilantes e devorantes, como a televisão,4 pela qual a maioria de nós se encontra regularmente 'fagocitada'. Mas é somente porque há pessoas que se deixam 'fagocitar', que elas vão até inventar um interesse pelo que elas veem" (1974/inédito).
Eu destaco esta expressão: o sujeito se deixa... "fagocitar". Ela nos permite, de fato, prosseguir na demonstração. O que ela diz? Primeiramente, ela nos remete diretamente à lógica da pulsão. Lacan insistia nisso desde Roma, algumas semanas antes. O ser falante se deixará agarrar pelas ágapes modernas, pela via das pulsões. Em outras palavras, os objetos mais-de-gozar sem valia que produzem o discurso capitalista, só valerão por meio das satisfações pulsionais que eles permitem, via os quatro objetos pulsionais. Pelo olhar, então, mas não somente, pela voz, pelo objeto oral ou anal também. Nenhuma razão, de fato, ao que me parece, de fazer de um ou outro desses objetos a última palavra da modernidade. Mas o modo de aí reencontrar a lista limitada das pulsões, assim como sua dimensão devoradora que, tal um pacman, nunca cessa de se satisfazer. E é por isso que, aqui também, Lacan insistiu sobre a razão estrutural, motivo pelo qual ele não é alarmista. Haverá sempre a possibilidade para o sujeito questionar por que ele se deixa... Assim, os gadgets, "nos comem, mas eles nos comem por intermédio das coisas que eles movimentam em nós. Não é à toa que a televisão é devoradora. É porque nos interessa mesmo assim. Interessa-nos por certo tanto de coisas absolutamente elementares, que se poderia enumerar, fazer uma pequena lista. Mas enfim, a gente se deixa consumir. É por isso que eu não estou nem dentre os alarmistas, nem dentre os angustiados" (LACAN, 1960/2005, p. 77).
Mas então, por que o sujeito se deixa devorar pelos gadgets? Para aí encontrar uma satisfação pulsional. O que mais? Para assim tentar poder contornar a castração. O sujeito se deixa interessar pelas ofertas de gozo contemporâneas na medida em que ele finge encontrar em tal ou tal encarnação desses objetos, sempre a mesma coisa, o falo como objeto. Ora aqui, nada novo. Nós, inclusive, reencontramos de fato uma lógica muitas vezes descrita por Lacan. Eu relembro brevemente seu princípio. Primeiramente, pelo fato de que a castração, o falo será um significante, não um objeto. Portanto, não há pulsão genital, e logo, não há relação sexual. Não há o objeto que permitiria ao sujeito atingir o Outro, e encontrar nesse Outro seu correspondente. Com a falta, o sujeito substituirá então o Outro por um dos objetos da pulsão. E é a título desta substituição que tais objetos poderão ser desejados e pedidos ao Outro. Simplifiquemos: onde o sujeito não poderá dar nem receber do Outro o falo faltante que teria assegurado a relação sexual, ele substituirá com um dos objetos da pulsão. E é por isso que Lacan, no seminário Mais, ainda pôde deduzir que o verdadeiro "parceiro" (LACAN, 1972-73/1985, p. 114) do sujeito não será o Outro, mas sim uma das formas dos objetos pulsionais.
Assim sendo, qual é a esperança do sujeito moderno? Não somente a de poder encontrar nesses objetos gadgets encarnações dos objetos da pulsão, mas a de poder encontrar assim seu correspondente, seu parceiro. Nós temos então a razão precisa pela qual Lacan não é pessimista. Visto que jamais a pulsão e suas quatro formas de objeto serão suficientes para substituir a castração, e logo a não relação sexual (LACAN, 1973/2003, p. 526), o sujeito casado com seu iPhone não deixará de tropeçar novamente sobre sua falta. Seu iPhone no bolso, ele recairá, seja o que for que ele esperasse, sobre o fato de que o falo não é um objeto, mas o significante de uma falta de objeto que objeta a relação sexual. Desde então, o verdadeiro parceiro seguirá faltando. E é por isso que Lacan virá a comparar esses gadgets ao que ele chama uma falsa mulher. Ou seja, em cada um dos casos, a falsa promessa do objeto pulsional, ao querer substituir o objeto fálico que não existe.
Conclusão lógica: os gadgets não faltarão, à sua vez, de se tornar sintoma. "Nós não conseguiremos realmente fazer com que o gadget não seja sintoma, porque ele já o é, evidentemente. É certo que se tem um automóvel... como uma falsa mulher;5 quer-se, absolutamente, que seja um falo, mas isso só tem relação com o falo pelo fato de que é o falo que nos impede de ter uma relação com algo que seria nosso correspondente sexual. É nosso correspondente parassexuado, e cada um sabe que o 'para' consiste em que cada um permaneça do seu lado, que cada um fique ao lado do outro" (Ibid.).
Volto então à conclusão que Lacan retira. "Eu não sou muito pessimista. Haverá uma canseira do gadget" (1960/2005). Todos esses gadgets, "todas essas coisas que devoram, (...) não há porque fazer um drama disso. Eu estou certo de que quando estivermos entediados com aquilo (...), encontraremos outras coisas para nos ocupar" (1974, inédito). Onde reencontramos o tédio, esse desejo de Outra coisa. Eu acabei de marcar, portanto, como esse desejo de Outra coisa poderá igualmente aparecer por meio do sintoma. A questão, portanto, concernente aos próprios psicanalistas: saberão eles se sentir suficientemente implicados com os efeitos do discurso capitalista no laço social, sem por isso se deixar impressionar pelo poder desses gadgets? Em outras palavras, saberão eles seguir acreditando no inconsciente? Será preciso, para tal, apontava Lacan, que eles tenham transposto sua angústia. Em poucas palavras: que eles tenham aprendido bastante com ela, para medir o real da castração e não recalcá-lo novamente. Ou seja, que eles ousem manter-se à altura da posição analisante, aquela cujo pequeno Hans já sabia dar o exemplo. Lacan, sobre isso, concluiu: "A fobia do pequeno Hans, eu mostrei que ela era assim, ali onde ele fazia Freud e seu pai darem voltas e mais voltas, mas disso, desde então, os analistas têm medo" (LACAN, 1973/2003, p. 527). E nos dias de hoje?
Referências
LACAN, J. (1960). O triunfo da religião: precedido de Discurso aos católicos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. [ Links ]
__________. (1967). "Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista de Escola – Primeira versão" In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
__________. (1968-69). O seminário, livro 16: De um Outro ao outro, Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro, 2008. [ Links ]
__________. (1971). Eu falo com as paredes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2011. [ Links ]
__________. (1972-73). O seminário, livro 20: Mais ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985. [ Links ]
__________. (1973). "Televisão" In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. [ Links ]
__________. (1974). Entrevista com Emilia Granzotto para o jornal Panorama, em Roma (21/11/1974), inédito. [ Links ]
__________. (1975). Conferência A terceira. Paris, inédito. [ Links ]
Endereço para correspondência
20 rue des Fossés, 35000
Rennes - França
E-mail: dabernard2@yahoo.fr
Recebido: 09/08/2016
Aprovado: 12/09/2016
Tradução: Luciana Guarreschi
Revisão da tradução: Luc Matheron
* AME, psicanalista. Mestre de Conferências em Psicopatologia na Université de Rennes 2. Membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano, ensinante no Collège de Clinique Psychanalytique de l'Ouest (CCPO).
1 Trata-se de um termo que caiu em desuso hoje em dia, e que fora forjado por A. de Musset, para designar um sentimento exagerado a respeito da humanidade sofredora.
2 Tromper son ennui no original em francês, literalmente "enganar seu tédio", é uma expressão que significa satisfazer ilusória e temporariamente um desejo ou uma necessidade; por extensão de sentido, divertir-se.
3 Cf. também sobre este ponto LACAN, J. (1970). "Radiofonia" In: Outros escritos, op. cit., p. 411: "Quando já não se sabe a que santo recorrer [...], compra-se qualquer coisa, um carro, em especial, com o qual se dá sinal de inteligência, digamos, do próprio tédio, ou seja, do afeto do desejo de Outra-coisa".
4 Hoje em dia a internet, fazendo a sua vez de tela.
5 Notemos que nesta demonstração, Lacan se apoia na lógica da perversão polimorfa do macho. Daí a questão poderia se abrir, concernente às relações do não todo, às ofertas de gozo contemporâneas.