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Avaliação Psicológica

Print version ISSN 1677-0471

Aval. psicol. vol.10 no.3 Itatiba Dec. 2011

 

 

Percepção dos estudantes sobre a infraestrutura dos cursos de psicologia: considerações a partir do ENADE-2006

 

Perception of studentes about infrastructure of thr psychology: some reflections made at ENADE-2006

 

 

Mônica LimaI;Monica Aparecida Tomé PereiraII

IUniversidade Federal da Bahia
IIUniversidade Federal do Vale do São Francisco

 

 


RESUMO

Neste artigo, descrevem-se as condições de infraestrutura apresentadas pelas IES, a partir das informações do questionário socioeconômico respondido por estudantes dos Cursos de Psicologia participantes do ENADE-2006. Apresentam-se as condições de infraestrutura, considerando 12 quesitos relacionados à adequação dos espaços (laboratórios, biblioteca, salas de aula teoria/prática), material didático e de consumo, acesso a mídias e equipamentos. Com o objetivo de avaliar as especificidades entre os Cursos de Psicologia, foram realizados recortes para a região geográfica de funcionamento do curso, para a categoria administrativa e ainda a organização acadêmica. Há urgência de investimentos para melhorar as condições de infraestrutura das universidades federais e incrementos para o nordeste e norte do país em relação às situações menos favoráveis avaliadas pelos respondentes.

Palavras-chave:ENADE; Formação em psicologia; Ensino Superior.


ABSTRACT

In this article the infrastructure conditions of the Psychology courses is presented through a socioeconomic questionnaire answered by students of psychology who took ENADE, the national exam of students development in 2006.The assessment of the infrastructure conditions was made through 12 topics related to the adequacy of rooms (labs, library, classrooms), didactic and consumption material and the access to media and equipment. Aiming to evaluate the differences among the courses of Psychology the questionnaire took into account geographic region, course management and academic organization. The findings show urgency in investment to improve the infrastructure conditions of the federal Universities and increase of resources to the universities in the north and northeast of the country, which accordingly to the students are not favored if compared to the other universities of the other regions in Brazil.

Keywords:ENADE; Assessment of universities; psychology courses.


 

 

No questionário socioeconômico, um dos instrumentos do processo avaliativo do Ensino Superior, que acompanha o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), os discentes foram convidados a expressarem sua percepção sobre 12 aspectos, são eles: adequação de aulas práticas e espaço pedagógico, material de consumo, equipamentos disponíveis por número de estudantes, equipamento de laboratório utilizado no curso, acesso aos computadores, acervo da biblioteca em relação à necessidade do curso, livros mais usados no que diz respeito à disponibilidade na biblioteca, atualização de periódicos científicos, empréstimo de livros e oferta de serviços de pesquisa bibliográfica, horário de funcionamento da biblioteca, instalações para leitura e estudo. Esses quesitos se referem às questões 43 a 56, que estão relacionadas à infraestrutura dos cursos de ensino superior.

Neste capítulo, pretende-se analisar as dis(similaridades) da infraestrutura dos Cursos de Psicologia em relação às cinco grandes regiões geográficas do Brasil (norte, nordeste, sul, sudeste e centro-oeste), considerando as quatro categorias administrativas (federal, estadual, municipal e particular) e ainda os quatro tipos de organização acadêmica (universidade, centro universitário, faculdades integradas e faculdades, escolas e institutos superiores).

Os Cursos de Psicologia estão distribuídos por todo o Território Nacional, de modo que em todas as regiões o ensino de graduação em Psicologia está presente. Contudo, a maior concentração é na Região Sudeste (58%), seguida pela Região Sul (19%). Já as Regiões Norte (4%) e Centro-Oeste (7%) juntas apresentam o mesmo percentual que a Região Nordeste (11%). Nessas Regiões, a oferta de cursos públicos corresponde apenas a 15,8%, com destaque para os cursos em instituições federais, com 9,8% de representação. O sistema privado é predominante, com mais de 84% deles sendo ofertados por instituições particulares. Quanto à organização acadêmica, considerando a hierarquia da maior para a menor organização, temse Universidade com uma representação de 67%, seguida pelos Centros Universitários 13%, Faculdades Integradas com 4% e, por último, as Faculdades, Escolas e Institutos Superiores com a segunda maior representação, com 16%. Este capítulo está estruturado em quatro blocos sobre: as aulas práticas, os laboratórios e acesso a computadores, o acesso a livros e periódicos científicos e o funcionamento das bibliotecas.

1. Percepção dos estudantes em relação às condições de infraestrutura dos Cursos de Psicologia.

1.1 Sobre as aulas práticas.

Ao avaliar todos os cursos de Psicologia no país, os estudantes consideram que os espaços pedagógicos são adequados (92%), em pelo menos metade das aulas práticas. Ao considerar cada Grande Região Geográfica, a percepção é a mesma, com um percentual mínimo de 90%, encontrada na Região Nordeste e máximo de 93,3% na Região Sul, dos estudantes que consideram que, em pelo menos metade das aulas práticas o espaço pedagógico é coerente (Tabela 1).

Ao avaliar tal situação dentre as categorias administrativas, especialmente nas IES Municipais e Particulares, a percepção dos estudantes está de acordo com os percentuais registrados ao avaliar as regiões que os cursos estão localizados. Portanto, estão mais satisfeitos com a adequação dos espaços pedagógicos para as aulas práticas.

 

 

Entretanto, nas IES Federais e Estaduais esses percentuais são diferenciados, de modo que os estudantes que percebem que em nenhuma ou em menos da metade das aulas práticas há espaço pedagógico adequado é respectivamente, 24% e 17% (Figura 1).

 

 

De modo geral, a maioria dos estudantes está satisfeita com a adequação dos equipamentos disponíveis para número de estudantes existentes nas aulas práticas (80%), em todo país. Contudo, cerca de 20% dos respondentes avaliam como inexistentes ou restritos, em nenhuma ou menos da metade, tal aspecto nas aulas práticas.

As diferenças entre as Grandes Regiões Geográficas do país estão presentes também nesse quesito analisado. Encontram-se nas Regiões Norte e Nordeste os estudantes que mais expressam ser insuficiente o material de consumo e os equipamentos disponíveis nas aulas práticas. Por sua vez, aqueles que sinalizam que o material de consumo e os equipamentos são suficientes, em pelo menos metade das aulas práticas, estão nas Regiões Sul e Sudeste (Figura 2).

 

 

As aulas práticas foram bem avaliadas, por 84% dos estudantes, classificando que, em pelo menos mais da metade delas, o material de consumo utilizado é adequado, independentemente da região, da categoria administrativa ou da organização acadêmica. As regiões geográficas apresentam resultados muito semelhantes entre si, exceto a Região Nordeste (79%), com no mínimo 83% dos estudantes satisfeitos com a adequação do material de consumo nas aulas práticas. De modo geral, pode-se inferir, a partir desses dados, que os discentes dos cursos de psicologia, em todo Brasil, têm uma visão positiva da infraestrutura das suas aulas práticas, mas que há variações regionais significativas.

Tomando os aspectos destacados anteriormente, em relação à categoria administrativa (federal, estadual, municipal ou particular), podemos ressaltar que os estudantes das IES federais avaliam mais negativamente as condições de infraestrutura das aulas práticas do que aqueles que estudam nas demais IES (Tabela 2 e Figura 3).

 

 

 

Em todo o país, nos quatro tipos de organização acadêmica, mais de 90% dos estudantes de psicologia avaliam que o espaço pedagógico é adequado. Em pelo menos metade das aulas práticas, apenas 5% deles avaliam que ele é adequado em menos da metade. É entre os estudantes das universidades que encontramos um pequeno distanciamento do padrão em relação aos demais tipos de organização acadêmica para esse aspecto (Tabela 3).

 

 

Na avaliação do material de consumo, considerando o tipo de organização acadêmica da instituição de pertencimento do estudante, destaca-se que o maior percentual de estudantes satisfeitos está nos centros universitários, com apenas 4,5% que julgam o material insuficiente. Por sua vez, entre os estudantes das universidades, há uma percepção de insuficiência de material de consumo em um percentual maior de estudantes (Figura 4).

 

 

Destacando o tipo de categoria administrativa para a compreensão dos estudantes em relação à adequação dos equipamentos disponíveis nas aulas práticas, os dados mostram que os cursos em Universidades estão menos adequados do que as demais organizações acadêmicas, com destaque para os Centros Universitários (Tabela 4).

 

 

2.2 Sobre os laboratórios e acesso a computadores.

Outros aspectos avaliados sobre as condições de infraestrutura pelos discentes foram a qualidade dos equipamentos dos laboratórios e o acesso a computadores nos cursos de Psicologia. Em todos os cursos de Psicologia do Brasil, os estudantes consideram atualizados os equipamentos dos laboratórios (74%) e avaliam que a IES viabiliza plena ou de forma limitada o acesso ao computador, embora as porcentagens daqueles que sinalizam a desatualização dos equipamentos (19%) e a inexistência de laboratórios não sejam desprezíveis (7%).

Em relação à região de funcionamento do curso, destacam-se as avaliações dos estudantes das Regiões Nordeste e Norte, que apresentam os maiores percentuais de insatisfação quanto à desatualização ou a inexistência de equipamentos nas suas IES (3,6%) (Tabela 5). Em todas as regiões do país, os estudantes avaliam o acesso ao computador muito positivamente, inclusive os do norte, uma vez que grande parte deles considera tê-lo disponível plena ou parcialmente nas IES, embora 8,7% dos discentes do norte sejam também aqueles que menos têm acesso ao computador em relação àqueles de outras regiões do Brasil (Tabela 5).

 

 

São os estudantes das IES federais aqueles que trazem percepções menos favoráveis em relação às condições de infraestrutura para as dimensões destacadas acima. Apenas 30% afirmam estudar em cursos com laboratórios atualizados e 14% dizem que inexistem em seus cursos. A situação para os estudantes das IES estaduais é muito similar a das IES federais. Destaca-se o fato de os estudantes das IES municipais e particulares terem mais laboratórios disponíveis 80,5% e 80,3%, respectivamente, do que as demais IES (Tabela 6).

 

 

Mais de 92% dos estudantes de Psicologia no Brasil avaliam como total ou parcialmente disponível o acesso a computador nos cursos, embora sejam os estudantes das IES federais que menos contem com este beneficio. É importante ressaltar que 4% dos estudantes analisam que não é preciso ter computador nos cursos, considerando os informantes de todas as categorias administrativas (Figura 5).

 

 

No que diz respeito à avaliação sobre a atualização dos equipamentos de laboratório e ao acesso a computadores a partir do vínculo do estudante ao tipo de organização acadêmica, podemos identificar que as melhores percepções são dos estudantes dos Centros Universitários, seguidos das Faculdades Integradas e dos das outras categorias, e por último, com o melhor percentual de satisfação, aqueles das Universidades (Tabela 7). Não há muita variação entre as organizações acadêmicas em relação à percepção discente sobre o acesso a computadores. O percentual nacional é de que 92,7%, de todos os estudantes, o avaliam como disponível total ou parcialmente (Tabela 8).

 

 

 

2.3 Sobre o acesso a livros e periódicos científicos.

Outro aspecto avaliado sobre as condições de infraestrutura dos cursos são as condições do acesso dos estudantes a livros, considerando a disponibilidade do número de exemplares dos títulos mais procurados, bem como a atualização dos periódicos científicos. Além disso, questões relacionadas à organização da biblioteca que incluem a oferta de serviços de pesquisa, horário de funcionamento, processo de empréstimo e suas instalações para leitura e estudo também foram investigadas.

Em todo o país, 73% dos estudantes afirmam que o acervo da biblioteca é atualizado ou medianamente atualizado, considerando as necessidades do curso. Os discentes das Regiões Norte e Nordeste são aqueles que avaliam essa dimensão mais negativamente, comparando com aqueles que estudam em outras regiões do Brasil. Nessa direção, os estudantes da Região Centro-Oeste classificam o acervo da biblioteca dos seus cursos como pouco atualizado ou desatualizado em relação aos demais, embora a avaliação pelos estudantes do acervo bibliográfico como pouco atualizado ou desatualizado na Região Sudeste e sul seja significativa (Figura 6).

 

 

Os estudantes da Região Nordeste, em relação à disponibilidade dos livros mais usados nos cursos na biblioteca, afirmam que é a mais negativa dentre as demais IES. 42% deles dizem que o número de exemplares disponível atende precariamente ou não atende à demanda do alunado. Essa negatividade acompanha o cenário brasileiro, uma vez que 35% os estudantes avaliam que o número de exemplares disponível não atende ou atende de modo muito precário os estudantes (Tabela 9).

 

 

Em relação à categoria administrativa da IES e à avaliação do acervo da biblioteca, considerando a necessidade do curso, são os estudantes da IES federais que apresentam a percepção mais negativa, pois a maioria considera pouco ou desatualizado o acervo. Aqueles que estudam em IES estaduais também não estão muito satisfeitos (46% consideram como pouco atualizado ou desatualizado). Porém, os alunos das IES municipais são aqueles que avaliam mais positivamente o acervo da biblioteca, sendo que apenas 17% o julgam pouco atualizado ou desatualizado em relação aos das demais IES (Tabela 10).

 

 

Para o item destacado acima, considerando o tipo de organização acadêmica da IES, são estudantes das universidades os menos satisfeitos com o número de exemplares que compõem o acervo da biblioteca em relação às demais, sendo que 27% ressaltam que o acervo é pouco atualizado ou desatualizado. Por sua vez, os estudantes dos centros universitários são aqueles menos insatisfeitos, considerando que 82,9% deles julgam o acervo atualizado ou medianamente atualizado e apenas 15,4% como pouco atualizado ou desatualizado (Tabela 11).

 

 

Em relação à categoria administrativa da IES e o número de exemplares dos livros mais usados disponíveis na biblioteca, são ainda os estudantes do nordeste os que avaliam mais negativamente este aspecto das condições de infraestrutura, sendo que 64% afirmam que o acervo atende de forma precária ou não atende às demandas do alunado. Essa tendência aparece entre os estudantes do norte: 59% deles avaliam que o acervo atende de forma precária ou não atende às demandas do alunado e 39,8% percebem que atende plena ou razoavelmente (Figura 7).

 

 

Por organização acadêmica, em relação à avaliação discente sobre a adequação do número de exemplares dos livros mais usados nos cursos e sua disponibilidade na biblioteca, é entre os estudantes universitários que encontramos uma avaliação mais negativa. Nela, apenas 59% dizem atender plena ou razoavelmente (Tabela 12).

 

 

A avaliação de todos os estudantes de psicologia do Brasil sobre a atualização dos periódicos científicos é um pouco menos negativa do que dos aspectos ressaltados acima, embora 10,4% julguem desatualizado ou que não há acervo de periódicos especializados no curso. Os discentes do norte e do sul são os que avaliam esse item mais negativamente. Contudo, os discentes da Região Nordeste são aqueles que julgam os periódicos especializados como desatualizados ou inexistentes nos seus cursos, o que corresponde a 13,1% deles (Tabela 13).

 

 

Em relação à categoria administrativa e avaliação dos periódicos científicos, são os estudantes das IES municipais e particulares que avaliam mais positivamente do que os das demais IES, os percebem como atualizados ou medianamente atualizados. Os discentes da IES federais são aqueles que os avaliam mais negativamente (Tabela 14).

 

 

Em relação à organização acadêmica e avaliação dos periódicos científicos, são os estudantes dos centros acadêmicos que consideram que são atualizados ou medianamente atualizados. Já os discentes das faculdades, escolas e instituições superiores percebem como atualizados ou medianamente atualizados e, portanto, avaliam mais positivamente esse quesito (Tabela 15).

 

 

A avaliação dos discentes de todo o país em relação à oferta de empréstimo de livros na biblioteca é satisfatória. Em geral, os estudantes podem usufruir de todo o acervo ou das obras de caráter didático, apesar de que 3,4% ainda avaliem que têm acesso apenas a obras de interesse geral. Não há muita variação regional para esse item das condições de infraestrutura dos cursos de psicologia (Tabela 16).

 

 

Em relação à categoria administrativa e à percepção discente sobre a oferta de empréstimo de livros, destacam-se os estudantes das IES municipais e estudais. Respectivamente, 94,9% e 94% avaliam que a biblioteca oferece empréstimo de todo o acervo ou das obras de caráter didático um pouco mais do que os das demais IES (Tabela 17).

 

 

No que diz respeito à organização acadêmica e à percepção discente sobre a oferta de empréstimo de livros, destacam-se os estudantes vinculados aos centros universitários e às faculdades, escolas e instituições superiores (94,5% e 94,4%, respectivamente). Eles avaliam que a biblioteca oferece empréstimo de todo o acervo ou das obras de caráter didático um pouco mais do que os das demais IES (Tabela 18).

 

 

2.4 Sobre o funcionamento das bibliotecas.

Uma dimensão importante que compõe a avaliação das condições de infraestrutura dos cursos de Psicologia diz respeito ao processo de organização dos serviços de pesquisa bibliográfica. Em todas as regiões do país, 59,2% dos estudantes afirmam que os cursos dispõem de sistema informatizado local, 16,5% deles asseguram que dispõem de sistema informatizado local e acesso à rede nacional. Embora apenas 6% deles ressaltem terem acesso também à rede internacional, além da local e da nacional. Não há uma variação regional muito distante da média nacional. Entretanto, 13,2% e 10,4% dos estudantes do norte e nordeste, respectivamente, contam ainda com processo manual de serviços de pesquisa bibliográfica (Figura 8).

 

 

No que diz respeito à avaliação desse item, por categoria administrativa, destaca-se que o processo manual de serviços de pesquisa bibliográfica é ainda presente no cotidiano de estudantes das IES estaduais, sendo que apenas 7% dos estudantes têm acesso à rede internacional, além do sistema local informatizado. Nesse particular, as condições de acesso dos estudantes das IES municipais seguem um padrão muito similar aos dos estaduais. Destaca-se o fato de serem os estudantes das IES federais aqueles que um pouco mais do que os discentes de outras IES têm acesso ao sistema informatizado internacional, além dos local e nacional (Figura 9).

 

 

No que se refere à avaliação desse item, por organização acadêmica, destaca-se que o processo manual de serviços de pesquisa bibliográfica é ainda presente no cotidiano de 10% dos estudantes das faculdades, escolas e instituições superiores, a maioria conta com sistema informatizado local, e no máximo 7% têm acesso à rede internacional, além do sistema local informatizado. Nesse particular, as condições de acesso dos estudantes vinculados aos centros universitários seguem um padrão muito similar. Destaca-se o fato de serem os estudantes das universidades que um pouco mais do que os discentes das outras organizações acadêmicas têm acesso ao sistema informatizado internacional, além dos local e nacional (Figura 10).

 

 

Em relação ao horário de funcionamento da biblioteca, 92% dos estudantes de todo Brasil o julgam adequado ou plenamente adequado as suas necessidades, mas 6,6% o avaliam como pouco adequado ou inadequado. Os estudantes do norte são aqueles que julgam o horário de funcionamento das bibliotecas pouco adequado ou inadequado as suas demandas do que os discentes das demais regiões, o que corresponde a 12,2% deles (Tabela 19).

 

 

De modo geral, a avaliação dos estudantes sobre esse aspecto é positiva, com destaque para as IES municipais e particulares que têm mais de 93% dos estudantes caracterizando o horário de funcionamento da biblioteca como no mínimo adequado as suas necessidades. Nesse particular, a média nacional de avaliação de adequação positiva para o mesmo item é de 92% entre todos os estudantes do país e de 6,6% para aqueles que julgam pouco adequado ou inadequado às necessidades do alunado (Tabela 20).

 

 

Não há variação significativa em relação à avaliação dos estudantes sobre o horário de funcionamento por organização acadêmica. Os percentuais estão em torno de 92% dos estudantes satisfeitos com o horário de funcionamento, classificando-o como adequado ou plenamente adequado (Tabela 21).

 

 

Em relação às instalações de leitura e estudo oferecidas nas bibliotecas nos cursos de psicologia em todo o território nacional, 85% dos estudantes afirmam que são adequadas ou plenamente adequadas; na Região Sul este percentual é de 88%. Mas, 19% dos estudantes do nordeste avaliam negativamente as instalações para leitura e estudo, sendo estes espaços classificados como pouco adequados ou inadequados (Tabela 22).

 

 

Tomando como referência a categoria administrativa para esse mesmo aspecto, podemos destacar que 87,5% dos estudantes das IES particulares julgam as instalações de leitura e estudo adequadas ou plenamente adequadas e apenas 11,9% deles as percebem como pouco adequadas ou inadequadas. O contraponto por categoria administrativa para essa dimensão seriam os estudantes das IES federais e estaduais que avaliam menos positivamente as instalações dos seus cursos: 68,3% e 68,2% as avaliam como adequadas ou plenamente adequadas; e 29,6% e 31,3% as julguem pouco adequadas ou inadequadas, respectivamente.

Não há variação significativa em relação às instalações de leitura e estudo oferecidas nas bibliotecas nos cursos de psicologia por organização acadêmica. Nesse particular, os valores individuais são muito próximos da média para o conjunto das organizações, o que retrata uma avaliação positiva para esse aspecto da condição de infraestrutura: 94% entre todos os estudantes do país percebem como adequadas ou plenamente adequadas às instalações e 14,4% as julgam pouco adequadas ou inadequadas às necessidades do alunado (Tabela 23).

 

 

Conclusões

Buscou-se, neste capítulo, descrever alguns aspectos sobre a percepção dos discentes dos Cursos de Psicologia do Brasil sobre as condições de infraestrutura, considerando as aulas práticas, acesso a laboratórios e a computadores, livros e periódicos científicos, bem como sua visão em relação ao funcionamento das bibliotecas. Destaca-se que os cursos de psicologia estão mais concentrados na Região Sudeste e Sul, predominantemente em instituições privadas, em geral em instituições organizadas academicamente como Universidades. Embora, ao considerar o recorte para as Grandes Regiões Geográficas, para as categorias administrativas e para os tipos de organização acadêmica, tenha sido possível captar as dis(similaridades) entre as categorias e as particularidades dos Cursos de Psicologia no Brasil, supondo a diversidade e a heterogeneidade presentes (por razões históricas, sociais, econômicas) que se refletem nestas escalas.

De modo geral, tais discentes têm uma visão positiva da infraestrutura das suas aulas práticas, mas há variações regionais, acadêmicas e administrativas. Destaca-se a maior negatividade dos estudantes das IES federais em relação à avaliação das condições de infraestrutura para as aulas práticas, com a percepção de inadequação do espaço pedagógico, de insuficiência de material de consumo e equipamentos. Todavia, os estudantes das IES particulares são aqueles que avaliam mais positivamente essas dimensões. Afirma-se que a grande maioria (74%) dos estudantes de Psicologia no país considera atualizados os equipamentos dos laboratórios e 93% avaliam que a IES viabiliza plena ou de forma limitada o acesso ao computador, embora as porcentagens daqueles que sinalizam a desatualização dos equipamentos (19,4%) e a inexistência de laboratórios (6,8%) sejam também importantes.

Em todas as regiões do país, os estudantes avaliam o acesso ao computador muito positivamente, inclusive os do norte, uma vez que grande parte deles considera tê-lo disponível plena ou parcialmente nas IES, embora haja um percentual importante (8,7%) de discentes do norte que não têm acesso ao computador em relação àqueles de outras regiões do Brasil. Destaca-se que são os estudantes das IES federais aqueles que trazem percepções menos favoráveis em relação às condições de infraestrutura, parte em razão dos laboratórios desatualizados (57%) ou mesmo inexistentes (14%) em seus cursos.

Em relação ao acesso a computador, a situação é favorável para todas as IES, 93% dos estudantes de Psicologia no Brasil avaliam como total ou parcialmente disponível, nos cursos e na IES. Ainda que sejam os estudantes das IES federais que menos contem com esse benefício, considerando as demais IES, 88% deles têm disponível total ou parcialmente esse recurso e 10% deles afirmam que a IES não viabiliza uso de computadores. É importante ressaltar que cerca de 4% dos estudantes analisam que não é preciso ter computador nos cursos, considerando os informantes de todas as categorias administrativas.

Em todo o país, há um grande número de estudantes que consideram o acervo da biblioteca atualizado ou medianamente atualizado (73%), considerando as necessidades do curso. Os discentes das regiões norte e nordeste são aqueles que avaliam essa dimensão mais negativamente do que aqueles que estudam em outras regiões do Brasil. Nessa direção, são também aqueles que mais julgam como os do centro-oeste o acervo da biblioteca dos seus cursos pouco atualizado ou desatualizado em relação aos demais. Apesar de a avaliação pelos estudantes do acervo bibliográfico como pouco atualizado ou desatualizado no sudeste (21,5%) e sul (23,8%) ser significativa.

Em relação à categoria administrativa da IES e o número de exemplares dos livros mais usados disponíveis na biblioteca, são ainda os estudantes do nordeste aqueles que avaliam mais negativamente este aspecto das condições de infraestrutura: 64,1% afirmam que o acervo atende de forma precária ou não atende às demandas do alunado e apenas 32,8% dizem atender plena ou razoavelmente. Essa tendência aparece entre os estudantes do norte: 59% deles avaliam que o acervo atende de forma precária ou não atende às demandas do alunado e 39,8% percebem que atende plena ou razoavelmente.

A avaliação de todos os discentes de Psicologia do Brasil sobre a atualização dos periódicos científicos é um pouco menos negativa do que dos aspectos ressaltados anteriormente: 75,2% afirmam que os periódicos são atualizados ou medianamente atualizados, apesar de 10,4% os julgarem desatualizados ou que não há acervo de periódicos especializados no curso. Os discentes do norte e do sul são aqueles que avaliam mais positivamente esse item: 78,7% e 78,2%, respectivamente, percebem que os periódicos científicos são atualizados ou medianamente atualizados. Contudo, são ainda os discentes do nordeste que julgam os periódicos especializados como desatualizados ou inexistentes nos seus cursos, o que corresponde a 13,1% deles. A avaliação dos discentes de todo o país em relação à oferta de empréstimo de livros na biblioteca é satisfatória: 93,6% podem usufruir de todo o acervo ou das obras de caráter didático, apesar de que 3,4% ainda avaliem que têm acesso apenas a obras de interesse geral. Não há muita variação regional para esse item das condições de infraestrutura dos cursos de Psicologia.

Em todas as regiões do país, 59,2% dos estudantes afirmam que os cursos dispõem de sistema informatizado local, 16,5% deles asseguram que dispõem de sistema informatizado local e acesso à rede nacional. Apenas 6% deles ressaltem terem acesso também à rede internacional, além da local e da nacional. Não há uma variação regional muito distante da média nacional. Porém, 13,2% e 10,4% dos estudantes do norte e nordeste, respectivamente, contam ainda com processo manual de serviços de pesquisa bibliográfica. Em relação às instalações de leitura e estudo oferecidas nas bibliotecas nos cursos de psicologia em todo o território nacional, 85% dos estudantes afirmam que são adequadas ou plenamente adequadas e 14,4% deles avaliam como pouco adequadas ou inadequadas. Por sua vez, mais de 80% dos estudantes do nordeste percebem as instalações como adequadas ou plenamente adequadas e 19% deles avaliam como pouco adequadas ou inadequadas. Mas, são os estudantes do sul aqueles que avaliam mais positivamente esse item, 88% e 11,3%, respectivamente.

As conclusões apresentadas reforçam a urgência de investimentos para melhorar as condições de infraestrutura das Universidades Federais, especialmente nas Regiões Nordeste e Norte do país, em relação às situações menos favoráveis avaliadas pelos discentes de Psicologia.

Por fim, considera-se que a ausência de estudos disponíveis nas bases de dados brasileiras sobre a temática deste artigo limita as suas conclusões, uma vez que não possibilita considerações sobre a situação das IES, em recorte temporal, nem permite hipóteses sobre a influência das condições de infraestrutura das IES em relação ao desempenho dos estudantes de Psicologia no ENADE-2006. Têm-se clareza que futuros estudos precisarão explorar tal correlação.