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Psicologia em Revista
Print version ISSN 1677-1168
Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.20 no.1 Belo Horizonte 2014
RESUMO DE TESES E DISSERTAÇÕES
Resumo de tese
Determinantes psicossociais da capacidade adaptativa: um modelo teórico para o estresse
Psychosocial determinants of adaptive capacity: a theoretical model for stress
Los determinantes psicosociales de la capacidad de adaptación: un modelo teórico para el estrés
Santos, A. F. (2010). Determinantes psicossociais da capacidade adaptativa: um modelo teórico para o estresse. Tese de Doutorado, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.
André Faro*
Atualmente, diversos modelos de saúde consideram o estresse um agente que potencializa a vulnerabilidade ao adoecimento. Tanto a área da saúde como as ciências humanas situam-no como um fator psicossocial que eleva a probabilidade de indivíduos e grupos apresentarem problemas de saúde em virtude de suas experiências psicológicas e sociais. Conceitualmente, o estresse é derivado de avaliações sucessivas dos estímulos percebidos, ocorrendo quando pressões ambientais, psicológicas ou desajustes biológicos imprimem a necessidade de ativar recursos adaptativos até que seja dissipado o caráter estressor da situação ou o organismo sucumba à magnitude e, ou, ao tempo de exposição ao elemento avaliado como estressógeno. Embora seja encontrado maior volume de estudos acerca das características dos estressores ou sobre as consequências do estresse, o estado atual do conhecimento é parco no que tange ao processo de mediação do estresse, principalmente quando se enfatiza o efeito multidimensional das diversas facetas da capacidade de adaptação. Além disso, percebe-se que grande parte das investigações realizadas priorizou a comprovação de impacto sobre a saúde em contextos específicos; no entanto poucas pesquisas detalharam a ação interativa das diferenças individuais e do ambiente social na vulnerabilidade ao estresse. Diante desse quadro, o estudo objetivou testar empiricamente um modelo teórico da capacidade de adaptação psicossocial, sob a perspectiva da arquitetura explicativa do estresse. Para tanto, avaliou-se o impacto isolado e conjunto das características do contexto psicossocial e dos mecanismos psicossociais de adaptação na variabilidade do estresse. A amostra compôs-se de 471 indivíduos e foram aplicados seis instrumentos: escala de locus de controle multidimensional de Levenson (MHLC), escala de afetos positivos e negativos, escala de resiliência, escala de modos de enfrentamentos de problemas (EMEP), escala de suporte social (SSQ-6), escala de estresse percebido (PSS), além de um questionário acerca do contexto psicossocial. Foram desenvolvidos dois modelos teóricos para testagem sob a técnica do modelo de equações estruturais. O primeiro modelo serviu à análise da mediação do estresse, exclusiva aos mecanismos psicossociais de adaptação, e o segundo, denominado modelo da capacidade adaptativa, testou o impacto conjunto do principal preditor do contexto psicossocial e os mediadores do estresse. Os resultados mostraram que, no modelo de mediação, apenas os construtos locus interno, afetos negativos, resiliência e o foco no problema foram mediadores do estresse. No modelo da capacidade adaptativa, o principal preditor do contexto psicossocial foi a renda média individual, exibindo efeito indireto sobre o estresse (d = -0,10). Quanto aos mediadores desse modelo, tiveram efeito indireto o locus interno (d = 0,09), os afetos negativos (d = 0,09) e a resiliência (d = -0,33) e, com efeito direto, o foco no problema exibiu impacto negativo sobre o índice de estresse (d = -0,52), enquanto os afetos negativos denotaram efeito positivo (d = 0,59). Conclui-se que a análise do impacto conjunto dos preditores e dos mediadores pode contribuir com os estudos sobre o ajustamento psicossocial, pois a testagem simultânea das variáveis discriminou de que modo a variabilidade do estresse é produzida, além de ter sido apresentada uma proposta teórica de como ocorre a ativação das diversas facetas da responsividade adaptativa.
Palavras-chave: Ajustamento Psicológico; Ajustamento Psicossocial; Determinantes da Saúde e das Doenças; Estresse; Modelo de Equações Estruturais.
Abstract
Nowadays, several health models consider stress an agent that increases the vulnerability to illness. Researches in health sciences and humanities regard stress as a psychosocial factor that increases the probability of individuals and groups have health problems induced by psychological and social experiences. The stress derived from successive evaluations of the perceived stimulus, that occur when environmental pressures, psychological or biological maladjustment evokes activate of adaptive resources until stressor character decreases or the body succumbs to the magnitude and/or time of exposure to the stressor. Although it is found greater volume of studies regarding the characteristics of the stressors or the consequences of stress, the current state of knowledge is scant regarding the mediation process of stress, especially when it emphasizes the effect of the various facets of the multidimensional ability adaptation. Moreover, most investigations prioritized the evidence of impact on health in specific contexts. However, few studies detailed the interactive action of individual differences and the social context on vulnerability to stress. This study aimed an empirical test of a psychosocial adaptability theoretical model, according to the perspective of explanatory architecture of stress. We have studied conjoint and isolated impact of characteristics of psychosocial context and the psychosocial adjustment resources in the stress variability. The sample consisted of 471 participants and six instruments were applied: Multidimensional Health Locus of Control (MHLC), Positive and Negative Affects Scale, Resilience Scale, Ways of Coping (EMEP), Social Support Scale (SSQ-6), Perceived Stress Scale (PSS), and a questionnaire about the psychosocial context. We developed two theoretical models for testing with Structural Equation Modeling. The first model analyzed the mediation of psychosocial adjustment resources of stress. The second model, defined as Adaptive Capacity Model, tested the conjoint impact of the main predictor of psychosocial context and the mediators of stress. The results showed that in the Mediation Model only internal locus, negative affect, resilience and problem-focused coping were mediators of stress. In Adaptive Capacity Model, the main predictor of psychosocial context was the individual income, exhibiting indirect effect on stress (d = -.10). As the mediators of this model, internal locus (d = .09), negative affect (d = .09) and resilience (d = -.33) had indirect effect. With direct effect, the problemfocused coping exhibited negative impact on stress levels (d = -.52), while negative affect denotes positive effect (d = .59) on stress levels. We conclude that the analysis of the combined impact of predictors and mediators can contribute to studies on the psychosocial adjustment, because simultaneous testing of the variables discriminated how the variability of stress is produced, and has been introduced a theoretical proposal of activation of the various facets of adaptive responsiveness.
Keywords: Psychological Adjustment; Psychosocial Adjustment; Health and Disease Determinants; Stress; Structural Equation Modeling.
* Doutor em Psicologia Social pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor adjunto do Departamento de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Orientador: Prof. Dr. Marcos Emanoel Pereira. Endereço: Avenida Marechal Rondon, s/nº - Conjunto Jardim Rosa Elze, São Cristóvão-SE. CEP 49000-000. E-mail:andre.faro.ufs@gmail.com..