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Psicologia em Revista
Print version ISSN 1677-1168
Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.22 no.2 Belo Horizonte May/Aug. 2016
EDITORIAL
Prezados leitores,
Neste segundo número de 2016, Psicologia em Revista apresenta 15 artigos e 1 resenha de tese. A revista continua sua política editorial de contemplar a diversidade teórica e metodológica da Psicologia, em seus vários campos de investigação.
O número começa com três ensaios teóricos. O primeiro, Encontros e desencontros nas perspectivas existenciais em Psicologia, de Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo e Cristine Monteiro Mattar, discute as singularidades e as diferenças entre a Psicologia humanista-existencial e a fenomenológicoexistencial, examinando suas origens histórico-filosóficas e influências. O segundo, Paradigma sistêmico no desenvolvimento humano e familiar: a teoria bioecológica de Urie Bronfenbrenner, de André de Carvalho-Barreto, explora o paradigma sistêmico aplicado ao estudo do desenvolvimento familiar e humano, à luz da teoria bioecológica do autor pesquisado. O terceiro, Como médicos tornaram-se deuses: reflexões acerca do poder médico na atualidade, de Andrea Cristina Lovato Ribeiro e Alcindo Antônio Ferla, é um ensaio acerca do papel central do médico na Modernidade. O texto tenta aproximar os temas da biopolítica, em Michel Foucault, da vida nua e poder soberano, em Giorgio Agamben, e a medicalização da vida, em João Biehl.
Já na pesquisa de cunho histórico, São todas as causas potencialmente causadoras de doença mental? Os Archivos Brasileiros de Hygiene Mental e o esboço do homem moderno, Neuza Maria de Fátima Guareschi e colaboradores discutem a noção de higiene mental, tomada como profilaxia do comportamento, nas décadas de 1920 a 1940, apoiando-se na abordagem foucaultiana de governamentalidade e estratégias de biopoder
Seguem-se dois artigos centrados nas posturas de cuidado da Psicologia, diante de patologias orgânicas. No texto Leucemia mieloide aguda (LMA): as condições psicológicas do paciente adulto, Carlos Alberto Domingues Nascimento e colaboradoras exploram a experiência psicológica de pacientes adultos em relação à LMA e a necessidade da assistência humanizada para os pacientes da doença e seus familiares. No estudo seguinte, Quando a criança nasce doente: a subjetividade do infante e as relações familiares, Bruna Rocha de Almeida e Paula Melgaço da Rocha analisam os efeitos de uma patologia orgânica grave na constituição subjetiva da criança, exposta aos riscos de desinvestimento ora dos cuidadores, ora dos pais, por ela ser julgada incapaz e não realizar o desejo parental.
Na continuidade, temos artigos que discutem temas da Contemporaneidade. No artigo Ruídos e silêncios de um corpo na cidade: paradoxos da produção da diferença no contemporâneo, Elton Silva Ribeiro e Luis Antonio dos Santos Baptista trabalham o tema da inclusão social e do combate à intolerância, nas ações da saúde mental, tomando a cidade como espaço de consolidação de direitos civis, apesar da polissemia política que envolve o cenário urbano. No texto Representações sociais do meio ambiente para pessoas de diferentes faixas etárias, Gislei Mocelin Polli e Brigido Vizeu Camargo, numa pesquisa com 150 pessoas de diferentes faixas etárias, expõem a mudança de visão dos seres humanos, agora se vendo como parte do meio ambiente, que deve ser cuidado. Outro tema apresentado por Adriano Shlösser e colaboradores, intitulado Representações sociais de término de relacionamentos amorosos em músicas do sertanejo universitário, trata a temática amorosa e seus desenlaces, por meio da análise de 211 letras de músicas, desvelando a profusão de sentimentos e comportamentos que daí decorrem.
As contribuições seguintes trazem diversas pesquisas em psicanálise. Na primeira, Dimensões do excesso e de realidade: reflexões a partir de uma experiência de escuta, Renata Freitas Ribas e colaboradoras propõem uma reflexão sobre os efeitos do evento traumático, real ou fantasiado, tanto na experiência da realidade externa quanto de suas marcas na realidade interna. No artigo A eliminação das diferenças entre os sexos: uma leitura psicanalítica, Nádia Laguárdia de Lima e colaboradores discutem as noções de feminilidade e a questão das identificações ante o crescimento de adolescentes que se nomeiam bissexuais, considerando a ideologia da igualdade como um efeito do discurso capitalista, que escamoteia a castração. Segue-se o texto Reflexões acerca de um início: psicanálise e clínica na universidade, no qual Nathalia Matos Pereira e Carlos Henrique Kessler questionam a viabilidade de um trabalho clínico no contexto de uma clínica-escola referenciada na psicanálise. Já no estudo Sobre os narcisismos e a constituição de um corpo no autismo, Maira Barroso Leo e Luis Flávio Silva Couto partem do pressuposto teóricopsicanalítico de que os autistas carecem, a priori, de envoltura corporal e discutem outras modalidades de constituição de um corpo próprio, distintas daquelas propostas inicialmente por Freud e por Lacan.
Passamos a outro campo de pesquisa, no texto A fórmula cromática no teste das pirâmides coloridas de Pfister em diferentes faixas etárias, no qual Anna Elisa Villemor-Amaral e colaboradoras mostram que o TPC, aplicado a crianças, adolescentes e estudantes universitários, contribui para diferenciar níveis de maturidade emocional, segundo a faixa etária. O artigo que fecha o número, Formação em Psicologia em universidade federal e suas repercussões na reflexividade ligada a políticas públicas, de Mônica Soares da Fonseca Beato e João Leite Ferreira Neto, problematiza a questão da formação reflexiva, na graduação em Psicologia, confrontada à outra noção de competência, ambas colocadas em interface com temas no campo das políticas públicas.
Na Seção Aberta, apresentamos a resenha da tese de Marcos Antônio Batista da Silva, intitulada Discursos étnico-raciais de pesquisadores(as) negros(as) na pós-graduação: acesso, permanência, apoios e barreiras, defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Mais uma vez, nosso empenho visa a apresentar aos pesquisadores e demais leitores um conjunto de temas que, esperamos, possam lhes levar contribuições enriquecedoras.
Desejamos a todos uma boa leitura.
A Comissão Editorial