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Psicologia em Revista
Print version ISSN 1677-1168
Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.27 no.1 Belo Horizonte Jan./Apr. 2021
https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2021v27n1p39-57
ARTIGOS
DOI - 10.5752/P.1678-9563.2021v27n1p39-57
Investigando as violências sofridas por mulheres lésbicas universitárias
Investigating the violence experienced by university lesbian women
Investigando las violencias sufridas por mujeres lesbianas universitarias
Izabela Assis Rocha*; Tatiana Machiavelli do Carmo Souza**; Mariana Neves Franco***
Resumo
A lesbofobia é uma violência direcionada a mulheres lésbicas devido à sua orientação sexual que se contrapõe à heterossexualidade compulsória social. Ocorre também no âmbito acadêmico, visto que a universidade é parte da sociedade e reproduz violências. Esta pesquisa, de caráter qualitativo, objetivou investigar violências sofridas por mulheres lésbicas universitárias. No processo de seleção das participantes, foram escolhidas dez estudantes lésbicas de uma universidade pública, indicadas por terceiros. Foram realizadas entrevistas semidirigidas, posteriormente, analisadas à luz dos núcleos de significação. Os resultados indicaram que, enquanto, no espaço acadêmico, a violência é simbólica, mediante comentários e olhares dirigidos principalmente por estudantes, em festas universitárias, a violência é explícita e perpetrada pelos mesmos autores, em suma estudantes, por meio da fetichização do corpo da mulher lésbica. A lesbofobia se manifesta pela percepção da lesbianidade como vivência passageira ou decorrente de experiências heterossexuais insatisfatórias. Ressalta-se que a lesbofobia bem como outras violências de gênero estão em dissonância com o compromisso ético-político da universidade e devem ser combatidas.
Palavras-chave: Lesbofobia. Violência de gênero. Universidade.
Abstract
Lesbophobia means violence directed at lesbian women because of their sexual orientation, which counteracts compulsory heterosexuality. It also occurs in the academic sphere, since the university is part of society and reproduces violence. This qualitative research aimed to investigate the violence experienced by university lesbian women. In the process of selecting the participants, ten lesbian students from a public university were chosen, indicated by third parties. Semi-directed interviews were subsequently analyzed in the light of the meaning nuclei. The results indicated that while in the academic space violence is symbolic, by means of comments and glances directed mainly by students during university parties, violence is explicit and perpetrated by the same authors, in short, the students, through the fetishization of the body of the lesbian woman. In addition, lesbophobia manifests itself by the perception of lesbianism as a passing occurrence or due to unsatisfactory heterosexual experiences. It is worth mentioning that lesbophobia, as well as other types of gender-based violence, are in dissonance with the universitys ethical political engagement, and must be tackled.
Keywords: Lesbophobia. Genderbased violence. University.
Resumen
La lesbofobia es una violencia dirigida a mujeres lesbianas debido a su orientación sexual que se contrapone a la heterosexualidad obligatoria social. Ocurre también en el ámbito académico, ya que la universidad forma parte de la sociedad y reproduce sus violencias. La presente investigación, de carácter cualitativo, objetivó investigar las violencias sufridas por mujeres lesbianas universitarias. En el proceso de selección de las participantes, fueron elegidas diez estudiantes lesbianas de una universidad pública, seleccionadas por terceros. Se realizaron entrevistas semidireccionadas, que fueron posteriormente analizadas a la luz de los núcleos de significado. Se hace notar que, si en el espacio académico la violencia es simbólica y se practica a través de comentarios y miradas, en las fiestas universitarias la violencia es explicita y perpetrada por los mismos autores, en general estudiantes, a través de la fetichización del cuerpo de la mujer lesbiana. La lesbofobia se manifiesta por la percepción de la lesbianidad como vivencia pasajera o derivada de experiencias heterosexuales insatisfactorias. Se resalta que la lesbofobia, como otras violencias de género, está en disonancia con el compromiso ético-político de la universidad y debe ser combatida.
Palabras clave: Lesbofobia. Violencia de género. Universidad.
1. INTRODUÇÃO
violência contra mulheres trata-se de fenômeno complexo e determinado por inúmeros fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e religiosos. As violências podem se caracterizar em física, psicológica, moral, simbólica e sexual (Cortes, 2014; Saffioti, 2004), e se configuram em agressões, estupros, feminicídios e qualquer outra forma de violação dos direitos inerentes àsmulheres (Cortes, 2014). Entre as formas de violação de direitos está a lesbofobia, nomenclatura utilizada para se referir exclusivamente às violências que mulheres lésbicas sofrem.
Pode-se pensar a lesbofobia como a junção de misoginia, sexismo e homofobia (Gomes, & Fehlberg, 2014; Rich, 2010; Santos, 2013). O termo diz respeito à tentativa de visibilizar questões específicas das mulheres homossexuais, garantindo que possuam voz e proporcionando equidade de direitos em relação a pessoas heterossexuais. A lesbofobia é resultante da sociedade patriarcal e da ideia de que somente deve existir a heterossexualidade como orientação sexual, aprisionando assim a subjetividade da mulher lésbica (Gomes, & Fehlberg, 2014; Santos, 2013).
A cultura da heterossexualidade compulsória percebe a experiência lésbica como algo desviante, não natural, objeto de ódio e que deve ser invisível ou disfarçada. Na sociedade heterossexista, a cultura heteronormativa reduz todas as possibilidades de "orientação sexual" para a heterossexualidade, provocando sofrimento para pessoas que seguem a norma heterossexista, na tentativa de autoafirmação, e para pessoas que desviam da norma, mediante o preconceito. Nega-se a existência da homossexualidade, da bissexualidade e da assexualidade, termos que surgiram no fim do século XIX. Embora haja avanço na percepção sobre as mulheres lésbicas, ocorre ainda a visão do relacionamento lésbico como uma espécie de cópia malfeita do relacionamento heterossexual ou da relação homossexual de homens (Albuquerque, & Williams, 2015; Andrêo, Peres, Tokuda, & Souza, 2016; Dinis, 2013; Gomes, & Fehlberg, 2014; Rich, 2010; Santos, 2013; Soares, 2017).
Mulheres lésbicas sofrem várias violências que podem ser direcionadas àorientação sexual e, ou, ao gênero. O mecanismo sexo/gênero na sociedade machista e heteronormativa sustentada pelo patriarcado atua no controle social, reforçando a subordinação feminina e de homossexuais, potencializando a homofobia. O conceito de gênero é uma construção social que se refere àscaracterísticas consideradas essenciais ao feminino e masculino que pautam os papéis sociais de mulheres e homens (Scott, 1989). São esses papéis que sustentam a dominação-exploração feminina, ao atribuir a docilidade, passividade e obrigação da maternidade e de cuidados domésticos às mulheres. Em contrapartida, ao homem é relegado o espaço público, o caráter provedor do lar, a independência e a agressividade combinada com a racionalidade (Saffioti, 2001). Ser mulher, então, passa a ser sinônimo de fraqueza e subordinação, fator que reforça a desigualdade de gênero e a subjugação das mulheres (Andrêo et al., 2016; Negreiros, & Féres-Carneiro, 2004; Saffioti, 2001, 2004).
Segundo Rich (2010), mulheres lésbicas, ao desviarem da heterossexualidade compulsória, tornam-se alvo de diversas violências: lesbofobia, preconceito, assédio, entre outras. As violências configuram-se de diversas formas, caracterizando-se em estupros corretivos até a negação e, ou, omissão de informações relacionadas a saúde da mulher lésbica. Historicamente, ocupar lugares de visibilidade tem motivado atitudes violentas contra mulheres lésbicas (Andrêo et al., 2016; Gato, Fontaine, Leme, & Leme, 2015). A homofobia e a heterossexualidade compulsória são frutos da sociedade machista, misógina e sexista. O uso da violência está relacionado à garantia de soberania da heterossexualidade sobre a homossexualidade.
A homossexualidade tem se constituído como ameaça às relações heteronormativas; quem não se enquadra nos padrões masculinos e normativos passa a ser associado à subordinação, à figura feminina e à passividade (Andrêo et al., 2016; Costa, & Nardi, 2015). A lesbianidade e a homossexualidade masculina se assemelham ao se desviarem da heterossexualidade compulsória e dos padrões de gênero tradicionalmente designados a mulheres e homens. Assim, lésbicas e gays são alvos de uma série de violências sociais por não se adequarem à norma social.
O feminismo se constitui em um movimento de questionamento sobre a heteronormatividade, especialmente a partir da década de 1970, auxiliando na modificação e na discussão do significado de "ser mulher". A partir da luta feminista a mulher passou a ser percebida como sujeito histórico e sexual. Apesar do contexto político da ditadura militar no Brasil, ocorreram novas oportunidades de discussões sobre assuntos considerados tabus, como a revisão do significado de "ser lésbica", possibilidade reforçada a partir do aumento de pessoas que afirmaram ter práticas sexuais não heteronormativas, fator que reforçou as violências contra homossexuais.
Entre as contribuições do feminismo da década de 1980, pode-se perceber a quebra de paradigmas promovendo diversas discussões, entre elas: interesse pelo corpo, autoconsciência, processos subjetivos, o questionamento de que o pessoal é político. A partir do movimento das mulheres, foram possíveis o apoio grupal e a criação de redes entre mulheres lésbicas (Borges, 2008). Foram constituídos diversos movimentos, entre eles, o movimento homossexual.
O movimento homossexual surgiu como forma de luta, agindo contra a repressão e contra a censura (Borges, 2008; Oliveira, 2017). Esse movimento objetivou contribuir para a mudança de pensamentos e conceitos, questionando visões estereotipadas sobre a homossexualidade e, também, as teorias que buscavam explicar a origem da homossexualidade por meio de argumentos naturalistas e universais (Borges, 2008). O distanciamento entre o movimento lésbico e o movimento homossexual relaciona-se a uma crítica ao funcionamento patriarcal e alguns comportamentos misóginos que persistem no movimento homossexual (Borges, 2008).
Em seus primórdios, o movimento feminista apresentava resistências em relação às questões sobre lesbianidade e às pautas das mulheres lésbicas. As possibilidades de luta delas eram rechaçadas, atitude que foi marco para a criação de um grupo lésbico-feminista (LF) e motivadora de diversas críticas. O movimento feminista se tornou alvo de críticas pelas lésbicas por ter características centradas na heterossexualidade (Borges, 2008). Pouco se podia discutir a respeito das homossexualidades. Entretanto ocorreu aumento na quantidade de mulheres que se autodeclaram lésbicas e feministas, com isso surgiu a emergência de discutir lesbianidade como parte dos direitos sexuais (Oliveira, 2017).
As lésbicas feministas, criticavam o caráter heterossexual do feminismo e, também, a falta de problematização a respeito da heterossexualidade compulsória e a sexualidade sempre voltada aos homens. Lutavam para o fortalecimento das lésbicas e a disseminação da cultura lésbica para provocarem mudança nos espaços heteronormativos, sexistas, lesbofóbicos e racistas (Campos, 2014).
Em 1979, mulheres lésbicas foram convidadas a escreverem para o jornal Lampião da Esquina, criado em 1978. O jornal continha publicações realizadas pelo movimento homossexual de São Paulo. A primeira publicação lésbica foi destinada a discussões de pautas lésbicas, repressão ditatorial e lesbofobia. Alguns ganhos perceptíveis a partir das publicações foram conquistados, entre eles: mudança de vida das mulheres lésbicas, oportunidade de discussão dentro movimento feminista, possibilidade de relatar a marginalização a que eram submetidas e permitir a visibilidade em relação à sexualidade das mulheres lésbicas. Outro ganho significativo foi a possibilidade de discutir, no movimento homossexual, questões relacionadas ao feminismo e à opressão dos homens em detrimento das mulheres no interior do movimento homossexual (Oliveira, 2017). Apesar dos ganhos a partir da publicação, ocorreu forte repressão contra essas mulheres.
A perseguição contra as lésbicas era bastante acentuada. Em 1980, uma operação chamada "Operação Sapatão" foi criada com o intuito de atacar bares frequentados por lésbicas, na tentativa de censurá-las, únicos lugares de socialização delas. Nessa operação, eram presas, tinham suas informações arquivadas e saíam somente ao pagar fiança (Oliveira, 2017).
Foi criado então pelas integrantes do grupo LésbicoFeminista (LF), em São Paulo, no ano de 1981, o jornal exclusivamente lésbico ChanacomChana. O grupo foi extinto, dando início ao Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF), primeiro grupo independente para mulheres lésbicas, no qual questões relacionadas à lesbianidade eram discutidas e que converteu o jornal em boletim. O boletim passou a ser comercializado no Ferro's Bar, em São Paulo, entretanto o GALF se tornou alvo de agressões semanais, culminando na tentativa de expulsão do grupo lésbico (Borges, 2008; Oliveira, 2017).
Esse episódio resultou na primeira manifestação lésbica, ocorrida em 19 de agosto de 1983, data definida como Dia da Visibilidade Lésbica. A luta consistia na oposição à lesbofobia e na tentativa de garantia de que a única forma de expressão lésbica existente permanecesse. Os boletins ChanacomChana eram forma de expressão legítimas e discutiam sobre o lugar que as mulheres lésbicas ocupavam. Porém ultrapassava o limite aceitável para a sociedade de expressão e visibilidade lésbica, não somente no bar, mas também nas ruas, na família e no trabalho, fatores que motivavam a tentativa de censura e auxiliavam na manutenção da lesbianidade no "armário" (Conegatti, & Felipe, 2017; Oliveira, 2017).
A mídia foi peça fundamental para fomentar as discussões da época. Temas que eram considerados tabus passaram a ser discutidos com o auxílio dos meios de comunicação, sendo estes responsáveis por estreitar as relações públicas e privadas. Diversos estudos explicitam questões negativas sobre a invisibilidade e clandestinidade para as práticas afetivo-sexuais. Tinha-se a ideia de que, a partir da invisibilização de questões relacionadas à homossexualidade, o movimento não conseguiria se afirmar (Borges, 2008).
Apenas em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM). No ano de 1999, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) se posicionou contra práticas de "conversão da sexualidade", reconhecendo que homossexualidade não é doença, distúrbio ou perversão. A Psicologia surgiu como fator primordial para a desconstrução da homofobia e para a mudança de atitudes em relação às pessoas LGBT (Santos, 2013).
O Estado passou a atuar ativamente na formulação de políticas que assegurassem e garantissem os direitos às pessoas LGBT. Foi criado então o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT. Em 2009, foi formulada a Coordenação-Geral de Promoção dos Direitos de Pessoas LGBT, que funcionava na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Contudo a invisibilidade e apagamento da mulher lésbica na história favorece a inexistência de políticas destinadas exclusivamente às suas demandas. Apesar da criação do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT, a homofobia não se caracteriza como crime (Campos, 2014; Carvalho, Calderaro, & Souza, 2013), fator que permite o crescente número de casos de LGBTfobia. A não criminalização da homofobia se deve ao suporte e à influência da religião e da heteronormatividade para as relações sociais. A homofobia dissemina ódio e nega às pessoas LGBT o direito de vivenciar a afetividade (Gomes, & Fehlberg, 2014).
O Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil (Secretaria Especial de Direitos Humanos, 2016), apresenta as principais violências contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais/travestis (LGBT) e com maior incidência de denúncia. A violência psicológica aparece em primeiro lugar (40,1%), seguida por discriminação (36,4%), violência física (14,4%), negligência (3,6%) e outras violências (5,5%).
A lesbofobia e outras discriminações de gênero e, ou, orientação sexual reverberam no contexto acadêmico. As universidades foram criadas para serem o lugar de excelência da produção científica, mas também para a manutenção da hierarquia social heteronormativa, branca e classista. Ao longo dos séculos, ela se apropriou da capacidade de, por meio de seu discurso, (des)legitimar inúmeras práticas e vivências sociais (Souza, 2015).
Estudos sobre homofobia no ensino superior mexicano sugerem que essa violência permanece ocorrendo de forma explícita e implícita, por uma suposta neutralidade ou piedade em relação a pessoas não heterossexuais (Osorio, & Rousell, 2015). Ainda segundo os autores, o ensino superior, como instituição estruturante da sociedade, perpetra violência institucional ao reproduzir as construções de gênero designadas a homens e mulheres e não criticar tais construções. Além disso, de acordo com Rull et al. (2013), em universitários, a homofobia é perpetrada, principalmente, por homens solteiros, heterossexuais, de religião cristã e que não têm amigos homossexuais. Embora essas pesquisas sejam importantes para a discussão e aprofundamento da temática, elas não contemplam especificamente as violências sofridas por mulheres lésbicas, homogeneizando as vivências de sujeitos não heterossexuais.
Em relação a lesbofobia e bifobia contra mulheres no ensino superior, o estudo de Evans e Broido (2002), desenvolvido na Inglaterra, indicou que lésbicas e bissexuais se sentiam desconfortáveis e ameaçadas nos dormitórios da universidade em que viviam. A pesquisa também revelou que a percepção de que um ambiente aceita as diferenças de orientação sexual está ligada à ausência de práticas violentas e não ao enfrentamento contra a violência, uma vez que ele era escasso.
Partindo da literatura e da escassez de pesquisas e políticas públicas referentes à temática da lesbofobia, este estudo tem por objetivo investigar as violências que mulheres lésbicas universitárias vivenciam no Sudoeste goiano. De modo secundário, busca-se, com base nos conceitos de gênero e heteronormatividade compulsória, conhecer o fenômeno da violência contra mulheres lésbicas, compreender fatores culturais, políticos e sociais que incidem sobre as violências contra mulheres lésbicas no contexto universitário e identificar possíveis políticas para a erradicação das violências contra elas.
2. METODOLOGIA
Este estudo é um recorte da pesquisa Violência, gênero e família: implicações na psicologia e sociedade, aprovado do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Goiás (UFG), respeitando aspectos éticos de pesquisa com seres humanos, sob o número 5.271.943. O estudo consiste em uma pesquisa de campo com enfoque qualitativo. A pesquisa qualitativa apoia-se em dados sociais resultados e resultantes de processos de comunicação e busca compreender a interpretações dadas pelos atores sociais no mundo, pois são eles os criadores da realidade social (Bauer, & Gaskell, 2015). Assim, se interessa pela subjetividade dos sujeitos expressa por relações comunicativas.
Participaram do estudo dez mulheres lésbicas, estudantes de uma universidade pública na cidade de Jataí, Estado de Goiás. As participantes foram indicadas por terceiros. Os critérios de inclusão foram: identificar-se como lésbica, ter maioridade penal e ser estudante universitária. Como critério de exclusão: ser menor de 18 anos, bissexual, transexual, transgênero e, ou, heterossexual, não estar matriculada em curso universitário. Foram usados pseudônimos para referir-se às participantes, respeitando o sigilo e anonimidade.
As participantes tinham idade entre 21 e 27 anos, com média aritmética de 23 anos. A maioria era natural de do interior de Goiás, residia com a família e tinha renda entre 1 e 2 salários mínimos. Nenhuma das participantes era casada ou tinha filhos, e apenas duas possuíam trabalho remunerado, conforme tabela 1.
Como instrumento para a obtenção dos dados, foi realizada entrevista semidirigida e individual, que permite acessar dados básicos para a compreensão das relações entre os atores sociais e a situação que vivenciam (Bauer, & Gaskell, 2015). As entrevistas foram gravadas em áudio e, posteriormente, transcritas na íntegra. A entrevista abordou os significados que cada participante atribui às violências sofridas. Foram investigadas as violências sofridas pelas lésbicas e explorado como vivenciam os espaços comuns do contexto universitário e se relacionam com os demais sujeitos. As entrevistas foram realizadas nas dependências da Universidade Federal de Jataí (UFJ), mediante disponibilidade, resguardando os aspectos éticos e garantindo a segurança e o sigilo das participantes.
A análise de dados foi realizada com base nos pressupostos da Psicologia Sócio-Histórica e das teorias feministas. A Psicologia Sócio-histórica permite a compreensão da totalidade social a partir do singular, pois pressupõe que a relação singular e total é dialética e, portanto, uma é constituinte da outra. Isso significa que o singular expressa dimensões do plural ou do todo que o forma, assim como o todo articula dialeticamente as possibilidades das singularidades socialmente produzidas (Aguiar, & Ozella, 2013).
Para a interpretação dos dados, foi utilizado o núcleo de significação, que visa a apreender os sentidos construídos pelo sujeito diante de sua realidade social (Aguiar, & Ozella, 2013). Foi possível construir três núcleos de significação: a invisibilização e fetichização da vivência lésbica como formas de violência; as diversas faces da lesbofobia no contexto acadêmico; o preconceito sofrido por mulheres lésbicas. Tais núcleos expressam as vivências das mulheres lésbicas no contexto acadêmico.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. A INVISIBILIZARÃO E FETICHIZAÇÃO DA VIVÊNCIA LÉSBICA COMO FORMAS DE VIOLÊNCIA
Verificou-se que os corpos das mulheres lésbicas são fetichizados quando elas são percebidas como um casal em uma sociedade machista e constituída com base na heterossexualidade compulsória. Nesse sistema, os corpos femininos são identificados como fonte de prazer para os homens, e o relacionamento lésbico categorizado como incompleto por não incorporar o masculino que é socialmente aceitável apenas na figura do homem heterossexual (Rich, 2010). De acordo com Thompson (2001), a fetichização das partes do corpo feminino ocorre no patriarcado transformando mulheres em objetos fragmentados. Quando se trata de um casal lésbico, a fetichização está justamente na união de dois corpos e a fragmentação na inexistência de um homem. Observou-se que, com base nessa perspectiva, homens se sentem frequentemente no direito contestar a posse para si de tais corpos.
Observou-se que a maior aceitação do casal lésbico em relação a outros casais não heterossexuais ocorre pela expectativa masculina de conseguir fazer parte desse relacionamento sexualmente. Ressalta-se que, dessa forma, a aparente aceitação não decorre de respeito pelas diferenças sexuais das mulheres lésbicas, mas sim de uma objetificação e fantasia a respeito dessa relação.
A mulher lésbica, ela é muito erotizada, eu vejo isso, por exemplo, um homem que vê um casal de lésbicas andando juntas [. . .] eles tipo é o fetiche da vida dele (Andreia).
Esse homem que tentou se aproximar de mim, meio que deu a entender que eu e minha namorada ia ficar com ele, entendeu? (Isadora)
Inclusive, eu acho que esse fato da sexualização do casal lésbico faz o casal lésbico ser mais aceito socialmente, porque é um desejo sexual masculino ficar com duas mulheres (Carolina).
Segundo Rich (2010), partindo da heterossexualidade compulsória, uma das características fundantes da categoria mulher configura-se em sentir atração sexual pelo sexo oposto. As lésbicas, ao desafiarem essa noção, são compreendidas como desviantes da ordem natural. Sua orientação sexual, desse modo, é explicada por uma falta de acontecimentos heterossexuais satisfatórios ao longo de suas vidas. Assim, as participantes apontaram que, socialmente, a lesbianidade ainda écompreendida como uma situação passageira que pode ser modificada com uma experiência heterossexual. Ademais, perceberam-se situações em que homens tentaram iniciar um relacionamento afetivo-sexual a fim de provarem que elas não se encaixavam em um modelo heterossexual por falta de uma experiência prazerosa.
Igual, muita gente fala "aí, só é lésbica porque ainda não conheceu o cara certo", quer justificar uma coisa que não tem justificativa (Vanessa).
Principalmente quando você fala "ah, eu sou lésbica". Acho que uma das primeiras coisas que as pessoas falam é, tipo assim, "ah, porque você ou você nunca ficou com homem de verdade pra... pra saber se você é lésbica ou não, se você gosta ou não" (Aline).
Eles chegam. Você fala que não, e aí que eles "quer" mesmo, fica aquele tipo de "aí éporque você ainda não pegou um homem que..." sabe? (Letícia).
A lesbianidade, assim, por ser percebida como vivência incompleta, édescreditada pela heterossexualidade compulsória e reduzida a um conjunto de experiências sexuais insatisfatórias (Albuquerque, & Williams, 2015; Andrêo et al., 2016; Dinis, 2013; Gomes, & Fehlberg, 2014; Rich, 2010; Santos, 2013; Soares, 2017). Esse movimento inviabiliza a vivência lésbica, contribuindo para a manutenção da heterossexualidade e, consequentemente, da lesbofobia.
3.2. AS DIVERSAS FACES DA LESBOFOBIA NO CONTEXTO ACADÊMICO
Observou-se que a forma de violência que prevalece no âmbito do campus universitário é sutil e simbólica, perpetrada principalmente por comentários, olhares e piadas. Ademais, verificou-se que os principais autores da lesbofobia nesse contexto foram outros estudantes e colegas. Ressalta-se que a repetição dessas atitudes preconceituosas pode-se traduzir em um bullying homofóbico no âmbito educacional (Bekaert, 2010). Observou-se também que a lesbofobia sutil pode causar às mulheres desconforto e receio de serem consideradas socialmente inadequadas devido à sua orientação sexual. Infere-se que, para além dos impactos relacionais, o desconforto e o receio de inadequação sociais nessas situações pode gerar sofrimento emocional.
A violência simbólica, embora não seja física e diretamente realizada, causa prejuízos, uma vez que é estrutura da naturalização de um padrão heteronormativo e estruturante do preconceito e da invisibilidade da lesbianidade, bem como de outras vivências não heterossexuais. É interessante ressaltar que a omissão da universidade em relação a tais atitudes pode ser compreendida como violência institucional, visto que contribui para a manutenção da lesbofobia ao não coibir sua incidência (Osorio, & Rousell, 2015).
Só que, no ambiente da faculdade, eu nunca sofri, assim, não diretamente, mas eu tenho certeza que as pessoas comentam, porque a gente sabe, né? (Carolina)
Eu conheci algumas colegas e, antes de eu falar alguma coisa, elas já vinham com piadinha ou alguma coisa meio sem graça, e eu ficava muito, sei lá, eu ficava com receio de falar alguma coisa e não ser aceita, sabe? (Letícia)
Assim, na faculdade, "pra" mim, eu acho que sempre foi tirando as olhadas, né? E as brincadeiras assim, de companheiros de sala, acho que festa sempre é mais pesado (Aline).
Verificou-se que, enquanto no campus acadêmico, a lesbofobia ocorre de maneira sutil e simbólica, no contexto de festas universitárias, ela é perpetrada de maneira mais direta e agressiva. É interessante notar a mudança de atitudes em decorrência das situações nas quais os estudantes estão. Se, na universidade, eles não perpetram violência explícitas contra lésbicas, em festas, esse comportamento é o comum. Pode-se inferir que, em um ambiente descontraído, cuja finalidade éa diversão, os estudantes se sentem na liberdade de praticarem violências contra as lésbicas.
Dentro da universidade... O espaço universitário, não, mas, por exemplo, festa de faculdade, que são as mesmas pessoas que você convive na faculdade, aí acontece (Vanessa).
Em festa, é o que mais tem. Eles tentam, cê fala que é lésbica, e eles ainda insistem, tentam beijar, só que nenhum nunca forçou nada não, tipo pegou meu braço e falou "não", mas cê sempre escuta piadinha do tipo "Ah, cê é lésbica porque cê ainda não me beijou, porque ainda não conheceu um pinto" (Bianca).
Ainda no âmbito acadêmico, verificou-se que o movimento LGBT existente na universidade ainda não incorpora as demandas das mulheres lésbicas em sua atuação por não possibilitar a participação ativa dessas mulheres. Embora o movimento LGBT como um todo tenha avançado na inclusão de pautas que cubram as demandas das minorias que representa, ainda existe a invisibilização da causa lésbica. Historicamente, a incorporação do movimento lésbico ao movimento LGBT ocorreu devido à invisibilização da mulher lésbica dentro do movimento feminista, que não era capaz de formular uma crítica contundente à heterossexualidade compulsória. Entretanto, dentro do próprio movimento LGBT, houve resistência em aceitar as pautas lésbicas além de misoginia por parte de integrantes homossexuais (Borges, 2008). Observou-se que tais resistências permanecem atuais, relegando às mulheres lésbicas funções secundárias na articulação do movimento.
Esse coletivo, ele é muito mais voltado pro homem gay e pra pessoa trans. Eu... Eu conheço lésbicas que estão nele, mas elas não... Elas não têm muita voz ativa. É mais, manda algum contive prum evento que vai ser realizado, tipo Dia da Mulher ou feminismo. É mais nessa vertente do que dar ideia ou falar alguma coisa sobre (Ana Luísa).
Ressalta-se que a invisibilização lésbica é contrária aos próprios interesses do movimento LGBT, visto que reitera a discriminação social contra essas mulheres. A reprodução de comportamentos sociais discriminatórios no contexto de um movimento social de pessoas marginalizadas devido à sua orientação sexual e identidade de gênero é dicotômica, e suas crítica e reflexão são necessárias para que haja mudanças sociais efetivas.
3.3. O PRECONCEITO SOFRIDO POR MULHERES LÉSBICAS
Verificou-se que as participantes sofriam uma série de violências sociais em espaços públicos, no trabalho, na rua ou mesmo em situações contratuais, em decorrência de sua orientação sexual. O tratamento social direcionado àslésbicas se difere daquele destinado às mulheres heterossexuais em diversas situações banais. O primeiro grupo, ao desafiar o papel de gênero socialmente atribuído às mulheres (feminilidade, maternidade e heterossexualidade), sofre múltiplos preconceitos no cotidiano. Esses preconceitos e a estigmatização social se evidencia em olhares, gestos, palavras e no contato físico ou a falta deles em relação a lésbicas (Santos, & Bernardes, 2008). Ressalta-se que esses preconceitos provocam constrangimentos e dificuldades para as mulheres lésbicas existirem.
Para lésbicas, diferentemente de mulheres heterossexuais, é no espaço público que ocorre a maioria das violências. A maior parte dos lesbocídios, por exemplo, acontece em vias públicas, enquanto as mortes de mulheres heterossexuais são praticadas em âmbito privado por (ex-)companheiros. Ademais, a maioria dos perpetradores de violência contra lésbicas são desconhecidos, não tendo nenhum relacionamento com elas (Peres, Soares, & Dias, 2018).
A dona do lugar onde eu morava me mandou embora por eu, eu comecei a namorar e, nas regras que ficava na porta, era quitinete, e aí era permitido só levar o namorado, e daí, quando eu levei minha namorada (ênfase no a), passou uma semana. Daí eu tive que me mudar e procurar outro lugar (Ana Luísa).
Várias vezes, já carro abriu farol porque ficou chocado me olhando, cara de moto olha pra trás e quase cai, as pessoas ficam me olhando [. . .]. Eles olham, mas se eu tô com uma mulher, eles olham mais ainda pra tentar entender o que tá acontecendo. Mãe já tirou criança do shopping, várias situações assim (Ana Luísa).
No trabalho, no estágio que eu faço, às vezes, tem comentários homofóbicos, não diretamente à minha pessoa, mas a gays, lésbicas no geral, e assim cê se sente um pouco constrangido com isso né (Isadora).
Constatou-se que as diversas formas de violência contra lésbicas causam, principalmente, constrangimento. Entretanto é importante frisar que a segurança bem como a integridade física e emocional de mulheres lésbicas estão em risco quando elas sofrem lesbofobia. A expressão máxima dessa violência ocorre na forma do lesbocídio, perpetrado usualmente por homens sem vínculos conjugais e, ou, familiares com as mulheres por não aceitarem a existência de mulheres lésbicas (Peres, Soares, & Dias, 2018).
A característica dos autores dessa agressão, majoritariamente desconhecidos, revela a vulnerabilidade social às quais as lésbicas estão expostas. Enquanto a violência perpetrada contra elas tende a ser física, na esfera pública e explícita, as violências contra mulheres heterossexuais tendem a ocorrer no âmbito privado e, portanto, aquém dos olhos de outras pessoas. A violência no âmbito público constitui-se, então, numa tentativa de extermínio dessa categoria de mulheres (Peres, Soares, & Dias, 2018), indicando-se, assim, uma expressão de poder última sobre os corpos das mulheres lésbicas e suas expressões de identidade e orientação sexual.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo investigar a violência sofrida por mulheres lésbicas universitárias. Os resultados indicaram que a lesbofobia é perpetrada principalmente pela invisibilização da vivência lésbica de diversas maneiras. A omissão da universidade em relação à temática pode ser compreendida como violência institucional, pois reitera a heterossexualidade como norma vigente ao não fomentar matérias curriculares e palestras que discutam diversidade de gênero. Essa omissão e naturalização se reverbera nas atitudes dos estudantes em ambientes informais, como em festas, lócus onde a lesbofobia ocorre com maior frequência pela percepção de mulheres se relacionam com outras mulheres em decorrência de carência de experiências heterossexuais satisfatórias.
Ademais, no contexto de um coletivo LGBT que atua na universidade, a lesbofobia ocorre quando as demandas lésbicas não são sequer pautas do movimento social. A não visibilidade lésbica se constitui, mais uma vez, em uma forma de violência contra as lésbicas, com o agravante de situar-se em um discurso político de igualdade e respeito às diversas formas de expressão sexual e identitária.
Propõem-se, então, alguns caminhos para a prevenção e enfrentamento da lesbofobia na universidade. Entre eles, a criação de uma política de equidade de gênero, como tem sido realizado em outras universidades; a inserção de matérias obrigatórias sobre relações de gênero nas grades curriculares dos cursos da Universidade Federal de Jataí (UFJ), o que possibilitaria maior alcance da discussão entre públicos de distintas áreas do conhecimento e a realização de palestras e campanhas nos cursos de capacitação dos profissionais do ensino superior. Além disso, nos casos de discriminação de gênero, sugere-se a celeridade na apuração de denúncias de violência e assédio; a punição de autores de agressão, independentemente do nível hierárquico que ocupam e, por fim, o acolhimento de pessoas em situação de violência, por meio de atendimento psicossocial oferecido pela universidade. A realização de palestras, campanhas e inserção do tema nos cursos de capacitação dos profissionais da faculdade também seria importante ferramenta no processo de desnaturalização da lesbofobia.
Ressalta-se, afinal, os limites que o estudo apresenta, pois contempla uma realidade que, embora guarde características gerais, está circunscrita a uma região e um grupo específico de uma universidade. Nesse sentido, novas pesquisas que contemplem a realidade social de outras regiões e universidades se fazem necessárias para o fomento do conhecimento sobre a temática.
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Texto recebido em 27 de novembro de 2019 e aprovado para publicação em 27 de novembro de 2019.
* Mestranda em Psicologia e Processos Psicossociais e Educacionais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Jataí (UFJ). Desenvolveu pesquisas e atuou na temática de relação de gênero, com ênfase no fenômeno da violência contra a mulher, com base nos estudos feministas e da Psicologia Sócio-Histórica. Estuda e pesquisa a temática de atenção à saúde mental em uma perspectiva da Psicologia Comunitária. Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Educação. Rua 235 - Setor Leste Universitário, Goiânia-GO, Brasil. CEP: 74605-050. Telefone: (62) 3209-6202.
**Doutora e mestra em Serviço Social pela Unesp de Franca-SP, especialista em Psicopedagogia e graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Realiza pesquisas e projetos acerca do fenômeno da violência contra a mulher, pela perspectiva da Psicologia Sócio-Histórica e das Teorias Feministas. Professora no Curso de Psicologia da Universidade Federal Catalão (UFCat). E-mail: tatimachiavelli@yahoo.com.br.
***Graduanda em Psicologia pela UFJ e em Administração de Empresas pelo Centro de Ensino Superior de Jataí (Cesut). Estuda questões referentes à relação de gênero e atua no enfrentamento a violência contra a mulher, com base na Psicologia Sócio-Histórica e estudos de gênero. Atua como estagiária no atendimento psicossocial na equipe multidisciplinar do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em Jataí-GO, voltada a pessoas em situação de violência doméstica. E-mail: marianafranco122@gmail.com.