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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas
On-line version ISSN 1806-6976
SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.17 no.4 Ribeirão Preto Oct./Dec. 2021
https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2021.170253S
ARTIGO ORIGINAL
Modelos preditivos para o uso problemático de álcool entre universitários da saúde
Modelos predictivos para el uso problemático del alcohol entre las universidades de salud
Naiara Gajo SilvaI; Guilherme Oliveira de ArrudaI; Sara da Silva TargaII; Emily Harumi Arruda Itto PereiraIII; Fabiana Moretto de Oliveira do PradoIII; Hellen Cristina Almeida Abreu de LaraIII
IUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Coxim, Coxim, MS, Brasil
IIProativa Oftalmologia, Cuiabá, MT, Brasil
IIICentro Universitário de Várzea Grande, Saúde, Várzea Grande, MT, Brasil
RESUMO
OBJETIVO: identificar a prevalência e os preditores para o uso problemático de álcool entre estudantes universitários da área da saúde. Estudo transversal, realizado com 1.497 universitários de 11 cursos da saúde, na região metropolitana de Cuiabá-MT, Brasil.
MÉTODO: utilizou-se o Teste para Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool. Aplicou-se a regressão de Poisson e estimou-se a Razão de Prevalência.
RESULTADOS: a prevalência de uso problemático de álcool foi de 23,6%. Identificou-se consumo problemático de álcool entre homens, solteiros, que moravam sozinhos, que se consideravam agressivos e que usavam o álcool em momentos festivos para relaxar, ter prazer e melhorar a interação social. Aquele que morava com cônjuge e/ou filhos, estava no 2º ano do curso, não percebeu mudanças no padrão de consumo na faculdade; o não participante de atléticas, que se considerava calmo e introvertido e bebia por problemas ou "nervosismo" apresentou uso problemático de álcool menos frequente.
CONCLUSÃO: a busca por socialização influencia o uso de álcool entre universitários. Sugere-se que a manutenção do padrão de consumo anterior ao início da graduação os protege. Os modelos são multideterminados e requerem de instituições de ensino, entidades estudantis e equipes de saúde ações oportunas.
Descritores: Consumo de Álcool na Faculdade; Universidades; Estudantes; Bebidas Alcoólicas; Alcoolismo.
RESUMEN
OBJETIVO: identificar la prevalencia y los predictores del consumo problemático de alcohol entre estudiantes universitarios en el campo de la salud.
MÉTODO: estudio transversal, realizado con 1.497 estudiantes universitarios de 11 cursos de salud, em región metropolitana de Cuiabá-MT, Brasil. Se utilizó la prueba para identificar problemas relacionados con el consumo de alcohol. Se aplicó la regresión de Poisson y se estimó la razón de prevalencia.
RESULTADOS: la prevalencia del consumo problemático de alcohol fue del 23,6%. El consumo problemático de alcohol se identificó entre hombres, personas solteras, que vivían solos, que se consideraban agresivos y que usaban alcohol en momentos festivos, para relajarse, disfrutar y mejorar la interacción social. El que vivía con un cónyuge y/o hijos, estaba en el segundo año del curso, no notó cambios en el patrón de consumo en la universidad; quien no participó en el deporte, quien se consideró tranquilo e introvertido y bebió debido a problemas o "nerviosismo" presentó protección para el uso de alcohol.
CONCLUSIÓN: La búsqueda de la socialización influye en el consumo de alcohol entre los estudiantes universitarios. Se sugiere que mantener el patrón de consumo antes del comienzo de la graduación los protege. Los modelos son múltiples y requieren una acción oportuna por parte de las instituciones educativas, los cuerpos estudiantiles y los equipos de salud.
Descriptores: Consumo de Alcohol en la Universidad; Universidades; Estudiantes; Bebidas Alcohólicas; Alcoholismo.
Introdução
Mais da metade da população mundial consumiu alguma bebida alcoólica, pelo menos uma vez na vida(1). Nas Américas, esse número é ainda maior: 83,1% da população fez uso de álcool na vida, sendo que 54,1% fizeram uso de álcool nos últimos 12 meses(1). Dados do 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira(2) apontaram que mais da metade da população brasileira entre 12 e 65 anos fez uso de álcool pelo menos uma vez na vida, 30,1% fizeram uso nos últimos 30 dias, 16,5% fizeram uso em binge e 1,5% da população brasileira apresenta critérios para a dependência de álcool.
Dados do I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre universitários das 27 capitais brasileiras(3) mostraram que o álcool é a substância mais utilizada entre os universitários, com aproximadamente 90% dos acadêmicos tendo relatado o consumo na vida. Nota-se que grande parte dos universitários (72%) relatou o consumo no último ano e 60,5% beberam no mês que antecedeu a pesquisa, o que mostra o consumo de bebidas alcoólicas demonstrando-se um comportamento frequente e repetido entre a maioria dos estudantes(3). O período universitário é crítico para o início e a manutenção do uso de substâncias psicoativas. Relaciona-se ao afastamento das antigas redes sociais e, por vezes, da própria família, à permissividade do grupo social para o uso de álcool e à exigência no desempenho acadêmico, configurando um momento de maior vulnerabilidade(4-5).
Ao considerar as especificidades dessa população, a prevalência e os prejuízos decorrentes do uso de álcool por universitários têm ganhado espaço na literatura brasileira na última década(6-7). Os estudos nacionais têm verificado que práticas de maior risco relacionadas ao uso de álcool, como o beber pesado episódico, podem chegar à prevalência de 51,6%, como apontou inquérito com 619 estudantes de 12 cursos da saúde no norte do Estado do Rio Grande do Sul(8). Conforme estudo realizado junto a 142 universitários da área da saúde, em Teresina, no Piauí, o uso de álcool apresentou-se como fator de risco para a ideação suicida(9). No interior de Minas Gerais, 123 universitários de diversos cursos de uma faculdade expressaram que comportamentos como o envolvimento em acidentes e com a lei e não uso do preservativo estavam associados ao uso do álcool e outras drogas(10). No Mato Grosso do Sul, um estudo com 163 estudantes de Enfermagem, a partir do instrumento Teste de Identificação de Transtornos por Uso de Álcool (AUDIT), evidenciou uma alta prevalência de provável dependência do álcool(11).
No entanto, em relação aos estudos desenvolvidos no Brasil, ainda se fazem necessárias novas investigações com amostras representativas da população universitária, sobretudo no Centro-Oeste brasileiro e sobre fatores relacionados ao uso problemático, especialmente entre estudantes da área da saúde, visto que parecem apresentar maior tendência ao uso mais frequente do álcool(12). O conhecimento sobre os modelos que predizem o uso problemático de álcool pode subsidiar políticas públicas e intervenções institucionais potencialmente efetivas, produzindo implicações positivas. Um exemplo do exposto encontra-se em estudo de revisão que apontou programas de redução do consumo de álcool e outras drogas entre universitários no México, que promoveram uma redução de 74% das variáveis sugestivas de risco, o aumento de 70,3% nas de proteção e uma maior mobilização da rede local para a intervenção sobre a problemática(13).
Diante disso, questiona-se: "Qual a prevalência e os fatores preditores para o uso problemático de álcool entre estudantes universitários da área de Ciências da Saúde em capital do Centro-Oeste brasileiro?". Para responder ao questionamento, o estudo buscou identificar a prevalência e os fatores relacionados ao uso problemático de álcool entre estudantes universitários da área de Ciências da Saúde.
Método
Estudo epidemiológico, de corte transversal, com alunos regularmente matriculados em 11 cursos da área da saúde de um centro universitário, na região metropolitana de Cuiabá-MT, Brasil, durante o período de coleta de dados. Entre os 11 cursos, foram incluídos os de Psicologia e Serviço Social, que integram o grupo de produções na área da saúde definido pelo centro universitário.
A determinação do tamanho da amostra foi baseada na estimativa de proporção populacional, levando-se em consideração como população o contingente de 3.695 estudantes universitários matriculados em cursos da área da saúde do centro universitário em maio de 2018, com o erro amostral de 5% e o nível de confiança de 95%. O tamanho amostral mínimo foi de 1.842 universitários.
Foram incluídos estudantes com idades > 18 anos e que estavam presentes no local de estudo durante o período de coleta de dados. O processo de seleção dos participantes foi não probabilístico por conveniência e o contato com os participantes deu-se em sala de aula, antes ou após o horário regular de aula. A coleta foi realizada durante os períodos matutino, vespertino e noturno, em diferentes dias da semana, e todos os estudantes da área da saúde, de diferentes turmas e semestres dos cursos, que estavam presentes em sala de aula ou na clínica escola situada nas dependências da instituição de ensino, foram convidados a participar, a fim de que potenciais participantes, que se encontravam em atividades práticas, não ficassem alheios à seleção e composição da amostra. Além disso, foram coletados os dados de estudantes de três cursos por vez de modo que, quando as subamostras correspondentes a três cursos fossem completadas ou se aproximassem do tamanho estimado, se passava para os próximos três cursos.
Não foi possível alcançar o tamanho amostral mínimo para a análise por curso devido a fatos que limitaram a coleta de dados nos horários em que ela foi realizada, tais como: alguns alunos estavam em atividades práticas fora das dependências da instituição; uma parte dos alunos não foi encontrada, pois os instrumentos foram aplicados pouco antes e pouco depois dos horários das aulas e porque alguns professores não autorizaram a continuidade do preenchimento dos instrumentos pelos alunos visto que, em alguns casos, as aulas já estavam começando quando o aluno ainda estava respondendo aos instrumentos. Participaram da pesquisa 1.497 estudantes universitários.
Por meio do software GPower, versão 3.1.9.2, realizou-se a análise retrospectiva do poder de análise da amostra total obtida, a qual foi estimada em 97,2%, considerando-se como proporção do evento de interesse testada aquela elencada para o cálculo do tamanho amostral, que foi de 50%. Destaca-se, calculando-se o poder de análise a partir da proporção observada para o evento de interesse, qual seja, 23,6%, que o poder de análise da amostra final chega a 99,2%.
Os dados foram coletados entre os meses de outubro e novembro de 2018 e abril e maio de 2019 por meio de dois questionários estruturados autoaplicáveis: um elaborado pelos pesquisadores envolvidos a partir de consulta à literatura, abordando as características gerais que dizem respeito às variáveis individuais (sexo, idade, estado civil, renda, características comportamentais e de personalidade autopercebidas, possuir religião, motivação para o início e manutenção do uso de álcool, idade em que iniciou o uso de álcool, transtorno mental prévio), ambientais (participação em atlética, período e semestre em que estuda, participação em festas, participação em grupo de oração universitário, pessoas com quem divide a moradia, uso de álcool pela pessoa com quem coabita) e familiares (união familiar autorreferida, histórico familiar de uso de álcool) e outro, o AUDIT, visando a identificar os padrões do uso do álcool.
A avaliação das variáveis características comportamentais e de personalidade e a motivação para o início e a manutenção do uso de álcool deram-se a partir do autorrelato do participante, questionando-se se o indivíduo observava determinadas características em si, com as seguintes possibilidades de resposta: "verdadeiro" e "falso".
O AUDIT é um teste de rastreio para o uso problemático de álcool desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O teste foi adaptado e validado para o Brasil em 1999(14) e em 2005(15), apresentando bons níveis de sensibilidade, respectivamente 87,8%14 e 100%(15), e especificidade, 81%(14) e 76%(15), para a detecção do uso problemático de álcool(14). O instrumento é composto por dez perguntas fechadas e permite a identificação do uso problemático/de risco de álcool a partir do ponto de corte oito. O AUDIT permite a identificação dos diferentes padrões de consumo de álcool(16). Para este estudo, considerou-se a nota de corte oito de modo que os escores abaixo de oito foram agrupados na categoria "Risco baixo/Abstinente" e aqueles escores iguais ou maiores que oito agrupados na categoria "Uso problemático de bebida alcoólica".
Foram observadas frequências absolutas e relativas de variáveis qualitativas ordinais e nominais e apresentados valores médios do escore expresso a partir do AUDIT. Aplicou-se a regressão de Poisson simples para a análise bruta (bivariada) das possíveis relações com a variável dicotômica "Uso problemático de bebida alcoólica". Verificaram-se então as relações com valores de significância iguais ou menores do que 20% (p<0,20) e as respectivas variáveis passaram à análise ajustada, realizada por meio de regressão de Poisson múltipla.
Adotou-se, como medida de associação, a Razão de Prevalência (RP) com respectivo intervalo de confiança de 95% (IC 95%), que foi obtida por meio da regressão de Poisson com estimativa robusta em que as variáveis que indicavam maior frequência para o uso de álcool (RP > 1,0) foram inseridas na modelagem definida como "Fatores relacionados à maior frequência de uso problemático" e as variáveis que representaram menor frequência (RP < 1,0) foram inseridas em modelagem denominada como "Fatores relacionados à menor frequência de uso problemático"
É importante destacar que, para fins de comparação, a primeira categoria de cada variável independente analisada foi elencada como categoria de referência. Por fim, as variáveis independentes, que permaneceram em cada modelo final, foram aquelas que apresentaram valores de significância iguais ou menores do que 5% (p<0,05).
Destaca-se que foram analisados modelos de regressão logística binária e de Poisson para as mesmas variáveis e que se observaram IC menores e, portanto, mais precisos, para a RP do que para a Razão de Chance.
O estudo foi conduzido respeitando-se os padrões éticos exigidos e os preceitos da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do UNIVAG conforme o número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 2.899.574.
Resultados
A amostra foi predominantemente do sexo feminino (68,5%), solteira (68,7%), com média de idade de aproximadamente 25 anos (DP=5,73; Mín.=18 e Max.=54), de modo que a maioria (53,8%) dos indivíduos apresentava idades entre 18 e 24 anos. Prevaleceu a cor da pele autodeclarada como parda ou preta (55,8%), ter religião (61,6%) e não trabalhar (62,3%). A maior parte da amostra tinha renda familiar entre dois e quatro salários-mínimos (40,9%) e morava com pais, mães e/ou irmãos (37,7%).
Os resultados referentes ao perfil escolar dos estudantes apontam que a maior parte não tinha outro curso de nível superior (89,4%), estava no 2° ano da graduação, nunca havia sido reprovada (68,8%), principalmente nos cursos de Medicina e Enfermagem, e não participava de grupo de oração, ligas/atléticas ou festas universitárias (Tabela 1).
A Tabela 2 mostra que a maioria referiu que as pessoas com quem mora não consomem álcool e também que os pais não fazem uso de álcool. Também a maioria dos universitários referiu que considera sua família unida. O início do uso predominou entre os 13 e 17 anos, de forma que a faculdade não influenciou essa iniciativa e nem mesmo contribuiu para alterar o padrão de uso. Foram os motivos principais para despertar o uso a curiosidade seguida da socialização com amigos/familiares e, para dar continuidade, os momentos festivos, a sensação de relaxamento e o prazer em fazer o uso.
Parte dos universitários referiu diagnóstico prévio de transtorno mental (33,6%). A maior parte referiu autoestima nem baixa e nem alta (Tabela 3). Em relação às características de personalidade e comportamento, a resposta "falso" foi mais frequente para todas elas, contudo, as características em que a resposta "verdadeiro" apareceu com frequências mais altas foram: calmo; ansioso; otimista; extrovertido e acolhedor (Tabela 3).
O escore médio obtido pelos universitários com a aplicação do instrumento AUDIT foi de 4,57 pontos (DP = 5,29; Mín. = 0 e Max. = 38). Em relação à classificação do padrão de risco do consumo de álcool, 76,4% (n = 1.144, IC 95% = 74,2;78,5) dos universitários expressaram baixo risco; 19,0% (n = 284, IC 95% = 17,0;21,0), moderado risco; 2,8% (n = 42, IC 95% = 2,0;3,7), risco nocivo e 1,8% (n = 27, IC 95% = 1,2;2,6), risco muito alto. Quando dicotomizada a variável visando à análise do uso problemático de álcool, evidenciou-se que 23,6% (n = 355, IC 95% = 21,5;25,8) dos universitários referiram algum grau do referido evento. As frequências de uso problemático de álcool foram maiores entre os estudantes dos cursos de Odontologia (40,9%), Farmácia (33,9%) e Medicina (33,6%) e menores entre os cursos de Fonoaudiologia (8,5%), Psicologia (9,6%) e Nutrição (11,3%).
A partir da análise múltipla, verificou-se que a chance de fazer uso problemático do álcool foi maior entre o sexo masculino, solteiros, que moram sozinhos, bebem por prazer, em momentos festivos, para sentirem-se relaxados e para melhorar a interação social. As características comportamentais também são fatores que podem aumentar ou diminuir as chances de uso problemático de álcool. A agressividade aparece como preditor do uso problemático de álcool (Tabela 4), enquanto reconhecer-se como calmo e/ou introvertido está relacionado à menor frequência do uso problemático (Tabela 5).
Foram fatores relacionados à menor frequência de uso problemático de álcool: morar com cônjuge e/ou filhos; cursar o segundo ano; não ter percebido mudanças no padrão de uso de álcool após o início da faculdade; referir, como motivo para o início do uso, estar nervoso ou com problemas e não se envolver com a atlética. Destaca-se o segundo ano do curso apresentando-se como protetor, o que pode estar relacionado à frequência de uso problemático, que foi maior no primeiro (28,5%) do que no segundo ano (18,6%). A frequência do uso problemático no 5° ano do curso foi de 31,7% e, quando comparada à do 1° ano (categoria de referência), não expressou diferença significante a ponto de esse período do curso ser considerado fator de risco.
A maior frequência de uso problemático de álcool também pode estar relacionada às características dos estudantes que estão no 1º e no 5º anos do curso. Entre os estudantes do 1º ano também se observou maior frequência de participação em atléticas e de festas, além do início do uso entre zero e 12 anos e uso por prazer e interação social. Entre os estudantes do 5º ano, observa-se maior frequência de referência à mudança no padrão de uso ao longo da faculdade, além de os estudantes terem informado, em maior proporção, que não se consideravam calmos.
Dentre os universitários que declararam mudança no padrão de consumo no decorrer do curso, 53,4% iniciaram o uso de álcool após o início do curso, enquanto 81,4% dos que declararam que o estar na universidade não influenciou o seu padrão de uso não iniciaram o uso durante o curso. Observou-se que aqueles estudantes que não mudaram o padrão de uso durante a faculdade apresentavam menor frequência de morar junto com pessoa que consome álcool, transtorno mental prévio, autoestima baixa, ser impulsivo, participação em ligas/atléticas, início do uso entre zero e 12 anos e por estar nervoso ou com problemas, uso por prazer, relaxamento e interação social. Por outro lado, foram observadas frequências maiores de participação em grupo de oração.
Discussão
A prevalência de uso problemático de álcool encontrada foi de 23,6%. A prevalência observada foi próxima da obtida em outras cidades brasileiras. Em Aracaju, a prevalência do uso problemático ou de risco (escore de oito ou mais pontos no AUDIT) foi de 21,1% entre os estudantes da área da saúde(7) e, no Rio de Janeiro, de 23,4% entre os universitários da Biomedicina, Ciências Biológicas e Ciências da Natureza(17). Nota-se que a prevalência do uso de álcool de risco é menos frequente entre os universitários do Brasil do que os de países da Europa, onde uma prevalência de até 84% foi registrada(18). Os dados de prevalência de álcool entre universitários variam na literatura, mas, na maioria deles, o consumo de baixo risco predominou(19).
Nesta investigação, alguns fatores consensuais na literatura se confirmaram, como os relacionados ao uso problemático mais frequente: sexo masculino; estado civil solteiro; uso motivado pela melhora da interação social e relaxamento. Já os relacionados à menor frequência do uso problemático foram: morar com cônjuge e/ou filhos. Por outro lado, a ausência de fatores relacionados, como o ambiente familiar conflituoso e a religião, chamou a atenção.
Em pesquisa com estudantes universitários da área da saúde de Aracaju, o modelo de fatores considerados sociodemográficos e associados ao consumo de álcool de risco envolvia o sexo masculino, estudar em universidade privada e o tabagismo, sendo que variáveis como o ambiente familiar conflituoso e ter pais permissivos não foram associadas(8). Do mesmo modo, este estudo não identificou a associação com o uso de álcool pelos pais ou com a falta de união na família, denotando-se, a partir disso, que parte dos determinantes é preditora envolta por aspectos socioculturais que extrapolam o cerco familiar e produzem padrões de comportamento socialmente aceitáveis.
A relação entre o sexo masculino e o uso problemático de álcool tem sido frequentemente apresentada na literatura científica brasileira, seja na população universitária(7,17,20) ou na população geral(2). Esse dado pode, em partes, ser explicado por um código social de masculinidade que envolve associar o uso de álcool à autoconfiança, ao poder sobre as mulheres, ao controle emocional, entre outros(21).
Outra variável que frequentemente está associada ao uso problemático de álcool entre os universitários é o estado civil solteiro. Um estudo comparando o consumo de álcool entre gêmeos casados e não casados (solteiros e divorciados) sugeriu que os indivíduos, especialmente os do sexo masculino, alteram a quantidade de bebida alcoólica ingerida quando começam e quando terminam um casamento, bebendo mais quando são solteiros, menos quando estão casados e mais quando se divorciam(20).
Neste estudo, identificou-se que, dentre os fatores relacionados à maior frequência de uso problemático de álcool obtidos, as motivações para o uso de álcool estão relacionadas aos impactos positivos do uso de álcool na vida, como a melhora da interação social, o relaxamento e o prazer. Isso vai ao encontro da literatura nacional e internacional em que o uso do álcool como agente de socialização pelos universitários foi evidenciado em 95,5% dos artigos que abordaram o uso de álcool entre os universitários(22).
Um levantamento com estudantes brasileiros apontou que o grupo que apresentou os estudantes mais expostos às consequências negativas do uso de álcool percebeu menos esses problemas como algo que impacte negativamente a sua vida(6). O uso abusivo de álcool por estudantes universitários pode estar relacionado à valorização dos efeitos positivos e à não percepção dos problemas decorrentes desse uso.
Um estudo da área de Psicologia evidenciou que o ambiente universitário exige habilidades sociais como o autocontrole de agressividade, que está associado às habilidades em sala de aula, à autoexposição e à assertividade(23).
Desse modo, é preciso atentar-se para o fato de que o universitário pode trazer consigo uma predisposição para o comportamento agressivo a ser trabalhada, que as relações interpessoais (colegas, professores e outros funcionários) e as demandas acadêmicas (apresentar trabalhos, cumprimento de prazos e regras, constituir grupos, fazer pesquisas, entre outras) podem ser geradoras de estresse e, ao mesmo tempo, oportunidades para a adaptação, e que o uso de álcool, nesse contexto, pode ser encarado como alternativa para o alívio de tensões, mas também disparar ou agravar as tendências agressivas.
Uma revisão de estudos realizados em diferentes países apontou que as festas compuseram o ambiente mais propício para o consumo de álcool(24). Em análise das propagandas sobre festas em campus universitário, foi possível verificar que a menção à bebida alcoólica predominou de modo informal em todas as imagens, associadas, sobremaneira, à sexualidade e ao estímulo a um estilo de vida relacionado ao álcool(25).
Considera-se que o alcance do universitário que pratica um padrão de uso nocivo e que mora sozinho pode mostrar-se mais desafiador para as instituições de ensino e os serviços de saúde em decorrência da falta de um núcleo de apoio mais próximo do estudante, agravado, por vezes, pela mudança da cidade de origem e a distância de familiares e amigos. A literatura mostra que morar sozinho surgiu como o principal fator de risco para o uso de álcool entre os universitários(24).
Em contrapartida, este estudo também verificou que morar com o cônjuge e os filhos se mostra como um fator relacionado à menor frequência do uso problemático de álcool. Um resultado semelhante foi encontrado em investigação com 2.641 universitários das cinco regiões brasileiras em que a frequência de um padrão de risco para o uso de álcool foi significativamente menor entre aqueles que viviam com cônjuge do que entre os que moravam sozinhos ou com amigos e colegas(26). Acredita-se que o fato de morar sozinho pode limitar o repertório de relações, de atividades e de apoio em situações difíceis, levando o universitário a recorrer ao uso do álcool como recurso para a interação, a inserção em atividades sociais e o alívio de tensões.
Os resultados obtidos coadunam parcialmente com estudos internacionais que apontaram que o uso abusivo de álcool aumenta de acordo com os anos cursados(27). Acredita-se que os períodos inicial e final do curso de graduação são momentos críticos para o universitário de maneira que, no primeiro ano, ele está iniciando um processo de adaptação às novas relações e responsabilidades, buscando inserção e aceitação social e deparando-se com distintas mudanças em sua vida, o que faz do primeiro ano um período de maior vulnerabilidade, especialmente no sexo masculino(5). Nos anos intermediários, os estudantes deparam-se com as primeiras inserções em campo de prática, o que pode levá-los a reduzir o consumo a fim de cumprir com as demandas relacionadas.
Nos últimos períodos, há uma maior cobrança em relação ao futuro profissional(28), o estudante vê-se prestes a encarar o mercado de trabalho e/ou a buscar alternativas de aperfeiçoamento, lidando com a necessidade de obter sustento, sucesso e reconhecimento social(28).
O fato de os universitários terem referido que a faculdade não alterou o padrão de uso de álcool e que isto se relacionou a um menor uso problemático permite inferir que a frequência do menor nível de consumo foi mantida apesar dos riscos. Levanta-se a hipótese de que o fator temporal esteja associado à mudança no padrão de uso de álcool secundária à exposição aos riscos do ambiente universitário, visto que os alunos do primeiro ano não indicaram mudança enquanto os do último ano indicaram mudança no padrão do uso de álcool na faculdade. Um estudo realizado com 360 estudantes do curso de Medicina apontou que o uso de álcool e a referência ao episódio de embriaguez aumentaram consideravelmente durante o curso de graduação(28).
Levanta-se também a hipótese de que as características individuais que protegeriam para o uso abusivo de álcool possam ser transformadas ao longo do curso. Os alunos do primeiro ano apresentavam maior frequência da característica "ser calmo" em oposição aos universitários do último ano, que não se reconheciam como calmos. E, nesse sentido, infere-se ainda que podem existir fatores individuais que protegeram o indivíduo durante os primeiros anos do curso e que precisam ser investigados, bem como fatores do ambiente universitário que podem modular essas características individuais.
A discussão sobre os fatores relacionados ao menor uso problemático de álcool na literatura científica fica aquém quando comparada à discussão sobre os fatores mais frequentemente relacionados ao uso abusivo de álcool entre os universitários. A religião e as questões ligadas ao ambiente familiar são alguns dos principais fatores de proteção identificados nos estudos sobre o tema(9,17), enquanto os preditores relacionados ao ambiente universitário são pouco abordados nos estudos, o que dificulta a formulação de inferências a partir da literatura.
Acredita-se que a não participação nas atléticas mostrou-se como fator relacionado à menor frequência de uso problemático de álcool, pois se contrapõe, em certa medida, à associação expressa pela variável "Momentos festivos" enquanto fenômeno que impulsiona a continuidade do uso, já que as atléticas estão habitualmente envolvidas com a promoção de eventos festivos no meio universitário.
A partir da observação dos resultados, nota-se a socialização como fator central no uso de álcool entre os universitários. Não se trata, contudo, de desestimular a inserção do estudante em atividades universitárias que promovam a socialização, mas, sim, de compreender as percepções que os universitários têm sobre o lugar que ocupa o álcool nas relações sociais deles, a qualidade das relações estabelecidas e as influências destas na forma como as pessoas irão agir.
Estar nervoso ou com problemas constituiu-se em uma característica que expressou menor frequência associada de uso de álcool. Outros fatores contribuem mais para o início do uso, como a influência de amigos e a curiosidade, como apontou estudo qualitativo realizado junto a 30 membros de entidades estudantis atreladas ao curso de Enfermagem no Sudeste brasileiro(29).
Definir-se como calmo e introvertido pode estar atrelado, principalmente, à opção dos universitários por ambientes e eventos menos movimentados e, por consequência, que favoreçam menos o uso problemático de álcool. Em estudo realizado com 123 universitários de instituição privada, em que 74,5% já se embriagaram, verificou-se que apenas 4,8% expressaram comportamento introvertido nos ambientes onde frequentam e se relacionam(10).
O período da graduação é reconhecido como de vulnerabilidade para o início e a manutenção do uso de álcool e outras drogas(4,10). O uso de álcool pelos estudantes como fonte de prazer, potencializador da socialização e relaxamento, preditores do uso abusivo de álcool identificados neste estudo, pode estar relacionado com a pouca habilidade dos universitários no enfrentamento das demandas sociais e cobranças próprias do período universitário(8).
Quanto aos limitantes deste estudo, destacam-se: a seleção dos indivíduos por conveniência; o fato de não se ter alcançado o tamanho amostral mínimo estimado; as subamostras reduzidas para alguns cursos e a consequente dificuldade na análise inferencial por curso; as barreiras institucionais e de tempo enfrentadas na coleta de dados e limitações em explicar, por exemplo, que fatores determinariam a manutenção do padrão de uso de álcool durante o período da graduação.
Algumas variáveis comportamentais e de personalidade podem não ter sua confiabilidade confirmada visto que não foram utilizadas escalas específicas para a sua mensuração, apenas a percepção do participante sobre si.
Conclusão
A prevalência do uso problemático de álcool por universitários, identificada em capital do Centro-Oeste brasileiro, não destoou de resultados obtidos por outros estudos nacionais. Em termos de modelo preditivo de fatores relacionados à maior frequência do uso de problemático de álcool, identificou-se que os homens, solteiros, que moravam sozinhos, que se consideravam agressivos, que utilizavam o álcool predominantemente em momentos festivos, para ter a sensação de relaxamento, de prazer e promover interação social apresentaram maiores prevalências de uso problemático do álcool.
Por outro lado, o modelo preditivo relacionado à menor frequência de uso problemático de álcool apontou que os universitários que moravam com cônjuges e/ou filhos, que estavam no segundo ano do curso, não perceberam mudanças no padrão de uso após o início da graduação; os que não participavam de atlética e que se consideravam calmos e introvertidos foram aqueles com menor prevalência do uso problemático de álcool.
Infere-se que a socialização é um fator que influencia substancialmente o uso de álcool entre universitários.
Agradecimentos
À direção das áreas de conhecimento Ciências da Saúde e de Ciências Médicas do Centro Universitário de Várzea Grande pela autorização institucional e oferta do espaço físico para a realização da pesquisa.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS/MEC - Brasil.
Referências
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Autor correspondente:
Naiara Gajo Silva
E-mail: naiaragajos@gmail.com
Recebido: 01.06.2020
Aceito: 12.01.2021
Contribuição dos autores
Concepção e planejamento do estudo: Naiara Gajo Silva, Guilherme Oliveira de Arruda, Sara da Silva Targa, Fabiana Moretto de Oliveira do Prado, Emily Harumi Arruda Itto Pereira.
Obtenção dos dados: Naiara Gajo Silva, Sara da Silva Targa, Fabiana Moretto de Oliveira do Prado, Emily Harumi Arruda Itto Pereira.
Análise e interpretação dos dados: Naiara Gajo Silva, Guilherme Oliveira de Arruda.
Análise estatística: Guilherme Oliveira de Arruda.
Redação do manuscrito: Naiara Gajo Silva, Guilherme Oliveira de Arruda, Sara da Silva Targa, Fabiana Moretto de Oliveira do Prado, Emily Harumi Arruda Itto Pereira, Hellen Cristina Almeida Abreu de Lara.
Revisão crítica do manuscrito: Naiara Gajo Silva, Hellen Cristina Almeida Abreu de Lara.
Todos os autores aprovaram a versão final do texto.
Conflito de interesse: os autores declararam que não há conflito de interesse.