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Revista Brasileira de Psicanálise
Print version ISSN 0486-641X
Rev. bras. psicanál vol.48 no.4 São Paulo Sep./Dec. 2014
Lançamentos
Histeria e gênero
Pedro Eduardo Silva Ambra
Nelson da Silva Jr. (Orgs.)
São Paulo: nVersos, 2014, 282p.
Esta obra - que traz dez artigos de diferentes autores da psicanálise, da psicologia e áreas afins - nos apresenta diálogos fecundos entre psicanálise, feminismo e estudos de gênero, revelando como estes se mostram mais íntimos do que se poderia imaginar. Os artigos expõem uma série de reflexões sobre as diferentes maneiras pelas quais desejos e identidades se enlaçam. Abordando a complexidade sobre as fronteiras entre o individual e o social, a obra reconduz de modo brilhante a discussão sobre sexo e gênero ao solo psicanalítico, a partir da contemporaneidade e de suas tensões. Além disso, aponta com propriedade, por meio da pluralidade de ângulos de acesso a essa temática - sexo e gênero -, a posição peculiar que cabe à psicanálise no debate contemporâneo dirigido às famílias que se apresentam em desordem e com identidades em suspenso, uma vez que, por seu instrumental teórico-metodológico, pode mergulhar nas obscuridades inquietantes das novas configurações subjetivas. Destaca-se, deste modo, como a psicanálise está comprometida com a imbricação radicalmente constitutiva entre o individual e o coletivo.
Tornando-se pais: a adoção em todos os seus passos
Gina Khafif Levinzon
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014, 96p.
A autora, neste seu livro mais recente, aprofunda suas investigações sobre o campo da adoção, voltando-se para os pais que pretendam adotar uma criança ou para aqueles que já estão em processo de adoção. A experiência clínica em psicanálise com famílias adotivas evidencia uma série de características que são inerentes ao processo de adoção, merecendo um exame minucioso a fim de se obter a condição de um bom manejo das situações despertadas por esse acontecimento. Abordando os pontos principais dessa forma de parentalidade, a autora examina o mundo do adotivo enfatizando a perspectiva psicológica do mundo psíquico da criança ou adolescente, e de seus pais adotivos. Esta importante obra para os estudiosos do assunto deve ser aclamada por todos que se utilizam da psicanálise como método de reflexão sobre os assuntos humanos.
O ouvido do analista e o olho do crítico: repensando psicanálise e literatura
Benjamim H. Ogden
Thomas H. Ogden
São Paulo: Escuta, 2014, 164p.
Este livro origina-se de uma série de conversas entre um psicanalista (pai) e um crítico literário (filho), ambos consagrados e renomados em seus respectivos campos. Em trabalho anterior, Thomas Ogden havia destacado a fronteira entre o pré-consciente e o inconsciente como núcleo central do que significa estar vivo como ser humano. Este seria o lugar da experiência de sonhar e da reverie, lugar onde nascem o brincar e a criatividade, lugar de onde o humor e o encantamento seminal partem em busca da conversação, do poema, do gesto da expressão facial e assim por diante. Esta área da mente humana é aquela para a qual o analista Ogden dirige sua atenção a fim de abordar a relação entre literatura e psicanálise. De outro lado, o crítico literário, Benjamin Ogden, acentua a importância da leitura rigorosa do texto literário com os instrumentos próprios da crítica como forma de enriquecimento da sensibilidade psicanalítica, chamando a atenção para como a linguagem enriquece o significado. Assim também, convida os críticos literários a abandonar antigos preconceitos a respeito dos conceitos psicanalíticos, valorizando e ampliando este rico campo se considerado em sua concepção mais moderna.
Traumatic ruptures: abandonment and betrayal in the analytic relationship
Robin A. Deutsch (Org.)
New York; London: Routledge, 2014, 220p.
Este livro instigante, promovedor de leitura atenta, traz à tona temas difíceis e complexos para aquele que trabalha com a clínica psicanalítica. A organizadora da obra, Robin A. Deutsch, põe em relevo textos que investigam as rupturas que podem ocorrer num relacionamento psica-nalítico e seus imediatos e prolongados efeitos para os envolvidos, bem como para as instituições psicanalíticas a que pertencem os analistas dessas ocorrências. Tudo aquilo que pode promover uma atitude que rompa a estabilidade e coesão do encontro analítico, deixando marcas indeléveis em ambos os indivíduos envolvidos, está presente nesta seleção de textos escritos por um grupo de autores internacionais, que colaboram de modo muito pessoal na narrativa de casos e situações em que estiveram envolvidos. Os temas da traição e do abandono, presentes nos exemplos de morte do analista, suicídio do paciente e violações éticas no tratamento, são destacados. Dividido em quatro partes (I - Ruptured subjectivity: Lost and found; II - Rupture: The clinical process; III - The long shadow of rupture; IV - Rupture's impact on organizations), o livro aborda temas pouco trabalhados pela comunidade psicanalítica internacional.
Tramas da perversão: a violência sexual intrafamiliar
Cassandra Pereira França (Org.)
São Paulo: Escuta, 2014, 236p.
Este livro traz contribuições inovadoras ao entendimento do papel do psicanalista para ajudar pacientes a enfrentar as tramas rompidas, enfraquecidas e estraçalhadas pelo trauma da violência sexual intrafamiliar. Estão aqui reunidos quatorze artigos de diferentes autores, todos renomados no campo da psicanálise, provenientes de um evento organizado pelo Projeto Cavas (Crianças e Adolescentes Vítimas de Abuso Sexual), da Universidade Federal de Minas Gerais, instituição que ocupa lugar de grande relevância social em suas pesquisas e atendimentos clínicos, no campo psicanalítico, dentro da rede multiprofissional e interinstitucional de enfrentamento da violência infanto-juvenil. Todos os textos têm como objetivo discutir a possibilidade de reconstruir os vínculos fundamentais à integridade psíquica do sujeito, da família e da comunidade. É apontado o fato de que as tramas da perversão adulta intrafamiliar, ao atingir crianças e adolescentes, causam traumas violentos com repercussões desastrosas para seus psiquismos. O papel e a atuação singulares do psicanalista dirigem-se à criação de condições para que o sujeito descubra outras possibilidades afetivas de enfrentar seu trauma, instigando-o a elaborar um destino menos sofrido e mais criativo para sua dor e seu estar no mundo.