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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.52 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2018

 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

Marina Massi

Editora

Correspondência

 

 

Não se deve fazer a revolução para dar poder a uma classe, mas para dar uma chance à vida.

(Albert Camus)

O ano de 2018 findou e não sabemos, em toda a sua magnitude, o que se inicia em 2019.

A campanha eleitoral e seu resultado nos deixam perplexos e nos desafiam, como psicanalistas, a entender a complexidade das razões e des-razões sociais, políticas e psíquicas, que resultam em medo, ódio, intolerância e violência - numa polarização política alienada e alienante, que não permite aprofundar a reflexão sobre a interioridade do eu, as nossas instituições, os grupos políticos, a família, as amizades, enfim, a sociedade brasileira contemporânea.

A polarização política oriunda, entre outras coisas, de um processo de falência das práticas políticas tradicionais e da ascensão de um candidato que sempre foi inexpressivo politicamente, capitalizou o enorme desgaste das lideranças políticas consagradas, bem como a insatisfação profunda da população diante da corrupção e da forte crise econômica que o país ainda atravessa.

Entretanto, a perplexidade não se dá só no Brasil. Ela pode ser estendida ao homem contemporâneo. Pressentimos tempos muito difíceis. Essa guerra de subjetividades e intolerâncias a que assistimos, somada à “democratização” rasa da Internet, em que o eu desinformado se vê como informado e poderoso, eliminando o benefício da dúvida e da consciência do desconhecido, só nos traz mais preocupação com o futuro das novas gerações.

 

Política

Os números Política I e II, fruto da angústia de nós, analistas, em relação aos últimos acontecimentos no país, merecem profunda reflexão e debate. A troca de ideias entre colegas de todo o Brasil e de Sociedades estrangeiras abre um espaço para a exposição de ideias, o debate e o registro histórico de um período que pode ser o início de tempos sombrios, nas palavras de Hannah Arendt.

Como editora da RBP, gostaria de deixar registrado o contexto histórico, sociopolítico e cultural em que escolhemos o tema para os dois últimos números de 2018. É imprescindível lembrar a importância do lugar da psicanálise no pensamento das ciências humanas e da arte, sem perder de vista que a RBP é uma revista científica de psicanálise.

Trabalhamos com o inconsciente, que nos desconcerta em nossas teorias e crendices de modo inigualável. Sua aparição ilumina paisagens da nossa alma e nos surpreende no âmbito do sujeito, do familiar e no público.

Fechamos estes dois números dedicados a política e psicanálise com o sentimento de não fugir à responsabilidade de pensar o sofrimento oriundo de fenômenos sociais e políticos. É preciso que não nos percamos e que não renunciemos.

O inconsciente também é política.

 

Na Revista Brasileira de Psicanálise

Na RBP, teremos mudanças para 2019. Agradeço a confiança e a colaboração dos queridos colegas Oswaldo Ferreira Leite Netto, Suzana Kiefer Kruchin e Gustavo Gil Alarcão, que se dedicaram à equipe e à revista nesse tempo. Nossos agradecimentos sinceros.

O colega Ricardo Trinca, autor do livro A visitação do real nos fatos clínicos psicanalíticos, e que participou da equipe editorial do Jornal de Psicanálise na gestão de 2013 a 2015, volta a trabalhar conosco. Sua colaboração é muito bem-vinda.

 

 

Correspondência:
Marina Massi
marinamassieditora@rbp.org.br

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