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Psicologia: ciência e profissão

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Psicol. cienc. prof. vol.12 no.3-4 Brasília  1992

 

EDITORIAL

 

 

A mulher. A criança. O escravo. Os loucos. Deficientes. Idosos. Capitis diminutio. Perda de autonomia. Não-cidadãos. Roma. Grécia. Nau dos insensatos. Malleos Maleficarum: íncubos e súcubos, cuja presença entre os sãos e puros seria um "risco insuportável". O "martelo das feiticeiras" agiria implacável, alimentando a fogueira da Inquisição. Excluindo do convívio dos homens sadios, porque tementes a Deus, os indesejáveis.

Hoje, como ontem, o acesso aos bens da vida, aos progressos da ciência e da tecnologia, à descoberta do mundo alfabetizado e "culto", à liberdade para pensar e criar, é privilégio dos cidadãos, que escaparam da capitis diminutio imposta pelas camadas dominantes. Não raro, pelos países dominantes.

Hoje, como ontem, são excluídos da sociedade pelos poderosos do tempo os que desafiam, por serem competidores potenciais. Os que constrangem, com seu comportamento diferente, contestador, "anormal" ou "bizarro". Os que ameaçam, por muito terem sido feridos, por não conhecerem horizontes.

Psicologia: Ciência e Profissão focaliza neste número uma amostra dos excluídos, hoje. Parte-se de uma reflexão sobre a categoria excluído, guiada por Pedrinho Guareschi. Prossegue-se com o depoimento de Elizabeth Dias de Sá, interrogando a deficiência. Com a análise de Elaine Pedreira Rabinovitch sobre a casa dos sem-casa: assentados, nômades, cavernas, selvagens. Nara Maria Guazzelli Bernardes nos conduz pelos meandros de opressão, exclusão e resistência ao conhecimento da vida cotidiana e subjetividade de meninas e meninos das camadas populares. Finalmente, Yvette Piha Lehman nos propõe uma incômoda distinção: eleitos e marginalizados.

Este número de Psicologia: Ciência e Profissão nos obriga pensar.