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Psicologia: ciência e profissão
Print version ISSN 1414-9893
Psicol. cienc. prof. vol.29 no.4 Brasília Dec. 2009
HOMENAGEADO
Eunice Maria Lima Soriano de Alencar
Eunice Maria Lima Soriano de Alencar nasceu no dia 15 de janeiro de 1945, em Teófilo Otoni, Minas Gerais. Lá, cursou até a 6ª série do ensino fundamental no colégio São Francisco. Em busca de melhor educação para os filhos, seus pais, Emanuel Ottoni Soriano de Souza e Alice Lima Soriano decidem mudar para Belo Horizonte no ano 1958. Eunice, então, conclui o ensino fundamental no Colégio Imaculada Conceição e o ensino médio no Instituto de Educação de BH.
A Psicologia entrou na vida de Eunice por acaso. Desde criança, sua paixão era o piano. Optou pelo curso de Psicologia por influência de amigas, pois não sabia, na época, a amplitude da área. Quando iniciou a faculdade, em 1963, estava em estágio avançado no Conservatório de Música, mas viu que não seria possível conciliar as duas áreas, e se decidiu pela Psicologia.
Em 1967, graduou-se na primeira turma de Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Permaneceu na instituição como instrutora de ensino da disciplina Psicologia médica durante sete semestres. Em 1970, concluiu seu mestrado na Purdue University, nos Estados Unidos da América, com a dissertação Theoretical contributions to the study of creativity. Cursou seu doutorado na mesma instituição, no período de 1971 a 1974, tendo defendido a tese intitulada A study of creativity training among Brazilian elementary school. Em ambos os cursos, foi bolsista da United States Agency for International Development. No ano 1985, a professora Eunice Alencar realizou seu pós-doutorado na Purdue University, sendo contemplada com bolsa da Fullbright.
Eunice Alencar se destaca por sua contribuição para o avanço da Psicologia no Brasil. Ela implementou e desenvolveu as linhas de pesquisa Criatividade nos contextos educacional e organizacional e Processo de identificação e atendimento ao superdotado, tendo sido pioneira na implantação dessas áreas de estudo no País.
A professora introduziu disciplinas sobre os temas e formou grupos pesquisadores, expandindo o número de estudiosos envolvidos com a área. Para ela, essa área é uma ferramenta fundamental para preparar o aluno para pensar e para mostrar a ele como utilizar seu potencial. Foi também a primeira editora da revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. Eunice ainda se destaca pela divulgação da produção científica brasileira no exterior, seja por meio de publicações de artigos e capítulos de livros ou de apresentações em congressos internacionais.
É autora de cerca de 140 artigos, 39 capítulos de livros e 17 livros, como autora, co-autora ou organizadora. Entre eles, estão: Psicologia: Introdução aos Princípios do comportamento (Editora Vozes), A Criança na Família e na Sociedade (Vozes), Criatividade: Múltiplas perspectivas (Editora UnB) e A Gerência da Criatividade (Pearson Books).
Entre outras atividades, Eunice é professora emérita do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília e professora da Pós-Graduação da Universidade Católica de Brasília, pesquisadora do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico e membro do Comitê Honorário Permanente do Conselho Brasileiro para Superdotados (CONBRASD). Eunice Alencar também participa do conselho editorial de periódicos especializados de diferentes países.
Ao avaliar a pesquisa científica no Brasil, ela considera que houve um progresso significativo, que há órgãos de fomento e bolsas de estudo, mas o número de publicações em relação a outros países, como Estados Unidos e Alemanha, ainda é pequeno. Para ela, é preciso professores altamente qualificados e com tempo para se dedicar à pesquisa. Além de mais infraestrutura, de equipes fortes e de mais diálogo para a troca de experiência, Eunice diz que, hoje, seu maior desafio é o tempo. Gostaria de ter mais tempo, parar alguns meses e me dedicar integralmente ao estudo e à produção de textos, como artigos e mesmo um livro, declara. Segundo ela, a maioria dos alunos da pós-graduação no País se envolve em muitas atividades ao mesmo tempo, e isso prejudica a formação e a qualidade do futuro pesquisador. Ela acredita que um pesquisador precisa, acima de tudo, de tempo para se dedicar às atividades de pesquisa, ter paixão pelo que faz e contar com a infraestrutura necessária.