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Cógito
Print version ISSN 1519-9479
Cogito vol.2 Salvador 2000
Cibele Prado Barbieri
O Círculo Psicanalítico da Bahia retoma o projeto de uma publicação através deste segundo número da revista Cógito. Sabemos que o dois não faz série, mas sair do um é o passo necessário para que isso se processe.
Nesse sentido, o tema central que surgiu no momento de escolha dos trabalhos, é privilegiado pois nada melhor do que a criação para permitir escapar das armadilhas do Um.
Os textos que apresentamos são em sua maioria o fruto do trabalho desenvolvido ao longo de um ano de seminários sobre a criação.
Para tanto, tivemos a colaboração da filosofia, das artes plásticas, da música, e da literatura, através de convidados que muito enriqueceram nosso estudo e possibilitaram compreender melhor o enigmático que envolve todo ato de criação.
Lavoisier diz que na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma. O ser humano inaugura uma nova possibilidade ao tempo em que, rompendo essa ordem, subverte a natureza.
O que a Psicanálise desvela é que, contrariamente ao automatismo da natureza, no humano. Se nada se cria, se nada se perde, nada se transforma. Caímos na repetição do mesmo, que pode se mostrar mortífera.
O ato de criação é desde sempre humano por sua capacidade de engendrar simbólico: criamos a partir do nada.
A criação implica no enigmático que, desde o início, se coloca para o ser falante em seu confronto com a morte, o universo e o seu próprio ser. Freud nos convida ao longo de sua obra a articular a criação à própria estrutura do desejo humano.
Esta publicação, que também envolve um ato dessa natureza, pretende transmitir, passar adiante, essas reflexões, na intenção de que este saber possa ir mais além e possivelmente gerar novos efeitos.
Agradecemos a todos que a nós se unem nesse desejo de construção de um saber que necessita de cada um para ser múltiplo. A obra do artista necessita de cada peça e de cada tom para construir seu objeto, o texto do escritor precisa de cada ponto e letra para gerar o efeito de criar sentido, assim também buscamos tornar possível nosso projeto com a participação de muitos.
Vemos que a criação não é tão solitária quanto pode-se pensar. O criador nunca está completamente só com sua criatura. Para que ela se construa e se faça reconhecer é preciso mais alguém. Alguém por quem e para quem se cria.