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Cógito

Print version ISSN 1519-9479

Cogito vol.14  Salvador Nov. 2013

 

Quando o lobo e o cordeiro perdem a pele: a psicanálise na escuta da pedofilia

 

When the wolf and the lamb take off their skin: the psychoanalysis listening to pedophilia

 

 

Maria das Mercês Maia Muribeca *; Wagner da Matta Pereira **

*Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ
**University of Cincinnati, EUA

 

 


RESUMO

Este artigo aborda a temática da pedofilia à luz da psicanálise, tendo como fonte de diálogo os filmes: O Lenhador )The Woodsman) e Mistérios da Carne )Mysterious Skin), lançados em 2004. O primeiro enfoca o distúrbio sexual parafílico da pedofilia sob a ótica do agressor, enquanto o segundo privilegia a narrativa daqueles que sofreram abuso sexual na infância, cujas consequências provocam, nas vítimas do lobo, diferentes sequelas na psique e no comportamento, deixando marcas indeléveis na alma.

Palavras-chave: psicanálise, cinema, perversão sexual, pedofilia.


ABSTRACT

This article address the issue of pedophilia in the light of psychoanalysis, based on the movies: The Woodsman and Mysterious Skin, both launched in 2004. The first movie focuses on the paraphilic sexual disorder of pedophilia in the aggressor’s viewpoint, while the second focuses on the narrative of those who suffer sexual abuse in their childhood, whose consequences let, on the wolf victims, wounds that mark their psyche and behavior, and which cannot be deleted from their lives.

Keywords: Psychoanalysis, cinema; sexual disorder, pedophilia.


 

 

INTRODUÇÃO

O psiquismo é o palco, por excelência, onde se encenam os dramas e tragédias da angústia humana. (Sigmund Freud).

O objetivo deste artigo é abordar a temática da pedofilia à luz da psicanálise, tendo como fonte de diálogo os filmes: O Lenhador (The Woodsman) e Mistérios da Carne (Mysterious Skin), lançados em 2004. O primeiro enfoca a visão do pedófilo, enquanto o segundo focaliza a vítima e os possíveis destinos de suas angústias.

Desde 1896, Freud se interessou pelas manifestações do sexual perverso, e é precisamente nesse universo que nos propomos adentrar, procurando oferecer uma escuta ao pathos dos personagens que iremos analisar. O primeiro, um pedófilo em “recuperação” – uma vítima que recalca sua dor –; e o segundo, outra vítima, tem a alma dilacerada na busca do objeto perdido de seu erotismo. Cada um dos personagens dessas películas expressa, segundo seus anseios e necessidades, o desejo de serem escutados em seus conflitos psíquicos. Lobo e cordeiros são atormentados pelos seus fantasmas e tragados pelos seus medos na busca de uma resolução suficientemente satisfatória para seguir existindo. O lobo, enquanto ser de desejo, entra em conflito com o ser de cultura, pois luta contra a força imperativa de seu gozo na tentativa de domesticar suas pulsões mais arcaicas. O cordeiro, abatido em seu ser de desejo, vê-se objeto do desejo de um estranho usurpador de seus sonhos e de um devir que lhe foi negado.

 

O LENHADOR, de Nicole Kassell

É um filme ousado na medida em que aborda um tema delicado na sociedade moderna: a pedofilia. O enredo gira em torno de Walter (Kevin Bacon), recentemente posto em liberdade condicional, após passar doze anos na cadeia por crime de abuso sexual infantil. Ao retornar à sua cidade, arruma emprego numa serralheria e aluga um apartamento em frente a uma escola para crianças – localização tentadora. Walter não é um pedófilo qualquer, mas alguém que, com auxílio terapêutico, luta contra suas moções pulsionais mais desregradas. Em seu trabalho, aproxima-se de Vicky (Kyra Sedgwick), uma das responsáveis pela sua “reabilitação”, pois possibilita que ele redirecione sua pulsão para um fim sexualmente aceito pelos padrões sociais. Dessa união, surge a possibilidade de uma nova tradução para os afetos vivenciados no passado, aos quais ambos se sentem aprisionados.

Essa tentativa de uma nova representação para seus afetos é árdua. Em seu íntimo, Walter é constantemente assombrado por seus fantasmas, vivendo o conflito entre render-se, mais uma vez, aos seus desejos proibidos, experiência pela qual ele já teria sido punido, e a vontade de se harmonizar a uma vida socialmente aceita, o que exige a repressão de seus desejos eróticos.

 

MISTÉRIOS DA CARNE, de Gregg Araki

Narra a vida de dois jovens que foram abusados sexualmente por seu treinador de baseboll e as consequências devastadoras desse ato violento. Cada um deles guarda sua própria impressão do trauma sexual sofrido na infância e, em decorrência disso, desenvolvem personalidades destoantes, desenhando suas histórias de vida segundo suas próprias possibilidades de arranjos. Enquanto um explora ao máximo sua sexualidade, o outro a negligencia.

Duas crianças de oito anos são abusadas pelo mesmo técnico de baseball. Uma se torna um garoto introvertido e problemático, a outra, um garoto de programa egoísta e autodestrutivo. Brian Lackey (Brady Corbet) possui uma lacuna em sua memória, não conseguindo lembrar-se de um período de aproximadamente cinco horas em sua infância. Após esse tempo, é encontrado desmaiado com o nariz sangrando. Aos dezoito anos, diz acreditar ter sido abduzido por alienígenas quando criança. Brian é um adolescente “assexuado” e obcecado por ÓVNIS. Na tentativa de encontrar respostas para o seu mistério, vai ao encontro de Avalyn ((Mary Lynn Rajskub), que também acredita ter sido seqüestrada por seres de outro planeta.

Neil McCormick (Joseph Gordon-Levitt) sofreu, em sua infância, a ausência do pai e, por ter uma mãe (Elizabeth Sue) depravada, foi constantemente entregue aos cuidados de seu treinador de baseball (Bill Sage). Em sua adolescência, torna-se garoto de programa no playground da cidade. Seus clientes são homens mais velhos que ele. Neil admite praticar um jogo perigoso, colocando seus desejos libidinosos num precipício que, algumas vezes, implica risco de morte.

De acordo com Gonçalves e Brandão (2005), a reação da criança vai depender da duração do abuso (um episódio único é menos traumático que o abuso continuado), da presença ou ausência de figuras de apoio para a criança (familiares, profissionais ou amigos) e da proximidade do vínculo entre a criança e aquele que a agrediu. Nesse sentido, o abuso sexual na infância pode ser de natureza: intrafamiliar (incesto): qualquer forma de atividade sexual com um membro da família ou com quem a substitui; extrafamiliar: qualquer forma de atividade sexual com um não membro da família, que pode ser conhecido ou desconhecido.

Em Mistérios da carne, observamos os destinos que o trauma da violência sexual pode percorrer. De um lado, a criança que compreende, no ato de ser violentado pelo adulto, a fórmula mágica de ser amado e busca (re)encontrá-la em outros homens, desejando as carícias daquele que o iniciou nos prazeres do corpo e que lhe deixou marcas na carne; por outro lado, escutamos a narrativa da criança que sofreu a intrusão em sua sexualidade prematura e se defende recalcando o evento. No lugar das lembranças, instaura-se o vazio, que desencadeia uma busca por algo que venha a preenchê-lo.

 

PRESENÇA DO SIMBÓLICO

"Lembre-se, vá direto para a casa da vovó”, sua mãe advertiu-lhe.

"Não se distraia pelo caminho e não fale com estranhos!

A floresta é perigosa”.

(Conto de Chapeuzinho Vermelho).

 

Se considerarmos a simbologia presente em O Lenhador, chegamos à conclusão de que a concepção de pureza da infância segue intocável na sociedade moderna, embora seja um tanto paradoxal, devido ao meio erotizado no qual vivem as crianças de hoje. Roupas curtas e apertadas, danças sensuais e mesmo, em algumas situações, o namoro precoce com completo apoio dos pais. Em algumas passagens do filme, as crianças são associadas a pássaros, a anjos, como o menino “Cherub”1 (querubim), assediado na porta da escola pelo adulto “Candy” – bala/doces – apelido dado por Walter. Na abertura do filme Mistérios da carne, reparamos que chovem lentamente, no fundo da tela, círculos coloridos e fora de foco, que são cereais matinais oferecidos às crianças. Os mesmos cereais que banham o pequeno Neil e que parecem ser uma viva metáfora do gozo, mas também a isca, a armadilha açucarada que seduz a criança pela boca, assim como atrai João e Maria do conto infantil.

Outra referência à inocência e à fragilidade é feita na figura de Robin, a menina que observa os pássaros no parque, mas que também é observada por Walter em algumas viagens de ônibus. Há uma cena onde Robin deixa-se ser seduzida por Walter; possivelmente um momento em que ambos baixam suas resistências. Porém, é nessa ocasião que ele toma conhecimento de que a menina é abusada sexualmente pelo próprio pai e, seja por náusea ou vergonha, reage contra suas moções pulsionais, freando sua investida. Surpreendentemente, ficamos sabendo que a relação entre eles não é mera coincidência. A cena se passa num parque arborizado e é significativa no desfecho da trama. Walter, naquele momento, é posto à prova e convidado a resistir à cobiça pelo objeto proibido (Robin), “[...] cedendo à lei que ameaça retirá-lo do quadro perverso, o qual não conhece nem a proibição do incesto, nem o recalque, nem a sublimação” (ROUDINESCO; PLON, 1998, p. 585).

A alusão ao mundo infantil não se restringe a doces ou aves do céu, há o elemento mítico narrativo, pois os personagens-chave nos remetem ao conto Chapeuzinho Vermelho2, onde Walter encarna um suposto lobo, mas também o caçador. A alta representação da inocência de um objeto puro e celestial é o argumento estratégico utilizado, em ambos o filme, para ressaltar a atitude corrosiva e maculadora do pedófilo, o “lobo mau” e eterno “bicho papão”.

 

QUANDO O LOBO E O CORDEIRO PERDEM A PELE

Porém, em O Lenhador, acredita-se na reabilitação do malfeitor, pois Walter passa de vilão a herói quando surra o pedófilo Candy. Ele incorpora o caçador de Chapeuzinho Vermelho, desfazendo-se de sua pele de lobo e obtendo sua absolvição. Candy era o seu lado inescrupuloso e que possibilita sua catarse final. Walter, agora transfigurado em herói, acredita numa nova vida. E o detetive, seu maior censor, cuja função é o de um superego social, irá vigiar outro transgressor da moral e dos bons costumes.

Em Mistérios da Carne, a vida tece suas teias de tal forma que os dois jovens se encontram e confrontam as memórias de um passado sombrio. O véu se rasga, Brian e Neil estão dentro do covil do pedófilo. Abraçados, eles se lembram de tudo o que aconteceu com eles quando crianças dentro daquela casa. Agora, era noite de Natal e um coral cantava do lado de fora. Para Brian, o recalque se desfazia; para Neil, o homem bom que o havia ensinado a amar e que lhe cobria de atenção na ausência de seus pais era, na verdade, o Lobo que ele se recusava a ver. Naquele momento, a pele que ambos sustentavam descamava descaradamente.

 

A PEDOFILIA COMO DESVIO DA NORMA SEXUAL

Em 1905, Freud publica os Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, revolucionando e alcançando novas formas de compreensão dos fenômenos sexuais nos seres humanos. A partir dessa época, a sexualidade é vista como uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância, que procuram alcançar prazer independentemente do exercício de uma função biológica.

As perversões são o resultado do desenvolvimento da pulsão sexual em zonas erógenas distintas dos genitais, e o orgasmo é obtido através de práticas ou objetos desviantes do normal. Neste sentido, a perversão está relacionada à sexualidade, pois diz respeito a práticas sexuais que extrapolam o objetivo do coito. Num sentido mais abrangente, perversão tem a conotação da totalidade do comportamento psicossexual que acompanha tais meios atípicos de se obter prazer sexual. (LAPLANCHE; PONTALIS, 1983).

Na teia das perversões sexuais, encontramos a prática da pedofilia, que envolve atividades sexuais com crianças pré-púberes. A pedofilia é uma violência sexual contra a sexualidade da criança porque ela ainda não possui um mecanismo psíquico suficientemente estruturado para traduzir a invasão libidinosa desse adulto perverso.

A Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS), item F65.4, define a pedofilia como "Preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes ou não".

O pedófilo é aquele que toma a criança como objeto erótico do seu desejo, e seu perfil geralmente é de alguém que está muito próximo da criança, por exemplo, treinadores de futebol, professores, etc. Normalmente, são pessoas que possuem uma reputação inquestionável e que mantêm uma prática sexual oculta. Alguns pedófilos ameaçam a criança para evitar a revelação de seus atos. Essas atividades são geralmente explicadas com desculpas ou racionalizações, de que possuem "valor educativo" para a criança, de que esta obtém "prazer sexual" com os atos praticados, ou de que a criança foi "sexualmente provocante”.

Na visão de McDougall (1997), o perverso é aquele indivíduo totalmente indiferente às necessidades e desejos do outro. Mesmo sendo uma patologia, o pedófilo preserva o entendimento de seus atos, impondo seus desejos e condições pessoais a alguém que não deseja ser incluído em sua fantasia sexual. Freud ([1905]) ressalta que a pedofilia é uma aberração incontestável no que se refere à sexualidade, pois o pedófilo se utiliza de pessoas sexualmente imaturas (crianças) e animais, como objetos sexuais. Ele ressalta que os indivíduos que escolhem crianças como objetos sexuais fazem-no porque são covardes ou não conseguem controlar seus impulsos. Esse comentário nos remete ao perverso Candy, de O Lenhador que, à semelhança de um lobo mau em pele de cordeiro, atrai e captura suas pequeninas vítimas à porta da escola. Tal cena nos ajuda a refletir sobre a violência à qual a criança é exposta, tendo como molestador um adulto mais forte, que usa de todos os artifícios para atraí-la para si, como explica a linguagem metafórica do filme: o menino anjo que é capturado, a menina com nome de pássaro que conhece todas as aves e valoriza a liberdade destas, mas é mantida prisioneira na gaiola perversa do seu próprio pai.

O pedófilo é alguém sexualmente inibido que escolhe como parceiro uma pessoa vulnerável. Joel Birman (2002, p. 40) afirma: “A criança nunca é parceira na relação de um pedófilo, mas seu objeto, pois é um ser indefeso, dominado sadicamente”, e mais: “Usar uma criança é ter uma ilusão de potência” (p. 44). Devemos lembrar sempre de que Freud ([1905]) abordou a temática da existência de uma sexualidade infantil e nunca defendeu a vivência de uma sexualidade adulta na infância.

Segundo Nasio (1999, 43), o nosso psiquismo está sempre mergulhado no mundo dos outros, a quem estamos ligados através da linguagem, por nossas fantasias e afetos; e assim prolongamos o psiquismo do outro que se relaciona conosco. Desse modo, as nossas fontes de excitação são constituídas por “[...] vestígios deixados em nós pelo impacto do desejo do outro, daquele ou daqueles que nos têm por objeto de seu desejo”.

Os impactos do abuso sexual para as crianças são múltiplos e podem ser físicos, emocionais, sexuais e sociais. Os sintomas mais comuns na infância são: medo, distúrbios neuróticos, agressão, pesadelos, problemas escolares, hiperatividade e comportamento regressivo. Os mais frequentes na adolescência são: depressão, isolamento, comportamento suicida, autoagressão, queixas somáticas, atos ilegais, fugas, abuso de substâncias e comportamento sexual inadequado, etc. (KENDALL-TACKETT et al., 1993, apud AMAZARRAY, 1998).

Segundo Mannoni (1981), o ser humano somente pode superar a sua infância para encontrar a sua unidade dinâmica e sexual de pessoa social responsável, libertando-se mediante um dizer a verdade a respeito de si mesmo, a quem pode ouvir. Assim, remetemos o leitor ao dizer de Serge André (1991), quando aponta a psicanálise como sendo a única experiência que permite aceder não ao psiquismo, mas ao inconsciente, quer dizer, ao desejo mais fundamental que dirige a subjetividade de um ser.

Nesse sentido, Ferraz (2000) lembra que o sintoma perverso, como todo e qualquer outro sintoma – neurótico, psicótico, psicossomático ou psicopático –, por mais que nos impressione ou até mesmo cause incômodo, constitui sempre o arranjo que foi possível ao sujeito em sua luta pela sobrevivência psíquica.

Que possamos seguir interrogando o desejo humano em suas mais diversas configurações. Como a máxima proferida por Públio Terêncio: Sou um homem: nada do que é humano me é estranho.

 

Referências

AMAZARRAY, M. R.; KOLLER, S. H. Alguns aspectos observados no desenvolvimento de crianças vítimas de abuso sexual. Revista de Psicologia Reflexão e Crítica, vol.1, n.3, p. 546-555, 1998        [ Links ]

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Recebido em 18/10/2013
Aceito em 31/10/2013

 

 

* Doutora em Psicologia (Fundamentos Psicanalíticos) – Universidad Autónoma de Madrid – España. Psicanalista. E-mail:m.muribeca@gmail.com.
** Mestre em Literatura Comparada (UFRN), bolsista CNPq (2012– 2013) University of Cincinnati, EUA. Psicanalista. E-mail: wag_mp@hotmail.com
1 No hebreu, cherub é singular de cherubim. Em Gn. 3.24, os querubins são colocados ao oriente do jardim do Éden para guardar o caminho da árvore da vida. Eles aparecem no A. T. como seres celestiais, mas as referências deixam-nos em dúvida quanto aos seus aspectos e funções. A mais completa descrição desses seres celestiais encontra-se em Ezequiel 41, 18, 20,25. Na dublagem feita do inglês para o português não se tem acesso a essa sutileza, pois a legenda refere-se ao menino usando o p. pess. “ele”, quando no originalmente temos a palavra “cherub”. (Cf. BUCKLAND, A.R.; WILLIAMS, L. Dicionário Bíblico Universal. 3. ed. São Paulo: Vida, 1981. p. 367).
2 Existem pistas no filme que nos conduzem a tais considerações: o fato de Robin, a menina, se apresentar usando ou carregando um capote vermelho, o encontro dela com Walter no parque (floresta), a menção feita à estória de Chapeuzinho Vermelho (Litlle Red Riding Hood) pelo detetive, quando ele pergunta a Walter se ele acredita em contos de fadas. Finalmente, o próprio título do filme em inglês – The woodsman – o lenhador, que também nos remete ao conto. Talvez este último fato seja confuso em nossa língua por estarmos familiarizados com a figura do caçador e não com a do lenhador. De qualquer forma, iríamos nos confundir do mesmo jeito. Walter, na verdade, numa reviravolta nada surpreendente, não veste mais a pele do lobo, e sim a do caçador.