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Revista Brasileira de Psicanálise
Print version ISSN 0486-641X
Rev. bras. psicanál vol.45 no.3 São Paulo July/Sept. 2011
LANÇAMENTOS
Bion em nove lições: lendo Transformações
Luis Claudio Figueiredo
Gina Tamburrino Marina
Ribeiro São Paulo: Escuta, 2011, 156p.
O presente livro foi, em sua origem, material das aulas de Luis Claudio Figueiredo na PUC-SP, as quais foram transformadas em livro, por Gina Tamburrino e Marina Ribeiro, a convite do professor. Constituiu-se assim essa obra com seu autor central e duas co-autoras. O grande, importante e muitas vezes enigmático livro Transformações, de Wilfred Bion, é aqui submetido à leitura atenta e livre, rigorosa e não convencional. O objetivo dos autores foi o de, mais do que apenas esclarecer - o que, na medida do possível também fazem -, abrir perspectivas de pensamento teórico e clínico, acompanhando passo a passo a evolução do texto. Trata-se de obra sobre as ideias de Bion e suas transformações, concebida por um pensador clínico da psicanálise não saturado de bionismo, que talvez seja a melhor condição possível de ser fiel à proposta seminal de Bion, visando uma atitude sem memória, sem desejo e sem compreensão prévia, racional, consciente e finita, o que vale tanto no consultório quanto na vida. Esse livro, além de ser um convite a "pensarmos juntos", também é um convite a ser tomado como estímulo evocativo para brincar mentalmente com as transformações provocativas de Bion.
Psicologia das massas e Análise do Eu e outros textos [1920 - 1923] Obras completas (Vol. 15)
Sigmund Freud
Tradução: Paulo César de Souza
São Paulo: Companhia das Letras, 2011, 343p.
A publicação das Obras Completas de Sigmund Freud, em 20 volumes, sob a coordenação de Paulo César de Souza, feita pela Companhia das Letras, ganhou no início de 2011 mais um volume, o de número 15. É necessário lembrar que os volumes não têm sido publicados rigidamente por ordem cronológica, de tal modo que o volume em questão, que traz os trabalhos de Freud publicados entre 1920 e 1923, entre os quais se destaca o artigo, "Psicologia das massas e Análise do Eu", está sendo lançado depois de volumes que trazem artigos posteriores de Freud. De todo modo, aqueles que têm tido o interesse de conhecer a obra de Freud numa tradução direta do alemão ao português, e que têm gostado de não ficar restritos à versão apresentada pela Standard Edition, vêem-se frente à nova oportunidade de fazê-lo com a apresentação desse volume.
Evitar as eçmoões, viver as emoções
Antonino Ferro
Tradução: Marta Petricciani
Porto Alegre: Artmed, 2011, 224p.
Essa é a quarta obra deste autor pertencente à coleção da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre em parceria com a Artmed, tratando-se da tradução para o português de texto publicado originalmente em 2007. O livro é caracterizado por uma conversa "informal" com o leitor na qual Ferro conta sobre suas reflexões, narrando situações, contando casos, lembranças, pequenas associações, figuras do dia a dia que esclarecem e dão vida a suas metáforas. Para contar como sua mente funciona na situação analítica vai cuidadosamente utilizando do cinema, da literatura, da televisão, das histórias cotidianas, de tudo o que surge em uma conversa para colocar seu pensamento em imagens. Além disso, traz grande número de situações clínicas, partindo da premissa bioniana de que o sofrimento psíquico é derivado de um excesso provocado por uma insuficiência na relação continente-contido que determina a persistência de mais estímulos sensoriais e protoemocionais do que se pode digerir, o "percebido evacuado". A partir disso descreve o encontro analítico construído por paciente e analista, aprofundando e detalhando conceitos centrais à sua teorização, tomando como base a integração do pensamento de Klein-Bion-Meltzer, Willy e Madeleine Baranger. Ao final do livro apresenta 71 exercícios a serem praticados visando ampliar e consolidar o conhecimento da Psicanálise, como uma espécie de "lições de Psicanálise" em um modelo não saturado e com forte influência do estilo narrativo.
Intervenções
Renato Mezan
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011, 323p.
O próprio autor atesta que a diversidade dos temas tratados nessa obra testemunha a vitalidade e o poder heurístico da psicanálise. Lembrando que as descobertas psicanalíticas são aplicáveis a questões de outras áreas de conhecimento, desde que apresentem aspectos psicogenéticos, o autor reúne no livro, inicialmente, artigos originalmente publicados em jornais e revistas que se destinaram ao público em geral, abordando assuntos variados como o comportamento frente a pleitos, tragédias, fatos pitorescos tratados na imprensa etc. A seguir, Mezan apresenta artigos que refletem sobre aspectos da vida brasileira nos quais existiria certa tendência a se passar por cima da complexidade real e o consequente uso de formas de pensamento qualificadas como "mágicas". N o final encontra-se um terceiro grupo de textos tratando de temas mais especificamente psicanalíticos como a história de certas ideias e práticas psicanalíticas, a construção do "caso clínico", a constituição de escolas no movimento freudiano etc. O autor aponta que a tarefa do psicanalista ao dirigir seu conhecimento para situações da vida social e criações na esfera da cultura, exige dele bastante cautela para que se precavenha de cair na armadilha da clarividência, que sua formação e sua experiência clínica não lhe conferem. N o entanto, o psicanalista ao utilizar suas ferramentas conceituais pode revelar coisas muito interessantes ao procurar por à mostra as dimensões inconscientes dos fenômenos sobre os quais se debruça.
História e psicanálise: entre ciência e ficção
Michel de Certeau
Belo Horizonte: Autêntica, 2011, 254p.
Michel de Certeau, nascido em 1925 e falecido em Paris, em 1986, era formado em filosofia, história, teologia e letras clássicas pelas universidades de Grenoble, Lion e Paris. N o entanto, seus estudos nunca se limitaram apenas aos campos de atuação em que se formou, a ponto de ter enveredado pela psicanálise, pela linguística, pela antropologia e por outras disciplinas para responder satisfatoriamente a suas investigações. Autor instigante, indagador, investigador incessante, é apresentado nesse volume - originalmente editado em 1987 e com edição revista e ampliada por Luce Giard com seu texto "Um caminho não traçado", em 2002 - por uma série de textos reunidos que entrelaçam conhecimentos advindos do estudo de Foucault, Freud e Lacan, mas também pela análise do poder, do corpo, da loucura e da ficção na história. Em vez de misturar os gêneros e os métodos da história, da psicanálise, da linguística e da antropologia, ou mesmo embaralhar as identidades dos saberes, Michel de Certeau empreende o deslocamento necessário de um conhecimento a outro, a fim de acompanhar uma questão que, tendo surgido em determinado domínio, não tenha recebido tratamento satisfatório. Esse livro traz a marca de uma exigência, rara, de pensamento. Em uma de suas travessias pela psicanálise produziu essa obra que propõe, em sua primeira parte, uma análise da relação entre a história e a psicanálise e se aprofunda nas questões abordadas em sua obra, "A escrita da história", a fim de refletir sobre a maneira como o historiador concebe e pratica seu ofício. A segunda parte do livro traz textos acerca das obras de Foucault, autor admirado pelo historiador, que, após seu falecimento, ganhou um artigo e homenagem de Michel de Certeau.
A construção da parentalidade em mães adolescentes: um modelo de intervenção e prevenção
Maria Cecília Pereira da Silva
Curitiba: Honoris Causa, 2011, 202p.
A autora nos conta que esse livro é fruto de sua pesquisa de pós-doutorado intitulada "A construção da parentalidade em mães adolescentes com vistas à prevenção de transtornos globais do desenvolvimento", realizada no programa de estudos pós-graduados em Psicologia Clínica da PUC-SP, N úcleo de Psicanálise, e supervisionada pelo Professor Dr. Gilberto Safra, que havia sido concluída em 2009. N aquela pesquisa foi investigado o processo de construção da parentalidade em mães adolescentes, com idade entre 13 e 18 anos, utilizando-se como metodologia a "pesquisa-ação" e o setting de consulta terapêutica com a realização de duas a dez consultas na presença de mães, seus bebês e alguns pais. A partir disso a autora propõe um modelo de intervenção clínica enquanto contribuição a políticas públicas na área de saúde relativas à prevenção da maternidade na adolescência e à construção da parentalidade. Tal proposta é decorrência da descoberta de três registros significativos que obstaculizam o processo de parentalização: registro social, registro transgeracional e registro psíquico. A autora afirma que sua meta, com tal modelo de intervenção, é contribuir para a construção de uma clínica da parentalidade com uma dimensão intersubjetiva e intrapsíquica.