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Aletheia
Print version ISSN 1413-0394
Aletheia no.22 Canoas Dec. 2005
ARTIGOS DE PESQUISA
Situações e recursos de aprendizagem em famílias de crianças escolares
Situations and resources of learning in families of school’s children
Maria Aparecida Trevisan Zamberlan1, I ; Terezinha de Paula Machado Esteves Ottoni2; Roselaine Vieira Sônego3
I Universidade Estadual de Londrina
RESUMO
As interações familiares e os recursos disponíveis no ambiente doméstico têm mostrado grande relevância nas pesquisas sobre o desenvolvimento infantil apoiadas na abordagem ecológica de Bronfenbrenner. O presente estudo descreve aspectos de ambientes familiares e recursos disponíveis para o desenvolvimento da criança em 19 famílias de crianças matriculadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental de uma escola privada localizada em Ivatuva-Paraná. As famílias responderam a questões abertas e fechadas. Os dados revelaram condições ambientais favoráveis para o desenvolvimento infantil.
Palavras-chave: Família, Práticas educativas, Crianças.
ABSTRACT
The family’s interactions and the available resources in the domestic environment have showed great relevance in research about child development supported by the ecological approach of Bronfenbrener. The present study describes aspects of family environments and the available resources for child development in 19 families of children enrolled the initial series of basic education of a private school located in Ivatuva-Paraná. The families answered open and closed questions. The data revealed favorable environmental conditions for child development.
Keywords: Family, Rearing practices, Children.
Introdução
A necessidade de estudos criteriosos que traduzam informações sobre os eventos promotores do desenvolvimento infantil tem focalizado o ambiente em que a criança está inserida, especialmente o familiar, como tópico relevante à pesquisa.
Partindo do referencial teórico de Bronfenbrenner (1996) que privilegia a análise do indivíduo em suas relações nos diferentes sistemas sociais, a atenção volta-se ao grupo pontuado como primordial ao seu processo de desenvolvimento: a família.
Definida como grupo primário, a família mostra-se como um contexto que pode contribuir para o desempenho escolar de crianças, em diversas idades, diante de fatores como a proximidade das pessoas nas relações de convívio, o estabelecimento de vínculos afetivos que proporcionam segurança e autoconfiança à prole e as práticas de cuidados a ela fornecida.
Parte-se do pressuposto que é por meio da disponibilidade de recursos ambientais e experiências mediadas pelos pais que crianças de diferentes idades podem encontrar o suporte cognitivo e emocional capaz de auxiliá-las na inserção efetiva de sua escolarização.
Abordagem ecológica dos contextos de desenvolvimento
Uma das grandes contribuições da Psicologia do Desenvolvimento, nos últimos trinta anos, tem sido a mudança de paradigma quanto à concepção de criança. Na abordagem teórico-metodológica da ecologia do desenvolvimento do indivíduo, a criança passa a ser concebida no interior de suas relações, enfatizando a compreensão das interações entre natureza e ambiente.
Bronfenbrenner (1979, em Biasoli – Alves & Zamberlan , 1996), seu principal representante, definiu como um dos pressupostos que fundamenta seus estudos, o entendimento do homem e suas relações com o contexto em que vive, alicerçado em quatro níveis dinâmicos e inter-relacionados conforme representado na figura 1.
O primeiro nível, mais central, denominado de microssistema, refere-se à família, à escola, à creche e outros elementos com os quais a criança entra em experiência direta, mantendo relações próximas, constantes e expressivas. À camada seguinte, a que o autor identifica como exo-sistema, englobam-se elementos com os quais a criança não tem experiência direta, mas que a influenciam pela interferência no microssistema, como, por exemplo, o trabalho dos pais, a rede de amigos. Por último, Bronfenbrenner classificou de macrossistema o ambiente mais amplo, que abrange o mesossistema e o exo-sistema, exemplificando, como componentes deste último, a demografia (condição sócio-econômica da família), a identidade étnica, dentre outros.
O desenvolvimento é conceituado pelo autor como o conjunto de processos através dos quais as particularidades da pessoa e do ambiente interagem para produzir constância e mudança nas características individuais no curso de sua vida. Assim, o desenvolvimento da criança é o produto de todas as interações com o sistema, podendo ser afetado pelos efeitos relacionais diretos e indiretos (Bronfenbrenner, 1989, em Alves, 1997, p. 1-4).
Carvalho (1998) reitera esta proposição ao apontar quatro aspectos conceituais (Pessoa, Processo, Contexto e Tempo) que colaboraram para o enriquecimento das pesquisas nesta área.
As considerações decorrentes deste enfoque sistêmico de desenvolvimento humano postulam “a inserção da pessoa na família (microssistema), como grupo primário, com características peculiares quanto à dinâmica interna, as relações de parentesco e interpessoais, marcadas pela “afeição e apoio, pela partilha de tarefas, cuidados à prole e cooperação mútua em várias atividades de seu interesse” (Zamberlan, 1995, p. 16)
Para uma melhor compreensão deste processo, Zamberlan (1997, p.116) classifica os ambientes contextuais inseridos na família em dois tipos: ambiente socialmente intermediado, referente às inter-relações propriamente ditas e o número de agentes cuidadores da criança; e ambiente inanimado, relacionado à fonte de estimulação presente no meio ambiente, tais como materiais lúdicos apropriados à idade da criança e liberdade de acesso à leitura, manipulação, organização da rotina diária, e dos espaços disponíveis. Em síntese, apresenta como recursos de aprendizagem “brinquedos atrativos, ambientes previsíveis e pessoas contingentemente responsivas como promotoras de exploração e estimulação à criança”.
Dentre os diversos enfoques analisados no ambiente familiar, a organização no ambiente doméstico, o envolvimento e estilos parentais têm sido apontados nos estudos, sugerindo seus efeitos positivos como recursos promotores do desenvolvimento (Bradley & cols, 1988; Luster & McAdoo, 1994, em Biasoli-Alves & Zamberlan, 1996).
Marturano (1999, p. 5) apontou que recursos disponíveis no ambiente familiar, combinados às experiências ativas de aprendizagem, têm sido relacionados à “promoção de competência cognitiva e social, enquanto proporcionam às crianças autoconfiança e interesse independente da instrução formalizada”.
Referendando Biasoli-Alves e Zamberlan (1996, p. 200) sobre a “necessidade de se conhecer como mães, pais e crianças interagem em situações diárias” nas práticas educativas efetivadas, o presente trabalho teve como objetivo descrever os contextos familiares pesquisados e os recursos disponíveis nos lares, com crianças na faixa etária de 7 a 10 anos de idade, matriculadas nas primeiras séries do ensino fundamental de uma instituição particular com características específicas.
Metodologia
Participaram da pesquisa 19 famílias de crianças matriculadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental de um instituto educacional particular de Ivatuba, localidade próxima ao município de Maringá-Pr.
Dados sobre a estrutura física da moradia, dinâmica familiar e recursos disponíveis para o estímulo à aprendizagem escolar foram obtidos mediante entrevistas semi-estruturadas conduzidas junto às famílias participantes.
Desenvolvidas nos ambientes familiares das crianças, as entrevistas foram gravadas para a transcrição dos dados e análise através dos escores obtidos, convertidos em percentuais para cada questão.
O primeiro módulo referia-se a informações sobre identificação da criança, como, idade, série em que estuda e do respondente, como: sexo, idade, grau de parentesco com a criança, grau de escolaridade e, ainda, dados referentes aos pais ou responsáveis como jornada de trabalho diário, profissão, níveis profissionais, renda familiar e sua condição de contribuintes mensais.
Características ambientais foram registradas no segundo módulo, tendo em vista a descrição do ambiente físico, localização, divisões internas da casa, recursos materiais e de estimulação, espaços disponíveis e pessoas que brincam com a criança, estímulos presentes no cotidiano e questões abertas referentes às formas de organização familiar para a disponibilização de brinquedos à criança, materiais e outros recursos, avaliação da interação dos pais com a criança, preocupação com a aprendizagem da criança.
No terceiro módulo, as questões voltavam-se à dinâmica do ambiente familiar, supervisão das atividades realizadas pela criança, rotina diária da criança, realização de passeios e atividades compartilhadas com os pais no lar, local específico para as tarefas escolares e solicitação de auxílio. Duas questões abertas foram incluídas neste módulo, como forma de oportunizar um espaço para outros comentários dos entrevistados, sobre as suas habilidades e preferências e percepção do ambiente da criança.
A organização do tempo foi disposta no quarto módulo: tempos dispensados para as tarefas escolares, tarefas domésticas e outras atividades extras.
Os dados coletados foram organizados segundo os itens de cada módulo, sendo evidenciados os percentuais mais significativos obtidos para cada questão.
Quanto à caracterização da amostra pela variável sexo, o maior índice foi de meninos – 66,66%. Com relação à idade e série, 33,33% tinham 7 anos completos, sendo que 42,85% freqüentavam a 1ª série do Ensino Fundamental.
Quanto ao grau de parentesco, o grupo de entrevistados envolveu 10,5% de pais e 89,5% de mães. Dessas mães, 73,78% estão distribuídas na faixa etária de 21 a 30 anos, sendo o maior grau de escolaridade (36,84%) com ensino superior completo.
Sobre a jornada de trabalho diário (acima de 8 horas), os dados demonstraram índices de 72,22% para os pais e 31,58% para as mães. Quanto às profissões, os dados apresentam 33,34% dos pais em funções administrativas e 36,84% das mães como professoras da Educação Infantil ao Ensino Superior.
Com relação à categoria profissional, 44,45% dos pais e 73,69% das mães encontram-se na categoria assalariada, resultando 52,64% das famílias com renda familiar mensal acima de 7 salários mínimos. As contribuições à renda familiar totalizam 52,94% dos pais (4 a 6 salários mínimos) e 50% das mães de (1 a 3 salários mínimos) mensalmente.
Resultados
Ambiente físico e recursos disponíveis
Os resultados relacionados à descrição do ambiente assinalam que 100% das casas são construídas em alvenaria, sendo 90,53% térreas e 42,10% localizadas na Vila dos Professores nas imediações do Instituto Adventista Paranaense. A maioria das casas apresenta como divisões internas: quarto tendo 78,94% destas com 2 cômodos; 47,37% com 2 banheiros, 63,15% com sala de jantar, 100% com cozinha, 84,21% com área de serviço. As demais divisões foram especificadas no item Outros, perfazendo um total de 68,42% , sendo citadas: escritório, garagem e despensa.
Os recursos materiais disponíveis no ambiente doméstico das 19 famílias pesquisadas indicam a presença de geladeira com 89,47%, televisão com 68,42%, videocassete e computador com 52,63% cada um.
Quanto aos recursos de estimulação, 90,47% das crianças possuem brinquedos próprios e industrializados e 76,2% fazem uso de ferramentas, sendo que 80,95% brincam no quintal de suas casas. A presença de vizinhos como parceiros de brincadeiras é apontada em 95,24% pelas famílias, e o pai com 52,39% de participação nestes momentos.
Os estímulos existentes no cotidiano assinalam índices semelhantes de 76,2% para livros e revistas em geral e livros de histórias para crianças. Os jogos educativos informatizados demonstram um percentual de 42,85% entre famílias que ofertam este recurso às crianças.
Dinâmica familiar e estimulação
Para a supervisão das atividades realizadas pela criança, a figura da mãe é sinalizada em 94,73% das famílias, sendo que 89,48% oferecem às crianças uma rotina diária flexível. Sobre os passeios familiares, são classificados como raros por 78,95% dos entrevistados, com 94,73% destes deslocando-se para cidades vizinhas, como: Maringá e Marialva.
Nas atividades compartilhadas no lar, 52,63% das crianças realizam trabalhos com os pais (pai e mãe), com 84,21% no auxílio a atividades domésticas.
Organização do ambiente
O local para a realização das tarefas escolares é a mesa da sala, apontado em 36,84% das famílias. Como materiais para consulta e pesquisa escolares, os livros didáticos são ofertados às crianças por 73,68% dos pais. Quanto ao auxílio às tarefas escolares, os índices evidenciam que: 55,55% das crianças da 1ª série solicitam o apoio da mãe em 88,88% das famílias; 50% das crianças da 2ª série raramente solicitam e quando o fazem recorrem em 100% à mãe; na 3ª série, 87,5% das crianças raramente recorrem, tendo o mesmo índice para a solicitação à mãe, as crianças da 4ª série demonstram que raramente solicitam apoio em suas tarefas, com um índice de 100%, tendo em apenas 50% a indicação da mãe para este auxílio, quando dele necessitem.
Com relação ao tempo diário para a realização das suas tarefas escolares, as crianças que dispensam, em média 2 horas são, para cada série: 44,45% que freqüentam a 1ª, 100% da 2ª, 50% da 3ª e da 4ª. Às tarefas domésticas, são destinados até 30 minutos diários por 68,75% das crianças. Dentre as atividades extra-escolares freqüentadas, são mencionados, com 2 horas semanais, o Clube de Escoteiros com 33,33% das crianças e 19,04% para o aprendizado de um instrumento musical.
Discussão e conclusões
Os resultados obtidos das entrevistas com as 19 famílias de crianças matriculadas na 1ª fase do Ensino Fundamental do Instituto Adventista Paranaense demonstram características singulares a esse grupo, pelas condições de vida asseguradas ao mesmo.
Situadas nas proximidades do Instituto e concentrando-se, fundamentalmente, em três regiões, as famílias se distribuem na Vila dos Professores, Jardim Refúgio e Vila dos Funcionários. A localidade de Floresta também é apontada, porém, encontra-se fora das benfeitorias do Instituto.
As residências dessas famílias mostram-se similares entre si. As casas em alvenaria e térreas (apenas uma é sobrado) têm pequenas diferenças nas divisões internas ou recursos materiais existentes. Entretanto, poucas foram as famílias que indicaram infra-estrutura inferior à maioria dos grupos pesquisados.
Os pais entrevistados são jovens que desempenham suas funções profissionais, sendo mães como professoras e pais ocupantes de cargos administrativos no Instituto, razão, pela qual, há um bom número com Curso de Graduação completo.
Tendo os pais uma jornada de trabalho diário superior a 8 horas, as mães mostram-se com uma participação mais efetiva na supervisão das tarefas dos filhos e auxilio quando solicitada. Essa explicação pode estar associada à jornada de trabalho da mãe que, somados os índices das donas de casa e aquelas com 4 horas diárias de trabalho, revelam percentual de 47,37%, podendo ser, ainda, para este último grupo de mães, o motivo de contribuição menor para a renda familiar. Pais e irmãos são mencionados, porém com índices bem inferiores.
Percebemos, ainda, que à medida que a criança avança nas séries escolares, decresce a solicitação para a ajuda às tarefas acadêmicas. Concluindo:
- Os estímulos presentes no cotidiano das famílias apontam para índices semelhantes quanto a livros e revistas em geral e livros de histórias para crianças, com 76,2% para cada, representando condições favoráveis à estimulação.
- Para as pesquisas e consultas às tarefas escolares, há um bom percentual de livros didáticos (73,68) e uso de internet (36,84) como fonte de informações. Algumas casas possuem locais específicos para a realização das tarefas, como por exemplo o escritório, mas a maioria das crianças ocupa a mesa da sala, geralmente um local de rotatividade pela família, dispensando um tempo de até duas horas.
- As atividades compartilhadas com os pais restringem-se a passeios externos esporádicos, mais especificamente a casa de parentes (avós) em cidades próximas, locais públicos (praças e parques) e comércios (shoppings, sorveterias). A renda familiar e a jornada de trabalho acima de oito horas dos pais podem ser possíveis indicativos para a baixa freqüência de atividades externas que, quando realizadas, ocorrem, na maioria das vezes, nos finais de semana.
- A maior freqüência de atividades compartilhadas pela família está no desempenho de algumas tarefas domésticas, sendo citados os auxílios à limpeza dos utensílios de cozinha, organização da casa, lavagem do carro, banho de pequenos animais domésticos (como cachorro). Tarefas para a organização de ordem pessoal também foram relacionadas, tais como a arrumação da cama e do quarto, ordenação das roupas.
- Nas brincadeiras com as crianças, os entrevistados colocaram que pai e mãe participam juntos de momentos, como: passeios nos arredores do Instituto, jogo com bola, piscina, indicação seguinte aos vizinhos. Em algumas famílias, a mãe referenciou a figura paterna nas brincadeiras com os filhos, afirmando que este tem uma participação maior. Provavelmente, esses resultados podem sinalizar situações de divisão de tarefas entre o casal, onde o pai fica responsável pelo entretenimento dos filhos, enquanto a mãe realiza as tarefas domésticas.
- Os brinquedos mais explorados pelas crianças são os industrializados, com baixa utilização de sucatas. Materiais, como: ferramentas, também são apontados, apesar dos riscos com acidentes pelo uso.
- Os locais mais utilizados para as brincadeiras, tais como o quintal (71,42%) e o interior das próprias casas (80,95%), podem sugerir relações com a própria estrutura das casas não muradas e muita arborização. Outra evidência pode estar na tranqüilidade do local, confirmada pela maioria das mães, o que não exclui, porém, a possibilidade de uma supervisão mais próxima dos familiares sobre as crianças e as brincadeiras à noite como provavelmente aquelas realizadas no interior das residências. Mesmo diante dos aspectos positivos, as famílias que moram dentro da instituição revelam situação de conflito pela pouca privacidade, o que pode levar à restrição e limites de espaços para as brincadeiras, apesar do ambiente livre.
- Notamos, também, que as crianças residentes na cidade têm espaço restrito às brincadeiras, sendo menor a percepção da importância do ambiente familiar como requisito para a estimulação da aprendizagem em comparação àquelas que moram no interior e nos arredores da instituição.
- Mesmo diante de tarefas escolares e auxílio às atividades domésticas, a maior parte das crianças possui rotina diária flexível, sendo exigido apenas o cumprimento dessas tarefas, independente do horário. Isso significa que, às crianças compete a organização do próprio tempo, de tal modo que garanta a execução das tarefas estabelecidas. Vale ressaltar que, em nenhuma das famílias, há crianças com encargos diretos à dinâmica diária da casa, uma vez que o tempo dispensado semanalmente nessas tarefas pelas crianças não ultrapassa 30 minutos. Assumindo características de auxílio, este trabalho pode significar uma forma para o desenvolvimento da disciplina e responsabilidade.
- Sobre as atividades extra-escolares, evidenciamos um alto índice de freqüência à aulas, relacionadas à Música, como o aprendizado de instrumento musical, aulas de musicalização e participação em coral infantil da instituição, revelando um resultado total de 38,08% de crianças envolvidas nessas atividades. O Clube dos escoteiros também pontua uma boa freqüência pelas crianças. Realizado nos finais de semana, visa, fundamentalmente, atividades em grupo para o desenvolvimento de valores e o aprendizado de regras de sobrevivência. Estas atividades extra-escolares são desenvolvidas em aproximadas 2 horas semanais, não comprometendo as demais.
- Podemos hipotetizar uma possível influência da proposta do instituto na escolha dessas modalidades extra-escolares pelas famílias, na medida que, além de proporcionar vários eventos musicais, possui corais infantis e o Clube dos Escoteiros.
Conclui-se, portanto, que nos ambientes pesquisados, há condições favoráveis para o estímulo à aprendizagem, pelas estruturas das moradias, dos recursos materiais e de estimulação apresentados. As famílias entrevistadas preocupam-se com o suprimento de recursos materiais e de estimulação no ambiente doméstico, como forma de auxiliar o desenvolvimento das crianças. Não foram encontradas diferenças significativas entre os ambientes onde moram professores, funcionários ou Vila Refúgio.
Estudos dos ambientes domésticos como propiciadores de estímulos à aprendizagem nos contextos inanimado e/ou interacional revelam-se fundamentais para as investigações sobre o desenvolvimento infantil, como também, à elaboração de possíveis propostas de intervenções necessárias para a melhoria da qualidade desse ambiente.
Referências
Alves, P. B. (1997). Sobre a ecologia do desenvolvimento humano. Psicologia: Reflexão e Crítica. 10 (2). Disponível em: <http://www.scielo.com.br>. Acesso em 29/11/03. [ Links ]
Biasoli-Alves, Z. M. M., & Zamberlan, M. A. T. (1996). Demographic characteristics and childrearing practices of low socioeconomic status family. Em: M. Cusinato (Ed). Research on Family Resources and Needs across the World. (pp. 200-216). Milano: Edizioni Universiterie di Lettere, Economia, Diritto. [ Links ]
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Carvalho, A. M. (2000). Fatores contextuais na emergência do comportamento de cuidado entre crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica, 13 (1). Disponível em: <http: //www.scielo.br> Acesso em 16/10/04. [ Links ]
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Zamberlan, M. A. T. (1995). Ambientes de desenvolvimento de crianças pré-escolares: proposta de intervenção preventiva familiar para crianças em situação de risco. Relatório de Pesquisa de Pós-Doutorado (CNPq). Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, SP. [ Links ]
Zamberlan, M. A. T.(1997). Interações familiares: teoria, pesquisa e subsídios à intervenção. Londrina: Eduel. [ Links ]
Endereço para correspondência
E-mail: zoca@ldnet.com.br
Recebido em abril de 2005
Aceito em setembro de 2005
Autoras: 1 Maria Aparecida Trevisan Zamberlan – Pós-Doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano – Fac. de Filosofia – USP de Ribeirão Preto – SP e profa. do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina.
2 Terezinha de Paula Machado Esteves Ottoni - Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Londrina.
3 Roselaine Vieira Sonego é Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Londrina, IAP – Instituto Adventista Paranaense.