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Psicologia da Educação

Print version ISSN 1414-6975

Psicol. educ.  no.30 São Paulo June 2010

 

Os pais e suas expectativas em relação à educação infantil da escola particular

 

Parents' expectations regarding early childhood education in private schools

 

Los padres y sus expectativas en relación con la educación infantil en la escuela no pùblica

 

 

Silvana Maria Silva Iunes; Aictyr Lomonte da Silva; Maria Eleusa Montenegro; Ana Regina Melo Salviano; Márcia Marins Batista; Celeida B. Garcia Cintra Pinto; Marianna Dantas Guimarães Melo

Centro Universitário de Brasília - UniCEUB., E-mail: silvanaiunes@gmail.com, E-mail: aictyr@yahoo.com.br, E-mail: memontenegro@terra.com.br, E-mail: ana_regina@terra.com.br, E-mail: marciamb66@hotmail.com, E-mail: celeidacintra@uol.com.br, E-mail: mariannadgmelo@gmail.com

 

 


RESUMO

Este artigo apresenta os resultados da pesquisa a respeito da percepção dos pais quanto às expectativas e às necessidades da Educação Infantil em escolas particulares do Distrito Federal. Foi utilizado o método qualitativo e como instrumento o questionário. As categorias selecionadas foram: caracterização dos participantes da pesquisa; trabalho pedagógico; relações interpessoais; formação para o trabalho e realidade escolar. Pôde-se concluir que pais encontram-se inteirados do processo educacional dos filhos e participam das atividades propostas pela escola. Acreditam que os professores devam estar em constante aprimoramento para melhorar a qualidade do trabalho pedagógico e, inclusive, sugerem que o governo se dedique a esta formação.

Palavras-chave: educação infantil; prática pedagógica; relação família-escola; formação do professor.


ABSTRACT

The purpose for this study was to present parents' views regarding the expectations and needs of Early Childhood Education in private schools in the Federal District. The method adopted was Qualitative, and a questionnaire was the instrument used. Categories selected were: characterization of study participants, pedagogical work, inter personal relations, readiness for work and school realities. Parents are aware of their children's educational process and take part in activities offered by the school. They believe that teachers should be under constant training in order to improve the quality of pedagogical work, suggesting that the government should be in charge of this training.

Keywords: early childhood education; pedagogical practice; family-school relations; teacher training.


RESUMEN

Este artículo presenta los resultados de una investigación con respecto a las percepciones de los padres con relación a las expectativas, y las necesidades de la Educación Infantil en las escuelas de Brasilia, Distrito Federal. Fue utilizado el método cualitativo y como instrumento el cuestionario. Las categorías seleccionadas fueran: caracterización de los participantes de la investigación; trabajo pedagógico; relaciones interpersonales; formación para el trabajo y realidad escolar. A la conclusión lo padres se encuentran informados del proceso educacional de sus hijos y participan de las actividades propuestas por la escuela. Sugieren que los profesores deben estar en constante formación para mejorar la calidad del trabajo pedagógico e, incluso, sugieren a los gobiernos dedicarse a esta formación.

Palabras clave: educación infantil; práctica pedagógica; relación familia-escuela; formación del profesor.


 

 

1 Contextualizando a pesquisa

O tema deste trabalho versa acerca das necessidades e das expectativas da educação infantil e da formação do professor que pretende atuar neste nível de ensino, por intermédio da percepção dos pais da escola particular. Pretende também investigar, diante das mudanças governamentais realizadas nos últimos dez anos, se o profissional que atua na Educação Infantil encontra-se preparado diante da realidade da educação infantil do Distrito Federal.

Compreende-se como educação infantil aquela que atende pedagogicamente o período de vida escolar de crianças com idade entre 0 e 5 anos, isto com a implantação do ensino fundamental de nove anos. Entretanto, este trabalho enfatiza o período de 3 a 5 anos.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/96 (BRASIL/MEC, 1996), a instituição educacional que atende crianças de 0 a 3 anos é denominada creche e a que atende crianças de 4 e 5 anos denomina-se infantil.

A Constituição Federal da República de 1988 (BRASIL/MEC, 1996) determinou, em seu art. 208, inciso IV, que a educação na faixa etária de 4 e 5 anos é dever do Estado e que essa responsabilidade, então, caberia ao antigo curso normal (nível técnico) ou simplesmente magistério de segundo grau.

Com as alterações oriundas da LDB 9394/96, o magistério de nível técnico foi suprimido, ficando determinado que todos os professores que atuassem na Educação Infantil deveriam ser graduados. Este processo deveria ser concluído por volta do ano 2010. De acordo com tais modificações, pretende-se prescrever uma formação pedagógica mais qualificada e extensiva a esse nível de ensino, visto que é um período muito importante para o desenvolvimento e a aprendizagem e que nessa fase deverão ser desenvolvidas nas crianças todas as dimensões que as constituem, isto é, cognitiva, afetiva, social, motora e psicológica.

Desse modo, o objetivo geral desse trabalho foi investigar, junto aos pais, as expectativas e as necessidades da Educação Infantil verificando-se também a preparação do profissional para atuar nesse nível de ensino. Os objetivos específicos pretendem:

- investigar junto aos pais as expectativas e as necessidades que emergem da comunidade familiar com relação à Educação Infantil;

- investigar os procedimentos didático-metodológicos utilizados pelos professores e os resultados pedagógicos até então alcançados;

- verificar a opinião dos pais quanto à preparação dos profissionais que atuam na educação infantil;

- propor alternativas para aperfeiçoar o processo de formação do profissional da Educação Infantil tendo em vista as expectativas da comunidade escolar do Distrito Federal.

 

2 Caminhos metodológicos

Esta pesquisa foi realizada em seis escolas particulares que atuam na área da educação infantil.

A pesquisa desenvolveu-se em três etapas, assim organizadas: primeiramente foi analisada toda a legislação acerca da educação infantil dos últimos anos, de maneira a se estabelecer parâmetros de comparação com a realidade educacional. Na segunda etapa, foi realizada investigação in loco junto às escolas particulares de educação infantil do Distrito Federal, por meio de questionários semiestruturados, como forma de verificar as expectativas e as necessidades de cada escola. Na última etapa, discutiram-se os dados coletados, relacionando-os à legislação pertinente e à literatura atual acerca do assunto, chegando-se aos resultados do trabalho. A partir daí, propôs-se alternativas compatíveis com os anseios e os interesses emergentes na tentativa de, gradativamente, qualificar a educação infantil nas instituições, bem como na formação de profissionais para a área.

Posteriormente, para obtenção de resultados mais esclarecedores, serão entregues questionários para respostas pessoais, aos professores de cada uma das escolas pesquisadas.

Para análise e discussão dos dados, utilizaram-se pressupostos das abordagens qualitativas e quantitativas, tendo sido adotados os pressupostos da epistemologia qualitativa proposta por González Rey (2005, pp. 5-8, grifos do autor), que a conceitua como sendo aquela que "defende o caráter construtivo interpretativo do conhecimento, o que de fato implica compreender o conhecimento como produção e não como apropriação linear de uma realidade que se nos apresenta". Neste sentido, realizou-se a coleta de dados e a busca, em material bibliográfico - livros e artigos -, da legislação a respeito do assunto e de conhecimentos acerca das expectativas e das necessidades relacionadas à educação infantil com vistas a tecer e a criar construção teórica a respeito do assunto.

Os dados coletados foram organizados de maneira a proporcionar melhor apresentação/compreensão, visando à análise e à discussão do conteúdo. Para isto, foram definidas algumas categorias, quais sejam: a caracterização dos participantes da pesquisa; o trabalho pedagógico; as relações interpessoais; a formação para o trabalho e a realidade escolar.

Foram analisados os dados do ponto de vista filosófico, pedagógico, psicológico e sociológico uma vez que se buscava compreender o que é concernente à educação infantil em sua totalidade e o que se refere à complexidade da criança.

O questionário, instrumento utilizado para a realização desta coleta, foi elaborado com perguntas estruturadas e semiestruturadas o que permitiu perceber a situação atual do grupo pesquisado. Notou-se que, neste instrumento, os participantes demonstraram o que pensavam em relação ao trabalho desenvolvido na educação infantil.

Objetivou-se, na medida do possível, extrapolar a mera descrição do conteúdo do instrumento, buscando-se aprofundar a interpretação das respostas e, assim, construir o conhecimento.

Considerou-se necessário, para o alcance dos objetivos, questionar os pais a propósito das principais atribuições do professor; do papel da escola; das atitudes dos docentes; da preparação e da responsabilidade dos professores em relação aos alunos e à qualidade do ensino; da contribuição dos pais ou responsáveis em relação ao desenvolvimento integral da criança; da estrutura e do funcionamento da escola; do relacionamento escola-pais.

Verificaram-se, também, referências importantes que caracterizassem os participantes, como: idade, sexo, escolaridade e profissão que exercem.

 

3 Elaborando reflexões

3.1 Caracterização dos participantes da pesquisa na escola particular

Os participantes da pesquisa, com exceção de um, eram do sexo feminino. Percebeu-se que a faixa etária de oito pais participantes encontrava-se entre 31 a 40 anos, de seis entre 41 a 50 anos e de quatro entre 20 a 30 anos.

Quanto à graduação ou escolaridade (1º grau completo, 2º grau completo, graduação, mestrado e doutorado), um dos pais participantes fez apenas o 1º grau completo, três fizeram o 2º grau completo, seis a graduação, três pais fizeram especialização, quatro o mestrado e um o doutorado.

Em relação à profissão, percebeu-se que todos os participantes trabalhavam, estando 11 envolvidos com profissões relacionadas à educação enquanto o restante exercia profissões diversas como: empresário, cientista, médico, servidora pública, psicóloga e dona de casa.

3.2 O trabalho pedagógico

A respeito dos atributos que deve ter o professor da Educação Infantil, os entrevistados elencaram várias características essenciais, as quais entendem ser necessárias na formação do perfil profissional desse educador: afetividade, gostar da profissão, ter afinidade com crianças pequenas, ser flexível, ter formação para atuar como professor de Educação Infantil, ser paciente e ter muita atenção a tudo que acontece com as crianças.

Em relação ao papel da escola na formação dos filhos, todos os participantes concordaram que é fundamental para o desenvolvimento dos filhos. Os pesquisados acrescentaram que a escola dá continuidade à educação que a família desenvolve em casa, e que ela é responsável por ensinar regras sociais, preparando as crianças para viverem com responsabilidade, com honestidade, com urbanidade e com respeito ao próximo.

Em relação a esse aspecto, Libâneo (1994, pp. 16-7) enfatiza que:

O trabalho docente é parte integrante do processo educativo mais global pelo qual os membros da sociedade são preparados para a participação na vida social. A educação - ou seja, a prática educativa - é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades. Cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos, auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, prepará-los para a participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social.

Os entrevistados opinaram que, quando os alunos são indisciplinados, os professores devem perguntar para a criança o que aconteceu, saber com clareza a situação ocorrida e explicar que a atitude que ela teve foi inadequada. Caso o fato se repita, aplicar alguma penalidade e avisar a família do ocorrido. Os pais concordaram que é importante que o orientador pedagógico observe e acompanhe esta criança e acreditam que a família deve estar ciente da conduta delas na escola para que em casa possam ajudar. Em síntese, todos os participantes acreditam que o diálogo professor-aluno; aluno-professor; professor-família; família-professor; família-educando; educando-família seja fundamental para ajudar a criança indisciplinada a ajustar-se melhor na escola.

Os participantes apontaram responsabilidades do professor quando ele estiver com as crianças. Eles acreditam que além de ensinar o conteúdo programático, o professor é também responsável pelo aspecto emocional e social da criança, ou seja, com o que ela sente e como se relaciona com os outros. Afirmaram, ainda, caber a ele zelar pela saúde e pelo bem-estar das crianças, observando-lhes as necessidades físicas.

Os entrevistados asseguraram que poderiam contribuir para o desenvolvimento integral do filho, apoiando as iniciativas da escola, participando das atividades para as quais fossem convocados, interagindo no dia a dia e indo às reuniões. Além disso, afirmaram que devem contribuir com a escola no acompanhamento das atividades, das tarefas de casa e com os trabalhos sugeridos aos seus filhos a título de complementação da aprendizagem.

Para Bock et al. (2001, pp. 220-221), sobre esse aspecto:

Devido à complexidade da nossa sociedade, a família não dá conta de todo o processo de socialização. Outra importante agência de socialização é a escola. Assim como a família, a escola tem um papel conservador, pois também é responsável pela reprodução de normas e valores sociais e, consequentemente, mantedora do contexto social. Já dissemos, quando discutimos a família, que a sociedade apresenta uma gama de valores que permite uma família mais liberal e outra mais conservadora. O mesmo ocorre com a escola que apesar de sua função de manutenção social poderá ter um sentido crítico e, outras vezes, muito mais conservador do que o esperado pela própria sociedade.

No que se refere à qualidade do ensino, os pais entrevistados concordaram que a preparação da cidadania, a complementação do papel exercido pela família é tarefa da escola; que a educação começa em casa e que os procedimentos utilizados no âmbito escolar para avaliar a aprendizagem dos filhos, no decorrer do ano, são adequados. Um terço dos pais acreditou que a escola está "esquecendo" que os filhos são crianças e que precisam do lúdico para aprender, ou seja, que brincar, durante a educação infantil, faz parte do processo ensino-aprendizagem.

A respeito deste assunto, Vygotsky (1989) atribui relevante papel ao ato de brincar na construção do pensamento infantil. A criança, utilizando a brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo o próprio pensamento.

Três pais afirmaram que educar os filhos deles é função da escola, pois afinal pagam por isso. Já, onze pais concordaram que a educação começa em casa, e a escola e o professor devem complementar o papel da família.

Seis dos pais entrevistados acreditam, também, que se a escola convidasse os pais para participar de eventos culturais nos finais de semana, junto com os filhos, criaria a possibilidade de percepção conjunta e de troca de experiências entre eles e os professores acerca do desenvolvimento das crianças e haveria maior aproximação entre todos, família-alunos-escola, com consequências eficientes ao processo ensino-aprendizagem.

Quanto às tarefas de casa, dois pais entrevistados acreditam que elas sejam necessárias para manter os filhos ocupados, uma vez que o resultado deve ser da responsabilidade dos professores e que o filho aprende mais na escola que em casa. Os participantes acrescentaram à qualidade de ensino a necessidade de o professor estar em constante "busca pelo novo".

3.3 Relações interpessoais

As relações interpessoais na escola são apresentadas no questionário de diferentes formas. No primeiro item desta categoria, os entrevistados opinaram a respeito do que esperam ouvir dos dirigentes e dos professores quando são convidados para reuniões escolares. Na segunda etapa, os entrevistados responderam perguntas relativas a diversos temas como: o número de reuniões pedagógicas da escola; a família; o Projeto Político-Pedagógico; a convivência das crianças na escola; a responsabilidade do professor; a escola e a realização de projetos em parceria com a família e as reclamações dos filhos.

Quando a família é convidada para reuniões escolares, afirmaram os pais, espera-se que a Direção da escola trate de assuntos relativos ao funcionamento da instituição, apresentando projetos desenvolvidos pelos professores, propostas de mudanças e melhorias dos serviços educacionais.

Quanto ao número de reuniões que a escola promove para a família, os participantes pesquisados acreditam que a instituição oferece o número suficiente de encontros para ficarem a par do desenvolvimento global da criança; apenas quatro entrevistados disseram que a escola precisa e deve oferecer mais reuniões durante o ano letivo; um entrevistado afirmou que "a quantidade de reuniões deve ser adaptada às necessidades individuais", ou seja, a criança que tem mais dificuldade precisa ser mais assistida pela família.

Os entrevistados afirmaram conhecer o Projeto Pedagógico da escola; uma das mães pesquisadas acredita ser fundamental a família conhecer este projeto, pois, segundo ela, nele encontra-se a "filosofia que irá nortear todo o trabalho a ser desenvolvido pela instituição". Outra mãe entrevistada acredita ser muito importante os pais conhecerem os objetivos propostos pela instituição. Na escola em que o Projeto Pedagógico não é conhecido, um pai afirma que, caso queiram, devem, sim, procurar conhecer esta proposta para que fiquem inteirados do que será trabalhado na rotina escolar. A respeito do Projeto Político-Pedagógico, Veiga (2007, p.117-8) afirma que

é um instrumento formativo e auxilia a desenvolver uma ação coletiva, porque não se constroem projetos por decretos ou intervenções externas à escola. O projeto edifica-se com o próprio grupo de professores, alunos, pais, funcionários, representantes da comunidade no âmbito da prática pedagógica.

Continuando acerca do assunto, Veiga (2007, pp. 117-8) afirma que:

as rupturas almejadas para a melhoria da qualidade do ensino só atingem seu sentido na prática pedagógica, nas interações vividas entre professores, alunos, pais, funcionários e representantes da comunidade, em suas experiências, seus processos e resultados. A ruptura com a concepção conservadora de educação incide na própria organização do trabalho pedagógico da escola, na vida escolar dos alunos, no que fazem e como o fazem, no que vivem e como vivem. Por outro lado, a ruptura implica condições favoráveis que ofereçam recursos necessários, condições e processos para que possa atingir a prática pedagógica em sua essência.

Em relação à convivência das crianças com os colegas na escola, apenas um pai entrevistado acredita que o professor tem responsabilidade sobre esta interação.

Quanto ao envio de bilhetes na agenda da criança, para fazer cobranças de tarefas, compromissos e burocracias escolares, quatro pais não concordaram.

Quinze dos entrevistados acreditam que a parceria entre a família e os profissionais da escola é entendida como fundamental para o desenvolvimento global das crianças.

Apenas três entrevistados abordaram que os docentes não estão preparados para compartilhar com os pais as atividades pedagógicas que desenvolvem, limitando a relação professor-família à informação e a cobranças.

Na última questão desta categoria, os participantes deveriam apontar necessidades da escola ainda a serem supridas e apenas um pai se manifestou, afirmando que "o docente que não faz a sua parte está sujeito a cobranças pela atitude omissa".

3.4 Formação para o trabalho

Nesta categoria, foram verificados os itens essenciais que influenciam diretamente a aprendizagem das crianças.

No primeiro aspecto, quinze pais concordaram que os professores devem buscar constantemente novos materiais para enriquecer o trabalho em sala.

No segundo aspecto, metade dos pais considera que o professor deve estar bem preparado para exercer a docência.

No terceiro aspecto, três pais apontaram que se o professor faz comparação entre alunos na sala de aula gera desmotivação para a frequência escolar. Para um entrevistado, é fundamental que "a professora não compare os alunos", devendo observá-los continuamente e sempre que possível valorizar-lhes as atitudes fazendo comentários construtivos.

Cinco dos pais entrevistados acrescentaram algumas observações que julgam importantes para o desenvolvimento dos educandos. Uma entrevistada sugeriu a prática de esportes na escola; outro acredita que a escola deve "estimular e proporcionar aos professores aprimoramento constante da prática educacional". Um pai reforçou um aspecto já mencionado no trabalho de que "todos os professores deveriam ter formação em Pedagogia", mas acrescentou que "não quer dizer que seriam, necessariamente, os mais preparados", por terem esta qualificação. Para outro pai é necessário ao docente "permanentemente buscar a reflexão sobre sua prática", propondo estes momentos em reuniões coletivas na própria escola.

Segundo Libâneo (1994, p. 100), o ensino é crítico quando:

Implica objetivos sociopolíticos e pedagógicos, conteúdos e métodos escolhidos e organizados mediante determinada postura frente ao contexto das relações sociais vigentes na prática social. Ele se realiza, no entanto, dentro do processo de ensino. [...] Isso significa que ao professor crítico não basta que denuncie as injustiças sociais, que esteja engajado num sindicato ou partido ou que explicite o caráter ideológico dos conteúdos escolares. É preciso, antes de tudo, que dê conta de traduzir objetivos sociopolíticos e pedagógicos em formas concretas de trabalho docente que levem ao domínio sólido e duradouro de conhecimentos pelos alunos, que promovam a ampliação de suas capacidades mentais, a fim de que desenvolvam o pensamento independente, a coragem de duvidar e, com isso, ganhem convicções pessoais e meios de ação prática nos processos de participação democrática da sociedade.

3.5 Realidade escolar

Em relação ao que esperam que a escola e que o governo façam pela educação de seus filhos, de maneira geral os pais pesquisados identificaram as seguintes funções da escola: qualidade no ensino, segurança para os filhos, bons recursos para o ensino e investimento na formação dos professores. Em relação ao governo, foi salientado que ele deve incentivar a educação por meio das mais diferentes formas e estendê-la para todos e, assim, preparar os filhos para o mercado de trabalho.

Conforme Libâneo (2005, p. 117), neste aspecto:

Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos.

Doze pais afirmaram estar satisfeitos com as condições pedagógico-materiais da escola; quatorze acreditam que a escola onde os filhos estudam apresenta condições necessárias ao processo de ensino e aprendizagem.

Segundo um dos entrevistados, a escola deve ser "um ambiente que proporcione adequado desenvolvimento das diferentes áreas do conhecimento", explorando todo o potencial da criança. Os participantes concordaram que a formação docente inicial e continuada são elementos essenciais para a melhoria da qualidade do ensino.

Os pais esperam que a escola seja fonte de educação de qualidade, com profissionais bem preparados e dedicados ao ensino, devendo haver investimento do governo em cursos gratuitos para a atualização do corpo docente. São necessárias políticas públicas que fiscalizem as escolas com baixo desempenho, para que elas, cientes das próprias deficiências, superem as lacunas apontadas.

Em concordância com este pensamento, o Progestão (2001, p. 45) afirma que "uma escola voltada para o pleno desenvolvimento do educando valoriza a transmissão de conhecimento, mas também enfatiza outros aspectos: as formas de convivência entre as pessoas, o respeito às diferenças, a cultura escolar".

A escola deve preparar o indivíduo para a vida e para o mercado de trabalho, concordou uma participante, afirmando, ainda, que "deve preparar a filha para que no futuro ela exerça uma boa profissão". Para outra entrevistada, devem existir escolas profissionalizantes, que possibilitem a formação para o trabalho e a continuidade dos estudos. Um dos entrevistados posicionou-se a respeito do assunto violência dentro da escola, ambiente que para ele deve ser seguro, com professores presentes nos diversos espaços físicos e nos mais variados momentos e acredita que a promoção da prática de esportes seja saída para o problema da violência na escola.

No site do Ministério da Educação (2009), há textos a respeito do Fundo Pro-Infância, os quais comprovam que

crianças que começam a frequentar a escola antes dos seis anos de idade têm mais chances de concluir o nível superior e que o Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE - pretende garantir ensino público de qualidade para atender estudantes dessa faixa etária. Relatam, ainda, que até 2010 serão investidos R$800 milhões na ampliação e na melhoria das instalações destinadas à educação infantil e, além disso, as crianças matriculadas terão acesso a acervos de literatura.

Em relação ao governo, os entrevistados concordaram que é competência do Estado melhorar as condições de ensino promovendo políticas públicas que valorizem os profissionais da educação e que garantam, nos espaços escolares, a formação continuada do professor. Com profissionais valorizados e qualificados para o exercício do magistério, a educação escolar terá qualidade e atenderá os anseios da população atendida.

 

Considerações finais

Observou-se coerência, clareza e objetividade nas respostas dos pais e resultado satisfatório quanto ao envolvimento deles com a educação infantil. Demonstraram atenção com o que ocorre na escola e certo conhecimento tanto em relação aos aspectos administrativos quanto aos aspectos pedagógicos.

A pesquisa indica que os pais de alunos das escolas particulares estão de certa forma inteirados do processo educacional dos filhos e participam das atividades propostas pela escola. Eles acreditam que a escola pode aproximá-los mais dos professores, promovendo encontros extras e, assim, melhorando a educação das crianças.

É primordial para os pais entrevistados que os professores de seus filhos estejam em constante aprimoramento para melhorar cada vez mais a qualidade do trabalho pedagógico, inclusive sugerindo que o governo se dedique a esta formação.

Considera-se que com o número de pais que participaram da pesquisa pode-se estabelecer percepção indicativa da situação da educação infantil no Distrito Federal.

Esta é parte de uma pesquisa maior, a qual abrangerá também a participação de pais de escolas públicas e de professores, sendo estes últimos tanto de escolas públicas quanto de escolas particulares. Vale ressaltar que já foram realizadas pesquisas com gestores das escolas públicas e das escolas particulares. Todos esses dados reunidos aprofundarão os resultados da pesquisa uma vez que se pretende, ao final, obter resultados contributivos para melhoria do processo de formação do educador no Distrito Federal e a divulgação dos resultados em eventos e em periódicos científicos, em nível regional, nacional e internacional.

Esses resultados poderão servir de base para reflexões entre profissionais desse nível de ensino e fornecer elementos que contribuam com as instituições de educação infantil abrindo oportunidades para a continuação dos estudos, levando a novos projetos, seminários, fóruns e debates.

 

Referências

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