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Psicologia da Educação

Print version ISSN 1414-6975

Psicol. educ.  no.31 São Paulo Aug. 2010

 

O Grupo de Trabalho Psicologia da Educação e sua produção entre os anos de 2005 e 2009

 

The Educational Psychology Group and its production during the years 2005 to 2009

 

El Grupo de Trabajo Psicología de la Educación y su producción entre los años de 2005 y 2009

 

 

Luciane Maria SchlindweinI; Maria Helena Baptista Vilares CordeiroII

IProfessora pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E-mail: lucmas@uol.com.br
IIProfessora pesquisadora da Universidade da Fronteira Sul (UFFS). E-mail: mhcordeiro@hotmail.com

 

 


RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar a produção acadêmica veiculada no Grupo de Trabalho Psicologia da Educação (GT 20 da ANPEd) entre os anos de 2005 e 2009. Neste artigo, desenvolvemos uma discussão sobre a pertinência de se pensar sobre a definição do campo da psicologia da educação, a partir da delimitação de seu objeto. Para analisar as temáticas das comunicações, utilizamos a metodologia de análise de conteúdo, partindo da leitura exaustiva dos resumos; consulta aos textos completos para esclarecimento das dúvidas surgidas no primeiro passo; categorização dos trabalhos com base nas temáticas anunciadas e, nova categorização em função do foco específico de cada trabalho dentro de cada temática, em cada reunião anual. Procuramos definir estes focos em função das problemáticas de pesquisa em que as comunicações foram produzidas. Neste sentido, foram consideradas quatro possibilidades, a saber: reflexões teóricas, contexto escolar, inclusão no contexto escolar e família e comunidade. Há que se esclarecer que a inclusão no contexto escolar constituiu uma categoria à parte, uma vez que o processo de inclusão pressupõe uma integração entre diferentes contextos. A leitura a partir dos focos de produção das comunicações permitiu constatar que tais focos se concentram entre as reflexões teóricas e o contexto escolar. Portanto, a psicologia da educação (a se considerar a produção apresentada no GT 20 da ANPED) vem concentrando seus estudos na instituição escolar. Isto reflete uma preocupação com a aplicabilidade dos resultados na solução dos problemas enfrentados na escola.

Palavras-chave: Psicologia da Educação; pesquisa; conhecimento científico.


ABSTRACT

This paper aims to analyze the academic production presented at the Work Group Psychology of Education (WG 20 at ANPEd) from the years 2005 to 2009. In this article we develop a discussion about the pertinence of thinking about the definition of psychology of education's field, from the delimitation of its object. In order to analyze the thematics of communications, we have used the methology of content analysis, starting with the exaustive reading of abstracts; consults to full texts in order to clarify doubts that have emerged on the first step; categorization of works based on the announced thematics and, new categorization due to the specificity focus of each work within every thematic, in each annual meeting. We seeked to define these focuses according to the research problematics in which the communications were produced. This way, four possibilities were considered: theoretical reflexions, scholar context, scholar context inclusion, and family and community. It is necessary to point out that the inclusion on scholar context was conceived as a separete category, once that the inclusion process foresees an integration among diferent contexts. The reading of the production focuses in the communications has allowed us to find that such focuses are concentrated among the theoretical reflexions and scholar context. Therefore, Psychology of Education (the production presented on ANPED's WG 20 must be considered) has been concentrating their studies on the scholar institution. This reflects a concern with the applicability of results on the solutions of problems faced at school.

Keywords: Educational Psychology; research; scientific knowledge.


RESUMEN

Este trabajo tiene por objetivo analizar la producción académica vehiculada en el Grupo de Trabajo Psicología de la Educación (GT 20 de la ANPEd) entre los años de 2005 y 2009. En este artículo, desarrollamos una discusión sobre la pertinencia de pensarse sobre la definición del campo de la psicología de la educación, a partir de la delimitación de su objeto. Para analizar las temáticas de las comunicaciones, utilizamos la metodología de análisis de contenido, partiendo de la lectura exhaustiva de los resúmenes; consulta a los textos completos para aclaración de las dudas surgidas en el primer paso; categorización de los trabajos con base en las temáticas anunciadas y, nueva categorización en función del foco específico de cada trabajo dentro de cada temática, en cada reunión anual. Buscamos definir estos focos en función de las problemáticas de investigación en que las comunicaciones fueron producidas. En este sentido, fueron consideradas cuatro posibilidades, a saber: reflexiones teóricas, contexto escolar, inclusión en el contexto escolar y familia y comunidad. Hay que esclarecerse que la inclusión en el contexto escolar constituyó una categoría a la parte, una vez que el proceso de inclusión presupone una integración entre distintos contextos. La lectura a partir de los focos de producción de las comunicaciones permitió constatar que tales focos se concentran entre las reflexiones teóricas y el contexto escolar. Por lo tanto, la psicología de la educación (a considerarse la producción presentada en el GT 20 de la ANPED) viene concentrando sus estudios en la institución escolar. Esto refleja una preocupación con la aplicabilidad de los resultados en la solución de los problemas enfrentados en la escuela.

Palabras clave: Psicología de la Educación; investigación; conocimiento científico.


 

 

A Psicologia da Educação na ANPEd

Este trabalho tem por objetivo analisar a produção acadêmica veiculada no Grupo de Trabalho Psicologia da Educação (GT 20 da ANPEd) entre os anos de 2005 e 2009. Pretendemos aqui empreender uma discussão a respeito da pertinência de se pensar sobre a definição do campo da Psicologia da Educação, a partir da delimitação de seu objeto.

Em trabalho apresentado em 2005, com o título "Grupo de Trabalho Psicologia da Educação: uma análise da produção acadêmica (1998-2004)", Schlindwein, Souza et alii realizaram um estudo envolvendo 16 trabalhos encomendados, 83 comunicações e 30 pôsteres, no período de constituição do Grupo de Estudo e de Trabalho em Psicologia da Educação. Para as análises foram utilizadas fichas analíticas elaboradas nos moldes metodológicos de Ozella (1998), com o intuito de mapear os trabalhos sob diferentes perspectivas (modalidade de trabalho, ano de apresentação, autor, instituição, programa de pós-graduação, titulação, temática, filiação teórica, objetivos, procedimentos metodológicos, resultados e observações). As fichas analíticas foram sintetizadas em quadros-sínteses, favorecendo a leitura e a análise dos diferentes elementos foco de nossa investigação (temática, filiação teórica, problema/problemática, resultados, metodologia, objetivo, interface com a educação e interface com a psicologia).

Na época, os resultados indicaram três tendências, a saber:

a) a Psicologia vai à Educação para analisar aspectos do fenômeno educacional e volta às teorias psicológicas para compreendê-los, fornecendo contribuições tanto à Psicologia como à Educação, ou, como afirma Gatti, enfoca os "... fenômenos educacionais vistos em sua base psicológica" (1997, p. 81). De acordo com as autoras, a discussão dos trabalhos encomendados (que se pautavam na discussão das diferentes abordagens psicológicas) reiterava esta tendência. "Se por um lado, tais abordagens ainda refletem fortemente o lugar da Psicologia no campo educacional, por outro lado, é fundamental a demarcação de tais espaços e concepções para avançarmos na direção da construção do campo de conhecimento denominado 'Psicologia da Educação' (SCHLINDWEIN, SOUZA et alii).

b) a educação se apropria da psicologia, ou, nas palavras do texto: "Trata-se da análise crítica das apropriações de algumas teorias psicológicas pela Educação que produziram um movimento de psicologização da Educação, e a necessidade da constituição de abordagens críticas no campo da Psicologia da Educação, que superem a primazia do conhecimento psicológico sobre outras modalidades de conhecimento" (SCHLINDWEIN, SOUZA et alii). Seria um movimento no qual a Psicologia da Educação critica o uso da psicologia na educação.

c) Estudos sobre a subjetividade confirmam o campo da Psicologia da Educação.

Outro estudo a ser destacado é o realizado por Miriam Warde, em 1995, a partir da análise de dissertações e teses na área da Educação, que se apóiam em referenciais teóricos da Psicologia. Seus estudos indicam duas formas de aproximação entre a psicologia e a educação:

uma que traz da Psicologia para a Educação o corpo teórico, conceitual, metodológico, e converte a Educação num campo de aplicação ou dedução; a outra que, partindo da Educação, converte seus processos, suas práticas, seus problemas, em pontos de referências e guias para as formulações conceituais, metodológicas, experimentais. Na primeira forma, a educação é um campo "ocasional" de aplicação de "uma psicologia que já teria seus princípios definidos", como diria Wallon (1975, p. 355); na segunda, a educação é o campo instituidor desses princípios. (WARDE, 1995, p. 57)

Em estudo apresentado no GT 20, Psicologia da Educação, Gouvea (2005) retoma a discussão, problematizando-o a partir da relação teoria e prática. De acordo com Gouvea, a polarização indicada por Warde expressa um problema visceral, uma vez que, de um lado, está a Psicologia, que se apresenta como uma ciência que se situa em um campo epistemológico próprio e, de outro, as práticas educacionais.

Mais recentemente ao tratar da relação entre a psicologia e a educação, Bernadete Gatti (2003, p. 107) inclui uma terceira vertente de compreensão dessa relação e assim a descreve:

Essa terceira vertente problematiza aspectos da própria Educação sob uma ótica mais complexa, integrando várias áreas e selecionando tema que necessita de uma abordagem psicológica, a qual, no processo investigativo, é densamente integrada à ótica educacional e social, numa perspectiva de construção transdisciplinar. [...] Os pesquisadores que aqui se inserem não desprezam as contribuições das duas outras vertentes examinadas, algumas bastante vigorosas cientificamente, como os estudos cognitivos, mas a tematização, a problematização e a análise dos dados são elaborados de uma perspectiva mais integradora do ponto de vista tanto das formas de problematizar como do enfoque teórico-metodológico, que incorpora conhecimentos de várias outras áreas com que estabelece interface.

Gatti propõe, assim, uma ampliação dos polos contrapostos nas duas vertentes, cuja consequência seria a ampliação e a interação desses polos na direção de outros campos do conhecimento e da prática social humana. É como se fossem implodidos os limites estreitos de um e de outro, para dentro e para fora da polarização, fazendo surgir novas possibilidade de compreensão dessa relação. A sugestão dessa vertente por parte da autora é instigante e nela ressoa o debate contemporâneo sobre os novos tempos que estaríamos vivendo quando afirma que a "ótica a privilegiar é multidimensional, transformadora, uma ótica de alternativas, de flutuações, ou seja, ao lado dos processos construtivos e auto-organizativos, deve-se considerar a mudança e a incerteza" (2003, p. 113).

 

A produção nas comunicações

Neste trabalho, debruçamo-nos em torno das comunicações apresentadas no grupo, no período compreendido entre os anos de 2005 e 2009. Incluímos os trabalhos a serem apresentados em 2009, uma vez que já se encontravam disponíveis no portal da ANPED (www.anped.org.br). Reiteramos a idéia apresentada em 2005, de que as comunicações "... expressam a produção recente acadêmico-científica na interface Psicologia e Educação dos programas de Educação e Psicologia Escolar/Educacional no Brasil. As comunicações são indicativas do estado do conhecimento no campo da Psicologia da Educação" (SOUZA et alii, 2005). Entretanto, diferentemente daquele trabalho, debruçamo-nos sobre as temáticas, resumos e referenciais teóricos utilizados nas comunicações. No período compreendido entre os anos de 2005 e 2009, foram apresentadas 58 comunicações de trabalhos desenvolvidos em mais de 30 universidades brasileiras (Quadro I).

 

 

Primeiramente, apresentamos alguns números, no sentido de verificar a representatividade nacional das comunicações e o financiamento. Infelizmente, não tivemos acesso aos trabalhos submetidos, em sua totalidade, não sendo possível estabelecer uma relação entre os aprovados e os submetidos. Desta forma, não podemos concluir se existe algum viés regional na seleção dos trabalhos. Nossa base de dados consta tão somente das comunicações publicadas no portal da ANPED.

Consideramos que a apresentação de comunicações tem garantido uma representatividade em termos de regiões brasileiras. Entretanto, há que se registrar que as regiões Sudeste e Sul apresentam o maior volume de trabalhos. Tal fato também fica evidente no apoio financeiro: no ano de 2005, das 13 comunicações apresentadas, sete contaram com financiamento (Cnpq, CAPES, FUNADESP). No ano de 2006, das 11 comunicações apenas uma contou com financiamento (Cnpq e CAPES). Em 2007, quatro comunicações das 11 apresentadas estavam vinculadas a órgãos de pesquisa (FAPESP, CAPES, Cnpq). E no ano de 2008, de um número de 14 comunicações, quatro contaram com financiamento (FAPESP, Cnpq).

O Quadro II tem por finalidade listar o número de trabalhos apresentados no GT 20, do ano 2005 a 2008, que foram contemplados com financiamento, ou não. No ano de 2005, foram apresentados 13 trabalhos, apenas oito contaram com financiamento. A Região Sudeste se destaca, seja pelo volume de trabalhos apresentados, seja pelo número de financiamentos.

 

 

No ano de 2006, a Região Sudeste manteve-se em destaque, por continuar sendo a região que mais teve representatividade: apresentou sete trabalhos de um total de onze. Porém, apenas um trabalho obteve financiamento. Excepcionalmente, este trabalho contou com duas instituições financiadoras diferentes.

Ainda no ano de 2006, a Região Sul foi representada por dois trabalhos, a Região Nordeste por um, da mesma forma que a Região Centro-Oeste e, destes, nenhum contou com financiamento. A Região Norte tem sido representada por seus pesquisadores.

Em 2007, nenhum trabalho pertencente a instituições da Região Sul e Norte foi apresentado. A Região Sudeste, mais uma vez, destaca-se com sete trabalhos, três com financiamento. A Região Centro-Oeste foi representada por três trabalhos, um deles financiado. Apenas um trabalho representou a Região Nordeste, este sem financiamento.

No ano de 2008, a Região Norte também não teve representação na Reunião do GT. A Região Sul foi representada por dois trabalhos

Em síntese, no que se refere à representatividade, verificou-se que o maior volume de comunicações é oriundo da Região Sudeste. Não sabemos se esta prevalência é fruto de uma maior qualidade destes trabalhos, de uma tendenciosidade na seleção ou simplesmente da existência de um maior número de trabalhos desta região, o que seria plausível em função da localização geográfica da Reunião Anual.

 

Análise das temáticas das comunicações

Para analisar as temáticas das comunicações, procedemos da seguinte forma:

1 - Leitura exaustiva dos resumos;

2 - Consulta aos textos completos para esclarecimento das dúvidas surgidas no primeiro passo;

3 - Categorização dos trabalhos com base nas temáticas anunciadas;

4 - Nova categorização em função do foco específico de cada trabalho dentro de cada temática, em cada reunião anual. Procuramos definir estes focos em função das problemáticas de pesquisa em que as comunicações foram produzidas. Neste sentido, foram consideradas quatro possibilidades, a saber: reflexões teóricas, contexto escolar, inclusão no contexto escolar e família e comunidade. Há que se esclarecer que a inclusão no contexto escolar constituiu uma categoria à parte, uma vez que o processo de inclusão pressupõe uma integração entre diferentes contextos. A leitura a partir dos focos de produção das comunicações permite constatar que eles se concentram entre as reflexões teóricas (n=20) e o contexto escolar (n=32). Portanto, a Psicologia da Educação vem concentrando seus estudos na instituição escolar. Isto reflete uma preocupação com a aplicabilidade dos resultados na solução dos problemas enfrentados na escola.

A partir destas análises, elaboramos o Quadro III demonstrativo das categorias evidenciadas nas comunicações.

Em um primeiro momento, consideramos que não houve grandes alterações, em termos de temáticas apresentadas, em relação ao primeiro estudo. A categoria temática Cognição e afetividade nos processos de aprendizagem reuniu os trabalhos que utilizaram a Psicologia como ferramenta para a compreensão dos fenômenos educacionais, mantendo uma das tendências observadas no estudo anterior. Procuramos, entretanto, detalhar melhor quais os problemas abordados nesta temática. Constatamos que a grande maioria de trabalhos (n=15) discute a cognição e/ou afetividade nos processos de aprendizagem em geral. Encontramos, também, quatro trabalhos que se referem à aprendizagem do professor e apenas dois trabalhos que discutem esta temática com referência a conteúdos específicos.

Consideramos que este resultado pode ser analisado sob diferentes perspectivas. Uma delas diz respeito à existência, na reunião da ANPED, de grupos de trabalho, cujo foco são conteúdos específicos (GTs Educação Matemática, Alfabetização, Leitura e Escrita, Educação e Arte) ou de Formação de Professores.

Em relação aos focos de produção das comunicações, dentro desta temática, percebemos que estão predominantemente situados no contexto escolar. Esta categoria temática também inclui quatro dos cinco trabalhos que abordam a inclusão, ou seja, todos os trabalhos que discutem a inclusão de pessoas com deficiências. Este fato reitera a preocupação em utilizar os conhecimentos da Psicologia para compreender fenômenos educacionais, mais especificamente aqueles relacionados com a aprendizagem.

Em nossas análises, outra categoria temática que também prevalece no estudo realizado em 2005 é Desenvolvimento, subjetividade e identidade. Esta categoria foi constituída por sete trabalhos de reflexão teórica, oito comunicações que enfocam o contexto escolar e um trabalho referente à inclusão. Estes trabalhos buscam subsídios, sobretudo, na Psicologia do desenvolvimento, em diferentes abordagens (predominantemente histórico-cultural e psicanalítica). São trabalhos que olham para a escola como um contexto de desenvolvimento dos sujeitos (crianças, adolescentes e adultos professores).

Incluímos uma temática que não tinha sido diferenciada no estudo anterior: Processos psicossociais. Incluímos, nesta categoria, as comunicações que discutem os contextos educacionais com uma predominância das contribuições da Psicologia social. Estas contribuições trazem uma nova possibilidade de interface entre a Psicologia e a Educação que permite ver a escola dentro de uma realidade social mais ampla; sem perder de foco os sujeitos (atores nestes contextos). Não tende a cair em uma psicologização dos fenômenos educacionais, uma vez que tais sujeitos são investigados considerando-se as intrincadas relações estabelecidas nos contextos, sejam eles relacionais, escolares ou familiares, relações essas impregnadas por representações geradas, reproduzidas e modificadas tanto em níveis micro como macrossociais.

Na categoria temática Fundamentos teóricos e epistemológicos da Psicologia da Educação - interface da Psicologia e Educação, percebemos que estas comunicações são constituídas por estudos fundamentalmente teóricos, no sentido que não se trata de pesquisas empíricas. Nove dentre estes estudos discutem a interface da Psicologia com a Educação, sobretudo nas perspectivas vigotskianas e psicanalítica. Os outros quatro estudos desta categoria constituem-se em exercícios de contextualização das teorias psicológicas em problemáticas escolares (tecnologias, políticas, autoridade e concepção de criança escolarizada), com o intuito de não só confirmar a teoria, mas de apresentar elementos para ampliar o campo da Psicologia da Educação. Portanto, são estudos que contribuem para a confirmação do campo da Psicologia da Educação, fazendo uma análise crítica da aplicação das teorias (ou dos discursos) psicológicas no campo da Educação.

 

Perspectivas no campo da Psicologia e da Educação

Consideramos que a produção do GT 20 - Psicologia da Educação, nestes primeiros dez anos de existência, apresenta indicadores substanciosos acerca deste campo de investigação. Os textos apresentados mantêm as linhas de reflexão anteriormente apresentadas (no trabalho realizado em 2005, por Souza, Schlindwein et alii). Outro fato que os trabalhos indicam é a aplicação da Psicologia na escola que basicamente é alimentada pela Psicologia da aprendizagem. As comunicações apresentadas nas reuniões anuais da ANPED apresentam uma preocupação com o ser humano (constituição da subjetividade), mas ainda com o enfoque muito psicológico (parece que há dificuldade de se pensar esta subjetividade em termos de contextos mais amplos); parece que são temáticas que não se resolvem; predomina a Psicologia do desenvolvimento.

Percebemos que há uma possibilidade de ampliar a discussão sobre a subjetividade, a identidade, o desenvolvimento do sujeito, a partir da incorporação de contribuições da Psicologia social, o que abriria outra possibilidade de olhar/se pensar a escola.

E, finalmente, consideramos que temos ainda outra linha que deveria se constituir na crítica epistemológica de toda esta construção, mas que ainda está muito presa a abordagens; poderia partir de uma visão mais contextualizada, superando o debate focado em abordagens. Não podemos mais pensar a Psicologia como território de autores ou como áreas (Psicologia da aprendizagem, do desenvolvimento); trazer as contribuições da Psicologia para uma visão mais ampla, inclusive de escola (que permite percebe compreender a escola em todas suas complexas dimensões). Escola não é só espaço de aprendizagem, ou de desenvolvimento, ou de formação de professores...

 

Referências

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