A formação do orientador profissional: o estado da arte no Brasil

 

 

Dulce Helena Penna Soares¹

Universidade Federal de Santa Catarina - Departamento de Psicologia, Laboratório de Informação e Orientação Profissional

 

 

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RESUMO

Enquanto presidente da ABOP, gestão 97/99, tive a oportunidade de conhecer inúmeros trabalhos que têm sido desenvolvidos para a formação de orientadores profissionais nas universidades brasileiras como também a partir de cursos livres. Inicio este artigo com um apanhado histórico da Orientação Profissional. Apresentarei detalhadamente minha participação no Curso de Formação em Orientação Profissional do INSTITUTO DO SER – psicologia e psicopedagogia de SP, onde sou uma das professoras. E ainda, alguns trabalhos ligados a formação de orientadores profissionais realizados em algumas universidades e em cursos livres, nos diferentes estados brasileiros que enviaram documentação para a comissão científica da ABOP.

Palavras-chave: Formação, Orientação Profissional, Cursos Livres.

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ABSTRACT

As a president of ABOP – Brazilian Association of Vocational Counselors I have had the opportunity to know a lot of experiences in the training of vocational counselors at the university and independent courses across the Brazil. I will presented a little history of vocational guidance, and also show the organization and methodology of a model on training professional counselors at the training course of Being Institute – of SP. Also I will comment on papers about the training of vocational counseling done at some Universities and at independent courses, across Brazil.

Keywords: Training at university, Vocational guidance training, Independent courses.

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Introdução

Como ponto de partida, é preciso lembrar que esta formação é feita ainda de forma assistemática, sem uma regulamentação ou lei que determine os conteúdos mínimos a serem ministrados. Ela tem sido realizada nos cursos de Psicologia e Pedagogia através de disciplinas como Orientação Vocacional, Seleção e Orientação Profissional, geralmente apenas em nível teórico, sendo obrigatórias em algumas faculdades e optativas em outras. Geralmente junto aos cursos de psicologia o aluno tem a opção de fazer um estágio supervisionado nas Clínicas Escolas das Universidades, com é o caso da UFRGS, UFSC, UFPR, PUC/PR, PUC/SP, USP/RP, USP/SP, UFMG, PUC/MINAS, entre outras. Muitas universidades, no entanto, não oferecem esta opção e o aluno sai da faculdade sem ter tido a oportunidade de vivenciar a prática. Estes profissionais saem “habilitados” por seu diploma a realizarem este trabalho sem terem freqüentado disciplinas específicas de Orientação Profissional, nem realizado estágio supervisionado.

A Orientação Profissional no Brasil tem sido realizada dentro de diferentes abordagens. Cada uma tem como suporte diferentes “locus” onde a psicologia está presente constituindo-se assim em diferentes abordagens: a abordagem educacional, clínica ou organizacional (Soares, 1999). Cada uma tem suas características próprias, e apoia-se em procedimentos técnicos diferentes. Têm em comum o fato de priorizarem a relação homem-trabalho, seja ela na escolha dos estudos a seguir, dos conflitos que surgem no desempenho do papel profissional ou ainda no que diz respeito à re-orientação ou planejamento de carreira.

A atuação do orientador profissional tem sido baseada em diferentes referenciais teóricos, como a abordagem psicodinâmica, a abordagem gestáltica, psicodramática ou ecológica. Em todos os momentos, porém, não podemos nos esquecer que a orientação tem como base a psicologia social, pois o ingresso do homem no trabalho está intimamente ligado com sua inserção social. O compromisso social deste profissionais, portanto, é fundamental para construirmos uma sociedade mais justa, onde cada vez mais pessoas possam ter acesso ao trabalho, e principalmente o desenvolvam com “gosto” e prazer.

 

Histórico da OP no Brasil

Os primeiros Centros de Orientação Profissional no mundo estavam ligados à questão da seleção de pessoal junto com o desenvolvimento industrial. A Orientação Profissional surge então, ligada à psicologia industrial, com a metodologia dos testes de seleção e aptidões. Após esta abordagem industrial começa a existir uma preocupação mais pedagógica. Entre 1920 e 1930 inicia-se a influência da psicanálise. A psicanálise se desenvolve bastante no mundo com Freud e começam a aparecer alguns trabalhos explicando a escolha à partir de aspectos inconscientes, de desejos e impulsos.

No Brasil, em 1924, Roberto Mangi, engenheiro Suíço, introduziu a OP para os alunos do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, a partir da necessidade de saber para qual curso os alunos deveriam ser orientados. Esta iniciativa fez com que ele começasse um trabalho de orientação profissional. Em 1930, a Estrada de Ferro Sorocabana, também iniciou um serviço de seleção, orientação e formação de aprendizes, dirigido e orientado por Roberto Mangi. Em 1931 surge o primeiro Serviço Público de Orientação Profissional criado por Lourenço Filho, no Serviço de Educação do Estado de São Paulo. Então, a Orientação Profissional já começa a aparecer como um trabalho público.

Em 1937, na atual Escola Técnica Getúlio Vargas, foi criado um gabinete de psicotécnica dirigido por Mangi e posteriormente por Oswaldo de Barros Santos, autor de um livro sobre Orientação e Seleção Profissional. Em 1938, o Projeto de Lei criou o ISOP, Instituto de Seleção e Orientação Profissional do Rio de Janeiro, órgão da Fundação Getúlio Vargas, que foi inaugurado em 47, sobre a direção de Mira y Lopes. Neste momento podemos considerar que a Orientação Profissional realmente se estabeleceu no Brasil sendo que Mira y Lopes tem vários trabalhos nesta área, inclusive alguns testes.

Em 1962, com a criação do curso de Psicologia e da disciplina de Seleção e Orientação Profissional. Através da Lei Federal 4119, com o objetivo de preparar os futuros profissionais para desenvolverem esta tarefa, surge, finalmente a Orientação Profissional como uma área de atuação do psicólogo.

Em 1971, foi aprovada a nova LDBN – Lei de Diretrizes Básicas do Ensino, que tinha como meta a qualificação profissional para o trabalho, obrigando a orientação educacional em todas as escolas. Surge aí o papel do orientador educacional nas escolas, como responsável pela realização do trabalho de orientação profissional. Neste momento, é obrigado em todas as escolas a ter um orientador educacional para fazer um trabalho, como diz a lei – de qualificação profissional.

Até 1980 a Orientação Profissional no Brasil teve poucas publicações de autores brasileiros, sendo os autores estrangeiros os mais utilizados, como Super, Pelletier, Bohoslavsky. A partir de 1980 começam as realizações de teses de mestrado e doutorado em orientação profissional, sendo que as publicações dessas teses começam a aparecer gradativamente. Então, começamos a conhecer a OP realizada nas escolas, através dos serviços de orientação educacional, coordenados, na grande maioria, por orientadores educacionais. E também os trabalhos realizados nas universidades, em muitos centros de atendimento psicológico, ligados, na sua maioria, aos cursos de psicologia. A OP é também realizada em consultórios e centros de atendimentos psicológicos particulares, desenvolvida por psicólogos clínicos principalmente. 

Em 1993, foi fundada a ABOP, durante o I Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional, organizado pelo INSTITUTO DO SER – psicologia e psicopedagogia de São Paulo, e com o apoio do SOP - Serviço de Orientação Profissional - da UFRGS. Este evento marcou um momento importante da Orientação Profissional do Brasil, na medida em que passou-se a integração dos profissionais envolvidos com esta tarefa.

 

A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR PROFISSIONAL EM UNIVERSIDADES

Relato algumas experiências atuais que têm sido desenvolvidas em universidades no que diz respeito a formação de orientadores profissionais. Esta compilação baseia-se nos dados recolhidos junto a documentação da ABOP, não representando a totalidade dos trabalhos desenvolvidos no Brasil, mas sim o relato de colegas associados da ABOP que trabalham na área. Muitos deles detalhados em outros artigos desta revista. 

UFSC/SC: O LIOP – Laboratório de Informação e Orientação Profissional é o responsável pela formação de orientadores. Esta realiza-se a nível do Curso de Graduação em Psicologia através da disciplina Seleção e Orientação Profissional e Estágio Supervisionado; e a nível de Curso de Extensão para profissionais. Este trabalho integra Ensino, Pesquisa (vinculado ao Mestrado em Psicologia) e Extensão (Prestação de Serviço de Orientação Profissional para a comunidade).

UNISUL/SC: A construção do Serviço de Psicologia e Orientação Profissional da UNISUL – SEPOP, é recente. Conta com uma significativa discussão sobre a área de escolha e orientação profissional através dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos, da disciplina obrigatória de OP. e com a experiência alcançada através dos estágios em OP., das atuações práticas e da produção acadêmica de um grupo de professores.

UFRGS/RS: O Serviço de Orientação Profissional - SOP da UFRGS realiza um trabalho integrando ensino, pesquisa e extensão. A formação de alunos orientadores é feita através das disciplinas teóricas e práticas (estágio supervisionado). A formação de profissionais é feita nos cursos de extensão em orientação profissional.

PUC/RS: Utiliza a Perspectiva Ecológica da Orientação Profissional que propõe uma visão integrada dos sistemas familiar, escolar, de trabalho e social conferindo competência para facilitar os caminhos da escolha e da inserção profissional. É realizada na Faculdade de Psicologia da PUC-RS.

ULBRA-RS: A formação é feita através da disciplina teórica baseadas nos referencias teóricos de Super e Pelletier e estágio supervisionado em psicologia escolar no NOE - Núcleo de Orientação Educacional. Também são realizadas Monografias de Conclusão de Curso, que incluem a coleta de dados, a partir de um problema de pesquisa apoiado em bibliografia atualizada.

UNISINOS/RS: Nesta universidade os alunos têm a oportunidade de cursarem a disciplina teórica e realizarem o estágio em OP. O TVI, Teste Visual de Interesses foi desenvolvido na UNISINOS e é aplicado pelos estudantes em escolas públicas e particulares da região.

UFPR: Preocupa-se com compromisso social da Universidade face à escolha da profissão e ao processo de construção da identidade profissional. Está em fase de implantação um Serviço Permanente de Orientação Profissional, com a participação dos alunos estagiários de Psicologia.

PUC/PR: É concebida de forma interdisciplinar, onde o psicólogo como orientador profisional trabalha na esfera da aprendizagem: do cliente sobre si mesmo (autoconhecimento), sobre o mundo do trabalho e elaboração de um projeto vocacional-ocupacional. Utiliza o referencial teórico do Esquema Conceitual Referencial Operativo (ECRO), conceituado por Pichon-Rivière (1986), permitindo ao cliente aprender a escolher uma profissão ou ocupação de forma mais consciente e autônoma.

FFCL-USP/Ribeirão Preto: É desenvolvida pelo Serviço de Orientação Profissional- SOP, na Clínica Psicológica do Centro de Psicologia Aplicada - CPA, através de estagiários do 9º e 10º semestre do curso de Psicologia, com supervisão após a realização da disciplina obrigatória Orientação Profissional I e II (90 horas, cada uma).

UFMG: Após um período de interrupção do trabalho de OP o mesmo foi retomado em 1998. O estágio de Orientação Profissional é oferecido aos alunos, do 7º período, que tenham cursado a disciplina teórica. É realizado na própria clínica do Departamento, CEAP - Centro de Aplicação de Psicologia, e está no elenco dos estágios regularmente oferecidos pelo curso. Tem a duração de 1 semestre letivo.

PUC/MINAS: Está vinculada à disciplina Orientação Vocacional do 7° período do Curso de Psicologia. O Estágio de Atendimento em Orientação Profissional/Vocacional tem como referencial teórico-metodológico o Método Clínico-operativo descrito por Marina MÜLLER.

FAFIRE/PE: Através da disciplina de Seleção e Orientação Profissional II do curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia do Recife, com uma abordagem psicodinâmica e, a partir 1995, através da implantação do estágio integrado em Orientação Profissional na Clínica Psicológica está sendo realizada a formação dos Orientadores profissionais nesta Instituição.

 

A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR PROFISSIONAL EM CURSOS LIVRES

A seguir são relatadas algumas experiências que têm sido desenvolvidas por colegas associados da ABOP no que diz respeito a formação de orientadores profissionais em cursos livres. Chamamos de cursos livres todos aqueles baseados na iniciativa de profissionais capacitados para tal tarefa e que se propõem a apresentar o seu trabalho, sua forma de intervir junto as problemáticas de Orientação Profissional de sua clientela. Estes cursos são, na maior parte, de caráter particular, sendo que alguns estão ligados à atividades de extensão universitária como é o caso dos cursos de extensão oferecidos pela UFSC e pela UFRGS. Estes dados igualmente baseiam-se em informações recolhidas junto a documentação da ABOP, que recebe relatos e informações dos colegas coordenadores destes cursos, não representando a totalidade dos trabalhos desenvolvidos nesta área no Brasil.

Curso de Extensão Universitária da UFSC: O LIOP – Laboratório de Informação e Orientação Profissional da UFSC oferece Cursos de Extensão de 40 horas/aulas para profissionais. Muitos profissionais tem procurado o LIOP interessados em realizar um curso onde possam estar se atualizando para poderem atuar nesta tarefa específica que é a orientação profissional. Os objetivos do curso são de capacitar, qualificar e aperfeiçoar psicólogos para atuarem em Orientação Profissional e apresentar um referencial teórico e metodológico em Orientação Profissional dentro das diferentes abordagens: clínica, educacional e organizacional.

Curso de Formação em Orientação Profissional: o planejamento da carreira - abordagem organizacional (40 hs/a) - INSTITUTO DO SER – Psicologia e Psicopedagogia: Este curso destina-se a psicólogos organizacionais engajados no trabalho de orientação dos funcionários quanto ao planejamento de sua carreira futura. Tem por objetivo fornecer subsídios teóricos e técnicos para o planejamento e desenvolvimento de um trabalho de Orientação Profissional dentro da empresa. Vários trabalhos são possíveis de serem realizados: planejamento de carreira, treinamento visando aperfeiçoar os profissionais em suas próprias áreas de atuação, preparação para o desligamento da empresa, preparação para a aposentadoria. Todas as intervenções do psicólogo que trabalhe com a relação homem-trabalho e a possibilidade de escolha.

Curso de Formação em Orientação Profissional: a facilitação da escolha (120 hs/a) - INSTITUTO DO SER – Psicologia e Psicopedagogia: Este curso destina-se a psicólogos, pedagogos, psicopedagogos e orientadores educacionais assim como a todos os profissionais engajados num trabalho de orientação do jovem quanto à sua futura profissão. Tem por objetivo fornecer subsídios teóricos e técnicos para o planejamento e desenvolvimento de um trabalho de Orientação Profissional dentro da escola, na clínica e nas organizações. Este curso desenvolve-se dentro de uma metodologia teórico-prática, num total de 120 horas/aulas. A teoria é ministrada através de aulas teóricas expositivas, leituras de livros, de textos e discussões em grupo. São convidados professores, especialistas em O.P., para apresentarem sua experiência na área. A parte prática se desenvolve através da vivência de técnicas de Orientação Profissional, que são apresentadas e trabalhadas da seguinte maneira: 1º) são vivenciadas pelos participantes e posteriormente são trabalhados os conteúdos que emergirem, enfatizando a questão da orientação e/ou escolha profissional; 2º) é feito um processamento da técnica: cada momento é analisado didaticamente, são discutidos os aspectos técnicos, as diferentes abordagens possíveis, de acordo com a faixa etária e a perspectiva em questão: educacional, clínica e empresarial. O curso é concluído com a apresentação, por cada membro do grupo, de um trabalho teórico-prático; sendo que os melhores são escolhidos para publicação em forma de livros, artigos em revistas científicas e apresentação em Congressos Nacionais e Internacionais.

A experiência da prof. Dulce Helena na formação de orientadores profissionais no INSTITUTO DO SER – Psicologia e Psicopedagogia tem sido muito importante. Este curso foi concebido no desejo de transmitir aos futuros orientadores a experiência teórica e prática dos professores. Foi pensando num curso que gostaríamos de ter realizado mas que não existia no Brasil que foi idealizado este modelo de curso. A experiência nestes mais de 5 anos de atuação tem demostrado cada vez mais a importância da realização de um trabalho de Orientação Profissional em todas as suas abordagens e possibilidades. Cada vez mais o psicólogo entende que esta é uma atividade que tem que ser proposta às escolas, cursinhos, empresas e em nível de consultório particular. Os pedagogos que já estão nas escolas também estão propondo com mais determinação trabalhos desta natureza.

Participar das diferentes turmas, com profissionais de diferentes cidades e estados brasileiros, traz uma riqueza muito grande de experiências. Podemos constatar que a dificuldade de escolha, numa sociedade em profundas transformações é grande em qualquer lugar do país. Nossa abordagem reflexiva que prioriza o reconhecimento das questões pessoais e familiares para só então entrar nas questões mais sociais e políticas de nossa sociedade tem mostrado o quanto é importante oferecermos esta oportunidade ao nosso cliente: conhecer-se melhor para se sentir mais “forte” a fim de enfrentar o mercado de trabalho. Temos tido a oportunidade de juntos idealizarmos trabalhos bem diferentes e inéditos, como: a sensibilização para a escolha da profissão através do rádio, a realização de um trabalho integrado com a filosofia para crianças, a implementação de diferentes linhas de atuação voltadas para a “melhor escolha” do jovem que procura o CIEE Paraná, que tem realizado várias turmas de formação em parceria com o INSTITUTO DO SER.

A partir desta experiência, e do desejo de muitos alunos das 3 primeiras turmas do Curso de Formação foi criado em 1997 o Curso de Especialização em Orientação Profissional: a facilitação da escolha com um total de 360 horas. Dentre os objetivos deste curso apontamos os seguintes: capacitar os alunos ao pleno exercício de seu papel de Orientadores Profissionais bem como ao exercício da docência e da pesquisa na área, aprofundar questões teóricas e práticas referentes a Orientação Profissional nas suas diversas abordagens: clínica, educacional, empresarial, informação e pesquisa, oportunizar o enriquecimento profissional através da troca de experiências entre os membros do grupo e com os professores (supervisão dos trabalhos em andamento e intercâmbio entre os colegas), estimular a produção teórica e técnica dos alunos em Orientação Profissional com o objetivo da publicação de artigos em revistas científicas e apresentações em congressos.

Curso em Orientação Vocacional Profissional do Núcleo de Desenvolvimento Psicodinâmico - Novo / RJ : Apresenta uma metodologia psico-pedagógica com enfoque psicodinâmico da Orientação profissional e tem como clientela psicólogos e pedagogos.

Curso de Aperfeiçoamento Profissional: Orientação Vocacional segundo a perspectiva gestáltica: Promovido pelo Centro de Aperfeiçoamento e Desenvolvimento em Gestalt-Terapia - Clínica Sandra Salomão- Botafogo - RJ , este curso apresenta uma abordagem gestáltica da orientação profissional.

Orientação Profissional: uma Abordagem Contemporânea - Konvida – RS: Apresenta uma abordagem contemporânea da Orientação Profissional e realiza-se em encontros semanais em Porto Alegre. A clientela é de psicólogos e pedagogos.

Bases para uma nova prática de Orientação Profissional: Curso oferecido pela Trajeto Consultoria, de RECIFE, apresenta um abordagem psicanalítica da escolha. Desenvolve-se semanalmente e tem como clientela psicólogos.

Estudos Avançados em Orientação Vocacional-Ocupacional: Apresenta a abordagem Psicodinâmica da Escolha Profissional e é realizado pela Projecto - em Porto Alegre.

 

A ORGANIZAÇÃO DOS ORIENTADORES PROFISSIONAIS NO BRASIL E NO MUNDO

Em termos de organização dos profissionais em Orientação Profissional, é importante deixar registrados os objetivos da ABOP e sua vinculação com a AIOSP – Associação Internacional de Orientação escolar e Educacional.

Associação Brasileira de Orientadores Profissionais - ABOP

A ABOP é uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, que congrega orientadores profissionais do Brasil, criada em 1993. 

Entre as principais REALIZAÇÕES, a ABOP organiza e apoia eventos relacionados à Orientação Profissional, apoia Cursos de Formação, Especialização e Extensão. Publica mensalmente o seu Boletim e semestralmente a Revista da ABOP.

A ABOP tem como OBJETIVO em suas ações, desenvolver, integrar e valorizar a Orientação Profissional no Brasil. Um de seus objetivos é atuar junto a formação de orientadores através de sua Comissão de Fiscalização e Ética. A ABOP apoia cursos livres que solicitam formalmente este apoio, como também divulga cursos oferecidos por seus associados com reconhecida competência na área.

Associação Internacional de Orientação Escolar e Profissional - AIOSP

A AIOSP reúne profissionais e associações de todo mundo com o objetivo de intercâmbio e desenvolvimento da Orientação Profissional em nível mundial. Realiza encontros, conferências e simpósios em diferentes países. Publica um Boletim e a Revista da AIOSP.

A AIOSP está preocupada com a formação e a habilitação dos profissionais que atuam nesta área e estará realizando um estudo para propor um documento com recomendações éticas para os orientadores profissionais a nível mundial. A ABOP estará participando destas discussões, representando o Brasil.

 

O PAPEL DO ORIENTADOR PROFISSIONAL NO BRASIL

Em primeiro lugar é necessário urgentemente que a Orientação profissional mude seu paradigma de “escolha certa e definitiva”, para a “melhor escolha naquele momento e com aquelas condições”. 

Ter um compromisso social com as camadas menos privilegiadas e criar novos trabalhos nesta área é um desafio que a cada dia se torna mais urgente, pois somente com as pessoas trabalhando satisfeitas, é que poderemos contribuir para uma qualidade de vida melhor para todos nós.

Constatamos que a Orientação Profissional tem crescido como área de atuação do psicólogo no Brasil inteiro. Temos tido a presença de colegas do Pará, Paraíba, Bahia, Pernambuco e Alagoas, assim como colegas de Brasília, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Muitas teses de Mestrado e Doutorado têm sido realizadas com o tema da Orientação Profissional e as publicações na área tem aumentado significativamente.

Outro aspecto importante a ressaltar é o reconhecimento da ABOP como entidade que congrega os profissionais da área pelo Governo Federal, que tem nos chamado a dar assessoria em projetos desta área, com um interesse crescente de implementar programas de orientação profissional a nível do ensino profissionalizante, projeto este que será desenvolvido junto ao PROEP – Programa de Ensino Profissionalizante. 

Observamos que apenas informações referentes a Cursos de Psicologia que realizam a formação do orientador profissional foram apresentados neste artigo. Esta constatação se faz necessária, pois na verdade trata-se de uma área multidisciplinar, sendo também de responsabilidade de pedagogos, orientadores educacionais, administradores, economistas e sociólogos. Parece-nos que o psicólogo é que tem investido mais nesta área de atuação, mas os outros profissionais deveriam realizar a parte que lhes cabe na formação de futuros orientadores. Enquanto isto, em contrapartida, os psicólogos saem muitas vezes dos bancos da faculdade com deficiência teórica nos aspectos econômicos, sociais e educacionais relativos a escolha profissional.

O profissional que responderá às demandas de orientar para a profissão deverá preparar-se teórica e tecnicamente para as transformações das relações no mundo do trabalho.

 

Bibliografia

CARVALHO, Margarida M. J., Orientação Profissional em Grupo. Teoria e Técnica, SP: Editorial PSY II, 1995.        [ Links ]

LEVENFUS, Rosane Schotgues e Cols., Psicodinâmica da Escolha Profissional, Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.        [ Links ]

SOARES, Dulce Helena – As diferentes abordagens em Orientação Profissional – in: Lisboa, Marilu e Soares, Dulce Helena (organizadoras) A orientação profissional em ação – formação de orientadores profissionais. Ed. Summus, SP, 1999.        [ Links ]

 

 

¹ Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina e Coordenadora do LIOP – Laboratório de Informação e Orientação Profissional da UFSC. (liop@cfh.ufsc.br) Professora do Curso de Formação e de Especialização em Orientação Profissional de INSTITUTO DO SER- Psicologia e Psicopedagogia. Presidente da ABOP – Associação Brasileira de Orientadores Profissionais – gestão 97/99. Mestre em Psicologia Educacional na UFRGS e Doutora em Psicologia Clínica na França.