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Psic: revista da Vetor Editora

Print version ISSN 1676-7314

Psic vol.6 no.2 São Paulo Dec. 2005

 

ARTIGOS

 

Sistema de avaliação para testes informatizados (SAPI): estudo preliminar

 

Assessment system of computer-based test (ASCBT): preliminary study

 

Sistema de evaluación para tests informatizados (SAPI): estudio preliminar

 

 

Maria Cristina Rodrigues Azevedo JolyI, 1; Gisele Mueller Roger WelterI, 2; Ronei Ximenes MartinsII, 3; Janete MariniI, 4; José Maria MontielI, 5; Flávia LopesI, 6; Marlene Ribeiro de CarvalhoIII, 7

I Universidade São Francisco
II Centro Universitário do Sul de Minas
III Instituto de Ensino Superior Irineu Evangelista de Souza

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo visou realizar a validação de conteúdo de um sistema de avaliação de testes informatizados. Participaram 12 especialistas, sendo seis profissionais da área de avaliação psicológica e seis de tecnologia da informação. Há o mesmo número de participantes por sexo, com idade média de 38 anos. O instrumento tem 42 perguntas, sendo 21 abertas. Os itens referem-se à avaliação psicológica (18 itens ), a aspectos técnicos da informatização de testes (14 itens ) e a características gerais (10 itens ). Das 26 sugestões de alterações feitas pelos juízes, 16 foram incorporadas ao instrumento. Verificou-se uma correlação moderada significativa de 0,40 entre os juizes considerando-se todo o conjunto de itens. Identificou-se correlação alta e significativa de 0,626 entre os itens de avaliação psicológica e os gerais e muito alta e significativa de 0,866 para itens de tecnologia e gerais. Observou-se variações em função da idade para os itens gerais e os relativos à tecnologia.

Palavras-chave: Avaliação informatizada, Psicometria, Tecnologia.


ABSTRACT

This study aims to search for sources of validity evidence based on test content from an assessment system of computer-based tests. 12 experts were subjects on this study. Half of them were professionals in the psychological evaluation area and the other half were from the information technology area. The number of subjects is equally divided into men and women, with an average age of 38 years. The instrument consists of 42 questions, 21 of which are opened ones. The items refer to the psychological evaluation (18 items), to technical aspects of the computer-based tests(14 items) and to general characteristics(10 items). From 26 experts` suggestions, 16 were attached to the instrument.The results showed a significant moderate correlation of 0,40 between the experts, considering all the items. A high and significant correlation of 0,626 was observed between the psychological evaluation items and the technology ones. An even higher correlation of 0,866 appeared for technology and global items. It was also observed variations due to the age for the global items and the ones related to technology.

Keywords: Informatics' evaluation, Psychometric, Technology.


RESUMEN

Este estudio ha buscado la validación de contenido de un sistema de evaluación de tests informatizados. Han participado 12 especialistas, siendo seis profesionales del área de evaluación psicológica y seis de tecnología de la información. Hubo el mismo número de participantes por sexo, con un promedio de edad de 38 años. El instrumento tiene 42 preguntas, siendo 21 abiertas. Los ítems se refieren a la evaluación psicológica (18 ítems), a aspectos técnicos de la informatización de tests (14 ítems) y a características generales (10 ítems). De las 26 sugestiones de alteración hechas por los jueces 16 han sido incorporadas al instrumento. Se ha verificado una correlación moderada y significativa de 0,40 entre los jueces cuando se considera el conjunto de ítems como un todo. Se ha identificado una correlación alta y significativa de 0,626 entre los ítems de evaluación psicológica y los generales, y muy alta y significativa de 0,866 para ítems de tecnología y generales. Se han observado variaciones en función de la edad para los ítems generales y los que se refieren a la tecnología.

Palabras clave: Evaluación informatizada, Psicometría, Tecnología.


 

 

Considerações sobre testes informatizados

As tecnologias da informação e comunicação assinalaram à psicologia novas condições de testagem, usando instrumentos informatizados (Olea & Hontangas, 1999). No Brasil os testes psicológicos usados em avaliação são instrumentos de uso por excelência dos psicólogos, de acordo com a lei nº 4.119, de 1962, que regulamenta a profissão. Estes estão incluídos no processo de avaliação psicológica juntamente com as demais informações pertinentes coletadas pelo psicólogo (Padilha, 2004).

De acordo com Olea e Hontangas (1999), as primeiras experiências com os testes psicológicos informatizados datam da década de 30, tendo como objetivos agilizar a correção e determinar escores com interpretação não contaminada pela experiência do examinador. Sobretudo na década de 80 houve grande desenvolvimento de várias versões informatizadas de testes de lápis e papel. Estudos feitos por estes autores demonstraram que, comparando os resultados obtidos nos testes informatizados com testes convencionais, os testandos tendem a ser mais honestos e sinceros em relação a temas pessoais na versão informatizada. Apesar disso, observaram que há ansiedade maior dos testandos em relação a provas de desempenho quando realizadas na versão informatizada.

Ressalta-se, no entanto, que o grande uso que se tem feito da informática não está diretamente ligado à aplicação do teste e sim ao uso dos aplicativos de correção. O uso de programas para obtenção de resultados estatísticos tem sido de grande valia para os psicólogos que têm grande parte de seu trabalho reduzido (Muñiz & Hambleton, 1999).

Para Almeida (1999), o aumento da demanda por testes informatizados e a crescente sofisticação dos produtos nessa área, torna cada vez mais importante estabelecer diretrizes normativas para o desenvolvimento, distribuição, uso e realização de testes por meio de aplicativos ou via Internet. O crescente interesse em avaliações psicológicas informatizadas deve considerar tanto as questões éticas quanto as propriedades psicométricas dos instrumentos, de forma que os pressupostos de medida em psicologia sejam respeitados, conferindo validade e precisão aos resultados obtidos.

Em relação aos aspectos éticos, as avaliações psicológicas informatizadas devem seguir as mesmas orientações de uma tradicional. Estes devem constituir o referencial básico na relação social e na construção da cidadania, possibilitando que as investigações psicológicas tenham objetivos claros e pertinentes que possam definir a prática profissional adequada em qualquer âmbito de atuação (Batram, 1998; CFP, 2001; ITC , 2001).

Diretrizes gerais para testes informatizados

As diretrizes da International Comission Tests - ITC (2005) estabelecem que os testes informatizados e via Internet devem ter adequação para diferentes usos, orientando tanto a avaliação off-line como on-line, seja ela realizada por meio do uso de aplicativo em CD-Rom ou de download de executável. Estas podem contemplar tanto a avaliação plenamente informatizada, como a parcialmente, por solicitação de terceiros ou por interesse do próprio testando.

As diretrizes do ITC (2005) específicas para testes informatizados, são subdivididas por área de interesse. Estas levam em consideração o profissional que desenvolve o teste, o editor do teste e o usuário do teste. Abordam questões técnicas e tecnológicas, outras relativas à qualidade do teste informatizado off-line e on-line, referentes aos níveis de controle sobre a avaliação informatizada e pertinente à segurança e privacidade.

Quanto ao modo de aplicação, a ITC (2005) diferencia quatro possibilidades. A aplicação aberta que é sem supervisão humana direta durante sua realização; aplicação controlada, na qual é necessária a identificação do usuário e senha de acesso para ser realizada e também não conta com supervisão direta; aplicação supervisionada, conta com supervisão durante a aplicação e implica em autenticação da identidade do testando, requerendo permissão de acesso do testando ao teste, sua realização e conclusão; e aplicação administrada, com elevada supervisão e controle sobre a situação de teste, desde o acesso até a segurança dos dados, qualificação dos aplicadores e especificações técnicas dos equipamentos.

Na perspectiva de Kingsburry e Houser (1999), independente do tipo de teste informatizado que se esteja considerando - versão informatizada dos testes convencionais de lápis e papel ou testes adaptativos - deve-se destacar que estes requerem menos tempo para a aplicação, reduzem a possibilidade de cópia, permitem que as condições de aplicação sejam semelhantes para todos os avaliados, ampliam a amostra com facilidade de acesso, armazenam diferentes tipos de informações em banco de dados e reduzem custos. No tocante à interpretação de resultados, permitem-se além de descrições precisas dos dados, relações entre os dados por análise inferencial, sob diferentes condições, dentre outras facilidades. É importante salientar que um dos pontos mais relevantes é que há investigações relativas a determinados construtos de difícil mensuração que só puderam vir a ser feitas pelo uso de instrumentos informatizados (Wall, 2000; Bennett, 2001).

No Brasil, o número reduzido de artigos sobre o processo de avaliação das características e critérios psicométricos dos instrumentos, bem como, de estudos sobre qualquer patente universitária de material informatizado, é apontado por Alchieri e Nachtigall (2003) Avalia estes dados como uma situação que sugere o desconhecimento por parte dos psicólogos das vantagens da avaliação informatizada.

Nesse mesmo sentido, Almeida (1999) considera que a falta de estudos nesta área tende a gerar desconfiança e descrédito quanto aos procedimentos de avaliação com suporte informatizado. Destaca a necessidade dos profissionais e dos centros formadores em psicologia, se adequarem aos processos de avaliação informatizada, acompanhando os avanços tecnológicos e o desenvolvimento nas demais áreas de investigação.

Joly e Noronha (2003), em texto sobre a construção de testes de avaliação psicológica informatizada, relatam que essa área tende a crescer muito rapidamente. Fazem necessário, para que se acompanhe essa tendência, o desenvolvimento de estudos de validação e padronização de testes informatizados para que possuam a qualidade necessária para sua utilização.

Considerando, pois, que há pouca utilização dos testes informatizados no Brasil, há falta de informação sobre tais instrumentos, além da carência de estudos científicos disponíveis na literatura específicos, aliados à necessidade de caracterizarem-se os instrumentos brasileiros disponíveis, este estudo analisa um instrumento construído para análise de testes informatizados segundo os padrões do ITC (2001; 2005) para testes psicológicos informatizados.

 

Método

Instrumento

A construção da primeira versão do instrumento denominado Sistema de avaliação de testes informatizados (SAPI), cujo objetivo é analisar e caracterizar instrumentos de avaliação psicológica informatizada, foi realizada mediante consulta bibliográfica e análise por juízes. Os materiais bibliográficos utilizados (Adánez, 1999; Conselho Federal de Psicologia, 2003; ITC, 2001, 2005; Joly & Noronha, 2003; Lima, 2004; Muñiz, 1996; Noronha, 2005; Olea, Ponsoda & Prieto,1999; Pasquali, 1999; Sternberg & Grigorenko, 2002) determinam normas e procedimentos para construção de um instrumento de avaliação desta natureza.

Construção de itens

A elaboração dos itens do SAPI considerou a base conceitual e populacional para o instrumento, bem como o contexto social de utilização. Os processos estruturais lógicos implícitos na composição e seqüência de elementos estão expressos em questões e itens destinados à caracterização da avaliação psicológica em geral e, em específico, para a avaliação informatizada.

Cabe ressaltar que tem como objetivo específico abordar três aspectos de suma importância para o tipo de avaliação à qual está proposta, ou seja, características psicométricas e de especificação do instrumento, questões técnicas e níveis de controle. Foram propostos itens para análise das qualidades psicométricas de um teste informatizado, seja ele usado off-line ou on-line, bem como a necessidade de capacitação técnica para o uso adequado deste tipo de avaliação. Solicitam-se informações acerca dos critérios de correção, análise, interpretação e apresentação dos resultados, de maneira a proporcionar universalização de acesso a toda população. No que se refere às questões técnicas e tecnológicas há de se considerar as especificações de hardware e software, a importância do fator humano ao lidar com o teste informatizado e a utilização por pessoas com necessidades especiais. Questões relativas aos níveis de controle referem-se às condições de aplicação, necessidade de supervisão, treino e demonstração antecipada dos itens que compõem a avaliação, autenticidade da identidade do avaliando e possíveis problemas relacionados a fraudes e aspectos relativos à segurança e a privacidade, como material do teste. Informações sobre o processo de transferência de dados pessoais garantindo sigilo aos resultados também estão presentes no instrumento (ITC, 2005, Sternberg & Grigorenko, 2002).

Considerando-se que é necessário ter objetividade e precisão em instrumentos de avaliação, os itens são constituídos por algumas questões fechadas (dicotômicas e múltipla escolha) e outras abertas, cujas respostas expressam a presença ou ausência dos elementos avaliados. A linguagem adotada procurou ser clara tanto do ponto de vista formal quanto dos termos técnicos relativos à avaliação psicológica e informática. Para tanto, cada item solicita apenas um tipo específico de informação a ser fornecida pelo respondente (Pasquali, 1999).

Dessa forma, o SAPI foi composto por 42 perguntas, sendo 21 abertas e de 21 fechadas. Quinze perguntas contemplam as características gerais do instrumento, tendo por base a resolução 002/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003) e orientações de Lima (2004) e Pasquali (1999). Quanto a informações específicas sobre o instrumento (quinze perguntas), todos os itens foram elaborados a partir do ITC (2001), Joly e Noronha (2003) e Noronha (2005). Em relação às características técnicas mencionadas no instrumento, ou seja, informações referentes e relacionadas ao aspecto de informatização (doze perguntas), estas foram baseadas em Adánez (1999), Butcher, Perry e Atlis (2000), ITC (2005), Olea, Ponsoda e Prieto (1999), Olson-Buchanan e Drasgow (1999) e Strenberg e Grigorenko (2002).

Pretende-se identificar, a partir das respostas dadas ao SAPI, tanto a forma de aplicação do instrumento, isto é, individual ou coletiva, quanto as modalidades eletrônicas, quer sejam realizadas pela Internet, por meio do uso de aplicativo em CD-Rom ou por download executável. Estas podem contemplar tanto a avaliação plenamente informatizada, como aquela que é parcial (ITC, 2001, 2005; Pasquali, 1999).

Análise do instrumento por juízes

Adánez (1999) recomenda que quando se trata de uma primeira versão de um instrumento de avaliação há necessidade de aplicação deste em uma amostra populacional (juízes) considerada especialista na área para realizar adequado julgamento dos itens do instrumento. Isto é necessário para que se possa verificar se os itens desenvolvidos e a forma de respondê-los são compreensivos e pertinentes aos objetivos propostos, possibilitando aplicação adequada. A avaliação por juízes visa assegurar aspectos relevantes de validade dos instrumentos (Muñiz, 1996).

Participantes

No estudo participaram como juízes seis psicólogos, de ambos os sexos, especialistas em área de construção, padronização, validação e revisão de instrumentos de avaliação psicológica. Contou-se também com seis especialistas em tecnologias da informação e comunicação (Tabela 1).

O grupo de juízes constituiu-se igualmente por homens e mulheres, com idade média de 38 anos. A maioria deles é doutor e a metade deles se distribui igualmente entre graduados e mestres, com a participação de um pós-doutor. O tempo médio de formado é de 16 anos, com mínimo de dois anos e máximo de 30 anos (DP=7,72).

Procedimento de aplicação do SAPI

Foi solicitado aos juízes que analisassem os itens do SAPI considerando a linguagem, pertinência e adequação do item ao tópico a que pertence (identificação, características psicométricas, aspectos específicos e técnicos do instrumento). Os protocolos do SAPI forem entregues aos juízes que procederam à análise individualmente. Anotaram, no próprio instrumento, seus comentários e sugestões. O tempo médio entre a entrega e devolução dos protocolos foi de uma semana.

 

Resultados e Discussão

A análise das respostas, dos comentários e das sugestões dadas pelos juízes aos protocolos do SAPI dividiram-se em três categorias: os itens específicos referentes à avaliação psicológica, os de caráter técnico relacionados aos testes informatizados e os gerais que se referem tanto à avaliação psicológica quanto à informatização. Usaram-se para esta classificação os critérios explicitados por Adánez (1999), Olea, Ponsoda e Prieto (1999) e ITC ( 2001; 2005).

Os itens classificados como específicos da avaliação psicológica referem-se às características de construção do teste e suas qualidades psicométricas. São 18 itens no total. Dos especialistas em avaliação psicológica, 14 referências a alterações para 50% destes itens foram feitas enquanto os especialistas de tecnologia da informação sugeriram 10 mudanças para 38% das questões. O item que contou com mais sugestões foi o 2.5.3 - Os itens do instrumento são de que tipo?. As alternativas de resposta são pareamento, resposta aberta, dicotomia, múltipla escolha, escala, questionário, inventário e banco de itens (Tabela 2). A principal ressalva feita pelos dois tipos de especialistas foi relativa à falta de conceituação das alternativas apresentadas. Tal dado reforça a posição de Pasquali (1999) no tocante à objetividade da linguagem para descrição dos itens.

As sugestões dadas pelos especialistas, descritas na Tabela 3, foram incorporadas ao SAPI a fim de dar maior clareza aos itens, como propõe Pasquali (1999). Além disso, é importante garantir que haja compreensão por parte dos respondentes de todos os conceitos presentes no instrumento a fim de evitar descrédito aos procedimentos informatizados como enfocam Almeida (1999) e Alquieri (2003).

Constata-se na Tabela 4 que o item 3.4 - Há suporte técnico operacional?, com alternativa sim ou não de resposta, foi o único a não ter indicação de alterações. Os demais itens tiveram indicações dos especialistas, sendo que no geral, houve 77% de sugestões dos especialistas de tecnologia da informação (TI) e 50% dos de avaliação psicológica (AP). O item 3.5 - Há tolerância a panes em tempo de execução como recurso do software?, foi o que obteve o maior número de sugestões para alteração. Pode-se notar que a preocupação dos juízes de TI referiu-se a aspectos técnicos da informatização do instrumento, enquanto os de AP sugeriram mais alterações em itens que necessitavam de conceituação por desconhecerem terminologia técnica ou que se referiam à relação do testando com a situação de testagem.

Considerando-se que o item 3.4 teve indicações de várias alterações, ele foi reformulado, acatando-se as sugestões dos juízes. Passou a ser enunciado como Em caso de interrupção do processo de resposta ao teste, as informações são salvas pelo programa? As sugestões para os itens 3.3.2 e 3.9 foram integralmente incorporadas ao SAPI.

Serão destacadas e justificadas as sugestões dos juízes que não foram atendidas. No item 1.6 - Quanto à forma de informatização, assinale a categoria que melhor descreve o teste, trocou-se teste por instrumento. Não se acatou o termo psicológico porque algumas avaliações informatizadas podem não ser de caráter exclusivo psicológico, como as psicoeducacionais, por exemplo. Também não foi alterado o enunciado deste item, pois, se o fosse, o objetivo da questão seria modificado.

Para os itens 1.7 - Há emissão automática de laudo? , 2.7 - Qual a condição de aplicação do instrumento?, 3.3.1 - Quanto à disponibilidade do instrumento para o usuário, ela é feita por meio de rede, 3.7.1 - Qual o nível de conhecimento técnico requerido do usuário? e 3.8 - Quanto aos aspectos de segurança, não foram feitas alterações porque as indicações não eram pertinentes nem para objetivar a linguagem, nem para melhor conceituar o item, considerando-se Adànez (1999) e ITC (2005).

Quanto aos itens 3.1 e 3.2 que se referem às características de equipamento necessário para instalar o teste (hardware) e de programação (software), permaneceram com questões abertas pois tais especificações são próprias e típicas para cada teste. Estes itens são determinantes para responder os itens 3.7 e 3.7.1 sobre experiência técnica requerida que, assim, também se mantiveram iguais.

Cabe salientar que, dentre as sugestões dadas para estes itens relativos a aspectos técnicos de informática, as de fato mais acatadas foram as dadas pelos juízes de tecnologia da informação (Tabela 5). As demais, feitas por especialistas em avaliação psicológica se configuraram mais como dúvidas do que como sugestões. Isto reforça a necessidade de validação de conteúdo de instrumentos por especialistas para posteriores estudos exploratórios de validação (Anastasi & Urbina, 2000).

Os itens indicados para alterações referem-se a instruções relativas à instalação, aplicação, correção e laudos. As análises referiam-se a formato e seqüência de apresentação dos itens (Tabela 6). Todas as sugestões dadas (Tabela 7) foram acatadas porque possibilitaram uma padronização, uniformidade e organização destes itens no instrumento, com exceção da indicada no item 2.6 porque este não era repetido.

Verificou-se uma correlação moderada significativa de 0,40 para o nível de 0,05 entre os juizes considerando-se todo o conjunto de itens. Não se observou correlação significativa por categoria de item para cada tipo de especialista. Isto pode indicar que, apesar da especificidade dos itens referentes à informatização dos testes, não se observou, para o presente estudo, relação entre a especialidade do juiz e sua avaliação de conteúdo do instrumento.

Identificaram-se correlação alta e significativa de 0,626 (p= 0,05) entre os itens de avaliação psicológica e os gerais e muito alta e significativa de 0,866 (p= 0,05) para itens de tecnologia e gerais. Estes índices revelam que provavelmente há uma relação entre os itens, fato este a ser investigado em estudos futuros de caráter exploratório.

A média das análises feita pelos juizes revelou variações em função da idade para os itens gerais (F= 40,313; p= 0,006; gl= 8; p= 0,05) e os relativos à tecnologia (F= 13,575; p= 0,028; gl= 8; p= 0,05). Para a titulação dos juizes, observou-se uma variância marginal também para os itens de tecnologia (F= 13,575; p= 0,083; gl= 3; p= 0,05). Não se revelaram diferenças para tempo de formado, sexo e especialidade profissional.

 

Considerações Finais

Tendo-se construído o SAPI com base em critérios científicos tanto para avaliação psicológica quanto para testes informatizados propostos especialmente pelo ITC (2001; 2005) e se verificado pela análise de conteúdo por juizes especialistas das duas áreas e a correlação constatada entre os itens, que é viável sua utilização. Das 26 sugestões de alterações feitas pelos juízes, 16 foram incorporadas ao SAPI que passa a ter uma versão reformulada (Anexo I). Suas características psicométricas serão exploradas em estudos futuros. Pretende-se aplicar ao SAPI para análise de instrumentos informatizados disponíveis no Brasil, tanto os que se encontram em construção quanto os que já estão em uso.

 

Referências

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Endereço de correspondência:
Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45
13251-900 Itatiba-SP
E-mail: cristina.joly@saofrancisco.edu.br

Recebido: agosto/2005
Reformulado: novembro/2005
Aprovado: dezembro/2005

 

 

Sobre os autores:

1 Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly é psicóloga, doutora em Psicologia Educacional e do Desenvolvimento Humano e docente na graduação e pós graduação em Psicologia da Universidade São Francisco.
2 Gisele Mueller Roger Welter é psicóloga, mestranda em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco.
3 Ronei Ximenes Martins é mestre em Engenharia, doutorando em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco e docente da graduação e pós graduação do Centro Universitário do Sul de Minas.
4 Janete Marini é pedagoga, mestranda em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco
5 José Maria Montiel é psicólogo, mestre e doutorando em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco e bolsista CAPES.
6 Flávia Lopes é psicóloga, mestranda em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco e bolsista CAPES.
7 Marlene Ribeiro é psicóloga, mestranda em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco e docente do Instituto de Ensino Superior Irineu Evangelista de Souza.