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Revista da SPAGESP
Print version ISSN 1677-2970
Rev. SPAGESP vol.17 no.2 Ribeirão Preto 2016
ARTIGOS
Psicoterapia e a sua veiculação na Revista da SPAGESP: análise da produção científica de 2000 a 2016
Psychotherapy and its vehiculation in the SPAGESP Magazine: analysis of scientific production from 2000 tom 2016
Psicoterapia y su vinculación en la Revista SPAGESP: análisis de la producción científica (2000-2016)
Vivian Fukumasu da CunhaI, 1; Mariana Silva CecílioI, 2; Fabio Scorsolini-CominI, 3; Manoel Antônio dos SantosII, 4
IUniversidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG, Brasil
IIUniversidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP, Brasil
RESUMO
O estudo teve por objetivo compreender de que modo a psicoterapia vem sendo abordada, refletida e problematizada na Revista da SPAGESP, publicação semestral da Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo. Trata-se de uma revisão dos artigos publicados neste periódico desde a sua criação, no ano 2000, abarcando o período de 2000 a 2016. Foram consultados 16 fascículos e recuperados 62 estudos publicados no período, analisados pela estratégia PRISMA. Predominaram estudos empíricos, de enfoque qualitativo, com amostras e instrumentos variados, que abordaram a psicoterapia principalmente na modalidade grupal e sob enfoque psicanalítico. A diversidade de estudos encontrados mostra uma abertura para diferentes propostas interventivas, que ressaltam o papel do psicoterapeuta no movimento de estimular que seus pacientes/clientes se tornem protagonistas no processo psicoterápico e que todos os partícipes assumam a corresponsabilidade na condução do tratamento. Algumas especificidades das modalidades individual, familiar e grupal são apontadas, chamando atenção para o elemento-chave da comunicação terapêutica em suas diferentes formas de expressão. Os estudos sobre psicoterapia veiculados no periódico investigado aportam contribuições significativa para delinear as fronteiras de um campo vasto e multifacetado, ainda a ser melhor explorado.
Palavras-chave: Psicoterapia; Psicoterapia de Grupo; Psicologia Clínica; Grupoterapia; Psicoterapeuta.
ABSTRACT
The aim of the study was to understand how psychotherapy has been approached, reflected and problematized in the SPAGESP Magazine, a semi-annual publication of the Society of Analytical Group Psychotherapies of the State of São Paulo. It is a review of the articles published in this journal since its inception in the year 2000, covering the period from 2000 to 2016. Sixteen instalments were consulted and 62 studies published in the period were reviewed, analyzed by the PRISMA strategy. Empirical studies were predominant, with a qualitative focus, with samples and varied instruments, which approached psychotherapy mainly in the group modality and under a psychoanalytic approach. The diversity of studies shows an openness to different intervention proposals, which emphasize the role of the psychotherapist in the movement of encouraging patients/clients to become protagonists in the psychotherapeutic process and that all participants assume co-responsibility in the conduct of treatment. Some specificities in the modalities individual, family and group are pointed out, calling attention to the key element of therapeutic communication in its different forms of expression. The psychotherapy studies published in the Journal investigated contribute significantly to delineate the boundaries of a vast and multifaceted field, still to be better explored.
Keywords: Psychotherapy; Group Psychotherapy; Clinical psychology; Grouptherapy; Psychotherapist.
RESUMEN
El estudio tuvo como objetivo comprender de qué manera la psicoterapia ha sido tratada, pensada y problematizada en la Revista SPAGESP, publicación semestral de la Sociedad de Psicoterapias Analíticas Grupales del Estado de San Pablo. Se trata de una revisión de artículos publicados desde su creación en el año 2000, contemplando el periodo de 2000 a 2016. Fueron consultados 16 fascículos y recuperados 62 estudios publicados en ese periodo, analizados pela estrategia PRISMA. Predominaron estudios empíricos, con enfoque cualitativo, con muestras e instrumentos variados que abordan la psicoterapia principalmente en la modalidad grupal y en una perspectiva psicoanalítica. La diversidad de estudios encontrados muestra que hay una abertura para diferentes propuestas de intervención, resaltando el papel del psicoterapeuta en el movimiento de estimular sus pacientes/clientes se transformen en protagonistas en el proceso de psicoterapia y para que todos los participantes asuman corresponsabilidad al conducir el tratamiento. Algunas especificaciones de la modalidad individual, familiar y grupal son apuntadas, llamando la atención para el elemento-clave de la comunicación terapéutica en sus diferentes formas de expresión. Los estudios sobre psicoterapia vehiculadas en el periodo investigado apuntan contribuciones significativas para delinear las fronteras de un campo vasto y multifacético, todavía a ser mejor explorado.
Palabras clave: Psicoterapia; Psicoterapia de grupo; Psicologia Clínica; Terapia de grupo; Psicoterapia.
Ainda que não seja uma atividade exclusiva de psicólogos, de acordo com a legislação brasileira (Conselho Federal de Psicologia, CFP, 2016), no Art. 1º da Resolução CFP-010/00 (CFP, 2000), a psicoterapia é tratada como prática do psicólogo por se constituir como um processo científico de compreensão, análise e intervenção que se utiliza de métodos e técnicas psicológicas respaldados na ciência, na prática e na ética profissional. O intuito da psicoterapia, conforme a Resolução é promover a saúde mental e propiciar "condições para o enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos". Para tanto, princípios e procedimentos devem ser considerados nesse exercício contínuo do vir a ser psicoterapeuta: constante aprimoramento e capacitação, manter um registro sistemático da avaliação diagnóstica e atendimentos realizados, prestar os devidos esclarecimentos à(s) pessoa(s) sobre as condições de atendimento e o desenvolvimento da psicoterapia, garantir a preservação da privacidade e do sigilo em relação às informações fornecidas, entre outras disposições de cunho ético.
O termo psicoterapia, utilizado pela primeira vez por um médico inglês, Daniel H. Tuke, parece ser mais adequado quando mencionado no plural, fazendo jus à diversidade de Escolas de Psicoterapia que surgiram a partir da década de 1950 (Lima & Viana, 2009; Quayle, 2010). Dentre as diversas concepções conflitantes que coexistem no campo, algumas se destacam pela radicalidade do posicionamento assumido, como a ideia defendida por Drawin (2009), que caracteriza a psicoterapia como um campo não científico. O autor justifica sua proposição de leitura argumentando que a não cientificidade da psicoterapia "é o traço essencial de um saber cuja fecundidade reside justamente em resistir à pretensão de uma objetividade e de uma operacionalidade universais" (p. 29). Em outras palavras, esse posicionamento que postula a não ciência não se prontifica a definir o quão legítimo ou não é a prática, mas que as psicoterapias não se restringem a um homem concreto, a um modelo específico (cognitivista, comportamental, psicanalítico, existencial, entre outros) ou determinadas técnicas (breve, focal, apoio, entre outras). Também não se reduz a objetivos pontuais, nem visa a atender determinados segmentos sociais (grupo, família, casal, entre outros) ou uma específica afecção psicopatológica (depressão, ansiedade, fobia, transtorno do pânico, psicose, transtornos alimentares, entre outros). Assim, para responder ao questionamento levantado: "retirada a referência à ciência, o universo das psicoterapias ficaria à deriva?", Drawin (2009) sustenta que o que deveria orientar a atuação é a prática, sempre respaldada na ética profissional.
Contemporaneamente, a prática psicoterapêutica permanece sendo uma modalidade fundamental de intervenção em psicologia, apesar de ainda pairar certa desconfiança em sua efetividade por parte de segmentos profissionais e sociais, em larga medida em razão da dificuldade de se delimitar e diferenciar a psicoterapia de outras formas terapêuticas, como o aconselhamento psicológico (Scorsolini-Comin, 2014). Bechelli e Santos (2004) e Lima e Viana (2009) demarcam a diversidade teóricometodológica que permeia a prática e as inúmeras ofertas de serviços psicoterapêuticos.
Considerando as diversas abordagens teóricas coexistentes, Vargas (2010) menciona que cada uma parte de um olhar diferenciado para as concepções psicopatológicas (Gonçalves & Dias, 2014). Focalizando algumas abordagens que gozam de amplo reconhecimento por parte da comunidade científica, como o enfoque humanista, sistêmico, psicodinâmico e cognitivo, a autora apresenta aspectos em que o indivíduo, o ambiente e/ou as relações, por exemplo, são foco de investigação e intervenção no processo psicoterápico, sempre considerando o contexto em que ela se insere.
Em linhas gerais, a psicoterapia parece se caracterizar por ser, ao mesmo tempo, um campo que utiliza recursos elementares, como a fala e a escuta, articulados em um arcabouço teórico e técnico, regulados por um conjunto de regras predeterminadas, objetivos traçados e expectativas almejados que definem a relação terapêutica (Vargas, 2010). Na visão mais aceita atualmente, a prática psicoterápica não se ocupa apenas com a redução dos sintomas desvelados, mas com a transformação dos significados pessoais atribuídos ao longo do processo (Gonçalves & Dias, 2014), a partir de uma investigação minuciosa com foco no tratamento geralmente a longo prazo (Scorsolini-Comin, 2014).
A psicoterapia de grupo, termo cunhado pelo pai do psicodrama Jacob Levy Moreno (1889-1974), experimentou grande evolução nos últimos 60 anos (Bion, 1975; Corsini, 1955; Fernandes, Svartman, & Fernandes, 2003; Santos, 2008a, 2008b, 2009a, 2009b). Isso motivou a criação de entidades de formação, como a Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo (SPAGESP), fundada em 1996, com sede na cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo (Santos, 2005a, 2005b).
Outro aspecto que merece ser abordado refere-se ao que Ludwing, Redivo, Jorge e Muller (2007, p. 607) apresentam sob a forma de questionamentos, tais como: "a serviço de que/quem o paciente está sendo mantido em tratamento? Ele realmente precisa ainda de atendimento?", desvelando alguns dos dilemas que podem se apresentar no percurso da relação psicoterapêutica. Nesse sentido, parece interessante refletir que a atuação do psicólogo esbarra não somente no Código de Ética de sua profissão, mas em situações que transcendem a sua formação. Como bem lembra Quayle (2010), apesar de não fiscalizar o exercício profissional, a Associação Brasileira de Psicoterapia (ABRAP) apresenta-se como um fórum de discussões e reflexões que muito contribui para pautar e afinar questões, funcionando como um centro de informações sobre o campo psicoterápico. Assim, incumbida de mapear e congregar os profissionais atuantes no campo, alguns dos objetivos da ABRAP são apoiar o desenvolvimento das bases científicas da psicoterapia e fortalecer a presença desse dispositivo clínico nos processos de transformações sociais e organizacionais em que as questões emocionais, funcionais e existenciais sejam proeminentes.
Nesse contexto, as pesquisas voltadas no e para o campo da psicoterapia podem auxiliar na compreensão dos inúmeros fatores envolvidos no processo e no progresso de pacientes engajados em práticas psicoterápicas (Honda & Yoshida, 2013). A investigação sistemática pode contribuir para colocar em relevo os alcances e limitações enfrentados no desafio de conjugar a complexidade e subjetividade envolvidas na prática com a objetividade exigida cientificamente (Serralta, Nunes, & Eizirik, 2011). Nessa perspectiva, considerando o rol de pesquisas realizadas, cujos resultados têm sido consistentemente relatados em periódicos de renome, como Ágora, Contextos Clínicos, Fractal, Psicologia Clínica, Revista Brasileira de Psicoterapia, Revista Brasileira de Psicanálise, Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, entre outros, a Revista da SPAGESP tem se evidenciado como importante referência no panorama da literatura científica nacional ao longo de sua trajetória, completando 20 anos de existência em 2016.
Nesse percurso ininterrupto de duas décadas, é fundamental salientar que a SPAGESP é reconhecida em nosso meio por seu objetivo de congregar profissionais que trabalham e que se interessam em divulgar o grupo, em suas diversas práticas e modalidades, entre elas a psicoterapia analítica de grupo, como recurso e foco de intervenção, tendo a psicanálise como fundamentação teórica e clínica (Abreu, 2006; Scorsolini-Comin, 2016).
Como extensão de suas conquistas e de seus compromissos com a formação em Psicologia Clínica, a Revista da SPAGESP, com publicação regular desde 2000, tem alçado voos ainda maiores ao ser avaliada, no Qualis CAPES Periódicos, como B1, o que a consolida como um veículo importante no panorama das revistas científicas nacionais. Desde que foi lançada, a Revista da SPAGESP tem cumprido o propósito de contribuir para a interlocução entre autores que se dedicam à investigação sobre grupos, favorecendo a construção de um espaço de produção do conhecimento científico que sustenta a prática na área, sendo a psicoterapia um dos enfoques privilegiados (Scorsolini-Comin, 2016). Considerando a relevância das modalidades de atendimento psicoterápico e a importância da busca de melhores evidências para a prática profissional, o presente estudo teve por objetivo compreender de que modo a Psicoterapia vem sendo abordada, refletida e problematizada na Revista da SPAGESP.
Método
Tipo de estudo
Trata-se de uma revisão dos artigos sobre psicoterapia publicados na Revista da SPAGESP desde a sua criação, abarcando o período de 2000 a 2016. Foram consultados 16 fascículos.
Seguindo protocolos internacionais para os estudos de revisão, a questão norteadora pautou-se na estratégia PICO (P = participantes; I = intervenção; C = comparação; O = resultado/desfecho), conforme sugerem Santos, Pimenta e Nobre (2007). Com as necessárias adaptações pertinentes à área na qual se situa o presente estudo, a questão que norteou esta revisão ficou redigida da seguinte forma: Como a psicoterapia (P) tem sido abordada, refletida e problematizada (O) na Revista da SPAGESP (I)?
Para atingir o objetivo proposto foram consultados os registros on-line do periódico Revista SPAGESP (ISSN 1677-2970), totalizando 16 fascículos publicados entre os anos de 2000 e 2016. O processo de seleção e categorização dos artigos foi realizado por dois juízes independentes, ambos com formação em Psicologia e com treinamento e familiaridade com o tema e os procedimentos da revisão. As eventuais discordâncias foram analisadas por um terceiro juiz, também com ampla experiência na área.
Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos artigos científicos completos, publicados na Revista da SPAGESP entre janeiro de 2000 a julho de 2016, que tiveram a temática relacionada com o objetivo do estudo e possibilitaram responder à questão norteadora pré-definida. Foram excluídas outras publicações (teses, dissertações, monografias, resenhas, cartas, editoriais, notícias, obituários, livros e capítulos), artigos de revisão de literatura, artigos do fascículo do ano de 2002 (não disponível para consulta) e aqueles que se relacionaram com o tema, mas que não responderam à questão norteadora ou que abordaram a temática apenas de modo tangencial.
Procedimento
Para a presente revisão, foram adotados os procedimentos propostos por Mendes, Silveira e Galvão (2008): (1) Identificação do tema e construção da pergunta norteadora, a partir da aplicação da estratégia PICO, de modo a facilitar a recuperação de evidências nas bases de dados; (2) levantamento bibliográfico realizado no site da Revista da SPAGESP, em outubro de 2016; (3) leitura e análise dos artigos selecionados a partir dos títulos e resumos; (4) aplicação dos critérios de inclusão e exclusão por dois juízes independentes e, em caso de discordância, um terceiro juiz foi acionado para avaliar a pertinência da inclusão ou não dos registros; (5) seleção e leitura dos textos na íntegra; (6) composição do corpus de análise, a partir de artigos recuperados; (7) categorização dos estudos, permitindo melhor visualização das informações principais; (8) apresentação da revisão/síntese do conhecimento, pautando-se nas recomendações do sistema PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalysis), a partir dos critérios preconizados em sua lista de verificação (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & PRISMA Group, 2009).
Dessa maneira, foi possível identificar algumas tendências na Revista da SPAGESP, que compreendem os eixos temáticos: (a) Processo psicoterápico em suas diversas formas e enfoques, (b) Pensando em demandas, contextos e intervenções; e (c) Psicoterapia: espaço de escuta, desafios e alcances.
Resultados
Os processos de busca, seleção e recuperação de artigos estão sumarizados no fluxograma (Figura 1). Segundo esse levantamento, os anos que apresentaram maior concentração de artigos foram 2008 (n = 8; 12,9%), seguido por 2000 (n = 7; 11,3%) e 2006 (n = 6; 9,7%). O ano que apresentou a menor incidência de publicações sobre o tema investigado foi 2015 (n = 1; 1,6%). O ano de 2016 não apresentou nenhum produto, porém, salienta-se que foi representado de modo parcial, já que os dados foram coletados antes da publicação do segundo fascículo desse mesmo ano.
Caracterizando o primeiro autor de cada estudo, os autores que mais se destacaram no periódico foram: B. S. Fernandes (2001, 2006, 2010, 2013) e W. J. Fernandes (2005, 2009, 2010, 2014), representando, cada um, 6,45% das publicações. Esses autores foram seguidos por Anacleto (2000, 2004), Andréa (2006, 2009), Ávila (2005, 2006), Brasiliano (2001, 2007), Mantovani (2008, 2008), Medeiros (2011, 2013) e Silveira (2003, 2008), com 3,22% cada um.
As publicações foram, predominantemente, no enfoque qualitativo (87,1%). Dentre esses artigos foram identificados estudos teórico-clínico (n = 28; 45,2%), relatos de experiência (n = 16; 25,80%), estudos de caso (n = 7; 11,29%), estudo exploratório (n = 1; 1,6%) e outros, que não especificaram o tipo de enfoque (n = 2; 3,2%). Apenas um (1,6%) estudo foi de abordagem quantitativa, de cunho descritivo e comparativo. Sete artigos (11,29%) caracterizaram estudos teóricos. A modalidade psicoterápica discutida foi grupal em 62,90% (n = 39) das publicações, individual em 11,29% (n = 7), familiar em 4,85% (n = 3) e de casal em 1,6% (n = 1). Dentro da categoria grupal, a modalidade de grupo infantil apareceu representada em 4,85% (n = 3). A psicoterapia breve em grupo esteve presente em 3,2% (n = 2) das publicações e a breve familiar, outros 1,6% (n = 1). Não apresentou, ou restringiu a uma modalidade específica, 11,29% (n = 7) do corpus de análise.
Em termos de referencial teórico adotado, 77,42% (n = 48) dos artigos utilizaram a psicanálise e, em menor número, 3,2% (n = 2) recorreram à Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). As perspectivas teórico-metodológicas construcionista, analítica e sistêmica (complementares), o modelo teórico de Bergerete dados neurocientíficos foram representados em estudos unitários (1,6%). Há que se destacar que 11,29% (n = 7) dos artigos não apresentaram especificações em seu delineamento metodológico, permitindo a inferência de que os autores utilizaram a literatura de abrangência do assunto em discussão.
Os instrumentos utilizados foram variados. No estudo quantitativo foi utilizado um questionário de dados sociodemográfico, Child Behavior Cheklist e Teacher Rating Form (Souza & Mosmann, 2013). O estudo exploratório fez uso de entrevista inicial, entrevista pós-grupo, entrevista final e registro audiogravado das sessões (Motta & Santos, 2000). Os estudos teórico-clínicos qualitativos apresentaram fragmentos clínicos extraídos de sessões de grupos psicoterápicos (Rufatto, 2003), material clínico retirado das sessões individuais (Marque & Gomes, 2006), vinhetas clínicas (Naves, 2005) e acúmulo de experiência pessoal (Fernandes, 2009). Os estudos de caso abordaram transcrição e avaliação de sessões individuais (Oliveira-Cardoso & Santos, 2008) e a escuta clínica a partir dos atendimentos realizados (Macêdo & Bairrão, 2010). As amostras incluíam os seguintes participantes: crianças (Fernandes, 2006), adolescentes (Moretto & Terzis, 2013), estudantes universitários (Santeiro, 2011), adultos (Santos, 2001), casal (Gomes, 2000), família (Verceze, Silva, Oliveira, & Sei, 2015) e idosos (Abrahão, 2008).
Os objetivos dos estudos revisados foram variados, apresentando três principais tendências (Tabela 1). Destaca-se que a palavra psicoterapia nem sempre foi apresentada em todos os artigos, pois muitos abordaram questões voltadas aos processos grupais e à "psicoterapia de grupo com enfoque psicanalítico", por exemplo, o que pode ser entendido como variantes da grupoanálise, conforme estudos da área.
Discussão
Processo psiicoterápico em suas diversas formas e enfoques
A SPAGESP foi criada com a proposta de congregar profissionais que trabalham com grupos em diversas modalidades, como psicoterapia, terapia de casal e família, grupos operativos, tendo como fundamentação teórica e clínica a psicanálise (Scorsolini-Comin, 2016). Em decorrência desse escopo, era esperado e pertinente que tenha sido encontrada uma predominância de produções que trataram a questão da psicoterapia na modalidade grupal e sob enfoque psicanalítico (Picolo & Fernandes, 2008; Moretto & Terzis, 2013; Venosa, 2011).
O enfoque da Psicanálise, originalmente desenvolvido por Sigmund Freud, foi e ainda tem sido reformulado a partir das reflexões e ampliações críticas propostas por autores que redescreveram a clínica psicanalítica ao longo do século passado. Essas reconfigurações teórico-clínicas deram origem a escolas de pensamento que compreendem referenciais específicos, com características próprias. Uma das vertentes desenvolvidas mostrou ser possível também a aplicação dos pressupostos psicanalíticos no contexto grupal, sob a inspiração dos trabalhos seminais de Pichon Rivière (Mantovani & Mantovani, 2008), Bion e Kaës (Ávila, 2006) e Melanie Klein (Santos, 2001). A psicanálise lacaniana foi contemplada em uma perspectiva individual (Macêdo & Bairrão, 2010) e a teoria winnicottiana foi aproximada da psicoterapia familiar (Verceze et al., 2015). Esses estudos evidenciam que é possível utilizar o enorme potencial da Psicanálise não só a partir do vértice de diversos autores, mas também em modalidades de atendimentos distintos. Esse aspecto também pode ser observado quando a abordagem psicodinâmica é aplicada em processos de intervenção no formato de psicoterapia breve e familiar (Xavier, 2007).
Ressalta-se que o lugar da psicanálise é aquele de um discurso e de uma experiência, a experiência analítica, que não se faz (a partir de um olhar lançado) "de fora" porque está situada no mesmo campo do fenômeno (Rodrigues, Costa, Silva, & Silva, 2005), compreendendo a incidência dos estudos qualitativos teórico-clínicos (Rufatto, 2003), os relatos de experiência (Andréa, 2009) e os estudos de caso (Valdanha, Ribeiro, & Santos, 2015), que são maneiras de acessar esse discurso e experiência, transformando-os em conhecimento. Isso se faz condizente com o objetivo da SPAGESP de promover a integração científica de profissionais de enfoque psicanalítico (Abreu, 2006).
No entanto, Abreu (2006) não exclui dos objetivos da SPAGESP a promoção de outras abordagens teóricas que trabalham com grupos, nos consultórios, instituições ou universidades, sendo pertinente a presença de estudos com diferentes enfoques teóricos como a TCC (Ferreira, Lima, & Zerbinatti, 2012), a abordagem construcionista social (Rasera et al., 2006) e a integração de dados neurocientíficos (Nava, 2005), assim como a mescla de enfoque analítico e sistêmico (complementares) ao abordar família (Anacleto, 2000) e o modelo teórico de Bergeret para compreender vínculos familiares de uma criança (Medeiros et al., 2011). Essas abordagens, inspiradas em diferentes enfoques que não a psicanálise, evidenciam que a preocupação da SPAGESP está na produção de um conhecimento que amplie horizontes de reflexão e não cristalize um referencial hegemônico.
A partir dos resultados e dos objetivos da SPAGESP, compreende-se que sua Revista compõe um rol de publicações que atendem sua prioridade de promover trabalhos grupais, inclusive os psicoterápicos, mas também amplia e promove espaços para publicações de outras modalidades de atendimento, estimulando a abertura para diferentes propostas interventivas, bem como para o reconhecimento de um leque de possibilidades que se apresentam como balizadores da atuação de profissionais que lidam com diversas demandas em distintos contextos, como será destacado no eixo temático seguinte.
Pensando em demandas, contextos e intervenções
Tendo em vista que o corpus da revisão compõe diversas modalidades de atendimento e uma gama de referenciais teóricos, observa-se também uma ampla e variada demanda atendida por meio dessas propostas. Na modalidade grupal foram encontradas aplicação de grupo misto e adulto, tanto aberto (Mantovani & Mantovani, 2008), como fechado (Souza & Scorsilini-Comin, 2011), grupo de mulheres (Brasiliano, 2001), infantil (Silveira, 2003), de adolescentes (Moretto & Terzis, 2013) e de idosos (Abrahão, 2008), denunciando possibilidades para todas as faixas etárias e considerando as potencialidades do trabalho com grupos homogêneos ou heterogêneos.
Em intervenção com grupos mistos de dependentes químicos, foi observado que as mulheres pareciam não se beneficiar do tratamento do modo como poderiam fazê-lo, o que permitiu identificar uma demanda especial para a condição de serem mulheres dependentes, ressaltando a necessidade de agrupar os integrantes de grupo de modo homogêneo por gênero e pela conjuntura (Brasiliano, 2001). Sob essa condição de grupo psicoterapêutico homogêneo de atendimento a mulheres dependentes de substâncias psicoativas, a identificação entre as pacientes foi facilitada pelas questões que tinham em comum, o que contribuiu para a formação de um apoio pelo grupo e pelo sentimento de pertencimento (Venosa, 2011). Nesse sentido, Bechelli e Santos (2004) concordam que grupos com participantes que sofrem da mesma condição facilitam a identificação, a revelação de particularidades e intimidades, o oferecimento de apoio ao semelhante, o desenvolvimento de objetivos comuns e a resolução das dificuldades e dos desafios que se assemelham. Ao mesmo tempo, reduz o isolamento social e possível estigma associado, dependendo da gravidade da doença e do padecimento que a própria pessoa se impõe.
A aplicação de grupo on-line destacou-se como uma intervenção inovadora, fruto de uma modernidade tecnológica que suscita muitos questionamentos, que remetem à aliança terapêutica e ao caráter ético dos atendimentos. Antes de qualquer julgamento em relação a essa prática, é importante ressaltar que não se tem a pretensão de substituir uma psicoterapia presencial, mas ampliar o alcance aos impossibilitados de estarem fisicamente presentes, permitindo certo alívio no sofrimento (Donnamaria & Terzis, 2011).
Apesar de estarmos pouco familiarizados com a psicoterapia on-line, Pieta e Gomes (2014) retratam que a psicoterapia pela internet é uma prática difundida no exterior e tem se mostrado efetiva para ampliar o acesso à terapia e diminuir custos, além de apresentar resultados positivos para diversos tratamentos (por exemplo, depressão, ansiedade, fobia, transtorno do pânico, entre outros), beneficiando não só adultos como crianças e adolescentes, também. No Brasil, esse tipo de atendimento só é possível em caráter experimental, conforme deliberação da Resolução N° 011/ 2012 do CFP (2012), mas segundo Donnamaria e Terzis (2011), a terapia on-line é uma prática em expansão e os poucos estudos já realizados são encorajadores, não só pelos resultados positivos apresentados, como pela possibilidade de se rediscutir essa nova prática que ainda carece de consolidação em nosso país. Nessa perspectiva, é importante salientar como a Revista da SPAGESP, desde que veio a lume em 2000, apresenta um vasto panorama que acompanha as novas demandas, os diversos contextos e as possíveis modalidades, dando visibilidade à trajetória de busca de inovações que se observa nos dias de hoje.
A condição de atendimento psicoterápico em grupo é por si só um desafio, que exige do coordenador um cuidado, técnica e estudo, além de ter características de personalidade que favoreçam o exercício da função, independentemente da teoria a qual é adepto (Fernandes, Andréa, Oliveira, Jacomin, Abriata, & Carvalho, 2004). Na psicoterapia grupal infantil isso parece ser ainda mais importante, quase indispensável, pois não ter um treinamento específico nem aptidão para o atendimento infantil poderá dificultar o processo diante da necessidade de adequação e sensibilidade da aplicação da teoria. Nesse sentido, é importante estar sempre atualizado e conhecer aspectos do mundo e da realidade vivenciada pelas crianças (B. S. Fernandes, 2001).
Ainda que se tomem os devidos cuidados e conhecimentos para se trabalhar com psicoterapia grupal, a experiência de W. J. Fernandes (2005) retrata também possibilidade de fracasso, pois nem sempre o grupo dá certo e se mantém no decorrer do tempo. Para o autor, por mais que existam os critérios de seleção de candidatos e os cuidados no seu preparo para ingressarem no grupo, ainda assim não há fórmulas mágicas que deem garantias de bons resultados ao se formar um grupo. Nesse sentido, Bechelli e Santos (2002) sinalizam a importância do paciente como o agente de sua própria mudança ou recuperação. O terapeuta é um parceiro existencial que assiste e promove a mudança, auxiliando o cliente a mobilizar e utilizar, de modo eficaz, seus próprios recursos para potencializar seu ajustamento e restabelecimento.
Ainda que hajam indicações de como trabalhar com grupos, no entanto Bechelli e Santos (2004) pontuam que cada grupo vai desenvolver sua cultura, de acordo com seus integrantes, o que aponta para uma experiência única. Dessa forma, o partilhar de experiências, sejam grupais ou individuais, possibilita ampliar o repertório de conhecimento acerca da aplicação, utilidade e resultados, permitindo compartilhar os saberes e construir novos diálogos a respeito da psicoterapia, como veremos a seguir.
Psicoterapia: espaço de escuta, desafios e alcances
Considerando o enfoque desta revisão, sobretudo a questão norteadora que baliza a discussão – Como a psicoterapia tem sido abordada, refletida e problematizada na Revista da SPAGESP? –, o terceiro eixo temático se sustenta, principalmente, na problematização de reflexões sobre e para a psicoterapia, bem como a repercussão dos estudos para inspirar e orientar essa prática, aproveitando-se de apontamentos acerca da avaliação das intervenções realizadas. Esse destaque permite não somente a visualização da abrangência dos estudos, mas de quais são as evidências de alcance e limitações da psicoterapia, em suas diversas modalidades.
No que se refere às possíveis reflexões sobre e para a psicoterapia, alguns estudos salientam a importância de atentar para a demanda espontânea e para o encaminhamento, visto como necessário por profissionais ou instituições. Isso remete à maneira como a psicoterapia de fato será encarada, permitindo identificar precocemente os indícios de que haverá ou não o engajamento de todos envolvidos. Alguns estudos (Andrade, Mishima-Gomes & Barbieri, 2012; Macêdo & Bairrão, 2010; Souza & Mosmann, 2013) tratam da procura dos pais, por intermédio da escola, pela procura de psicoterapia para os filhos quando deparam com seus próprios sentimentos de culpa e fracasso, no momento em que ressoam queixas de aprendizagem e de comportamento, por vezes vinculadas à qualidade das relações intrafamiliares estabelecidas. A questãochave parece ser não somente a responsabilidade na identificação dos sintomas de forma colaborativa entre professores e pais, mas principalmente como ambas as partes irão auxiliar no processo psicoterápico em si, imprimindo cuidados e não os terceirizando. Assim, é inevitável discutir sobre a importância conferida à atenção do psicoterapeuta às solicitações espontâneas dos pais em buscar atendimento para seus filhos, considerando qual o lugar atribuído à sua figura no âmbito da relação terapêutica (Medeiros, Mishima-Gomes, Silva, & Barbieri, 2013), sendo fundamental pensarmos na ideia de corresponsabilidade.
Outro ponto fundamental a ser refletido refere-se ao papel do psicoterapeuta, a partir do enquadre e do contrato estabelecido com os participantes, bem como a sua possibilidade de incentivar com que eles sejam protagonistas de suas próprias histórias e narrativas, reconhecendo as vicissitudes da comunicação. Em relação a esse aspecto, em dois estudos W. J. Fernandes (2010, 2014) ressalta a intenção subjacente daquele que comunica, sendo essencial arriscar hipóteses sobre o que foi ouvido, investigando jargões costumeiramente expressos nas sessões e o que o psicoterapeuta e demais participantes, no caso de grupos, sentiram ao ouvirem as falas. Enquanto isso, aproveitando-se da mesma ideia de trabalhar possíveis mal-entendidos, mas com especificidade aos acontecimentos imprevistos e adversos que suscitam angústias, o segundo estudo enfatiza a finalidade da intervenção psicoterápica se sustentar no incentivo de que o grupo não trabalhe em um modo defensivo e estereotipado, e sim que possa explorar novos caminhos, em que se possam superar as ideias preconcebidas e a resistências à mudança (B. S. Fernandes, 2010).
Em relação às estratégias utilizadas na comunicação, o uso do pensamento mítico e de metáforas mostra-se relevante e instilador de transformação em algumas experiências. Em se tratando de atendimento individual, a psicoterapia apresenta-se como possibilidade de que uma criança possa mergulhar em suas fantasias e em seu universo simbólico para falar de seus temores e angústias vivenciadas no seu espaço familiar (Macêdo & Bairrão, 2010). Já sob uma perspectiva grupal, em um estudo com adolescentes a introdução da narrativa mítica no grupo se constituiu como recurso terapêutico promotor de autoconhecimento e alívio emocional, desencadeando o processo transferencial e a intersubjetividade, por exemplo, que serviram como instrumento de sensibilização e reflexão (Moretto & Terzis, 2013).
É interessante pensarmos também na comunicação que não se restringe à verbalização, como nos casos em que o não-verbal pode dizer muito por meio de comportamentos, expressões faciais, utilização de recursos mediadores – como brincadeiras, desenhos e futebol, em atividades providas de sentido, que transcendem o formato tradicional de atendimento psicoterápico baseado na narrativa (Macêdo & Bairrão, 2010; Silveira, 2003).
No momento em que falamos no cenário grupal, alguns aspectos são destacados no sentido de refletir uma possível "falta" que permeia tanto os conflitos mais íntimos dos integrantes, fomentando a procura por atendimento, quanto as presenças e ausências desses integrantes na dinâmica de interação e interlocução nesse espaço. O analista, então, pode ser requisitado a preencher uma falta, o que por sua vez ocasionaria a dependência de seus pacientes (Venosa, 2011), ou instigar os participantes a explorarem o que sentem quando alguém se mostra concretamente ausente, mas abstratamente presente nos discursos do grupo, a fim de que as pessoas saiam de uma postura defensiva e de meros observadores para uma postura mais assertiva que abriria espaço para a compreensão das necessidades de cada um (Souza & Scorsolini-Comin, 2011).
Quando se tratam de pacientes diagnosticados com algum transtorno e necessidade especial, a psicoterapia mostrou-se como um espaço para se falar das possibilidades de enfrentamento adaptativo e adesão ao tratamento, a partir da expressão de sentimentos, compartilhamento de experiências e reflexões acerca dos recursos pessoais e relacionais disponíveis (Ferreira, Lima, & Zerbinatti, 2012; Valdanha et al., 2014). Especificamente nesses grupos, entende-se como fundamental uma postura compreensiva, empática e de aceitação por parte do coordenador-psicoterapeuta, a fim de propiciar a identificação, construção de sentidos e a negociação de significados que permeiam o motivo pela qual os integrantes desfrutam desse espaço (Gazignato et al., 2008; Santos, 2001).
De maneira geral, investida de um espaço de escuta, a psicoterapia nas modalidades individual, familiar ou grupal (Anacleto, Souza, Angelis, & Pereira, 2004; Marque & Gomes, 2006; Verceze et al., 2015) parece cumprir algumas funções e se refere ao processo de pensar junto, possibilitando a emergência de sentidos e que os sujeitos possam conhecer outras formas de si mesmos, além de promover maior adaptação aos vínculos estabelecidos – com o psicoterapeuta, com outros integrantes ou com pessoas de fora da relação terapêutica, como família e escola, por exemplo. No cerne das críticas voltadas à psicoterapia, a relação terapêutica pautada apenas no setting físico e estático foi apontada, sendo importante observar o desenvolvimento de um trabalho psicoterápico que favoreça o desenvolvimento emocional do(s) paciente(s) que possa ser sustentado por um sólido vínculo em um setting psíquico (Marque & Gomes, 2006) que vá além, quem sabe, de uma "presença incorpórea" (Donnamaria & Terzis, 2011). Faz-se importante reconhecer também que a psicoterapia, em alguns casos, pode ser abandonada diante de conteúdos mobilizados (Verceze et al., 2015) ou, no caso de grupos, pode enfrentar o desafio de criar um espaço para que "possa surgir o sujeito para além da massa do grupo, com sua história e singularidade" (Venosa, 2011), viabilizando a ideia de tensões entre a individualidade e a grupalidade, como sugere Ávila (2010).
Por fim, mostra-se imprescindível mencionar que alguns estudos (Rasera et al., 2006; Santeiro, 2011) também fizeram observações acerca da formação dos futuros profissionais psicoterapeutas, tanto em relação ao desenvolvimento de habilidades para o atendimento quanto para o reconhecimento da importância de uma postura que favoreça com que o paciente encontre recursos para superar suas dificuldades apresentadas,. Em outras palavras, a ideia dos estudos é incentivar a construção de uma identidade profissional pautada na reflexão, bem como aproveitar a oportunidade de alunos universitários, de maneira reflexiva, exercitarem papéis profissionais para os quais estão se graduado.
Para além das contribuições já discutidas, a presente revisão permitiu mapear a produção científica veiculada na Revista da SPAGESP acerca da prática psicoterápica, levantando questões pertinentes à demanda, aos contextos e às modalidades de atendimento. Como se pôde observar, foi encontrado uma gama de estudos que retratam a diversidade de aspectos envolvidos nesse processo, permitindo a inferência de que se trata de um campo vasto a ser explorado e aprofundado.
Inviabilizando generalizações devido ao caráter singular investido, a psicoterapia foi abordada frisando as estratégias a serem utilizadas pelo psicoterapeuta enquanto ferramenta fundamental e indispensável, levando-se em consideração as possíveis intervenções em contextos muito específicos. Em paralelo, chamou-se a atenção para as reflexões que transcendam a relação terapêutica, no intuito de abarcar as relações que permeiam outros contextos que o paciente se encontra imerso, sob a ótica da corresponsabilidade.
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Endereço para correspondência
Fabio Scorsolini-Comin
E-mail: fabioscorsolini@gmail.com
Recebido: 10/09/2016
1° revisão: 24/11/2016
Aceite final: 10/12/2016
1 Vivian Fukumasu da Cunha é mestranda em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
2 Mariana Silva Cecílio é mestranda em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
3 Fabio Scorsolini-Comin é docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
4 Manoel Antônio dos Santos é docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.