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Revista Brasileira de Orientação Profissional
On-line version ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.8 no.1 São Paulo June 2007
ARTIGOS
Amizade e escolha profissional: influência ou cooperação?1
Friendship and career choice: influence or cooperation?
Amistad y elección profesional: ¿Influencia o cooperación?
Fábio Nogueira Pereira* 2; Agnaldo Garcia** 3
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória
RESUMO
A relação entre as amizades e a escolha profissional é um campo pouco explorado em orientação profissional. Este artigo relata pesquisa realizada com 96 estudantes de Ensino Médio de uma escola particular acerca do tema com o objetivo de investigar a participação dos amigos na escolha profissional e as implicações da escolha nos relacionamentos. Os resultados dos questionários aplicados revelam que: 93% das garotas e 80% dos rapazes conversam com seus amigos sobre seu futuro profissional; 30,2% das garotas e 33,3% dos rapazes perceberam influência de seus amigos em sua escolha; 65,1% das garotas e 82,2% dos rapazes não percebem implicações de sua escolha sobre seus relacionamentos; 48,8% das garotas e 55,5% dos rapazes consideram a si mesmos como a pessoa mais importante na decisão de seu futuro profissional.
Palavras-chave: Escolha profissional, Amizade, Adolescência.
ABSTRACT
The relation between friendship and career choice has been scarcely investigated in career counseling. The objective of this study was to investigate the influence of friends in chosing a career and the implications of the career choice in their relationship. Participants were 96 students from a private high school. Results from the questionnaires showed that: 93% of the girls and 80% of the boys talked to their friends about their future career; 30,2% of the girls and 33,3% of the boys noticed their friends’ influence on their career choice; 65,1% of the girls and 82,2% of the boys didn’t observe any consequence of their career choice for their relationship; and, 48,8% of the girls and 55,5% of the boys considered themselves as the most important person for their decision about their future career.
Keywords: Career choice, Friendship, High school.
RESUMEN
La relación entre las amistades y la elección profesional es un campo poco explorado en orientación profesional. Este relato de investigación realizada con 96 estudiantes de una escuela privada de educación secundaria acerca del tema tuvo por objetivo investigar la participación de los amigos en la elección profesional y sus implicaciones en los relacionamientos. Los resultados de los cuestionarios revelan que: 93% de las chicas y 80% de los chicos conversan con sus amigos sobre su futuro profesional; 30,2% de las chicas y 33,3% de los chicos reconocieron influencia de sus amigos en su elección; 65,1% de las chicas y 82,2% de los chicos no percibieron su elección profesional como consecuencia de sus relaciones; y 48,8% de las chicas y 55,5% de los chicos se consideran a sí mismos como la persona mas importante para su futuro profesional
Palabras clave: Elección profesional, Amistad, Adolescencia.
Nos últimos anos do século passado e no início deste podemos verificar as mudanças ocorridas no modo de produção, nos mercados fornecedores e consumidores e nas tecnologias. Com o incremento do processo de globalização através das novas tecnologias de comunicação, informação e transportes, ocorreram transformações nos cenários social, político e econômico (Lisboa, 2002; Lassance & Sparta, 2003; Scholte citado por Shaw, 2004). Sujeitos ativos nesse cenário, os adolescentes são bombardeados por informações que cruzam o planeta divulgando o capitalismo e seus produtos de consumo e culturais. São perceptíveis nessa nova geração mudanças significativas de valores, nos laços sociais e nos modos de subjetivação (Gareca, 2004; Cohendoz, 1999).
Devido às novas configurações sociais motivadas pelas mudanças sociais, políticas, culturais e econômicas que giram o globo, os papéis sociais, inclusive o de trabalhador, tornaram-se mais permeáveis e propícios a mutações. Não saber ao certo seu lugar social gera angústia (Silva & Soares, 2001) e essa necessidade de apoio e de identificação pode ser um dos motivos para o aumento significativo da importância dos pares em detrimento das figuras familiares. Afinal, os pares estão possivelmente em situação semelhante, compartilham de similaridade e proporcionam apoio emocional.
A família é sobremaneira um eixo fundamental na lógica aplicada às teorias vocacionais e à orientação profissional brasileiras (Dias, 1995; Lima & Ramos, 2002; Müller, 2001, 2004; Oliveira, 2004; Soares, 2002). Contudo, a família não pode guiar sozinha o trajeto da carreira de uma pessoa. A família tem sua importância nesse processo; entretanto, os pares não são estudados e tomados em consideração pelos autores brasileiros de forma mais incisiva. Algumas pesquisas recentes indicam a influência exercida pelos pares e pelos amigos em diversos tipos de comportamento (Akers, Jones & Coyl, 1998; Beaudoin & Lachance, 2006; Best, Manning, Gossop, Gross & Strang, 2006; Cox, Hosier, Crossley, Kendall & Roberts, 2006; Ham, 2000; Leatherdale, Manske & Kroeker, 2006; Nelson & McLeod, 2005; Vazsonyi & Belliston, 2006; Wills, Walker, Mendoza & Ainette, 2006; Wilson & MacGillivray, 1998).
Poucos autores em nossa revisão (entre eles Magalhães, Lassance & Gomes, 1998; Santos, 2005) sondam formalmente a amizade e os pares como fator que poderia servir como referência no processo de pensar sobre um futuro profissional. Magalhães e colaboradores (1998) referem-se sobre os pares constituírem um grupo de pessoas da mesma idade que poderiam ajudar aos jovens: seja discutindo sobre o futuro profissional, carreira, formação profissional e experiências pessoais neste momento de suas vidas. Levantam, também, a dificuldade em abordar esses assuntos porque são concorrentes no vestibular ou porque ficam confusos discutindo com eles tais assuntos ao ponderar sobre a futura carreira. Santos (2005) afirma que os adolescentes procuram a opinião de pessoas próximas sobre que decisões devem tomar sobre sua carreira. Geralmente procuram seus pais, irmãos, parentes, pares e, em alguns casos, ajuda profissional especializada. Mesmo que a família desempenhe um papel importante na determinação da escolha profissional de uma pessoa, a influência dos pares precisa ser considerada.
O processo de escolha profissional é baseado sempre na realidade do adolescente: uma pessoa que vive numa família e que compartilha experiências com outros significantes além desse primeiro núcleo de socialização (Santos, 2005). Uma hipótese para as pesquisas estarem tão focadas na ênfase do núcleo familiar sobre a escolha profissional pode ser a perspectiva ideológica ainda persistente na Psicologia brasileira, a qual deve ser revista para se adaptar às novas arquiteturas e dinâmica da família moderna. Outra hipótese é a pouca percepção dos pares como influentes pelos adolescentes (Laursen, 1996), o que nos remete a necessidade de repensarmos a metodologia aplicada em pesquisas com essa população acerca das implicações que os pares têm na escolha profissional.
Amizade: o que, como, quando e onde
Apesar de a amizade ser um fenômeno social contextualizado, cultural e historicamente (Adams & Plaut, 2003; Tsai, 2006; Allan, 1998), ela possui algumas características fundamentais que se apresentam em diferentes contextos: é diádica, pessoal, informal e mútua; sustenta-se em emoção positiva, consideração, voluntariedade, apego e ausência de sexualidade exacerbada (Auhagen, 1996). Amigos afirmam reciprocamente suas identidades e auxiliam na manutenção de uma auto-imagem valorizada, expressando e reconhecendo os atributos mais importantes do outro, cooperando e fornecendo apoio nas necessidades cotidianas (Hinde, 1997; Feld & Carter, 1998; Auhagen, 1996). Amizades não se baseiam em parentesco ou consangüinidade e o compromisso estabelecido entre as partes está enraizado na confiança, na lealdade, em atividades compartilhadas, em companheirismo e na interdependência de ambas as partes (Adams & Plaut, 2003; Auhagen, 1996; French, Bae, Pidada & Lee, 2006; Hinde, 1997; O’Connor, 1998).
Durante a adolescência, a intimidade, provida anteriormente pela família, passa cada vez mais a ser complementada pelos pares e amigos (O’Connor, 1998; Tsai, 2006). A similaridade é um traço importante entre amigos, seja de idade, gênero, etnia, religião, nível sócio-econômico-cultural ou atividades (Feld & Carter, 1998; Garcia, 2006; Hinde, 1997; Laursen, 1996). Amigos são uma fonte de sentimentos de confiança e segurança entre adolescentes (Enomoto, 1999) e representam uma questão de status nos grupos aos quais os jovens pertencem (Hinde, 1997). As amizades podem se iniciar em ambientes (e atividades) compartilhados pelos adolescentes, como escola, igreja, locais para atividades esportivas, entre outros (Garcia, 2006), e fazem parte de uma rede mais ampla de relacionamentos (Feld & Carter, 1998).
Amigos desempenham um importante papel na vida do adolescente, seja como fonte de apoio social e emocional (Garcia, 2006) ou para a manutenção da saúde física e mental (Duck, 2004; Bertrera, 2005). O apoio social provido por amigos serve de proteção contra sentimentos de angústia social (La Greca & Harrison, 2005), bem como na moderação do impacto de discórdias entre os pais para adolescentes (Wasserstein & La Greca, 1996). Na adolescência, as amizades são relacionamentos estáveis (Garcia, 2005b) e a principal fonte de intimidade (French, Rianasari, Pidada, Nelwan & Buhrmester, 2001).
Referencial teórico
Os estudos sobre relacionamento interpessoal incluem diferentes abordagens relacionadas a diversas áreas do conhecimento. Uma abordagem particularmente importante para o presente estudo é a proposta por Robert Hinde (1979, 1987, 1997) visando à construção de uma “ciência do relacionamento interpessoal”. Hinde (1997) propõe diferentes níveis de complexidade dentro do comportamento social (partindo de interações pontuais, passando por relacionamentos ao longo do tempo, daí para grupos e a própria sociedade). Refere-se ainda à estrutura sócio-cultural e aos fatores ambientais. Todos estes níveis afetam-se mutuamente de forma dialética. Ainda destaca a importância de se partir de uma ampla base descritiva para o estudo dos relacionamentos tendo como alvo a busca de princípios subjacentes aos aspectos observados. O presente trabalho parte de um amplo levantamento de informações sobre amizade e escolha profissional buscando, a partir dessas informações, princípios explicativos subjacentes.
Entre os diferentes processos psicossociais investigados nos relacionamentos, dois são centrais para este estudo: “influência” e “cooperação”. Neste trabalho, não há uma conotação negativa ou positiva em relação a eles. Segundo Bless (2001), influência (ou influência social) é freqüentemente definida como um esforço por parte de uma pessoa para mudar comportamentos ou atitudes de outros. Segundo Martin e Hewstone (2003), influência social refere-se aos modos pelos quais as opiniões a atitudes de uma pessoa afetam as opiniões e atitudes de outra pessoa. Segundo Rashotte (2007), influência social é definida como mudança nos pensamentos, sentimentos, atitudes ou comportamentos de um indivíduo que resultam da interação com outro indivíduo ou grupo. É neste sentido que entendemos a influência social neste texto. Segundo Hinde e Groebel (1991) cooperação ocorre quando dois indivíduos auxiliam um ao outro para alcançar o que é necessário ou procurado. Segundo os autores, a essência da cooperação é que dois (ou mais) indivíduos auxiliem um ao outro para atingir o mesmo fim.
Relacionamentos e a escolha profissional do adolescente
Da infância para a adolescência há um aumento da influência dos amigos. Apesar do aumento da importância dos amigos como fonte de companhia, intimidade e de apoio emocional, por exemplo, a família ainda permanece importante, com amigos e familiares desempenhando papéis diferentes, ainda que complementares, no mundo social do adolescente (Laursen, 1996). Os adolescentes procuram seus pares para compartilhar experiências novas, ao passo que sua família continua a ser um porto seguro para o apoio estrutural que precisam para explorar o mundo novo que se apresenta a eles. Durante esse estágio de desenvolvimento, procuram apoio imediato fora da esfera familiar e os amigos tornam-se essenciais nessa função (López & Salas, 2006).
Os adolescentes enfraquecem seus vínculos com seus familiares e tomam uma atitude mais realista frente aos pais ao sair da adolescência rumo ao mundo adulto (Schütze, 1996). Dependendo do contexto no qual estão inseridos, podem dar maior ou menor importância a suas famílias. A autonomia emocional em relação aos pais e a capacidade de resistir à pressão exercida pelo pares é passível de variação. Segundo Bámaca e Umaña-Taylor (2006), indivíduos oriundos de contextos culturais que valorizam a família podem apresentar certa falta de adaptação a ambientes que valorizam a autonomia emocional frente à família. Em estudantes de origem mexicana residentes nos Estados Unidos, baixos níveis de autonomia em relação aos pais estavam correlacionados positivamente com altos níveis de resistência à influência dos pares. Assim, uma maior dependência nas relações familiares pode estar associada a uma menor influência exercida pelos amigos.
Kenny e Bledsoe (2005), em pesquisa com 322 alunos de Ensino Médio, constataram que esses estudantes percebiam o apoio familiar nos obstáculos presentes no percurso escolar e às expectativas de resultado e o apoio dos amigos nos obstáculos no percurso escolar e no acesso ao Ensino Superior. O tipo de apoio dado pelos amigos foi identificado como emocional e pela família como instrumental. Os autores apontam a necessidade dos teóricos e práticos de orientação profissional considerarem a complexidade da influência exercida pelos pares.
Bright, Pryor, Wilkenfeld e Earl (2005) apontam o contexto social imediato (especialmente os pais) como o principal fator influenciando a escolha profissional. Os professores foram considerados o segundo grupo mais influente. Afirmam, contudo, haver a necessidade de mais estudos para esclarecer o papel dos amigos e dos pares e sua influência direta no desenvolvimento da carreira. Em pesquisa com 651 estudantes universitários, destacaram a influência das mães na escolha profissional das filhas, especialmente quando estas trabalhavam fora.
Apesar do reconhecimento por parte da literatura da influência exercida por amigos em diversos aspectos da vida do adolescente, ainda faltam estudos sobre como os amigos influenciam a escolha profissional. São poucas as referências que esboçam alguma implicação desses no processo de escolher uma profissão e decidir sobre os rumos da carreira (Bright e colaboradores, 2005; Kenny & Bledsoe, 2005; Magalhães e colaboradores, 1998; Santos, 2005). Temos, pois, necessidade de mais investigações para compreender melhor as relações entre as amizades e a escolha profissional.
OBJETIVOS E RELEVÂNCIA DA PESQUISA
O objetivo geral desta pesquisa foi investigar a influência percebida dos amigos na escolha profissional e como esta escolha influenciou o relacionamento com amigos entre adolescentes estudantes do segundo ano do Ensino Médio de uma escola particular.
Os objetivos específicos foram: a) descrever e analisar alguns aspectos das relações de amizades dos participantes (rede de amigos, atividades compartilhadas); b) descrever e analisar alguns aspectos da escolha profissional dos participantes; c) descrever e analisar a influência percebida pelos participantes dos familiares e dos amigos na escolha profissional; d) descrever e analisar a influência percebida da escolha profissional sobre as relações de amizade. Tínhamos como objetivo identificar diferenças não apenas nas escolhas profissionais, mas também no papel exercido pelos amigos nessa escolha e como essas escolhas se refletiram na rede de amigos. A escolha de alunos do segundo ano do Ensino Médio para uma investigação sobre escolha profissional deu-se pelo fato deste ser um período em que os estudantes devem optar pelas áreas que irão se dedicar ao longo do terceiro ano (exatas, humanas ou biomédicas).
A presente pesquisa buscou acrescentar ao campo da orientação profissional conhecimento relativo à maneira como os jovens realizam suas escolhas profissionais frente a suas amizades. Procurou também contribuir com o campo de estudos dos relacionamentos interpessoais no que tange à influência dos amigos e pares na questão da escolha profissional. Conforme Garcia (2005a), a área de relacionamento está em franco desenvolvimento, porém ainda apresenta lacunas importantes. Acreditamos que o estudo das relações entre escolha profissional e rede social dos adolescentes venha preencher um pouco desse espaço, estimular o desenvolvimento de pesquisa nesse campo e aperfeiçoar o treinamento de futuros psicólogos e educadores.
METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO
Participaram da pesquisa 96 estudantes de ambos os sexos, com idades entre 15 e 18 anos, freqüentando o segundo ano do Ensino Médio de uma escola particular situada numa região metropolitana. Foram distribuídos 96 questionários dos quais 88 foram respondidos por 43 garotas e 45 rapazes.
O instrumento utilizado (Anexo A) foi construído pelos próprios pesquisadores, a partir de informações provenientes da revisão bibliográfica, e constava de 18 questões, sendo algumas abertas e outras fechadas. Inicialmente, foi realizado um estudo piloto para checar a correta compreensão das questões por parte dos respondentes. Três adolescentes (dois rapazes e uma garota, com idades entre 15 e 18 anos) participaram desta fase. Suas respostas, contudo, não foram incluídas na análise dos dados. Não havendo surgido problemas de compreensão ou interpretação das questões no estudo piloto, o instrumento foi aplicado a outros participantes.
Como os pesquisadores tinham interesse em obter respostas que refletissem o conceito de amizade dos próprios participantes, estes foram instruídos a responder de acordo com seu ponto de vista sobre o tema. A partir das respostas da primeira parte do questionário, foi possível perceber que, apesar de certa variabilidade, a concepção de amizade era semelhante para os diferentes participantes e estava de acordo com as características presentes na literatura sobre o tema.
A escola oferecia um amplo atendimento a seus alunos, além do conteúdo programático obrigatório (como aulas de artes, línguas e esportes), bem como programas de informação profissional com palestras, feiras com universidades e faculdades expondo seus cursos e visitas a locais de trabalho variados. A população caracterizava-se por um alto nível sócio-econômico cultural, com expectativas de que o adolescente ingressasse no Ensino Superior em instituição preferencialmente pública.
Os dados foram coletados durante o segundo semestre de 2006 em horário agendado pela própria escola, com a presença do pesquisador. Os participantes foram reunidos em um auditório para responderem às questões propostas, sob a supervisão do pesquisador para esclarecer quaisquer dúvidas sobre o instrumento.
As respostas foram tabuladas e organizadas em categorias dentro de cada aspecto investigado. Os dados foram tratados e interpretados de forma qualitativa à luz da literatura pertinente. Os resultados são apresentados com a utilização de estatística descritiva, sendo analisados e discutidos a seguir.
RESULTADOS
Os resultados são apresentados em cinco itens: (1) a rede de amigos (número e duração das amizades); (2) as atividades realizadas com amigos; (3) a realização da escolha profissional e critérios utilizados; (4) a comunicação com amigos e a escolha profissional e, (5) percepção da influência exercida e recebida de amigos na escolha profissional.
1. Rede de Amigos - Número e duração das amizades
A identificação da rede de amizade deu-se pela nomeação dos amigos. No total, os rapazes e garotas citaram, respectivamente, 262 e 180 amigos. Os dados sugerem uma rede mais ampla para os rapazes, enquanto as garotas apresentaram um número menor de amigos mais próximos. O número de amigos citados (em geral e os mais próximos) e o tempo de relacionamento estão indicados na Tabela 1.
Tabela 1
Percentuais de amigos, melhores amigos e tempo de relacionamento com amigos, segundo o gênero
2. Atividades realizadas com amigos
A maioria dos entrevistados freqüentava a mesma escola que seus amigos, o que aumentava a possibilidade de interação entre eles. Vários participantes praticavam atividades físicas ou esportes com os amigos, mas poucos freqüentavam o mesmo curso de línguas ou compartilhavam atividades ligadas à religião (Tabela 2).
Tabela 2
Atividades realizadas com amigos
3. Realização da escolha profissional e critérios utilizados
A maior parte dos entrevistados já possuía alguma opção de curso para o qual prestaria vestibular no ano seguinte. Vários também relataram uma segunda ou terceira opção. Cerca de um terço dos participantes ainda não havia optado por algum curso. Quanto aos critérios que haviam utilizado para fazer a escolha profissional, foram registradas 15 motivações distintas (Tabela 3). Entre as alunas, os critérios mais usados foram a afinidade com o curso ou profissão escolhida, as matérias escolares preferidas, as habilidades, as aptidões e o mercado de trabalho. Os rapazes utilizaram como critério preferencial a afinidade com o curso ou profissão, a profissão do pai, suas habilidades e aptidões e o retorno financeiro da profissão.
Tabela 3
Realização da escolha profissional e critérios utilizados Escolha de um curso para prestar o vestibular
4. A Comunicação com amigos e escolha profissional
A maioria dos estudantes considerou importante conversar com os amigos sobre o tema, por razões como: trocar informações sobre profissões, cursos e universidades, e auxiliar a pensar sobre a própria escolha profissional. Vários alunos possuíam amigos cujas escolhas eram semelhantes ou próximas às suas, enquanto outros desconheciam a escolha profissional dos amigos (Tabela 4). Várias alunas possuíam amigos que pretendiam fazer provas para o mesmo curso que elas, o que ocorreu menos entre os rapazes.
Tabela 4
A comunicação com amigos
5. Percepção da influência exercida e recebida de amigos na escolha profissional
A maioria acreditava não influenciar as escolhas profissionais dos amigos. Apenas 30,2% das garotas e 44,4% dos rapazes relataram exercer alguma influência nessas escolhas, opinando sobre estas ou dando informações sobre cursos e profissões aos amigos e indicando cursos ou profissões mais apropriados para eles. Quanto às pessoas mais importantes na definição da carreira profissional, houve respostas diversas. As respostas se concentraram na figura do próprio estudante, vindo a família em segundo lugar e os professores em terceiro (Tabela 5).
Tabela 5
Percepção de influência na escolha profissional
Discussão
As amizades relatadas se caracterizam por sua longa duração e por terem a escola como ponto central. Dentre as garotas, 58,1% relataram amizades com duração entre seis e dez anos e 55,8% amizades com mais de dez anos. Grande parte dos rapazes (46,7% e 51,1%, respectivamente) apontou relacionamentos com mesma duração. A maior parte dos alunos (93% das garotas e 86,7% dos rapazes) freqüenta a mesma escola que seus amigos e realizam diversas atividades além deste contexto.
Quanto à escolha profissional, diferentes motivações foram indicadas e reunidas em 15 categorias. Ambos os gêneros colocaram em primeiro lugar questões relativas à correspondência de características pessoais (habilidades e interesses) com o perfil desejado do profissional. Para as garotas, as matérias escolares (incluindo o desempenho dos professores em sala de aula e, possivelmente, a identificação das alunas com esses) foram o segundo critério mais relatado. Em terceiro lugar, as garotas citaram o mercado de trabalho; e, em quarto, os resultados do desempenho na carreira (prazer e retorno financeiro). Para os rapazes, em segundo lugar está a profissão do pai, em terceiro lugar o poder aquisitivo que o trabalho lhe proporcionaria, e, em quarto lugar, a satisfação com o exercício do trabalho. A profissão do pai foi relatada tanto por garotas quanto rapazes; porém, entre esses, ela possui maior peso como critério de escolha. A profissão da mãe foi ligeiramente mais influente para as garotas, ainda que a influência seja próxima à da profissão do pai.
Especificamente quanto ao papel dos amigos na escolha profissional, os dados revelaram um quadro complexo. Os adolescentes indicaram como a(s) pessoa(s) mais importante(s) na definição de sua carreira profissional: (a) os familiares, especialmente os pais (62,8% das garotas e 55,5% dos rapazes); (b) os próprios estudantes (48,8% das garotas e 55,5% dos rapazes); e, (c) os professores. Apenas duas garotas e um rapaz citaram seus amigos como importantes para suas escolhas. Assim, reconheceram a família como bastante influente em suas vidas, o que está de acordo com outras investigações (Bámaca & Umaña-Taylor, 2006). Mesmo ao se considerarem como “autônomos” em suas escolhas, não se pode descartar o papel do relacionamento interpessoal com figuras próximas (como familiares e amigos) na estruturação de sua identidade, incluindo a identidade profissional. Kerpelman e Pittman (2001) afirmam que o comportamento dos pares serve como parâmetro para que o adolescente se engaje na exploração de sua própria identidade.
Segundo os dados obtidos, contudo, os amigos estão presentes de forma clara em todo o processo envolvendo a escolha profissional. Este envolvimento dá-se de diferentes formas. Os adolescentes estão informados sobre as opções dos amigos (93% das garotas e 91,1% dos rapazes sabiam a opção de pelo menos um dos amigos). Mesmo a similaridade, considerada a base das amizades, também atinge, em parte, a escolha profissional dos amigos, tendo vários estudantes relatado amigos com a mesma escolha (48,8% das garotas e 22,2% dos rapazes) ou, pelo menos, semelhante (23,3% das garotas e 24,4% dos rapazes) à sua. Eles conversam com amigos sobre o assunto (93% das garotas e 80% dos rapazes), auxiliam-se mutuamente na troca de informações sobre cursos e instituições de Ensino Superior e discutem sua própria escolha profissional facilitando a crítica (79,1% das garotas e 68,9% dos rapazes). Ainda recebem e dão apoio emocional no momento de tomada de decisão da escolha e incentivo para estudar para o vestibular. Esta participação, presente na grande maioria dos participantes, contudo, não se traduz como uma influência percebida, exercida sobre os amigos ou deles recebida. Apenas 30,2% das garotas e 44,4% dos rapazes perceberam influenciar as escolhas dos amigos (dando opinião sobre as suas opções, trocando informações sobre cursos e profissões com amigos ou sugerindo cursos ou profissões mais apropriadas a eles). Por outro lado, apesar da maioria (65,1% das garotas e 62,2% dos rapazes) não terem percebido a influência dos amigos em sua escolha profissional, parte dos adolescentes (30,2% das garotas e 33,3% dos rapazes) perceberam essa influência (por meio de opiniões sobre as opções profissionais, trocando informações sobre profissões e cursos superiores ou recebendo apoio nesse momento de decisão).
Assim, os dados indicam, ao mesmo tempo, uma ampla participação dos amigos na escolha profissional, associada a um baixo índice de percepção da influência desses amigos nessa escolha. Desta forma, familiares (e professores) e amigos parecem participar de forma diferenciada do processo de escolha profissional. Enquanto os primeiros exerceriam uma influência “externa” mais clara nas opções de carreira, como pessoas com maior poder de influência (em posição de liderança, em um relacionamento mais “vertical”), os amigos participariam de forma mais “horizontal”, por meio de discussões, troca de informações e mesmo apoio. Pode-se supor que a participação dos amigos seja mais no sentido de uma cooperação entre similares em busca de um alvo ou objetivo profissional, enquanto a determinação da natureza deste alvo sofra uma influência propriamente dita maior de pessoas em posição hierarquicamente superior, pelo menos quanto ao estágio de desenvolvimento profissional, como é o caso de pais e professores.
Os dados indicam que, no momento investigado (segundo ano do Ensino Médio), a escolha profissional parece exercer pouca influência sobre os relacionamentos (65,1% das garotas e 82,2% dos rapazes não percebem influência da escolha em seus relacionamentos). Apenas a minoria (32,6% das garotas e 17,8% dos rapazes) percebeu mudanças nos relacionamentos devido à escolha profissional. Essas mudanças envolvem familiares e amigos e incluem: aproximação de pessoas com escolhas afins (4,6% das garotas e 8,9% dos rapazes); mudança no relacionamento com a família; favorecimento das amizades; prejuízo nas amizades porque ainda não escolheu o curso e seus amigos já o fizeram; procurar mais os profissionais da área na qual está interessada; querer fazer faculdade fora, mas precisaria ficar longe dos amigos e ainda pressão da família para realizar a escolha o quanto antes e brigas com colegas que serão concorrentes no vestibular e brigas com amigos por causa da opinião desses sobre sua escolha. Alguns percebem que suas escolhas afetarão o relacionamento futuro. Para 4,6% das garotas e 6,7% dos rapazes a escolha não mudou seus relacionamentos até o momento, ela terá implicações no próximo ano, visto que muitos dos amigos estarão em outra sala e mais próximos de pessoas com escolhas afins. Mesmo involuntariamente, escolhas profissionais semelhantes acabarão aumentando o convívio entre alguns.
A partir dos dados obtidos, diferentes processos psicossociais (como apoio social, influência social e cooperação) estão presentes nas respostas dos adolescentes ao se reportarem ao papel dos amigos na escolha profissional. Estes processos também envolvem diferentes parceiros ou agentes sociais. Há, assim, uma relação complexa entre amizade e escolha profissional, pela presença de diferentes processos, assim como pela participação de diferentes agentes sociais, que, segundo a perspectiva adotada (Hinde, 1997), se afetam mutuamente.
Na questão da escolha profissional, os dados sugerem que a influência social, particularmente para o estabelecimento de uma carreira como meta, é percebida principalmente como originária dos adultos que participam de rede social dos adolescentes. Tal fonte de influência (adultos) difere da influência em outros setores da vida dos adolescentes, como o consumo de álcool, tabaco e outras drogas, quando os amigos são reconhecidos como as figuras centrais. No caso da escolha profissional, a participação principal dos adultos parece estar baseada na experiência que estes têm sobre a própria escolha profissional, servindo de modelo social para os adolescentes, papel que seus pares não podem assumir por ainda não terem passado por esse processo.
Apesar de os adolescentes perceberem uma influência social limitada dos amigos na determinação da escolha profissional, ela continua a existir, ao lado de outros processos psicossociais, como apoio social (especialmente nas questões emocionais) e cooperação.
Contrariamente à expectativa inicial dos autores, que esperavam que os amigos representassem uma fonte expressiva de influência, as relações entre amizade e escolha profissional se mostram muito mais complexas, com um papel de destaque para a cooperação entre os adolescentes. Pode-se compreender, contudo, que a cooperação é parte integrante das relações de amizade e, ao se depararem com uma situação semelhante (a necessidade de decidir sobre o futuro profissional), eles cooperem entre si, o que se dá de formas diversas, como na troca informações sobre carreiras, cursos e universidades. Neste sentido, a abordagem de Hinde (1997) para o estudo do relacionamento interpessoal permite, a partir de uma base descritiva mais ampla (como a buscada por meio das questões apresentadas), a identificação de uma diversidade de processos envolvidos e suas relações mútuas. Relacionamentos também afetam uns aos outros. Assim, a influência da escolha profissional que ocorre no relacionamento com adultos, principalmente, também fazia parte das amizades. Relacionamentos ainda afetam e são afetados pelo grupo ao qual os adolescentes pertencem, pela estrutura sócio-cultural e pelo ambiente físico que restringem, entre outros pontos, o leque de escolhas. Assim, podem-se perceber opções coerentes com a profissão dos pais e professores, com seu meio social e com os recursos materiais à disposição.
Apoio social, influência social e cooperação são processos psicossociais diferentes, sem uma conotação necessariamente positiva ou negativa. Entende-se influência como mudança nos pensamentos, sentimentos, atitudes ou comportamentos de um indivíduo que resultam da interação com outro indivíduo ou grupo (Rashotte, 2007). Segundo Hinde e Groebel (1991) cooperação ocorre quando dois indivíduos auxiliam um ao outro para alcançar um fim. Na escolha profissional atuam tanto a influência (mais dos adultos) quanto a cooperação (mais dos amigos), processos que também se afetam mutuamente. A influência dos adultos parece conduzir a uma carreira ideal, havendo uma relação mais “desnivelada” (talvez com a percepção dos adultos como indivíduos com maior poder de informação, neste sentido, por sua experiência). A cooperação, por sua vez, é um processo psicossocial diferente, ocorrendo, no caso, entre indivíduos similares. Assim, enquanto as opções parecem ser influenciadas por adultos, os amigos opinam sobre essas opções e trocam informações sobre carreiras e cursos, cooperando entre si para a escolha final. Influência, neste caso, está mais relacionada ao alvo a ser atingido e tem uma participação maior dos adultos. A cooperação está mais relacionada ao processo para se atingir esse alvo.
De acordo com a perspectiva de Hinde (1997), diferentes relacionamentos se afetam mutuamente, assim como afetam e são afetados pela estrutura sócio-cultural e pelo ambiente físico. Pode-se, assim, interpretar a complexidade dos dados obtidos como resultante das relações mútuas entre diferentes tipos de relacionamento e da estrutura sócio-cultural. Amigos, familiares e professores mantêm relacionamentos com os adolescentes que envolvem diversos processos que, no presente caso, são relevantes para a escolha profissional. Se familiares e professores se destacam pela influência exercida, a cooperação emerge como outro processo subjacente à escolha, afetando e sendo afetado pela influência dos pais e professores.
Em suma, pode-se concluir que o papel dos relacionamentos interpessoais no processo de escolha profissional dos adolescentes é um tema complexo e multifacetado. Enquanto familiares (especialmente os pais) e professores são percebidos como uma influência mais direta (ou vertical) nas decisões, os amigos participam de modo mais horizontal (por meio de conversas e troca de informações). Enquanto os adultos parecem influenciar os objetivos (carreira ou curso escolhido), os amigos parecem cooperar mais entre si, trocando informações e críticas.
Os dados revelaram uma complexidade maior que a esperada, não sendo possível indicar somente a influência como o único processo a ser investigado na escolha profissional do adolescente, mas também a cooperação e mesmo o apoio social, principalmente ao investigar as relações entre amizades e escolha profissional. Abrem-se, assim, novas perspectivas para investigar o papel dos amigos na complexa questão da escolha de uma carreira.
REFERÊNCIAS
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Recebido em: 27/03/07
1ª Revisão: 04/06/07
Aceite Final: 12/07/07
1 Esta pesquisa foi parcialmente fomentada por bolsa de estudos concedida pela FAPES/FUNCITEC.
2 Endereço para correspondência: Av. Nossa Senhora da Penha, 699 B/ 313, 29055-131, Vitória, ES. E-mail: fabionogueirapereira@gmail.com.
3 Este autor é bolsista de produtividade do CNPq.
Sobre os autores
* Fábio Nogueira Pereira é mestrando em Psicologia pela UFES e especialista em Orientação Profissional e de Carreira pela Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte. Atua em consultório e ministra palestra sobre Escolha Profissional e Carreira. É diretor científico do Instituto Milton H. Erickson do Espírito Santo e bolsista da FAPES/FUNCITEC.
** Agnaldo Garcia é Mestre em Psicologia pela USP e pela PUC de São Paulo e Doutor em Psicologia pela USP. Atua como professor do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFES, orientando alunos de mestrado e doutorado na área de Relacionamento Interpessoal. Ainda é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e editor da Revista “Interpersona: An International Journal on Personal Relationships”.
ANEXO A - QUESTIONÁRIO
(Foram retirados os espaços para as respostas)
Nome: _______________________________________________________________ Idade: __________
Endereço para contato: _________________________________________________________________
Bairro: _________________________________ Cidade/UF: __________________ CEP: _____________
Telefone(s): _______________________ E-mail:_____________________________________________
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Religião: ___________________________________________________
Já participou de algum programa de orientação profissional ou fez orientação vocacional? _____ Caso não tenha feito orientação vocacional ou participado de um programa de orientação profissional, você gostaria de participar ou fazer orientação? ( ) SIM ( ) NÃO
1) O que é amizade para você?
2) Liste o nome de seus amigos.
3) Dos acima citados, quais você considera mais próximos?
4) Considerando esses amigos mais próximos, que atividades realizam juntos? Aqui você pode marcar mais de uma atividade.
( ) Freqüentam a mesma escola
( ) Freqüentam o mesmo curso de línguas
( ) Praticam atividades físicas ou esportes
( ) Viajam
( ) Vão ao cinema / teatro
( ) Assistem filmes em casa
( ) Jogam videogames
( ) Conversam através de programa de mensagem instantânea (MSN Messenger, Google, Yahoo! Messenger, etc.)
( ) Conversam ao telefone (fixo)
( ) Conversam ao telefone (celular) / mandam mensagens SMS pelo celular um para o outro
( ) Escutam música
( ) Vão ao shopping
( ) Assistem a shows
( ) Freqüentam boates ou festas em casas de amigos e/ou parentes em comum
( ) Encontram-se em bares, restaurantes ou lanchonetes
( ) Trocam e-mails
( ) Jogam jogos de tabuleiro (xadrez, dama, gamão, dominó, baralho, etc)
( ) Freqüentam o mesmo clube
( ) Vão à praia
( ) Conversam pessoalmente sobre assuntos variados
( ) Outros. O quê?
5) Considerando esses amigos mais próximos, há quanto tempo são amigos? Cite cada um deles e o tempo.
6) Considerando esses amigos mais próximos, quantas vezes por semana se encontram offline? E online? Cite cada um dos amigos listados na pergunta 3.
7) Considerando esses amigos mais próximos, vocês conversam sobre o futuro profissional de vocês? Com qual deles você conversa sobre esse assunto?
8) Você já escolheu uma carreira profissional? Se sim, qual? Se não, qual a área: Biomédicas, Humanas ou Exatas? Você tem uma segunda e/ou terceira opção?
9) Caso você já tenha escolhido, quais critérios usou para tomar essa decisão?
10) Considerando esses amigos mais próximos, eles já escolheram uma carreira profissional? Você sabe a escolha de seus amigos? Favor citar cada um dos amigos listados na pergunta 3.
11) Você considera importante conversar com seus amigos sobre seu futuro profissional? Se sim, explique por quê?
12) Você influencia a escolha profissional de seus amigos? Como?
13) Você acha que seus amigos influenciam sua escolha profissional? Como?
14) Sua escolha profissional ou o fato de ainda não ter escolhido tem influenciado seus relacionamentos? Como?
15) Qual a profissão de seus pais? Qual o nível de escolaridade deles? Qual curso superior/técnico realizaram?
16) Você conversa com seus pais sobre seu futuro profissional? O que conversam?
17) Na sua opinião, qual (quais) a(s) pessoa(s) mais importante(s) na definição de sua carreira profissional? Por quê?
18) Você gostaria de falar mais alguma coisa sobre sua escolha profissional e seus relacionamentos que não foi perguntado acima? Favor utilizar o espaço abaixo.