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Mental
Print version ISSN 1679-4427
Mental vol.10 no.19 Barbacena Dec. 2012
O grupo como estratégia de intervenção em saúde mental da infância e adolescência
The group as a strategy for intervention in mental health of childhood and adolescence
Cybele Carolina Moretto
Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC), Professora Titular da Universidade Paulista (UNIP/Sorocaba), Supervisora da Equipe Técnica do Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPSia) de Sorocaba
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar as principais contribuições teóricas de grupo, articular com a experiência clínica de grupos em uma instituição e contribuir para a compreensão e instrumentalização de trabalhos desenvolvidos nesta área. O estudo parte da atuação profissional de uma equipe interdisciplinar que oferece acompanhamento intensivo em saúde mental, em regime de Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPSia) no município de Sorocaba, interior de São Paulo. Traz ainda recortes clínicos do atendimento grupal dedicado a crianças e adolescentes portadores de transtornos psíquicos e seus familiares.
Palavras-chave: Grupo; equipe de saúde mental; infância; adolescência; instituição.
ABSTRACT
This work aims at presenting the main theoretical contributions of the group, coordinate with the clinical experience of groups in an institution and contribute to the understanding and exploitation of work done in this area. The study of the professional activities of an interdisciplinary team that provides intensive monitoring in mental health, under a Psychosocial Care Center for Children and Adolescents (CAPSia) in the city of Sorocaba, São Paulo. Also brings clippings clinical care group dedicated to children and adolescents with mental disorders and their families.
Keywords: Group; staff of mental health; childhood; adolescence; institution.
Encontramos na etimologia da palavra grupo, do antigo vocábulo group (laço ou nó) derivado do germano ocidental kruppa (massa circular), a consideração de duas linhas de força: o laço demonstrando a união e o círculo representando o espaço fechado, cuja metáfora é a envoltura corporal e o corpo materno. Dessa forma, uma das características de um grupo é a possibilidade de oferecer um espaço que acolha seus participantes e também poder provocar sentimentos de aprisionamento e frustração (ANZIEU, 1990).
1 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DE GRUPO
O grupo é objeto de estudo de diversas ciências e também da psicanálise. Nessa abordagem, centraremos nossa discussão mais precisamente na psicanálise dos grupos, fazendo um breve levantamento histórico de seu desenvolvimento, bem como dos principais conteúdos desenvolvidos por esta ciência.
Em 1905, o fisiologista americano Josef Pratt começou a desenvolver um trabalho em enfermarias com pacientes tuberculosos em salas de espera, criando, intuitivamente, o método de "classes coletivas", que mostrou excelentes resultados na aceleração da recuperação física destas pessoas baseando-se na identificação com o médico, compondo uma estrutura familiar-fraternal e exercendo o que hoje chamamos de "função continente" do grupo (alcoólatras anônimos).
O médico romeno Moreno introduziu, em 1930, a expressão "terapia de grupo". O amor pelo teatro desde a infância propiciou a utilização da importante técnica grupal do psicodrama.
Na mesma época, um autor que deu contribuições acerca da teoria de grupos foi o psicólogo alemão Lewin (1978), criador da expressão "dinâmica de grupo". Sua teoria influenciou a psicologia social e a sociologia. Para ele, o trabalho com diversas pessoas proporcionava a alteração nas condutas de um membro e, consequentemente, a partir das relações estabelecidas, transformação em todos.
Freud não deixou de considerar a importância do homem enquanto ser social, estudando as origens da sociedade humana e dos ritos religiosos e mitológicos. Apesar de nunca ter atendido grupos, ele apresentou importantes contribuições teóricas à psicologia dos grupos humanos, principalmente nos seguintes trabalhos:
1) As perspectivas futura da terapêutica psicanalítica (1910);
2) Totem e tabu (1913);
3) Psicologia das massas e análise do ego (1921);
4) Mal-estar na civilização (1930).
Em 1921, Freud afirmou que não há diferenças essenciais entre a psicologia individual e a social. O objetivo de sua teorização era compreender o que mantém um grupo unido. A partir disso, formulou sobre as relações do ideal de ego com o líder e o mecanismo de identificação no grupo. Por meio do processo de identificação, as pessoas elegem um líder que se tornará ideal e o responsável por todos e por todas as decisões do grupo. Cria-se um sentimento de ilusão grupal e os membros passam a achar que o líder é capaz de amar sem distinção. Consequentemente, o indivíduo age de forma impulsiva, atuando mais pela emoção, havendo diminuição da racionalidade e do senso crítico.
A respeito das possibilidades de desdobramentos da ciência psicanalítica, Freud, em 1919, assinalou:
Tocarei de relance numa situação que pertence ao futuro... Os senhores sabem que as nossas atividades terapêuticas não têm um alcance muito vasto... Vamos presumir que, por meio de algum tipo de organização, consigamos aumentar os nossos números em medida suficiente para tratar uma considerável massa da população... Defrontar-nos-emos, então, com a tarefa de adaptar a nossa técnica às novas condições. (FREUD, 1919, p. 180-181).
Na grupanálise, destacamos as principais contribuições de Foulkes e Anthony (1957). Os autores apontam para a visão do grupo como totalidade, portanto, mesmo o que ocorre em um indivíduo dentro de um grupo, como pensamentos, falas ou sofrimento e adoecimento, é também resultado das forças de todos em jogo e constitui uma via de acesso a elas.
No grupo também ocorre a função de espelho, em que o indivíduo entra em confronto com vários aspectos de si mesmo a partir da relação com o outro (processo primitivo de diferenciação ocorrendo ao longo da vida), além do fenômeno de cadeia, promovido pela associação livre circulante, quando cada participante contribui com um elo, principalmente quando algum tema coletivamente condensado é liberado (MORETTO, 2010).
Foulkes e Anthony (1957) denominam ressonância (termo emprestado da física) a existência de uma comunicação inconsciente entre os sujeitos do grupo, alguma experiência subjetiva singular que provoca uma vibração no mundo psíquico de outros participantes.
No grupo, cada participante pode apresentar uma tendência de reverberar a situação grupal de acordo com o estágio psicossexual em que se encontra. Ao conceito de ressonância, acrescentamos que, como um jogo de diapasões acústicos, a comunicação trazida por um membro do grupo ressoa em outro, o qual, por sua vez, vai transmitir significado afetivo equivalente, apesar da diferença de contexto narrativo, e assim por diante. A função do coordenador é discernir o tema comum, realizar uma síntese, extrair o que é comum das mensagens emitidas e integrá-las em um todo coerente e unificado.
Descrevemos a seguir uma vinheta clínica que exemplifica o fenômeno da ressonância acima citado. Trata-se de um grupo terapêutico misto, com 10 componentes na faixa etária entre 11 e 13 anos. Os encontros acontecem semanalmente, com a duração de 75 minutos.
Em uma das sessões, estavam presentes seis adolescentes, e uma das integrantes iniciou relatando uma situação ocorrida com ela em sua escola. Trouxe o assunto ao grupo, porém dirigiu-se à terapeuta, contando de uma briga entre algumas alunas e ela.
Paulatinamente, os demais integrantes também iniciaram relatos semelhantes. A terapeuta, então, interveio questionando o grupo a respeito de qual recurso alternativo eles poderiam pensar como substituto à agressão física. Após um silêncio coletivo, que compreendemos como momento de reflexão, alguns adolescentes verbalizaram outras maneiras de lidar com os conflitos, como falar com a professora ou diretora e ignorar a pessoa que estava envolvida na briga. A terapeuta, então, novamente reforçou as possibilidades de ação diante de situações que despertam raiva e ansiedade, promovendo a capacidade de tolerar frustrações e entrar em contato com a dor emocional.
Outro autor importante na psicanálise de grupo foi Bion (1961). O psicanalista desenvolveu seu trabalho com grupos a partir de experiências nos períodos da Segunda Guerra Mundial e pós-guerra, representando relevante contribuição para o estudo dos grupos humanos em um momento de grandes transformações sociais, econômicas e políticas.
Ele trabalhou em um hospital psiquiátrico militar com 400 soldados veteranos no qual reinava o não cumprimento dos deveres e a anarquia. Começou a realizar encontros grupais nos quais os internos tinham liberdade de expressão das emoções. Aos poucos, observou que os soldados apresentavam maior organização nas atividades cotidianas e cooperação em suas condutas. Deste modo, constatou que os grupos proporcionavam relações interpessoais mais satisfatórias e um espaço acolhedor e continente das angústias.
Consideramos que esses fenômenos podem ser encontrados no grupo quando este se torna um espaço acolhedor para as angústias relacionadas a um determinado período da vida, especificamente no recorte clínico que descrevemos a seguir, sobre a fase da adolescência1.
A questão da sexualidade é um tema emergente no grupo misto com 8 membros na faixa etária de 14 a 16 anos. Observamos o fenômeno produzido como um espaço acolhedor e continente das angústias (OSÓRIO, 2007) nos momentos em que falam sobre sexo, primeira relação sexual, o "ficar" e homossexualidade, assuntos, enfim, que costumam gerar grande ansiedade e euforia. Porém, o grupo funciona como um continente, visto que vários integrantes conseguem expressar suas emoções e ideias sobre um mesmo tema. A maioria deles traz a questão de forma aparentemente segura e conhecida, porém com certa carga de ansiedade, demonstrada por meio de suas falas e gestos e, principalmente, percebida na contratransferência por meio da, mais uma vez, ansiedade e da preocupação gerada no terapeuta pela forma como tratam o tema (como algo já conhecido e livre de qualquer risco). Este grupo tem um integrante homossexual, o qual levanta vários assuntos relacionados ao preconceito, ao desejo de liberdade e ao "ficar", com uma aparente liberdade sexual. Em ressonância, o grupo traz questões relacionadas a namoro, sexo e o mesmo desejo de liberdade, como se fosse o único quesito necessário para um maior desenvolvimento sexual. No espaço grupal, estas questões podem ser pensadas, principalmente quando há uma baixa da euforia, levando as pessoas a refletir sobre o tema e os sentimentos gerados, indo além do sentir.
Bion (1961) assinala que o grupo cria um campo favorável de estudo para aspectos individuais e coloca em evidência fenômenos psicológicos que não podem ser estudados no contexto individual, revelando algo que não é visível de outra maneira.
Os objetivos do grupo às vezes são interrompidos ou ocasionalmente promovidos por emoções inconscientes. Para Bion (1961), ansiedades psicóticas estão presentes e os supostos básicos seriam formas do grupo se defender destas ansiedades.
A partir disto, o autor formulou três suposições básicas presentes em todo grupo humano: o suposto de dependência, o suposto de luta e fuga e o suposto de acasalamento.
No primeiro, o líder é o centro de um culto em pleno poder; uma estrutura grupal em que um dos membros é um deus; uma teocracia em miniatura. É esperado que o líder assuma uma posição capaz de suprir as necessidades e fornecer amparo para o grupo imaturo, o qual permanece na posição de ser saciado completamente. Neste grupo, o líder é um ser que existe para providenciar que nenhum acontecimento desagradável seja causado pelas irresponsabilidades dos membros.
O suposto de luta ou fuga opera contra algo a que o grupo percebe vagamente como inimigo. O líder considerado adequado é aquele que protege e mobiliza o grupo para atacar ou fugir.
No suposto básico de acasalamento, surge o sentimento de esperança, de que algo está por vir, e a atenção se volta para o futuro:
[...] será uma pessoa ou uma ideia que salvará o grupo - na realidade, dos sentimentos de ódio, destrutividade ou desespero de seu próprio grupo ou de outro - mas a fim de realizar isso, evidentemente, a esperança messiânica nunca deve ser alcançada [...], pois apenas enquanto permanece sendo uma esperança, é que a esperança persiste. (BION, 1961, p. 139).
As suposições básicas têm semelhanças mútuas e vão se alternando no grupo, denotando um estado primitivo do desenvolvimento. A participação é instintiva e involuntária e suas características comuns são a dificuldade de colaboração entre os membros e a presença de emoções intensas, como ansiedade, medo, ódio e amor.
Trazemos, a seguir, outra vinheta clínica de um grupo de meninos, na faixa etária entre sete e oito anos. Observamos com frequência momentos nos quais o grupo necessita da liderança do terapeuta, principalmente diante da dificuldade em ceder sua vontade aos outros, o que gera conflitos, agressividade e competitividade, características comuns à faixa etária em questão. Estes fenômenos dificultam o relacionamento grupal e a colaboração mútua, gerando grande ansiedade e irritação e exigindo do terapeuta uma postura continente, com o objetivo de traduzir e conter as emoções dos participantes e realizando um trabalho terapêutico de grupo.
Pichon-Rivière (2000) também ofereceu contribuições relevantes acerca do processo grupal. Seus estudos partiram de um trabalho realizado em 1958 denominado Experiência Rosário.
O autor desenvolveu o conceito de "grupo operativo" que consiste no treinamento de trabalho em equipe de um conjunto de pessoas com um objetivo comum.
Pichon-Rivière (2000) entende por grupo operativo aquele centrado em uma tarefa de forma explícita - por exemplo: aprendizado, cura, diagnóstico de dificuldade) - e outra de forma implícita, subjacente à primeira. O objetivo da técnica é abordar, por meio da aprendizagem, os problemas pessoais relacionados à tarefa, promovendo a capacidade de pensamento. A esse respeito, parece-nos válido que se trata de uma técnica de investigação que possui, indiretamente, função terapêutica.
O autor distinguiu três momentos, como um processo evolutivo, presentes no grupo: a pré-tarefa, a tarefa e o projeto.
Com base na definição, explicitam-se a seguir, recortes de um grupo de oficina terapêutica realizado no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPS/ia). A clientela do grupo é composta por crianças entre sete e dez anos de ambos os sexos e em sua maior parte com dificuldades cognitivas, de aprendizado escolar, de autoestima e, particularmente, de socialização.
Destacando este último item, um dos principais objetivos do grupo se constitui no desenvolvimento de atividades terapêuticas que proporcionem o despertar do vínculo entre os participantes, a fim de que possam transitar entre a percepção de si, do outro e do grupo.
Em geral, são utilizados jogos, brincadeiras e atividades expressivas (como técnicas corporais, música, dança e encenações). A seleção das atividades acontece ora com sugestões da terapeuta ocupacional ao grupo, ora por meio da construção destas escolhas do grupo com o auxílio da terapeuta.
Segundo Maximino (2001), a respeito dos grupos operativos de Pichon-Rivière, "[...] em um grupo de terapia ocupacional, a realização de atividades é a tarefa manifesta, enquanto que o objetivo mesmo do grupo, a tarefa real, é o tratamento, com tudo o que ele implica" (p. 79-80).
Nesse sentido, em uma das sessões iniciais do grupo citado, foi dada às crianças a tarefa de levantamento de atividades, jogos e brincadeiras que todos pudessem fazer juntos.
A princípio, foi difícil para a maioria compreender que a ideia era listar atividades grupais e, principalmente, pensar nelas. Como se refere Maximino, "[...] a pré-tarefa é o momento das resistências, das impossibilidades de dar conta do objetivo com pautas novas" (2001, p. 80). Percebeu-se que a dificuldade do grupo em realizar a tarefa refletia o momento em que ele se encontrava, atrelado a uma característica comum a quase todos os participantes: a dificuldade em perceber e integrar-se ao outro.
Porém, aos poucos, foi possível dar início a esta lista de atividades grupais; processualmente, prosseguiu-se nos demais encontros com a escolha e experimentação das tais atividades, o que também fazia parte da tarefa grupal manifesta.
Observou-se que a delimitação da tarefa "escolher e experimentar atividades/brincadeiras coletivas" e a sua efetivação no brincar semanal possibilitaram às crianças a percepção da existência do outro, o que facilitou o vínculo grupal e a sociabilização entre todos.
Um dos meninos com características psicóticas que apresentava bastante dificuldade em notar a si próprio e ao outro, em um dos encontros demonstrou a sua evolução, bem como a do grupo, quando, por iniciativa própria, disse: "Olha só! O Antonio e a Fernanda não vieram hoje! O que será que aconteceu?".
Em outro grupo misto composto por 8 membros na faixa etária de 14 a 16 anos, levamos a tarefa chamada por "troca de um segredo". Nesta dinâmica, é solicitado a cada participante que escreva alguma dificuldade que sente existir em sua relação familiar. Depois de escrito, o terapeuta mistura e distribui um papel para cada um deles. Individualmente eles assumem como sendo seu o problema "selecionado" e, com a ajuda dos demais, procura refletir e estabelecer formas de resolução.
A aplicação desta dinâmica proporcionou novos conhecimentos sobre si e suas relações, promovendo a capacidade de pensamento. Uma das adolescentes, após refletir com o grupo a respeito de sua dinâmica familiar, compreendeu a relação de identificação estabelecida com sua mãe, pois os demais participantes conseguiram verbalizar para Amanda o quanto da sua constituição enquanto pessoa está sendo marcada por esta relação.
Bleger (1991), por sua vez, propõe que seja realizada uma quarta revolução psiquiátrica, orientada para o desenvolvimento de trabalhos em prevenção primária. Afirma que temos conhecimentos e técnicas muito desenvolvidas, mas necessitamos de estratégias diferentes na atuação, seja nas instituições hospitalares, psiquiátricas ou nas demais organizações.
Anzieu (1990) e Kaës (1976) trouxeram contribuições para o estudo psicanalítico de grupos ao estabelecerem que eles se constituem dentro de um referencial corporal.
Para Anzieu (1990), o grupo é uma colocação em comum das imagens interiores e angústias dos integrantes. O autor parte da perspectiva do grupo como objeto de investimento pulsional, propondo a sua analogia com o sonho e dizendo que o desejo realizado no grupo e no sonho é um desejo reprimido no dia anterior.
Este universo da realização do desejo está em estreita relação com o que o autor identificou como ilusão grupal, o que para ele é um estado psíquico particular observado tanto nos grupos naturais quanto nos terapêuticos e expressado como sentimento de integração de um bom grupo e um bom líder. Anzieu (1990) especifica as condições para a ilusão grupal dizendo que ela poderia ser compreendida como defesa contra as ansiedades despertadas pela situação de grupo.
Kaës (1976) formulou o projeto de uma metapsicologia psicanalítica dos conjuntos intersubjetivos, propondo a hipótese de um aparelho psíquico grupal, ou seja, no qual seria produzida, contida, transformada e gerada uma realidade psíquica própria do grupo. A relação entre este aparelho psíquico grupal e o aparelho psíquico proposto por Freud torna-se uma questão fundamental para Kaës.
No Brasil, os trabalhos com grupos tiveram início com ; Walderedo Ismael de Oliveira e Werner Kemper, no Rio de Janeiro; Bernardo Blay Neto, Luis Miller de Paiva e Oscar Rezende de Lima, em São Paulo; David Zimmermann e Paulo Guedes, em Porto Alegre; e Antonios Terzis, em Campinas.
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos que a abordagem grupal constitui um contexto realmente enriquecido no sentido de proporcionar condições em termos de prevenção e promoção de saúde às crianças e adolescentes. Seus fenômenos específicos de grupo, como a ressonância, demonstram ser agregadores e, portanto, consideráveis para o cuidado com o sofrimento psíquico.
Acreditamos que conseguimos compreender alguns dos fenômenos grupais, e constatamos que os encontros sensibilizaram os participantes quanto às vivências emocionais, possibilitando a expressão das inseguranças e ansiedades e a construção de ideias criativas.
Além disso, consideramos que a nossa experiência pode servir de referência para instituições de saúde e fundamentar ações, devido à possibilidade de aplicarmos a técnica de grupo em contextos diferenciados, ressaltando que é eficaz para a compreensão do ser humano e facilita o estudo de um número maior de pessoas que podem ser reunidas em um mesmo espaço e tempo.
3 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Débora Felamingo, Flávia Regina Ribeiro Silva, Sabrina Kelly Maciel, Maria Célia Lopes, Cintia Possidonio Moraga Ramos, Débora Consorti - Membros da Equipe Técnica do Serviço.
REFERÊNCIAS
ANZIEU, D. O grupo e o inconsciente: imaginário grupal. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1990. [ Links ]
BION, W.R. Experiências com grupos: os fundamentos de psicoterapia de grupo (Trad. de OLIVEIRA, W.I.). Rio de Janeiro: Imago, 1975. [ Links ]
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PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes. 2000. [ Links ]
Endereço para correspondência:
Rua Rio de Janeiro, 125, Centro - Sorocaba, SP
CEP: 18035-450. E-mail: cybele.moretto@ig.com.br
Artigo recebido em: 02/08/2011
Aprovado para publicação em: 27//06/2013