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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas

On-line version ISSN 1806-6976

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.1 no.2 Ribeirão Preto Aug. 2005

 

EDITORIAL

 

 

Editora Chefe
Profª. Drª. Margarita Antonia Villar Luis

Segundo dados de relatório da Organização Panamericana da Saúde, os transtornos depressivos e de ansiedade, no final da década de noventa, correspondiam a 20% e 30%, respectivamente, das consultas no nível de atenção primária no mundo. Evidenciando a relevância dessa questão, a SMAD neste número aborda essa expressão do sofrimento humano, mostrando a forma como o indivíduo deprimido interpreta essa vivência e também, a importância do profissional escutar sua narrativa, indo além de uma abordagem que busca identificar um quadro patológico com sinais e sintomas específicos. Nesse sentido um dos artigos enfatiza a necessidade do enfermeiro estar apto a reconhecer as manifestações da depressão, a fim de estabelecer uma assistência sistematizada, prevendo os cuidados necessários aos clientes que se encontram nessa condição.

O artigo sobre uso de benzodiazepinicos por mulheres idosas guarda uma relação com esses transtornos, visível através de algumas das concepções que as mesmas elaboram para justificar o consumo do medicamento. Estas se referem às situações sugestivas ou plenamente evidentes, de que já existiu ou ainda está presente esse sofrimento. O artigo delineia ainda, as práticas favorecedoras da prescrição e consequentemente, do consumo dos benzodiazepinicos e a condução das usuárias para um perfil de dependência.

O mesmo relatório da organização citada também menciona as condições de incapacidades adquiridas, devido à dependência de álcool e outras drogas, pois estas alcançaram, dentro da saúde mental do mundo, uma carga de aproximadamente 17%. Sendo essa uma das razões pelas quais está havendo o incentivo à prevenção do uso, principalmente entre os jovens, considerados um grupo de risco.

O artigo sobre o uso de álcool nessa população, realizado no México, identifica uma característica marcante dessa cultura, ao abordar o agrupamento juvenil em bandos. Trata-se de uma estratégia de enfrentamento das adversidades sociais e um contexto onde se desenvolvem muitas de suas possibilidades de lazer. O uso de álcool é uma delas, por isso os jovens pertencentes a esses grupos estão mais vulneráveis à experimentação e à manutenção desse hábito. No artigo este aspecto foi confirmado, pois a influência dos amigos aparece como um forte fator de risco.

O mesmo tema aparece entre estudantes universitárias de enfermagem, indicando que o uso do álcool entre familiares e colegas próximos é bastante freqüente. O presente estudo mostra que a época de início do consumo foi dos 13 aos 20 anos e que o lazer é ainda o motivo mais alegado para beber. Já a prática do tabagismo entre as estudantes de enfermagem mostra índices baixos e o início do consumo dá-se pela curiosidade e pelo próprio desejo de fumar.

Ainda no tema substâncias psicoativas há de se destacar o efeito do alcoolismo parental nos filhos, assunto pouco estudado internacionalmente e muito menos no Brasil. O alerta das autoras chega em boa hora, pois o I levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotropicas no Brasil, realizado por pesquisadores do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotropicas (CEBRID) em 2001, mostrou uma prevalência de 68,7% de uso na vida de álcool na população total e uma estimativa de dependentes de álcool em torno de 11,2%. Sendo, pois uma droga muito presente no contexto familiar, que pode acarretar repercussões sérias para seus membros, como bem evidenciam os autores do presente artigo.

O artigo que trata da experiência de acompanhamento terapêutico de portador de doença mental, evidência o peso da esquizofrenia para o próprio indivíduo, ainda mais quando não conta com o apoio familiar e institucional. Mostra ainda que a alternativa de abrigar o esquizofrênico em “casa de repouso” pode ser tão limitante e cronificadora para essa pessoa como era o antigo asilo. Nesse trabalho os autores expõem as possibilidades individuais para reabilitação em confronto com a apatia e cristalização do comportamento institucional.

Como o leitor pode constatar a revista continua mantendo um equilíbrio “saudável” entre artigos referentes às questões do âmbito da saúde mental e de temas mais especializados pertencentes ao domínio das substâncias psicoativas. Da mesma forma esperamos continuar mantendo a interdisciplinaridade, incluindo artigos dos vários trabalhadores da saúde e saúde mental.

Boa leitura!

Prof ª. Drª. Margarita Antonia Villar Luis

Editor Chefe

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